5 de maio de 2015

A triunfante volta de quem nunca deveria ter ido, ou o novo disco do Blur

Blur - "Magic Whip"

Acho que nunca esperei um disco com tamanha ansiedade. Desde a primeira volta pros shows no Hyde Park em 2009 e desde que os vi ao vivo em 2013 (top 3 shows da vida), cogitava-se a hipótese de um disco novo dos caras. Mas não singles como saíram (as ótimas "Fool's Day" e "The Puritan"), mas sim um disco novo, completo, que colocasse novamente em estúdio como força criativa, 4 dos meus músicos prediletos que talvez formem a unidade  musical mais fodida da ilha, pós Beatles. 

Desde 2003 com o irregular "Think Tank" o Blur não lançava outro álbum. Mesmo este, já não considero um álbum 100% do Blur, pois as guitarras do monstro Graham Coxon só apareceram em uma música (Coxon saiu da banda no meio das gravações por diferenças artísticas e alcóolicas), ficando a cargo dos outros 3 concluir as gravações e fazer uma turnê mixuruca de divulgação com um fraquíssimo Simon Tong (ex segunda guitarra do The Verve) na guitarra. 

De 2003 pra cá, cada um dos quatro tocou sua vida/projetos de maneiras distintas. Graham Coxon, o guitarhero, focou na sua carreira solo, lançando alguns discos bem bacanas (mas que não chegam aos pés do Blur), Alex James, o baixista, formou o Bad Lieutenant com o povo do New Order, lançando um disco irregular, Damon Albarn, a voz, fez um baita sucesso com sua banda virtual, Gorillaz e o batera, Dave Rowntree virou vereador em Londres. Desde então, a mídia e os fãs cogitavam uma volta e um novo trabalho, e em meados de fevereiro, via redes sociais, eles dispararam o clipe de uma nova faixa "Go Out" e já disponibilizaram a capa e a lista das faixas desse trabalho inédito. Fiquei surpreso, mas feliz pra caramba. Não é toda hora que uma das suas bandas prediletas resolve lançar um disco após 12 anos de separação. 

Conseguem manter a relevância e o fator surpresa e executam o álbum na íntegra em um show transmitido pela internet, antecipando-se quase uma semana ao vazamento do álbum.

Como "fanboy" assumido dos caras, eis que "Magic Whip" me chega às mãos uma semana antes do lançamento oficial. Que grata surpresa!!! 

A química está toda lá, as vozes dobradas, o baixo sinuoso, a batera concisa, as guitarras tortas, os pianinhos estranhos, tudo no mesmo lugar. Definitivamente era um álbum do Blur. 

Há unidade e todos participando do processo criativo. Mas não esperem o Blur do "Parklife" (mais pop), nem o Blur de "13" (mais experimental), em "Magic Whip", os caras acertaram a medida, há ambos os Blur em um mesmo álbum. Equilíbrio, talvez seja esse o adjetivo que melhor defina este disco novo. 

Ainda guiados pela cozinha de James/Rowntree que se complementam e dão o fio condutor para que as guitarras de Coxon possam soar de modo pop, esporrento ou experimental, fazendo  um contraponto com a voz de Albarn, talvez o elemento mais icônico da banda, inconfundível. 

Produzido por Stephen Street, que foi o responsável pela sonoridade mais "pop" da banda, na primeira metade dos anos 90, consegue nesse novo disco, suavizar a esquisitice e embrutecer os momentos mais palatáveis, dando unidade ao álbum, fazendo com que não sobrem arestas. 

Em uma das entrevistas de lançamento, Alex James disse que com as sobras de estúdio de "Magic Whip", poderiam lançar um novo álbum. Tomara que isso seja verdade e que esta ideia tome forma em um futuro bem próximo. Com "Magic Whip" o Blur toma de assalto seu posto como a principal banda inglesa (lugar de onde nunca deveria ter saído) em atividade e nos mostra que há muito mais na ilha do que revivals de post punk e cabelos perfeitamente ajeitados com gel. Não é o melhor álbum da carreira dos caras (ponto de discussão eterna), mas mostra uma evolução e um caminho bem longo a se percorrer ainda, mostrando que o rock inglês está cada vez mais vivo. 

Até que enfim, o gigante acordou. Tomara que não demorem mais 12 anos pelo próximo lançamento, e espero que os rumores sobre shows no Brasil ainda em 2015, sejam verdade. Tô simplesmente aguado pra ver esse "Magic Whip" ao vivo. Candidatíssimo a disco do ano!!! Mais do que recomendado, essencial. 

Logo menos, tem mais. 
Até.
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