3 de março de 2017

Os livros que li: O Nome da Rosa

Descobri Umberto Eco de fato somente quando já estava na faculdade. Bem é verdade que eu já tinha visto o filme baseado na obra que foi estrelado por Sean Connery e Christian Slater (ainda no início de sua carreira) nos tempos do colégio. Assisti ao filme para um trabalho de escola. E foi só depois de alguns anos que me interessei pela obra deste brilhante escritor.

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Ideia geral do livro

O romance se passa na Idade Média, no século XIV. Naquela época, a igreja condenava qualquer forma de riso e escárnio com muita severidade. E dentro de uma Abadia (ou um Monastério, dependendo da tradução) situada ao norte da Itália, uma série de suicídios acontecem no local sob circunstâncias estranhas.

Preocupado com as mortes, o Abade pede ao frade franciscano, William de Baskerville para investigar as circunstâncias destas mortes.

William um ex-inquisidor, observador astuto e perspicaz, acompanhado de seu pupilo, o noviço Adso de Melk, inicia suas investigações pela Abadia e descobre que na verdade existe uma grande segredo em torno de um livro profano guardado na misteriosa biblioteca da abadia.

Paralelamente à esta trama, vemos Adso, um jovem noviço descobrindo sobre a vida profana e sua luta interna entre o fé e desejo.

O que o livro me trouxe?

Antes de tudo, o livro também é uma bela aula de história. O livro detalha muito bem como funcionava a atuação do clero em um momento onde a igreja era o principal difusor do conhecimento. Além disso, o livro é recheado de dilemas morais, que coloca o leitor como juiz das atitudes das personagens.

Eu precisei ler o livro por mais de uma vez para entender algumas questões propostas pelo livro. E isto foi fascinante. Pois a cada nova releitura, novas descobertas.

A biblioteca era para mim algo sagrado. Imaginar toda sua grandiosidade e todo o seu acervo foi um exercício muito interessantes. Que livros estariam ali guardados? Que histórias seriam descobertas? E porque a intransigência do homem permitiu que aquilo tudo fosse destruído? Opa… Spoilers!!!

Algo que só me ocorreu muito tempo depois é que toda a história é narrada sob o ponto de vista de Adso, que conta toda esta história quando já é um velho monge. Em algumas passagens, no entanto, o autor se vale de licença-poética para criar a trama, já que Adso não tinha como ser uma narrador onisciente e onipresente.

O livro me trouxe isso: conhecimento. Aprendi a origem de algumas coisas…. como “Escritório” que deriva de “Scriptorium” onde os monges copistas transcreviam os livros, pois a imprensa ainda não existia. Aprendi muito sobre o estudei na escola a respeito da Idade Média. E acho que isso foi um dos responsáveis por me fazer gostar de história.

Curiosidades

  • Existe uma adaptação para o cinema, como mencionei logo no começo do texto. O livro é de 1980 e o filme, de 1986. O filme inclusive rendeu ao ator Sean Connery o prêmio de Melhor Ator pela BAFTA (Academia Britânica de Cinema e Televisão)
  • A inquisição é um dos subtemas do livro. Bernardo Gui chega na segunda parte do livro com uma investigação que se bem sucedida poderia eventualmente transformar o protagonista em um herege.
  • Apesar de William ser apresentado como um investigador, ocorre que na verdade existe uma grande disputa interna pelas ordens monásticas, sendo que naquele momento os Beneditinos estão em disputa com os Franciscanos. Tanto é que haverá um encontro entre as diversas ordens monásticas ali mesmo na abadia. Só depois de muito tempo é que percebi que o Abade não estava preocupado com possíveis culpados pelas mortes. Ele estava somente tentando preservar o bom nome da Abadia.
  • Umberto Eco faz um referência muito grande à obra de Jorge Luís Borges, renomado escritor argentino. A referência é tão grande que existe um personagem (Jorge de Burgos) que – tal como o escritor argentino – também é cego.
  • Por incrível que pareça, este é o livro de estreia de Umberto Eco.
  • O nome da Rosa é algo muito simbólico. Pode ser muitas coisas. A leitura mais prosaica é definir que a tal “Rosa” é a camponesa (bruxa? prostituta?) que em determinado momento seduz Adso. Mas a leitura mais atenta, mostra que o nome do livro pode ser o livro perdido de Aristóteles ou ainda fazer referência a um poema do século XVII. Existe até mesmo uma referência possível à cidade de Roma.
  • Um dos nomes alternativos que foram cogitados para o livro foi “Abadia do Crime”. Que foi descartado. Entretanto, a premissa do livro é tão boa que deu origem a um jogo de computador baseado na sua história que recebeu o nome de “Abadia Del Crimen” (no original em espanhol).
  • Sobre o jogo, tenho a dizer que ele foi lançado para a plataforma MSX e eu joguei o bendito por volta de 1988, sem nunca conseguir terminar o jogo. Só consegui fazê-lo após ler o livro de Umberto Eco.

Definitivamente um dos livros mais sensacionais que tive o prazer de ler…

Ficha Técnica

  • Título: O nome da Rosa (Il nome della Rosa)
  • Lançamento: Itália, Setembro de 1980
  • Gênero: Romance histórico
  • Autor: Umberto Eco (1932-2016)
  • Edição Brasileira: Editora Record (592 páginas) – ISBN 9788501081407

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