21 de setembro de 2015

Planos

Quando eu tinha 10 anos de idade não costumava fazer grandes planos. Não sei como as outras crianças faziam nesta época, mas eu não pensava muito em como me preparar para jogar bola, fazer lição, jogar vídeo-game e outras mumunhas da época.

Planejamento é algo que surge naturalmente na vida. A questão é perceber isto.

Acho que meu primeiro planejamento verdadeiro foi minha preparação para o vestibular. Eu queria realmente estudar medicina. Eu sabia que precisava ter um plano bem amarrado. Eu sabia que se eu não seguisse o plano, não entraria na faculdade.

Planos em geral são suscetíveis a falhas. Ainda não vi nenhum plano perfeito. Mesmo meu plano para estudar medicina precisou de ajustes para funcionar. E mesmo quando eu achei que ele funcionou (isto é, eu entrei na faculdade de medicina) ele não funcionou (isto é… não terminei a faculdade)

Ah… ok… muita gente já conhece a história e continuo sendo repetitivo…

Depois da medicina, parei um tempo de fazer planos. A lógica era um tanto óbvia: eu não queria planejar porque meus planos não funcionavam a contento.

Voltei a fazer planos quando conheci a Ana Paula. Namoro, noivado, casamento, casa, filhos… É verdade: Mariana foi um bom plano (sim… um plano… a Ana Paula só engravidou quando julgamos que era o momento certo). Um dos poucos planos que realmente funcionou em minha vida.

Mas no geral, meus planos não são muito bons.

Eu estou escrevendo sobre planos porque – não é segredo nenhum – eu tenho um plano maluco. Eu sou um cara com 41 anos de idade (aliás, neste ano não escrevi sobre isso… um falha minha) e estou cuidando da minha vida profissional ainda pensando na medicina.

Eu sou um secretário de escola… e estou gerente de organização escolar em uma escola pública. Um cargo público de certa forma dá alguma estabilidade. Estou novamente fazendo faculdade (Licenciatura em Ciências Naturais). Desta vez, as coisas estão indo bem. A previsão é que eu conclua em 2018.

O plano é esse:

  1. Garantir uma licenciatura (química ou biologia)
  2. Fazer um novo concurso público… desta vez para Professor de Educação Básica.
  3. Conseguir uma escola com aulas no período noturno
  4. Prestar novamente vestibular para medicina em uma universidade pública (minhas opções são USP e UNIFESP… não tenho outras)
  5. Voltar a cursar medicina durante o dia e trabalhar como professor durante a noite.
  6. Nos dois últimos anos do curso tirar as licenças prêmio possíveis (pelas minhas contas, poderei ter 3 blocos de 90 dias) e se necessário tirar uma licença sem vencimentos.
  7. Concluir medicina
  8. Fazer uma residência em clínica médica

E é um plano beeeeeemmm maluco. Mas eu disse que meus planos não são lá muito bons. Na verdade, este para funcionar tem que atender a vários “senões”. E muitas coisas não dependem só de mim. Tem várias coisas que podem dar errado em cada etapa:

  1. Posso não concluir a licenciatura… afinal de contas, além da medicina (que eu abandonei), eu saí do curso de ciências biológicas da USP. Minhas notas estão boas, mas não tenho como saber se chego até o fim…
  2. Passar no concurso público acho que é até relativamente tranquilo. Mas existe a questão da perícia médica. E eu sou obeso mórbido… Hoje dificilmente teria chances numa perícia médica.
  3. Mesmo que eu consiga a nomeação, muitas escolas estão abolindo o período noturno. Isto não é um fator isolado, mas uma tendência na educação pública. Então as vagas serão reduzidas.
  4. Eu já fui aprovado nos vestibulares da FUVEST, UNICAMP e UNESP para o curso de medicina. Mas isso foi há mais de 20 anos e em uma época em que eu só tinha uma obrigação (estudar). Hoje, tenho esposa, filha, gatos, cachorro e uma casa. E vestibular nunca foi algo fácil.
  5. De todas as etapas, essa é a mais tranquila, eu creio. Uma vez na faculdade e uma vez com um cargo em uma escola, basta fazer o feijão com arroz. Mas ainda vou ter que encontrar tempo para estudar e cuidar da família.
  6. Exste um boato sobre o fim da licença-prêmio. Neste caso, a LSV seria minha única opção, mas aí eu teria que conseguir alguma bolsa acadêmica para não sobrecarregar as contas de casa. Aliás, eu deveria fazer um pé-de-meia para isso também.
  7. Bom… se eu conseguir passar por tudo. Esta aqui é molezinha.
  8. Eu gostaria de ter sido cirurgião… mas preciso ser realista ao menos um pouquinho.

E por que razão estou escrevendo isso?

Nem eu mesmo sei… acho que precisava desabafar um pouco… Eu poderia simplesmente desistir e viver o restante da vida que me resta…

Mas… caramba… Eu posso não ter dado o meu melhor antes, mas eu sinto que posso fazer isso. Tenho medo… mas sinto que posso fazer.

E – afinal de contas – não deixa de seu um planejamento.

Bom, medo faz parte da vida não é?

Vou tentar dormir agora…

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