31 de dezembro de 2014

Vem aí o ano de 2015…

Antes que você pense que este post está sendo escrito pouco antes da virada no ano, não se engane: eu programei a postagem para dez minutos antes do ano novo. Na verdade, eu comecei a escrevê-lo no dia 27/12… e a cada dia estou melhorando o texto. Provavelmente neste momento estou com minha baixinha no colo…

Então… vamos ao texto…

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É uma tradição para mim o texto de final de ano. Desde 2011 eu faço um registro por escrito daquilo que foi o ano atual e aquilo que espero para o ano seguinte. Curiosamente, ao ler meus textos de 2011, 2012 e 2013 eu percebi que não escrevi se cumpri a meta de fato ou não. Bom… pretendo fazer isto agora.

O ano novo para 2012…

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Em 2011, eu escrevi sobre as tais metas que minha então noiva propôs. Tudo começou com a pergunta sobre minha lista de metas para o ano seguinte. Então estabeleci algumas coisas:

  1. Casar
  2. Emagrecer
  3. Pagar as contas
  4. Estudar
  5. Trabalhar

Destas eu cumpri a meta do casamento… eu e Ana Paula juntamos as escovas em 16/03/2012. Eu até escrevi sobre isso aqui no blog. Construímos uma casa, reformamos parcialmente outra… algumas coisas deram certo, outras não… Mas casamos.

Não emagreci e também não estudei. Refrigerante continuou sendo meu mal maior e a faculdade ficou trancada por um bom motivo… queria curtir meu primeiro ano de casado.

As contas foram, digamos, remediadas. Não fiz nenhuma loucura, mas fiquei longe de fazer um pé-de-meia. Trabalhei como um camelo e apanhei um pouco até trocar de escola no mês de Setembro. No final, tudo se ajeitou.

O ano novo para 2013…

2012-2013

Cheguei ao final de 2012 fazendo uma auto-crítica…

Normalmente escrevo de forma geral sobre os acontecimentos do ano, faço uma reflexão sobre erros e acertos e encerro com um planejamento otimista para o ano seguinte. Ultimamente, isto não tem funcionado
(Ricardo Marques in "
Vem aí o ano de 2013")

Era a mais pura verdade. Eu planejava, mas não dava segmento ao planejamento. Assim, fui econômico nas palavras e tentei ser prático. Naquele ano, planejei o seguinte:

  1. Acertar a organização da escola
  2. Retornar à faculdade de biologia
  3. Providenciar o herdeiro (ou herdeira)
  4. Acertar as contas

Ainda terminei meu planejamento de modo combativo: "Estou pronto para você, 2013".

Que moleque arrogante eu fui…

Não acertei a organização da escola, mas pude colocar muitos dos meus valores em prática. Comprei algumas boas brigas com alguns funcionários que estavam entregues ao marasmo que muitas vezes os anos de trabalho nos impõe. Faltou bastante coisa, é verdade… mas muita coisa melhorou também.

Também retornei à faculdade. Mas desta vez o tempo – ou melhor, a falta de organização do meu tempo – foi o vilão da vez. Levei a faculdade de modo sofrível. Passei em algumas disciplinas, fiquei em outras. No geral, saldo positivo. Mas ao final de 2013, tive que fazer uma mudança de planos: com a possibilidade de um curso superior em gestão pública oferecido pela Univesp, acabei solicitando minha desistência do curso (a legislação não permite matrícula simultânea em dois cursos superiores em instituição de ensino pública). Estamos quase em 2015 e o tal curso não vingou…

As contas mais uma vez fecharam… e apenas fecharam. E dizem que funcionário público ganha bem.

E não foi em 2013 que veio um herdeiro… mas hoje, tenho a impressão que não teria sido o melhor momento…

No final, tudo se ajeitou novamente.

O ano novo para 2014…

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Acho que fui um pouco melhor no final de 2013…

Hoje a noite, desligarei o computador, tomarei um banho e estarei em minha casa, com minha esposa e meus filhotes peludos. Passaremos a virada do ano aqui. Comerei lentilha, brindarei com espumante, comerei gelatina colorida feita por mim e esperarei por mais um ano em minha vida. Como em todos os outros anos, será um ano com algumas bençãos (espero que muitas) e algumas provações (espero que apenas as necessárias). E caberá a mim – e somente a mim – tornar 2014 um ano bom.
(Ricardo Marques in "
Vem aí 2014")

Separei em meu texto as minhas metas em cada área importante da minha vida: Pessoal, Acadêmica, Profissional e Econômica. Finalmente eu criei vergonha e escrevi um pouco sobre o ano anterior. E digamos que fui mais realista…

Enfim, no final das contas, não tenho do que reclamar… e você entenderá o porquê nas linhas a seguir…

Vida Acadêmica

Em 2014 eu vivi um dilema. Larguei a Biologia na USP ao final de 2013 por conta do curso em Gestão Pública a ser oferecido pela Univesp a partir de 2014. O curso não aconteceu. Mas mesmo que acontecesse, eu não poderia fazê-lo. Como eu já tenho curso superior, estaria excluído da seleção inicial. Então larguei a USP à toa.

Como compensação, o curso não aconteceu. Mas no segundo semestre, a Univesp passou a oferecer o curso de licenciatura em Ciências Naturais e Matemática na modalidade à distância. Melhor do que ir todos os dias até o Butantã… Assim, fiz o vestibular e ingressei no curso da Univesp. Tenho até um blog específico para isso. Se puder, faça uma visita.

Vida Econômica

Novamente, um remediado… mas finalmente as grandes dívidas da construção da casa estão terminando agora em 2015. Acho que poderei finalmente pensar em um pé-de-meia.

Vida Profissional

Foi um ano – digamos – pertubador. Na escola em que trabalho houve uma guinada administrativa no final de 2013 e a gestão que assumiu acabou por cometer alguns equívocos e deslizes. De certa forma foi bom porque por várias vezes pude testar minha capacidade diante de adversidades.

No final do ano, uma nova mudança administrativa… e lá vou eu para o meu sexto diretor de escola. Por enquanto, tudo vai bem e as coisas parecem tranquilas.

O que posso dizer de bom? Oras… diferente do que foi dito por alguns, tenho finalmente a certeza de que não sou um Gerente de Organização Escolar tão ruim assim… Aliás, devo ser bom. Tem muita gente melhor do que eu por aí, tenho consciência disto, mas hoje sei que dou conta do recado.

Ah… também descobri que existem muitos idiotas na rede. Pessoas que não honram com sua palavra. Verdadeiros "sem-caráter". Mas isso tem um lado bom também. Graças a isso, pude extirpar alguns contatos da minha vida que nada agregariam a ela…

O blog não é bem uma realização profissional (é mais um hobby, mas não há uma categoria para isso). Mas tenho orgulho em dizer que consegui transformar o blog em um canal bacana de opinião. São quase 40 mil acessos e conto com grandes colaboradores (Um grande abraço ao Michel, ao Júnior e ao Lucas que sempre emprestam seu talento ao blog). Crescemos… e vamos crescer mais.

Vida Pessoal

Eu estaria sendo um verdadeiro canalha se não afirmasse categoricamente:

ESTE FOI O MELHOR ANO DE MINHA VIDA…
FOI O ANO EM QUE MINHA FILHA MARIANA NASCEU

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Na vida pessoal eu não posso reclamar de nada… meus pais estão bem e com saúde. Minha esposa me deu uma filha linda. Meus peludos estão mais fofos do que nunca. E minha filha é linda. Simplesmente linda…

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Sinceramente, não me importa se eu entrei e depois perdi a medicina, se tomei um pé na bunda de namorada quando estava na faculdade, se algum diretor brigou comigo no trabalho, se anteriormente tive empregos pouco gratificantes, se não consegui trocar de carro... Nada mais disso importa. Deus me deu uma benção… talvez a maior de todas. Eu não tenho mais o direito de reclamar da vida.

Ah sim… sabem qual a palavra mais linda do mundo? Eu sei… é Agú.

E qual é o saldo de 2014?

É amplamente positivo… eu voltei a estudar, consegui manter minhas contas sobre controle, nasceu minha filha, cultivei as amizades que gostaria de manter de verdade, ampliei o público do blog. Tá certo que eu não emagreci, não troquei de carro, não comprei um Xbox One e também não trabalhei bastante a questão da religião. Mas fiz o possível para que o ano fosse um ano bom…

E foi…

E para 2015?

Vou usar a mesma frase que usei no final de 2013:

Recebemos as bençãos e as provações em igual medida… cabe a nós decidir qual a porção que cada uma delas ocupará em nossas vidas
(Ricardo Marques in "Vem aí 2014")

Eu sei aquilo que quero… quero cuidar bem da Mariana. Quero fazer um bom ano na faculdade. Quero fazer algumas economias… quem sabe finalmente trocar de carro. Quero fazer alguns mimos para minha esposa (um Lumia novo!), um mimo para mim (Xbox One… uaba, uaba, uaba!) e muitos mimos para minha filha.

Quero também emagrecer… já fui quase atleta. Fui magro… então posso retornar a uma parte disso. Quero deixar os refrigerantes também. São um vício… que não quero que minha filha tenha.

Quero um ano tranquilo na escola… quero dar conta do meu trabalho. Quero fazer o que tem que ser feito.

Quero manter o blog. Se possível com mais textos…

Quero manter os amigos e deixar de ter inimigos.

Quero, enfim, que 2015 seja muito abençoado e com as provações necessárias para que eu seja uma pessoa melhor.

Então é isso… obrigado por tudo, 2014.

Vamos lá, 2015… está na hora de nascer.

25 de dezembro de 2014

Um novo Natal…

Já virou moda… é noite de Natal e eu escrevendo um texto influenciado por esta época comemorativa. Normalmente escrevo antes da noite de Natal… em razão das novidades deste ano, preferi escrever após a noite de Natal.

No ano passado, assim escrevi:

Hoje, de certa forma, é o meu primeiro Natal. O primeiro Natal que vou passar na minha casa com minha família. Ainda faltam meu pai e minha mãe nesta mesa. Já passei outros natais com a Ana Paula, mas este é o primeiro que é “nosso”. Na nossa casa, com nossos filhotes (por enquanto os peludos… Meg, Mike, Nina e Tobias) mas quero muito que no ano que vem nosso primeiro filho esteja comemorando o Natal aqui em casa.

(Ricardo Marques, in "Natal…")

Pois é… Nosso primeiro filho… no caso nossa primeira filha…

Foi uma noite de Natal como muitas outras: uma mesa farta para a ceia, a tradicional troca de presentes, pessoas comendo, bebendo, conversando, confraternizando.

O fato dela ser muito parecida com outras noites não quer dizer que ela não tenha sido especial. Foi…

Este foi o primeiro Natal que passei com minha filha Mariana.

E por isso, não posso reclamar… não tenho do que reclamar. Seria uma tremenda injustiça e uma ingratidão sem precedentes dizer que este ano não foi um ano bom. Eu ganhei um lindo presente não só para o Natal, mas para minha vida toda.

Eu ganhei Mariana…

Então, não vou fazer grandes reflexões ou sequer digressões (divagações) sobre como foi ou como poderia ter sido.

Apenas direi que hoje foi noite de Natal… pude estar com minha mãe, minha esposa, minha filha e meus peludos. Todos com saúde e bem. Não foi desta vez que meu pai veio, mas já acostumei com o jeitão dele.

Pude dar e receber presentes. Pude ter uma mesa farta. Pude ficar com minha família e poderei falar deste Natal nos próximos anos que virão como um dos melhores que já tive.

Muitos que me conhecem sabem que não sou de ficar colocando fotos da Mariana na Internet. Não gosto da exposição que isto gera, então trato de colocar apenas uma ou outra foto apenas para satisfazer a curiosidade dos amigos.

Mas hoje é Natal… e foi o primeiro Natal que passei de fato em família… minha família. Então, oras bolas, farei uma exceção.

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Eu, mamãe e Mariana

InstagramCapture_368ea659-f8c4-4056-b495-c46571b7c8a6Eu, Ana Paula e Mariana

Feliz Natal!

22 de dezembro de 2014

O pequeno Igor

O plantão seguia corrido naquele pronto-socorro de hospital público de periferia. Gente tentando fazer o máximo de si mas sendo contestada o tempo todo. Gente fazendo corpo mole e sendo contestada também, menos por si mesma - o que faz toda a diferença. Pacientes e familiares gritando impropérios, principalmente o tautológico "vou precisar morrer para ser atendido?", sem se tocar que uma vez morto, o atendimento se faz dispensado.

E em meio a este barulho, eu. Atendia a casos da clínica médica e estava no consultório orientando um paciente, quando um menino de seus sete, oito anos acorreu à porta:

"O senhor pode ver meu pai?"

Esse tipo de pedido acontece aos borbotões em cada plantão. Mas nunca feito por uma criança. Adiantei que teria que terminar com aquele paciente da sala, e que depois iria.

"Mas meu pai está sentido muita dor!"

Como já esperava a insistência, a única surpresa que tive foi a de que aprendiam cedo. Continuei a conversa:

"Como é seu nome?"

"Igor"

"Pois é, Igor, dá só um tempinho que prometo que vou ver seu pai. Se eu sair agora, o moço aqui vai ficar bravo!"

Igor assentiu e saiu dali. 

Terminei a consulta alguns poucos minutos depois e saí da sala, quando senti, após alguns passos, alguém do meu lado.

"O senhor prometeu ir ver o meu pai."

"Tem razão, Igor, como ele se chama?"

A ficha com o nome do pai dele não se encontrava na caixa das que esperavam por atendimento. Perguntei à secretária, que disse ser um caso para a ortopedia, visto que se tratava de fraturas múltiplas. Por razões que não vem ao caso aqui - até porque eu não saberia explicá-las - os ortopedistas estavam todos fora dali, em cirurgia, naquele momento. Maquinalmente, dei a satisfação ao menino.

"Olha, Igor, seu pai quebrou alguns ossos. Ele precisa que o doutor dos ossos o veja. Eu não sou o doutor dos ossos, entendeu?"

"Entendi."

E fez uma cara de desapontado e olhou pro chão. Virou os olhos para mim e perguntou...

"Mas quem é o doutor que tira dor? Porque meu pai está com muita dor..."

Esbofeteado pela pergunta, só me restou pegar a ficha na caixa da ortopedia e acompanhar Igor.

Ele me mostrou um homem que aparentava quase cinquenta anos, ainda que a ficha lhe desse a idade de trinta e poucos. Estava em andrajos, sujo e malcheiroso, deitado em três cadeiras de plástico encostadas que serviam de cama. Os olhos injetados, a testa sudoreica, a respiração ofegante e o tremor por todo o corpo não deixavam dúvida do uso abusivo do álcool. Tentei confirmar com Igor:

"Esse é seu pai?"

"Sim. É meu pai."

E o menino me lançou pela primeira vez um olhar de revolta. Não satisfeito, continuei...

"Você mora com ele?"

"Moro. Ele é que não mora muito comigo."

E respondeu com a mais absoluta das serenidades, como se respondesse que a cor do céu é azul. Insisti...

"Ele chegou em casa assim?"

"Não. Um amigo meu veio me avisar que ele estava apanhando na rua porque tinha mexido com mulher dos outros. Eu fui pra rua e vi ele deitado na frente do bar. Tinham batido nele com pau. Ele foi andando comigo até em casa e eu chamei o Samu."

"E como você fez para ligar?"

"Do telefone da minha tia."

"Você mora com sua tia também?"

"Não, ela mora no mesmo quintal."

"E cadê sua tia, Igor?"

Ele baixou a cabeça nesse momento e não a erguia por nada. Perguntei de sua mãe e ele ficou cabisbaixo, firme, sem nada responder. Achei por bem parar por ali.

"Bom, Igor, nós vamos tirar a dor do seu pai, está bem? Vai dar tudo certo, e quando o doutor dos ossos chegar seu pai estará bem melhor!"

Igor fez um sinal de "sim" com a cabeça e sem me fitar sentou-se numa das cadeiras ocupadas pelo pai, colocando a cabeça no seu colo. Avisei a enfermagem da medicação e voltei aos atendimentos.

Algo como duas horas depois, apareceu o ortopedista. Fiquei contente em vê-lo, mas não vi Igor. Meia hora depois ele estava em minha porta. Eu estava digitando pedidos de exames e ele se mantinha estático a me olhar.

"Igor, o que o doutor dos ossos te disse?"

"Ele não viu meu pai."

"Como não? Ele acabou de passar por aqui!"

E continuei digitando… Igor continuava na porta do consultório sem se mover. Levantei-me e de pronto descobri o erro: como eu havia prescrito o analgésico, a ficha foi parar na minha caixa como se fosse um retorno. Quando o ortopedista passou por lá, obviamente não havia nada do pai de Igor em sua caixa, e ele foi embora novamente.

Avisei à recepcionista do ocorrido, com a rispidez necessária para que Igor percebesse o fato. Mostrando desolação, contei ao menino:

"Igor, a gente vai ter que esperar o doutor dos ossos voltar. Ele veio, mas a ficha do seu pai não estava na caixinha dele, sabe? Então agora eu a coloquei e quando ele vier, vai dar tudo certo!"

Ele ficou me olhando fixamente, sem expressão no rosto. Entrei na sala para chamar outro paciente e Igor entrou atrás. Foi incisivo:

"O ortopedista foi embora por erro de vocês. Tem que chamar ele pra voltar logo!"

Olhei para ele intrigado. Ora, quem foi que disse a ele que o nome do doutor dos ossos era ortopedista? E quem disse que eu errei?

"Igor, logo o ortopedista volta. Agora eu preciso que você espere lá fora. Eu preciso atender."

E o menino não saiu da sala… Restou-me levantar de onde estava.

"Tá bom, Igor, foi erro nosso. Eu vou chamar o ortopedista. Você me espere aqui, certo?"

Atravessei o recinto e cheguei aos elevadores. Entrei num deles e quando a porta estava para fechar, uma mãozinha a pouco mais de um metro acima do chão barrou o fechamento. Igor entrou me olhando com aquele rosto firme já familiar. Chegamos no andar e achei o colega ortopedista. Expliquei o caso para ele e o apresentei a Igor, que por sua vez não esboçou reação nem quando recebeu dele um carinho na cabeça.

Descemos e me dirigi à sala. Alguns minutos depois uma enfermeira interrompeu e me perguntou se eu conhecia um menino que dizia ter um pai com ossos quebrados. O problema é que esse menino resolveu se postar na frente da caixa da ortopedia. Nada o tirava dali e um segurança estava começando a erguer o tom da voz. Eu disse a todos que o menino continuaria ali e que eu me responsabilizaria.

Muitos minutos depois escuto de dentro do consultório um barulho de gritos. Olho para fora e vejo todo mundo, desde a recepcionista, o segurança, passando pelo pessoal de enfermagem e até alguns pacientes, todos apontando vivamente para Igor. Saí da sala e vi o ortopedista retirando a ficha que finalmente estava na sua caixa. Ele falava com Igor, que lhe respondia com os olhinhos vivazes e piscantes. Vi os dois indo em direção ao pai do garoto.

Dali a pouco, ouço uma forte batida na porta. Era Igor, mas desta vez sorria. Atrás dele estava seu pai em uma cadeira de rodas, de banho tomado, roupa de hospital e braço enfaixado. Sorri para Igor, que me sorriu também e me fez com a mão um sinal de positivo. Respondi sorrindo, retribuindo o "jóia" com a mão.

No meio da madrugada, as coisas amenizaram e resolvi subir à enfermaria de ortopedia. Não foi difícil divisar em meio ao emaranhado da ala, um menino encolhido numa poltrona do lado de uma cama onde um homem se debatia vagarosamente. Cheguei mais perto, e vi que o pai de Igor tentava se livrar de um lençol, mas o corpo trêmulo e o braço enfaixado não o ajudavam. Ele me olhou e sorriu, e antes que eu tivesse qualquer reação, uma auxiliar de enfermagem retirou-lhe o lençol e cobriu Igor. Ele finalmente pode respirar fundo e adormecer em paz naquela poltrona desaconchegante.

Por um breve momento, três adultos contemplavam emocionados o sono sereno de uma criança. E aquele hospital onde tudo era violento, carente e esquecido pareceu ser tomado por uma luz irresistível, emanada do rosto de um menino que salvara o pai de um linchamento, não sabia onde estava sua mãe e nem dispunha da atenção do mundo, mas parecia falar diretamente com Deus.

7 de dezembro de 2014

Gram, obrigado!!!

Buenas.

E se do nada durante esse ano de 2014, você tivesse tido a notícia de que uma das suas bandas prediletas tivesse retomado às atividades após um hiato de sete anos com uma nova formação e
lançado um disco. Qual seria a sua reação?

E se além do disco novo, você tivesse a oportunidade de vê-los ao vivo num esquema pocket-show intimista? Você iria pirar, assim como eu pirei nesta quarta-feira, 03/12. Simples assim.

A princípio, estamos falando do Gram, banda paulista que já tem 4 discos lançados (já contando com esse novo) e que retomou as atividades nesse musicalmente mágico (ao menos pra mim) 2014. Nessa nova formação contam com os remanescentes Fernando Falvo (bateria), Marcello Pagotto (baixo) e Marco Loschiavo (guitarra), além do novo integrante, Ferraz (voz, violão e guitarra).

Acompanhando alguns sites especializados em música, descobri sobre sua volta e fui atrás do disco novo, e que grata surpresa. Tudo o que me fazia pirar na sonoridade dos caras estava lá, mas agora com uma nova roupagem, uma nova voz. Confesso que de início estranhei um pouco,mas ao ouvir o disco repetidas vezes, acabei curtindo demais a dinâmica da banda com a voz do Ferraz.

Mas vamos continuar, esse post não é pra fazer resenha do disco novo dos caras (já o fiz no meu perfil do Instagram, quem quiser, acessa ai), mas sobre o show que descobri que haveria na página
dos caras no Facebook. Era algo restrito, lista de confirmação de presença e tal. Pra poucas pessoas. Assim que tive a minha presença confirmada, bastou esperar ansiosamente.

Na quarta-feira (03/12), chegando lá, um grande estúdio na região de Pinheiros, não sabia o que esperar, como seria, o que tocariam,  seria só o disco novo? Só descobriria empiricamente. Enquanto
esperava o começo do show, os caras da banda transitavam pelo lugar numa boa, cumprimentando todo mundo, simpatia pura. Ainda antes da entrada, tive a oportunidade de trocar uma ideia com o Marco (um dos meus guitarheroes), sobre guitarras, equipamentos e sonoridades. Baita cara bacana e atencioso. Até que o mesmo Marco, nos chama pra dentro do estúdio e avisa que a brincadeira iria começar.

Abrem o show com o primeiro single do disco novo, "Sem Saída", mas a tocam com muito mais energia, muito mais pegada. Mesmo essa sendo uma música nova. já era cantada por todos, o que aumentou ainda mais o clima de proximidade entre a banda e o público. Durante o show, transitam por músicas de todos os discos ("Gram"/2004 e "Seu Minuto, Meu Segundo"/2006), e não há em
momento algum, qualquer comentário negativo sobre o jeito que o Ferraz canta essas canções. É engraçado, mas o cara está tão a vontade naquele lugar, que parece ter sido sempre ele a cantar aquelas músicas. Se adaptou às canções com uma habilidade absurda.

Mas o foco ainda é o disco novo, e essas canções funcionam muito bem ao vivo, mantem a essência do que é o Gram, mesmo sendo um novo Gram.

Em determinado momento, antes de começarem a tocar uma das novas, "Condição", Ferraz e Marco convidam a galera pra subir ao palco e se ajeitar por lá mesmo. Todo mundo aceita o convite e o palco passa a ser uma "roda de violão", tamanho clima intimista que a coisa passa a ter. Daí pra frente, não havia mais barreira alguma entre banda e público. Éramos pessoas, em um mesmo ambiente, apreciando uma das melhores bandas que a música brasileira foi capaz de nos proporcionar. Mas o ápice (ao menos pra mim), veio ainda depois.

Ao anunciarem a música que encerraria o setlist, a clássica "Você pode ir na janela", todo mundo se empolga e ela é cantada em uníssono por todos os presentes. Não satisfeito, Ferraz chama um cara da plateia pra cantar em seu lugar. Outro rapaz sobe também. Quando menos imagino, Marco, tira seu microfone do pedestal e o dá na minha mão, me chamando pra participar da festa.

Sensação indescritível.

Fazer parte da festa que foi, e ainda ter a honra de subir ao palco e participar do show de uma das suas bandas preferidas, é história pra contar aos netos.

O Gram nos mostrou que uma banda de verdade não é feita apenas por bons músicos, mas sim por gente de verdade, e por uma cacetada de virtudes que são raras nos dias de hoje: simpatia, humildade, veracidade, além do talento, que eles tem de sobra.

Fim de show, todos com sorriso de orelha a orelha, já sedentos pela próxima apresentação. Fotos, autógrafos e convite pra ficar e tomar mais uma com os caras (pena que já tava quase no fim do horário do metrô, senão ficava, com certeza).


Que 2015 nos reserve outras surpresas dessas.

Longa vida ao Gram!!!

Logo menos tem mais, até.


6 de dezembro de 2014

Um Centro Acadêmico para a Licenciatura Univesp?

Por conta de alguns problemas que estão surgindo no desenrolar na graduação em ciências naturais da Univesp, alguns colegas entendem que chegou a hora de criar um Centro Acadêmico para que os alunos possam recorrer na solução de seus problemas.

Creio eu que antes de qualquer ação prática, é necessário alguns esclarecimentos…

O primeiro deles é desfazer a confusão entre CA e DCE… Em uma Faculdade, existem algumas instâncias representativas. Pensando nos elementos que existem na constituição de uma faculdade, temos alunos, professores, funcionários e administração. Cada um destes segmentos tem sua representação. No caso dos alunos, o órgão representativo é o Centro Acadêmico (ou como alguns gostam, simplesmente CA).

Agora, em uma Universidade existem várias faculdades. E para cada uma delas há normalmente um centro acadêmico. Neste caso, existe uma instância superior ao CA que congrega representantes discentes de todas as faculdades. Neste caso falamos em Diretório Central de Estudantes. Então, pensando no nosso caso, teríamos um provável Centro Acadêmico da Licenciatura Univesp, um provável Centro Acadêmico das Engenharias Univesp e congregando as duas, um Diretório Central de Estudantes da Univesp.

É importante salientar que CA's e DCE são normalmente independentes entre si, bem como seus membros… ser do CA não implica ser do DCE e vice-versa.

Em relação ao apoio das faculdades aos CA's ele é relativo… afinal de contas, nem sempre um concorda com o outro. Os CA's existem para representar os alunos nas questões acadêmicas junto às instituições de ensino. Não existe CA vinculado à administração da faculdade… o CA é uma instituição discente. Isto é, dos alunos.

A questão chave de um Centro Acadêmico se resume em duas palavras…

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Um centro acadêmico precisa ser legítimo e representativo. A primeira palavra diz respeito a situação legal da entidade. Um CA é uma entidade, portanto é dotado de personalidade jurídica. E para fundá-lo, os alunos de um determinado curso deverão reunir-se inicialmente em uma comissão em prol da fundação do Centro Acadêmico. Esta comissão deverá elaborar uma proposta para o estatuto que regerá o futuro CA.

A seguir, a comissão convocará todos os alunos para uma assembleia de fundação do Centro Acadêmico onde o estatuto será apreciado. Aí, a assembleia deverá por maioria absoluta dos estudantes, aprovar a fundação do CA. O passo seguinte é registrar em ata o resultado desta votação, bem como a formação do conselho eleitoral que tratará da formação da gestão administrativa. Feito isso, após a eleição da gestão do CA, basta registrar em cartório as atas de fundação e eleição.

A partir daí, o Centro Acadêmico é legítimo e poderá articular-se para pleitear direitos e deveres dos alunos junto a instituição de ensino.

Em minha opinião, o maior problema a ser enfrentado na fundação de um CA é justamente fazer-se representativo. Digo isso porque representar não é o mesmo que impor uma opinião.

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O grande ponto de um membro do Centro Acadêmico é entender que ele não está ali para fazer valer sua opinião. Ele pode opinar, convencer, concordar, discordar… isso é inerente a função.

Mas antes de tudo ele deve representar. Entender o que os demais alunos desejam para seu curso e lutar por isso. Se após amplo debate acadêmico, ficou decidido que será escolhida a cor azul, ele pode até querer o vermelho… mas terá que lutar (e muito) pelo azul.

Quero explicar melhor esta questão do representar e vou usar como exemplo o que está acontecendo em nosso curso. Muitos estão insatisfeitos e não estão gostando da maneira como o curso está sendo desenvolvido. Pensando em abrir um canal para o debate, criei um grupo de discussão no Facebook para os alunos.

Sim… a ideia é que ali surgisse o embrião para o Centro Acadêmico.

Até onde sei (por não termos legitimidade nem representação, não temos acesso aos dados oficiais), temos 2000 alunos na Licenciatura. E enquanto digito este texto verifiquei que estão participando do grupo, apenas 108 membros. Acreditando que todos os 108 são alunos regularmente matriculados, temos aí 5,4% dos alunos da instituição.

O que significa que temos 94,6% alheios à esta discussão… que não estão participando por algumas prováveis razões:

  1. Desconhecem a existência do grupo
  2. Não têm interesse na discussão
  3. Estão satisfeitos com o atual modelo proposto pela faculdade
  4. Não acreditam que ali existe uma representação

Devo lembrá-los que uma assembleia de fundação deve ter no mínimo 2/3 dos alunos presentes para ser válida. Ou seja, teríamos que fomentar a discussão com pelos menos uns 1330 alunos.

E não temos nem 10% disso…

Eu sei muito bem que a quantidade de alunos deve ser menor que os dois mil que informei em virtude das desistências que aconteceram (e foram muitas). Mas que tenhamos apenas metade deste contingente… ainda assim, temos pouca representatividade.

Em bom português: não estamos gerando nenhum debate… o que estamos fazendo é reclamar uns para os outros sobre nossos problemas e frustrações.

Não estamos representando os alunos… mas apenas a nós mesmos.

Mas eu sou teimoso… tenho este defeito… entre tantos outros… E eu realmente gostaria de ver um Centro Acadêmico surgir. Mas que seja legítimo e representativo. Existem questões de ordem prática que necessitam ser debatidas. Mas primeiro as pessoas devem entender que um CA é um ato que deve partir dos alunos… e não da instituição.

Em meu próximo texto, falarei das questões de responsabilidade administrativa e fiscal de um centro acadêmico e também das obrigações de um membro do CA e também da briga entre política estudantil e partidarismo que inevitavelmente surgem nestes locais…

Ah sim… antes que alguém pense que sou algum tipo de palpiteiro, vou esclarecer algo… Participei de um Centro Acadêmico no meu tempo de faculdade… isso me custou algum tempo extra na faculdade. Fui coordenador de imprensa nas gestões de 1996, 1997 e 1998 do Centro Acadêmico Adolfo Lutz (o meu saudoso CAAL). Entre outras coisas, eu era o editor do jornal acadêmico (carinhosamente chamado de "O Patológico").

30 de novembro de 2014

Eu vi o maior espetáculo da Terra!!!

Quarta-feira, 26/11, 21h00 no estádio do Parmêra, foi onde realizei um dos maiores sonhos da minha vida e o de qualquer cara pirado por rock (por boa música, pra falar a verdade). Meu encontro com a nobreza inglesa, o maior espetáculo da Terra, Paul McCartney ao vivo.

Expectativa e ansiedade definiram meu dia todo até a entrada no estádio. Uns 10 minutos após a entrada, eis que começa a chuva no estádio. Pra lavar a alma dos amantes da boa música. A espera é sempre angustiante, mas a recompensa vale cada minuto.

Com aproximadamente 40 minutos de atraso, Sir Paul McCartney sobe ao belo palco ao lado de sua indefectível banda e qualquer angústia pela espera se esvai. Empunhando seu fiel companheiro, o lendário baixo Hofner Icon e com uma disposição do alto dos seus 72 anos de fazer inveja a muito moleque por ai, começa em ritmo frenético com a cacetada (urrada a plenos pulmões por este escriba) "Magical Mistery Tour", o que por si só já me deixa atônito, pois não tinha ideia de que essa entraria em qualquer setlist (embora o cara tenha tantas opções que todos os shows seriam uma nova surpresa). Cantando como nunca, engolindo seu contrabaixo com a mesma fúria e destreza de sempre, e mostrando porque era o melhor músico dos fab-four (em termos de competência, habilidade e musicalidade), reveza entre violões (de 6 e de 12 cordas), guitarras, piano e até ukulelê (na homenagem ao eterno George Harrison, "Something"). Todas as pessoas importantes para o cara merecem a devida homenagem e momento de carinho: George como disse acima, Lennon em "Here Today", Linda em "Maybe I'm Amazed" e sua atual esposa Nancy em "My Valentine" (com um clipe genial que conta com Johnny Depp e Nathalie Portman interpretando a letra da música em linguagem de sinais. Coisa de gênio).


Paul faz um passeio desenvolto por toda a sua carreira, sua fase com os Wings, a fase atual (o disco mais recente tá animal, fora de brincadeira) e a fase Beatle, que a cada nova canção tocada, é comemorada por todos como gol em final de copa do mundo. Paul sabe dosar as fases com maestria e consegue agradar a todos. Traz pirotecnia e explosões em "Live and Let Die" (com direito a canhões no palco e fogos de artifício do lado de fora do estádio. De fazer muita banda metida a espetáculos mais teatralizados corar de vergonha. Paul te ganha pelo simples, isso aqui é só um plus).   Encerra a primeira parte com "Hey Jude" (vejo emoções e lagrimas por todos os lados e as quase 50 mil pessoas cantando o "Na na na" mais famoso da história do rock como se não houvesse amanhã. Coisa linda) e ainda volta pra mais dois "bis", encerrando de maneira épica com "Helter Skelter" e "The End".


Paul tem controle total da situação. Rege tudo como um maestro, banda e público, é o soberano dos palcos e faz do seu ganha pão um espetáculo mais do que digno da grandiosidade que se espera de verdadeiros artistas (o que esse cara faz desde o começo dos anos 60 é arte pura, feita com competência e alma, o que não é pra todos).

Apagam-se as luzes do palco, já era o fim (dessa vez sem bis), só vejo sorrisos, de todos os lados. Já passava da 0h30, um monte de gente não tinha a menor ideia de como voltaria pra casa, mas assim como eu, saiu do belo estádio do Parmêra com a alma lavada, pela perfeição musical e pela chuva. Revigorante como cachoeira, mágico como só o rock é capaz de ser.

Set list:
1- Magical Mystery Tour
2- Save Us
3- All My Loving
4- Listen to What the Man Said
5- Let Me Roll It
6- Paperback Writer
7- My Valentine
8- Nineteen Hundred and Eighty-Five
9- The Long and Winding Road
10- Maybe I’m Amazed
11- I’ve Just Seen a Face
12- We Can Work It Out
13- Another Day
14- And I Love Her
15- Blackbird
16- Here Today
17- New
18- Queenie Eye
19- Lady Madonna
20- All Together Now
21- Lovely Rita
22- Everybody Out There
23- Eleanor Rigby
24- Being for the Benefit of Mr. Kite!
25- Something
26- Ob-La-Di, Ob-La-Da
27- Band on the Run
28- Back in the U.S.S.R.
29- Let It Be
30- Live and Let Die
31- Hey Jude
Bis
32- Day Tripper
33- Get Back
34- I Saw Her Standing There
Bis
35- Yesterday
36- Helter Skelter
37- Golden Slumbers

Logo menos tem mais, até.

29 de novembro de 2014

A UNIVESP e seus alunos cobaias (parte II)

Se você não leu a parte I deste texto, aqui está sua oportunidade. Se você já leu, então vamos em frente…

Sou mesmo um incorrigível… a primeira parte do texto levantou questões muito legais por parte de alguns colegas. Acabei me empolgando e por sugestão de uma colega do curso, criei um grupo no Facebook para abarcar as diversas opiniões sobre o que está acontecendo.

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Temos que reconhecer algo importante: a UNIVESP está testando algumas metodologias para verificar a que melhor funciona para um curso desta amplitude. E neste sentido, os alunos desta primeira turma estão funcionando como cobaias.

Alguns disseram que o conteúdo das aulas é ótimo e que o que está faltando é organização.

Eu discordo…

Falta sim organização. Mas o conteúdo de algumas aulas deixa a desejar. E também a expectativa versus realidade de alguns alunos acabou desequilibrada. Principalmente em inglês e matemática.

No meu caso, tenho a dizer que as aulas de letramento digital deixaram muito a desejar. A didática dos professores não foi adequada para um grupo de alunos digitalmente iletrados (inventei essa agora…). Muitas coisas importantes foram abordadas superficialmente e muitas coisas inúteis foram abordadas com profundidade.

O próprio curso me ensinou que uma pessoa letrada conhece e sabe utilizar o seu aprendizado. O curso versou apenas por elencar algumas ferramentas e fatos históricos. Se a pessoa vai usar um computador, precisa saber abrir um aplicativo, utilizá-lo de modo geral, salvar e organizar seus arquivos e utilizar a internet como uma ferramenta.

Em alguns momentos, o curso errou conceitualmente em algumas coisas (HD e memórias são componentes distintos…  software é o conjunto de todas as aplicações de um computador… entre outras imprecisões). Mas eu até compreendia a proposta: mostrar o esquema geral.

Bom… na minha opinião isso é um erro. O computador é principal ferramenta de trabalho no aprendizado deste curso. Não tratar o conteúdo de modo preciso e com elementos que se mostrem úteis na prática, é uma tremenda perda de tempo.

No caso das aulas de cultura brasileiras (um tema bastante amplo e interessante) o professor não se preocupou em despertar o senso crítico dos alunos. Ele palestrou… palestrou a opinião dele. O que ele acha certo ser abordado em termos de cultura.

E é um direito dele… assim como é meu direito discordar do formato em que as aulas se apresentaram. Carnaval e Boi-bumbá não são as únicas referências culturais brasileiras. Também é perigoso misturar política com cultura. É verdade que a primeira interferiu na segunda em alguns momentos históricos do Brasil. Mas o curso em questão é uma licenciatura em Ciências Naturais… não um curso de Sociologia.

Já o curso de inglês criou uma expectativa equivocada por parte da maioria dos cursistas… Alguns entenderam que o curso de inglês funcionaria como um aprendizado de uma segunda língua. O que não é possível dado a natureza de nosso curso.

Na verdade, a ideia (e eu concordo com isto) é que o aluno consiga ter a compreensão geral de um texto em inglês. Não seremos fluentes na língua. Teremos um bom entendimento… mas não fluência. E de fato muitos se frustraram com essa realidade.

Mas devo acrescentar que os exercícios estão um tanto básico demais. Não está sendo exigida a leitura intensiva de textos, a criação de um vocabulário básico. Uma boa maneira de compreender inglês é ler textos, ver filmes de língua inglesa com legendas em inglês… isso cria uma compreensão dos fonemas e dos contextos em que algumas palavras estão.

Do jeito que está, basicamente somos utilizadores disfarçados do Google Translator…

Por fim, matemática… mas onde por a culpa? No conteúdo das aulas que parece ser impróprio ou na defasagem de nosso ensino médio ou ainda nos anos em que muitos estiveram afastados da escola?

Tenho a impressão que as aulas e as tarefas não estão em consonância…

Novamente, não está havendo comunicação. Em grande parte não temos a quem recorrer porque os tutores estão concentrados na tarefa de orientar a realização do projeto integrador. Não estamos discutindo nossas dificuldades no espaço que teríamos para isso. Estamos apenas preocupados em atender os prazos.

E isto é muito preocupante…

Ah sim… este texto continua…

A UNIVESP e seus alunos cobaias (parte I)

Pergunta rápida: quantas universidades públicas estaduais existem em São Paulo?

Hmmm… USP, Unicamp e Unesp? Errou…

Pois é… são quatro. Temos também a UNIVESP. Mas o que diabos é a UNIVESP? Eu já falei sobre ela no meu blog onde posto o meu portfólio de aprendizado. Sim… atualmente eu sou um aluno da UNIVESP. Curso de Licenciatura em Ciências Naturais.

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Já falei (e falo) bastante sobre a estrutura da UNIVESP por lá. Quem tiver interesse faça uma visita. Desde já, agradeço seu interesse.

Mas hoje quero falar sobre as dificuldades do curso… especialmente sobre as dificuldades do corpo discente. Isto é, os alunos.

Recentemente, surgiu uma torrente de e-mails criticando a atual estrutura do curso. Em linhas gerais, muitos estão criticando a excessiva carga de trabalho com infindáveis atividades (portfólio, projeto integrador, etc…). Alguns estão criticando também o foco do curso, salientando que não estão conseguindo aprender. Outros ainda estão criticando a falta de organização da instituição.

Temos ainda os defensores do sistema. Alguns até estão sendo ríspidos em suas colocações, colocando a culpa na falta de organização dos alunos.

Como em toda grande aglomeração, todos querem ter razão sobre seus pontos. Mas eu creio que neste momento – antes da crítica maciça – acho importante entender o ponto de vista de quem está sufocado pela carga excessiva de trabalho.

A estrutura atual e seus problemas

O aluno da UNIVESP atualmente tem que cumprir um cronograma de atividades em cada uma das disciplinas que está cursando. Temos acesso a um sistema (ambiente) virtual de aprendizagem que dá acesso ao cronograma, aos vídeos das aulas e aos materiais didáticos aplicáveis. Temos também algumas atividades que devem ser trabalhadas e enviadas para correção. Além disso, temos que elaborar um portfólio (uma espécie de resumo) das atividades que desenvolvemos para cada aula.

Como toda atividade planejada, é claro que existe um prazo para a produção deste material de aprendizado. E aí reside o primeiro problema: no 1° bimestre  o prazo estipulado vencia no final do bimestre. Para este 2° bimestre o prazo é semanal. A cada semana um rol de atividades deve ser desenvolvido.

Tipicamente, cada semana corresponde de uma a quatro aulas, dependendo da disciplina. Para cada aula temos de 1 a 4 vídeos com duração média de 18 minutos. Para eu resumir a história, em uma semana típica temos uns 12 vídeos para assistir, totalizando 216 minutos (praticamente 3,5 horas). E além dos vídeos, temos a leitura dos materiais didáticos que pode variar de um documento de 3 páginas feito no Word até um (ou mais) artigos científicos com várias páginas de leitura.

Além da visualização das aulas e da leitura dos textos, ainda temos que produzir o material do portfólio, a resolução das atividades e o fechamento, com a reflexão do aprendizado.

Eu já passei por isto em outras graduações (sim… alguns usaram o argumento de autoridade de que eram graduados ou pós-graduados para justificarem suas opiniões) e sei que desenvolver um assunto para aquisição de conhecimento demanda tempo, demanda reflexão e análise.

Não sou pedagogo e também não sou autoridade da área da educação. Mas tenho uma opinião… Do ponto de vista de aprendizado, o esquema proposto é ótimo. Ele permite que você tenha contato com a visão inicial do conteúdo (a aula do professor) e apresenta material complementar para você ampliar sua visão, refletir sobre o que está sendo apresentado, para enfim, gerar o seu conhecimento.

É um esquema que funciona. Eu vi isto quando cursei medicina na UNICAMP. Eu vi isto quando cursei biologia na USP.

O "problema" é que este esquema pressupõe um pré-requisito básico: disponibilidade de tempo.

Li mensagens de uma "colega" que chegou ao absurdo de sacramentar que tinha tantas horas para o trabalho, tantas horas para alimentação, tantas horas para descanso e tantas horas para estudo. Que a culpa estava em quem não conseguia se organizar e que deveriam parar de ficar chorando.

Um recado a esta "colega"… pode ser que você até consiga fazer tudo dentro do prazo, mas dúvido que você tenha aprendido qualquer coisa. Uma coisa eu tenho certeza de que não aprendeu… a ter empatia… não aprendeu a se colocar no lugar dos outros para entender suas dificuldades.

Eu tenho alguma experiência com cursos de graduação (afinal foram três e todas em universidades públicas) então creio que tenho algum domínio sobre o assunto. Existem duas maneiras de se fazer qualquer atividade: a bem feita e a mal feita. Podemos nos enganar, e acreditar que algo está sendo feito. Ou podemos nos indignar e demonstrar que algo está errado.

Eu prefiro fazer a coisa do jeito bem feito… então vou me indignar e demonstrar o que creio estar errado.

Não tenho vergonha de dizer: não estou dando conta porque não consigo ter tempo hábil para desenvolver de forma plena todos os conteúdos apresentados. Eu trabalho, tenho família, tenho meus afazeres domésticos, tenho meus momentos de diversão e tenho a faculdade. O tempo é exíguo e muitas vezes o conteúdo para ser compreendido precisa ser visto e revisto.

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E não é falta de organização ou planejamento. Para fazer bem feito, preciso de tempo. Para fazer de qualquer jeito, preciso apenas de três horas na frente do computador.

Portanto, não me venham com esta conversa de que basta de organizar… a impressão que tenho é que os responsáveis pela criação do curso fizeram um belo trabalho de criação. E agora estão usando esta primeira turma para aparar as arestas e adequar o curso. Equilibrar a questão entre expectativa e realidade.

É um curso semi-presencial e deve ser visto como tal. É um curso que conta muito com o trabalho individual, mas cabe também a instituição dosar o conteúdo ao perfil dos alunos e encontrar o meio termo.

Bom… escrevi demais hoje. Esse artigo continuará. Ainda quero falar sobre o projeto integrador, o conteúdo de algumas disciplinas e sobre a construção do portfólio. Mas isto ficará para outro texto.

P.S.: sim… eu poderia usar o tempo gasto para a construção deste texto me dedicando às atividades do curso. Mas é que… sabe como é… tenho este defeito terrível de querer melhorar as coisas… Fui membro de Centro Acadêmico por quatro anos… então certos hábitos a gente têm dificuldade em perder.

28 de novembro de 2014

Black Friday ou novamente uma Black Fraude?

O povo brasileiro tem uma mania persistente de incorporar valores e tradições culturais de outras paragens. O Black Friday é mais uma destas incorporações. A origem do evento tem a ver com o dia de Ação de Graças, celebrado principalmente nos EUA e Canadá.

O Brasil não tem em sua tradição cultural a Ação de Graças… nem Halloween… mas gostamos de incorporar estas coisinhas.

Fato é que desde 2010 o Black Friday está no calendário informal do comércio brasileiro. E fato é que o brasileiro deu seu famoso jeitinho para que a Black Friday não fosse tão black assim…

A ideia do evento é vender produtos com descontos realmente consistentes. Coisa grande: 40%, 50%… enfim. O evento é tão esperado nos EUA que algumas lojas precisam controlar o fluxo de clientes para a coisa não virar tumulto.

Aqui criou-se uma política de descontos maquiados. A tática consiste em anunciar um produto com um valor nominal maior e em cima deste valor, aplica-se um desconto grande.

Como funciona isso? Imagine um produto qualquer que custe normalmente R$ 100,00. Aí a loja anuncia o produto com um valor maior que o normalmente praticado… digamos R$ 160,00. Aí, a loja em cima deste preço inchado, aplica um descontão… 40%. Com o mega desconto, o produto passa a custar R$ 96,00. O consumidor que não tem o hábito de observar a oscilação do preço durante um período, acaba achando isto uma promoção sensacional. E efetua a compra. Na verdade, o desconto foi bem menor… apenas 4%.

Fraude? Tecnicamente não… um lojista tem o direito de aplicar o preço que quiser sobre seus produtos. Vale o mesmo para os descontos, desde que não caracterize dumping que é a prática de colocar produtos abaixo do preço de custo com o intuito de eliminar a concorrência. Obviamente, muita gente percebeu a jogada dos lojistas e passou a chamar o evento de “Black Fraude”. Alguns criaram até um slogan: Tudo pela metade do dobro do preço.

Não é uma fraude… mas é um abuso…

A impressão é que ninguém fiscaliza. Órgãos de proteção ao consumidor como o PROCON ou então o ReclameAqui tentam fazer uma espécie de fiscalização. Alguns lojistas por sua vez, usam produtos como chamarizes. Eles aplicam descontos reais em poucos produtos e maquiam os descontos em produtos mais desejados. Fica difícil fiscalizar deste jeito…

E provavelmente vai acontecer de novo… Provavelmente… o Procon-SP já divulgou uma lista de sites pouco confiáveis. Os grandes sites estão de fora… mas parece que a inflação forçada dos preços já começou.

Eu confesso que não me programei para comprar nada por ocasião da Black Friday. Mas quero relatar meu pequeno exemplo. Como escrevi anteriormente, eu acabei comprando um tablet… Por se tratar de uma experiência optei por um dos mais baratos do mercado que tenha alguma qualidade. Comprei um TecToy Veloce.

Depois de muito pesquisar, encontrei o produto no site do Shoptime pelo melhor preço: R$ 236,81. Comprei o produto… que inclusive já chegou (em breve escreverei uma resenha sobre o mesmo).

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E aí estou acompanhando a evolução do preço para ver se o desconto será potencialmente maquiado… Bom, o mesmíssimo tablet na mesma loja está custando hoje R$ 379,00.

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Agora, imagine no dia da Black Friday um desconto bom… 40%. O preço do tablet será de… R$ 227,00.

Curioso, não é?

Enfim… eu me dei o trabalho de acompanhar o preço do tablet… e ele ganhou desconto de Black Friday. Bem menor do que eu imaginava:

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Olhei também preços de outros tablets que pesquisei e eles também estão mais caros do que na semana passada.

Considerando a história do evento no Brasil… pelo visto teremos mais do mesmo…

Ou – como alguns preferem – tudo pela metade do dobro do preço…

27 de novembro de 2014

Um traidor da causa…

Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Então vou começar meu texto com a seguinte imagem:

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É… é isso mesmo que vocês estão vendo…

Sim… é um tablet.

Sim… com sistema operacional Android.

Não… não é uma pegadinha.

Para aqueles que me conhecem ou acompanham o blog sabe que antes de mais nada sou um defensor e entusiasta da plataforma Windows Phone. Para quem já falou comigo sobre o assunto, sabe que em meus planos malucos eu tinha o Lumia 2520 como alvo. Ou até mesmo o HP Stream 8 (se ele vir para o Brasil).

São tablets com sistema operacional Windows 8…

Por vezes, eu critiquei o Android. Comentei que aparelhos com configurações robustas poderiam até rodar bem o sistema, mas a relação custo x benefício não era interessante.

Falei da simplicidade de uso do Windows Phone.

Reclamei que a Nokia lançou um tablet baseado em Android.

E mesmo depois de tudo isso… eu comprei um tablet Android…

E nem é um tablet dos mais robustos. Pelo contrário… sua configuração é digna de um tablet de entrada. Tudo bem que eu pesquisei muito a questão da configuração com o preço. No final das contas, este Tablet da Tectoy (o modelo é o Veloce TT-5000i) e custou R$ 230,00. Bem longe de qualquer configuração topo de linha.

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Tem explicação?

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Bom… tem sim. Não é lá muito boa (pelo menos para meus critérios), mas terá que servir no momento.

Em primeiro lugar, mantenho tudo o que disse sobre as plataformas Android e Windows Phone. Comparativamente, o WP é mais dinâmico, mais amigável e mais estável. Ainda mantenho que o sistema Android é fragmentado (dependendo do processador utilizado no aparelho, alguns apps não rodam) e se eu tivesse R$ 1.800,00 para bancar um Lumia 2520, teria comprado um.

Aliás, o primeiro motivo é esse: grana… Os tablets baseados no Windows são caros à beça por aqui. Existem opções econômicas. A HP dispõe de um modelo nos EUA chamado HP Stream 7. Não custa mais que US$ 100,00 (R$ 265,00 no câmbio atual)

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Eu até perguntei pra HP Brasil (via Twitter) se eles trarão o modelo para cá… mas o que recebi foi uma daquelas respostas padronizadas de relações públicas.

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Enfim… o mercado pertence ao robozinho verde. Ele não tem concorrência em todos os segmentos de mercado.

Outro motivo é o descaso das lojas, serviços (jornais, tv, bancos) para o ambiente WP. Tudo o que você procura é desenvolvido prioritariamente para Android ou iOS (Apple). Mesmo os desenvolvedores que fazem apps para o WP não divulgam. Já relatei aqui o caso da Amazon.

Quero ler o jornal O Estado de S.Paulo mas não existe app para o WP. Para ler o Estadão Digital tenho que acessar o computador a toda hora e baixar o jornal em PDF. Revista Veja se eu assinasse teria o mesmo problema. Revistas da Abril só no formato ePub e sem aplicativos para o WP.

O WP tem muito aplicativo bom e funcional. A Google boicotou o WP bloqueando o app do YouTube, mas tem ótimas opções por lá (MetroTube, Tubecast, entre outros). Alguns apps são até melhores que o app oficial (o Instagram é horroroso perto do 6tag… uma salva de palmas para Rudy Huyn, outro evangelizador do Windows Phone que criou o app).

Mas o mercado (isto é, o dinheiro) é quem manda. E aí, tudo o que você procura de app de serviços complementares ou é iOS ou é Android.

E eu cansei de ficar procurando alternativas… preciso fazer as coisas da faculdade com alguma praticidade. Não posso fazer tudo no smartphone e não dá pra carregar o laptop o tempo todo.

E também não posso ficar toda madrugada no computador…

Por fim, tem uma questão chamada empatia. Eu critico muito o sistema Android, mas será que sou capaz de me colocar no lugar de um usuário do Android e entender seus dilemas e problemasl, para quem sabe, ter melhores argumentos ao falar sobre o Windows Phone.

Aprendi isso numa aula da faculdade na disciplina Sociedade, Tecnologia & Inovação. Para ser capaz de falar sobre tecnologia, eu tenho que usar a tecnologia.

E por estas razões, hoje tenho um Android também…

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Estou fazendo alguns testes no bicho e pretendo postar um review sobre ele. Vou usá-lo para estudar (ver os vídeos da faculdade e ler os textos), ler jornais, atualizar o twitter, mexer no blog… e vamos ver no que dá.

Não acho que eu tenha traído a causa… se me perguntarem o que comprar, minha resposta será óbvia… um Windows Phone ou um tablet com Windows 8.

Mas por enquanto é um fato que terei que engolir tudo o que falei. Agora eu também uso Android…

Eu disse lá no início que a explicação não era lá tão boa…

Mas é esta que eu tenho… e terá que servir.

18 de novembro de 2014

Do Nokia Lumia para o Microsoft Lumia

Faz tempo que não escrevo um texto, digamos, leve… Cansei de escrever sobre problemas e mais problemas. Então desta vez falarei um pouco de tecnologia.

Já tem alguns anos que muitos analistas atestam que estamos vivendo uma transição. O computador tradicional de mesa (também conhecido como desktop deu lugar a computação portátil. Aí os laptops (ou notebooks) tiveram uma boa redução de preços e até mesmo surgiram variações enxutas (que os departamentos de marketing das empresas denominaram netbooks) a preços bem convidativos.

Aí veio a Apple… com algumas ideias diferentes… aliás, o grande barato da Apple não é inventar novas tecnologias (nem o smartphone, nem os tablets, nem os iPod's foram invenções genuinamente Apple), mas sim criar uma demanda para algo que já existia. Para mim, a genialidade do Steve Jobs era a de criar a necessidade de um produto… e não o produto em si.

Em bom português: a Apple não inventou o mp3 player, nem o tablet e muito menos o smartphone. Mas a Apple foi a responsável por popularizar estes dispositivos com seu iPod, com o iPad e com o iPhone.

Seja como for, surgiram os tablets, os smartphones e a moda agora são as pulseira e relógios inteligentes…

Alguém pode perguntar: "E o Google Glass?". Minha resposta: acho que a Google está perdendo o timing do seu produto… um indicativo disto é a notícia deste link.

Quem me conhece sabe que sou um ardoroso defensor do ambiente Windows… especificamente o Windows Phone. Há alguns anos atrás, eu defendi que um smartphone era desnecessário.

Isto me coloca no mesmo patamar das falácias proferidas por alguns personagens icônicos da história da tecnologia da informação. Um bom exemplo disto é a desastrosa fala de um ex-presidente da Digital Equipament que afirmou que não existiam motivos para uma pessoa ter um computador em casa. Outras frases igualmente infelizes podem ser vistas neste link.

Acabei entrando na era dos smartphones pelas mãos da Microsoft. Comecei com um Lumia 710 da Nokia e depois migrei para um Lumia 720. Dois celulares espetaculares. Nesse meio tempo acabei convencendo outras pessoas que apostaram também nos Lumias (afinal, nesse meio tempo, o Windows Phone virou sinônimo de Lumia).

E faz um bom tempo que não falo dos Lumias por aqui… muita coisa aconteceu. Já estamos na terceira geração do Windows Phone (se considerarmos as versões 7.x, o 8 e o 8.1). Aparentemente, Samsung e LG desistiram da plataforma, mas ao mesmo tempo outras como HTC e BLU resolveram apostar no sistema.

O que está acontecendo agora é o fim de uma era. Já foi noticiado há um bom tempo que a Nokia foi comprada pela Microsoft. Aliás, nota curiosa… a notícia foi divulgada em 03/09. Data do meu aniversário.

Hum… não foi um presente tão bom assim.

E mesmo após esta compra, os Lumias carregaram o nome Nokia. Eu ainda continuo com meu Lumia 720… Um Nokia Lumia 720.

Belíssimo aparelho…

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Mas agora, chegou o momento em que a Nokia deixa de constar nos aparelhos Lumia. Com o lançamento do Lumia 535, não vemos mais o logotipo da Nokia, mas sim o da gigante de Redmond.

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Tudo continua ali… o design, o sistema operacional, os recursos… Ainda é um legítimo Windows Phone.

Mas sou obrigado a confessar… perdeu um pouco do charme.

Salvo um grande desastre, meu próximo smartphone será um Lumia. Mas ainda vou usar muito meu Nokia Lumia 720. Mesmo porque a Microsoft confirmou que os Lumias de segunda geração serão todos atualizados para o Windows 10. A câmera me atende, áudio e vídeo são ótimos, bons aplicativos. Nada para me queixar.

O próximo Lumia aqui de casa ainda será um Nokia Lumia. Nos meus planos, gostaria de presentear minha esposa com um Lumia 730 (e ele ainda carrega o nome Nokia).

Resolvi escrever sobre isso hoje por um motivo simples: a Nokia como eu conheci deixou de existir oficialmente para mim. A empresa filandesa ainda está lá. Mas a questão é que a Nokia desistiu da plataforma Windows Phone. E resolveu jogar arriscado: vendeu toda sua divisão mobile para a Microsoft e só poderá atuar no mercado de telefonia após 2016.

Mas nada se falou sobre tablets… e foi com um tablet que a Nokia retornou hoje ao mercado. Apresentou ao mundo o N1. Seu tablet que roda… o Android.

Nokia N1 com Android 5.0… Divulgação ® Nokia

E de novo… vou repetir… perdeu um pouco do charme.

Para mim, a Nokia sempre foi uma referência por ser diferente. Ao invés de outras gigantes do mercado, ela sempre optou pela inovação. Foi assim quando lançou seus celulares gladiadores praticamente indestrutíveis, continuando com o Symbian e até mesmo nos tempos do Windows Phone, quando foi a única que realmente investiu no sistema.

E agora, a Nokia – talvez pressionada pelos acionistas que obviamente priorizam seus lucros – abdicou desta inovação. Preferiu se tornar apenas "mais uma" no concorrido mercado dos dispositivos Android.

Pois é… perdeu todo o charme…

Mas a marca tem seus fiéis seguidores e o Android tem um grande mercado. Talvez a Microsoft nunca se recupere da decisão tardia de criar sua plataforma mobile. Mas tem tomado boas decisões para melhorar sua participação (tornou a licença do Windows gratuita para dispositivos portáteis com tela menor que 10", simplificou o processo de publicação de aplicativos, desburocratizou o acesso dos desenvolvedores, aplicou preços mais competitivos). Está fazendo sua parte e ela tem duas coisas que faltam em muitas empresas: paciência e um bocado de dinheiro.

Levou tempo, mas ela conseguiu tornar o Xbox um console de respeito… creio que fará o mesmo com o Windows Phone. Não creio que será um líder de mercado (acho que é tarde demais para isso), mas terá bons números em suas vendas.

Sentirei falta da boa e velha Nokia.

Sentirei falta dos Nokia Lumia…

Que venham os Microsoft Lumia…

P.S.: vou deixar este link disponível para quem quiser entender um pouco mais de como a Nokia retornará ao mercado de smartphones daqui a algum tempo.

P.S.2: Para quem ainda não conhece o sistema e quer saber um pouco mais, vai aí um review de um site sabidamente crítico do Windows Phone. Nem mesmo eles conseguiram criticar o sistema. Vai também o link de um review em inglês.

12 de novembro de 2014

Ainda sobre a censura e o direito de opinar…

Segundo o Dicionário online de português, eis o signicado de censura.

s.f. Ação de controlar qualquer tipo de informação, geralmente através de repressão à imprensa.
Restrição, alteração ou proibição imposta às obras que são submetidas a um exame oficial, sendo este definido por preceitos morais, religiosos ou políticos.
Ação ou poder de recriminar, criticar ou repreender.
Exame avaliativo que se faz com o propósito de conhecer as boas qualidades ou as imperfeições de algo ou de alguém, baseado-se numa teoria ou doutrina.
(Etm. do latim: censura)

Vou ainda emprestar um trecho da Wikipedia sobre o tema.

O propósito da censura está na manutenção do status quo, evitando alterações de pensamento num determinado grupo e a consequente vontade de mudança. Desta forma, a censura é muito comum entre alguns grupos, como certos grupos de interesse e pressão (lobbies), religiões, multinacionais e governos, como forma de manter o poder. A censura procura também evitar que certos conflitos e discussões se estabeleçam.

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Em minha opinião, a censura é inimiga da liberdade de pensamento e opinião. Acho ridículo esconder ou negar aquilo que já foi dito uma vez (ou mais de uma vez). Mas existem ainda pessoas e grupos de pessoas que acreditam que controlar a informação é um meio válido.

Hum… lembrei que desconheço a história deste país… então não vi a censura no Brasil. Bom… até onde sei (e pelo visto, devo saber muito pouco), muitos políticos fazem uso deste expediente para evitar que certas verdades inconvenientes sejam expostas. Muitas organizações fazem uso da censura para impedir a crítica da própria organização.

Eu mesmo já sofri censura aqui no blog… E não foi por uma única vez…

Certa vez, escrevi sobre as agruras de ser secretário de escola, com o sugestivo título “Muito prazer! Sou secreOtário de escola”. Depois escrevi outro texto entitulado “Ainda secretário”. Por fim, escrevi um texto cujo título era “A diferença entre politizado e alienado”.

Não adianta procurar pelos links… os três textos foram censurados.

Ah sim… lembrei de outro texto censurado: “Sutilezas do serviço público”.

E mais um… “Eu blogo, tu blogas, todos blogam”

Isso é triste… mostra o quanto as pessoas e as instituições não estão preparadas para lidar com a crítica. No caso dos textos censurados, as implicações foram em meu trabalho. Aliás, foram tantas as implicações que em um momento resolvi abrir mão de opinar sobre a educação… postei isso no texto (vejam só…) “Censura”.

Aliás, o tema não é de nenhuma forma novidade. Vou aproveitar para referenciar um ótimo texto sobre a censura neste link.

Fato é que não poder opinar é algo que me deixa realmente puto da vida… (perdoem-me… sempre tento não usar palavras de calão). E já escrevi sobre isso também em um outro texto… “O direito de opinar”.

Recentemente – e mais uma vez – a censura volta a se manifestar… não a censura explícita ou opressiva… mas aquela censura velada, onde não fica muito clara as razões para tal ação de controle.

Mas também devo dizer que adotei para o blog um política bem clara quanto à reparação sobre conteúdos potencialmente ofensivos. E ela é bem simples… após manifestação eu analiso o conteúdo baseado nas alegações do requerente. E aí faço as adequações – se necessário.

Desta última vez, elas não seriam necessárias… mesmo porque citações públicas são exatamente isso… PÚBLICAS. E isso não fere o direito de ninguém.

Ocorre, no entanto, que estou cansado. Tenho mais o que fazer. E o mi-mi-mi continua…

Em bom português… estou de saco cheio desta história.

Tenho uma filha pra criar, uma esposa para fazer feliz, uma secretaria de escola pra cuidar, uma faculdade para concluir, uma saúde para cuidar… uma vida para viver em paz.

E quero um “basta” para toda esta palhaçada que se formou unicamente por conta de um radicalismo exacerbado...

Então, resolvi assentir com a manifestação. E por conta disto, alterei o conteúdo de dois dos meus textos no blog.

Mas tenho consciência de que em nenhum momento faltei com a verdade.

Em nenhum momento usei de má-fé ou de qualquer expediente ilegal.

Ponderei apenas sobre a repercurssão de uma divergência política e dos exageros que uma opinião radical pode causar…

E que, infelizmente, acabou tomando proporções inesperadas.

Tudo que sei é que pretendo voltar a cuidar da minha vida… vou encerrar este assunto. E sugiro que outros que talvez ainda estejam se sentindo incomodados, façam o mesmo.

Eu não vou me desculpar por ter opinião. Caso contrário, não teria o menor sentido ter um blog de opinião.

29 de outubro de 2014

Antes era um exemplo… Agora sou um canalha…

NOTA DO EDITOR: a partir de uma solicitação, o texto original foi modificado. Apesar da garantia constitucional sobre liberdade de expressão e pensamento, a linha editorial deste blog garante a qualquer interessado o direito a reparação, com a exclusão de qualquer conteúdo potencialmente ofensivo. O blog também garante o direito de resposta a qualquer um que se sinta ofendido ou que queira se manifestar a respeito das opinões aqui postadas. Entrentanto, registre-se que o uso de citações públicas é permitido por lei desde que não exista ofensa à pessoa ou apologia ao ilícito. 

Começo meu texto com uma imagem:

incoerências3

Trata-se de uma mensagem de congratulações pelo meu 39° aniversário. Foi postado no meu perfil de uma rede social na ocasião. Como se tratou de mensagem dirigida a mim (e portanto, eu sou o destinatário), posso falar livremente sobre ela.

Além dos tradicionais cumprimentos pelo aniversário, vieram também alguns adjetivos: "determinado", "humano", "inteligente" e "companheiro".

O tempo passou e em 2014 eu declarei meu voto para o Aécio Neves e para o Geraldo Alckmin.

Após esta revelação sobre minha posição política, passei a ser um mau caráter, um safado, um burro que desconhece a história deste país. E que não posso ser verdadeiramente amigo de alguém sendo funcionário público e votando no Alckmin. Em determinado momento fui questionado até sobre os valores que estaria transmitindo para minha filha.

Fui questionado quanto a ter hombridade.

Fui julgado por simplesmente ter uma opinião política.

Fato é que esta história rendeu muito pano pra manga… Fui banido de algumas comunidades virtuais que participava, considerado persona non grata por algumas pessoas. Questionado por outras.

Mas também fui defendido por outras. Prova de que ainda existe gente íntegra que respeita a diversidade de opinião.

Não é minha intenção falar sobre quem está certo… quem está errado. Meu propósito é lembrar que todos temos direito a uma opinião. Justa ou injusta… Certa ou errada… eu tenho o direito de opinar. Eu tenho o direito de considerar o que acho bom e o que acho ruim para o Brasil.

E não me venham com esta conversa mole de “é só ver a história” ou “você é elitista” ou ainda “rico não quer ver governo que pensa nos pobres”.

Não sou rico… não tenho casa própria. Meu carro nem meu é… é da minha esposa. Não tenho bens nem patrimônio… Estou bem longe de ser classe média… Já escrevi antes sobre o que penso do governo. Já escrevi também coisas que penso a respeito de políticas públicas referentes à sociedade, economia, educação.

Gostem ou não… eu tenho o direito inalienável de ter uma opinião sobre tudo isso. E sinceramente? Pode sim ser diferente da sua.

Mantenho o que disse em meu texto anterior:

Tenho minha opinião política e estou disposto a debatê-la, defendê-la  ou até mesmo refutá-la se alguém apresentar bons argumentos. (…) Eu tenho a minha opinião e pretendo respeitar e entender as outras…

Agora, a considerar a opinião de alguns, se eu for observar o ANTES e o DEPOIS, então eu piorei muito quando cheguei aos 40 anos de idade.

Eu poderia encerrar o texto com alguma citação de algum pensador para criar um ar de inteligência no meu texto… mas não… prefiro algo mais popular.

Sinceramente? Vá plantar batatas…

P.S.1: eu havia pensado em uma frase bem mais tosca…
P.S.2: esta foi a última citação sobre este incidente…
P.S.3: não há uma única citação a nenhuma pessoa em especial nem mesmo o uso de nenhum excerto de texto que viole a propriedade intelectual de terceiros.

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