26 de dezembro de 2018

Os melhores de 2018 – Disco da Semana #50

Buenas!

Passou-se o natal e a vida me prega uma peça de presente, um pé engessado. Que maravilha, não?! Ao invés de comemorar junto ao personagem gorducho de vermelho, eu comemorei ao melhor estilo do nosso personagem de vermelho, o Saci.

20181227_discodasemana

Infortúnios à parte, 2018 foi um ano pra lá de bacanudo quando o assunto é música (em outros aspectos, foi a segunda temporada de 2017, e piorada). Tanta coisa bacana foi resenhada por essa coluna nesse ano, e como não poderia deixar de ser,  esse escriba que voz fala (ou escreve, como queiram), também preparou a sua surpresinha para o fim de ano: uma belíssima lista de melhores do ano, ao melhor estilo Troféu Imprensa.

Só que como aqui não é a casa da mãe Joana, há de estabelecermos critérios para entrar nessa lista, e este será o ano de lançamento (obrigatoriamente 2018). O outro critério é muito mais subjetivo, e se trata da minha opinião pessoal.

Concordam? Discordam? Sem problemas, ainda vivemos em uma democracia. Se quiserem contestar e mandarem as vossas listas de melhores do ano via comentário ou redes sociais, ficaremos pra lá de felizes. Sim!!! Queremos fomentar o diálogo e o intercâmbio de música boa, e é pra isso que essa lista serve, pra disseminar o que ouvi de melhor no ano que finda.

E sem mais delongas, vamos a lista…

[ 5º Lugar – Scatolove – “Lei de Muffin” ]

20181227_discodasemana001

Fofo, mas sem perder a acidez e sem abrir mão de temas densos (mesmo que sejam ditos com leveza), falam sobre cotidiano e relações humanas de maneira tão autoral que parece que cada uma das canções são passagens reais da vida da banda, sem abrir mão de criticar a sociedade contemporânea (e todas as suas doenças: do corpo, alma e cabeça).  Pra refletir sem abrir mão da diversão.

Um disco pra cantar junto, em alto e bom som (em casa ou ao vivo num show da banda) que mostra que o Scatolove veio pra ficar, e não ser apenas o projeto paralelo de dois músicos profícuos em busca de diversão.

Uma das melhores e mais sinceras análises do mundo atual, feito com ironia, acidez, guitarras e um senso pop pra ninguém botar defeito.

[ 4º Lugar: Baco Exu do Blues - "Bluesman" ]

20181227_discodasemana002

Seu caldeirão de referências e suas letras, diretas como um soco no nariz, já começaram a chamar a atenção fora da bolha do rap nacional (seu disco de estreia já ganhou crítica de "disco do ano" em um prêmio bem conhecido em 2017), chegando até a ganhar curtida da própria Beyoncè (a quem homenageia na faixa "Me desculpe Jay-Z").

Mas não é só sobre empoderamento o álbum, ele também fala de sexo, poder, religião, sociedade e amor, mas de uma maneira não ortodoxa (mas fala do amor do jeito normal também, não se preocupem), usa o sentimento como metáfora para algumas situações de depressão.

Um dos caras que faz rap de maneira mais cheia de brasilidade da atual cena e que fala de amor e crítica social com a mesma intensidade. Coisa fina.

[ 3º Lugar: Superchunk - "What a time to be alive" ]

20181227_discodasemana003

O Superchunk tem em sua sonoridade a sua principal marca registrada. Eles são aqueles raros tipos de bandas que podem gravar o mesmo disco por anos e anos a fio, e que sempre soarão parecidos e diferentes ao mesmo tempo. Estilo baby, estilo.

Conseguem sempre manter aquele espírito "síndrome de Peter Pan" nos seus ouvintes, pois seu som nunca envelhece nem soa datado, mesmo sendo a cara do que melhor se fez nos anos 90. A cada lançamento nos dá uma aula de como uma banda deve soar, de estilo, de produção, de distribuição (eles tem seu próprio selo, há anos), e da manutenção do mais crucial espírito "punkrock": o "Faça Você Mesmo".

[ Vice-Campeão: Projeto Rivera - "Eu Vejo Você" ]

20181227_discodasemana004

Surpreendentemente brasileiro! É assim que consigo definir o segundo álbum da banda. Faz uso de referencias regionais mas ainda assim soa absurdamente cosmopolita e moderno. O álbum traz influências de MPB, de baião e do rock alternativo cheio de guitarras e com uma cozinha pra lá de pesada fazendo uso de baixo, bateria e percussão.

As letras são extremamente bem feitas e são de uma sinceridade absurda, a banda não tem pudores em se posicionar no mundo e expor seu ponto de vista includente, coisa corajosa nos intolerantes tempos de hoje.

Caso queira um pouco de amor e luz na sua vida, pode cair de cabeça nesse discaço do Projeto Rivera. Nos dias de hoje, mais do que importante, essencial.

[ O Grande Campeão: Carne Doce - "Tônus" ]

20181227_discodasemana005

Que álbum! O povo da Carne Doce deu um passo rumo ao desconhecido nesse novo disco, e acertaram em cheio. Um disco diferente de todos os outros lançamentos anteriores da banda. Sem espaço para os regionalismos do primeiro álbum, aqui a banda se reinventa, troca sua pele, coisa de quem já tá pronto pra seguir adiante, mas sem esquecer os êxitos de outrora.

Fazendo um som muito mais intimista e introspectivo, porém muito mais denso e profundo, com letras cirúrgicas. Falam sobre sua visão de mundo, amores, desamores, desilusões e sexo (sim, ele mesmo, por que não?) de uma maneira pra lá de direta.

Soa simples e complexo, discreto e explícito, um álbum pra se apreciar com calma e inúmeras vezes. A cada audição um novo detalhe, uma nova nuance, uma nova compreensão. Trocando em miúdos (e desculpem-me pela linguagem chula): UM DISCÃO DA PORRA!!! Pra lá de obrigatório, essencial!!! Explicitamente inesquecível, o melhor álbum do ano, fácil.

Feliz virada de ano pra vocês!

Que em 2019 possamos ter álbuns tão bacanas quanto esses melhores de 2018 (e se não tivermos, revisitamos grandes discos de outros anos, sem problemas).

Esse colunista vai se dar ao luxo de uns dias de férias e retorna aos trabalhos na segunda metade de janeiro/2019. Até lá.

Logo menos tem mais.

24 de dezembro de 2018

Marianas…

Nas andanças pelas ruas de São Paulo, o motorista de aplicativo sempre fica à espera de um novo chamado. E sempre são apenas duas informações básicas… a primeira: onde a pessoa está. A segunda: o nome da pessoa que chamou.

20181224_cronicasaovolante

Ao ver o nome ali da pessoa na tela, não são muitas informações… Pedro, Tiago, Paula, Joana, Eulália, Adonias, Gaetano… todos nomes possíveis. E cada um conta uma história.

Mas um nome que me chama a atenção quando surge na tela é o nome Mariana… E isto talvez porque eu tenha um forte ligação emocional com esse nome, não é mesmo?

Noite de Natal… não é exatamente o melhor dia para ficar longe da família, mas ao mesmo tempo é um dia muito bom para uma renda extra. Muitas pessoas estão indo e vindo e é claro precisam de alguém que as leve…

Chega um chamado da Vila Carrão… um bairro que surgiu em 1917 e que ganhou esse nome em homenagem a João da Silva Carrão, que foi presidente da província de São Paulo e também ficou conhecido como Conselheiro Carrão. Aliás, ali no bairro, tem uma grande avenida com o seu nome também.

20181224_cronicasaovolante02

Outro detalhe me chamou a atenção… o nome da passageira é Mariana.

Não era a primeira vez… outras Marianas já embarcaram no meu carro. Uma moça de Minas Gerais que estava a trabalho aqui na cidade, uma garota muito alcoolizada que estava saindo de uma festa, uma moça que tinha uma amiga com cabelo cor-de-rosa, uma outra que sequer falou três palavras comigo… em todas elas eu buscava traços de bom caráter e qualidades que talvez eu possa ver na Mariana que mais me interessa… a minha filha.

Mas o que me chamou a atenção ali, é que uma Mariana estaria ali em minha solitária noite de Natal.

Ao chegar no local de embarque, uma moça que contava com no máximo uns 21 anos me aguardava. Ela carregava consigo algumas malas de viagem, uma bolsa a tiracolo e um garrafa PET com água.

Ela logo quis embarcar e eu sugeri que colocássemos a bagagem no porta-malas. Ela prontamente aceitou. Ao entrar no carro, logo perguntei suas preferências pelo ar ou ventilador e se tinha alguma estação de rádio preferida.

- Apenas uma rádio que seja musical, por favor.

Percebi que a moça não queria conversa. Deixei-a absorta em seus pensamentos e me concentrei na viagem. O destino era próximo à Av. Paulista.

Os primeiros dez minutos da viagem foram em completo silêncio. Apenas o rádio insistia em fazer algum ruído musical. Então percebi um leve soluçar. Mariana estava chorando…

Não sei se existe uma regra específica sobre isso, mas acredito que não é uma boa ideia se intrometer nos problemas alheios. Então, tudo que pude fazer naquele momento era apenas silenciosamente esperar pelo final da viagem.

Alguns momentos depois, percebo que ela começou a conversar com alguém ao telefone. Inicialmente em voz baixa, depois, em som natural… com a voz muito embargada, entremeada por choro.

Era uma conversa triste… ao que parece seu Natal fora arruinado por alguma briga familiar. Discutira com os tios… com o irmão… com o próprio pai. E ela estava arrasada com tudo aquilo. Por fim, tomou a decisão de ficar sozinha no Natal e por isso estava retornando para sua casa no centro da cidade.

Eu não pude deixar de notar a conversa… e dali, duas frases retumbavam em minha cabeça: ‘Eu só queria ter uma noite de Natal feliz…’ e ‘Tudo que eu queria era poder ouvir uma palavra de carinho do meu pai…’

Aquilo doeu… me coloquei no lugar do pai daquela Mariana… imaginei como seria aquilo se a história fosse com a minha Mariana. Eu não estava pronto para aquilo. Eu só queria que aquela Mariana pudesse ter a chance de ter uma noite de Natal feliz.

O seu destino se aproximava e ela então desligou o telefone. Ela então se dirigiu a mim para explicar o ponto de desembarque. Mas não conseguiu falar sem soluçar as palavras…

Aquilo era demais pra mim…

- Dona Mariana, a senhora me desculpe a intromissão. Eu sei que dirigindo aqui muitas vezes nós devemos agir como surdos e mudos e não se intrometer na vida das pessoas. Mas eu não pude deixar de ouvir parte de sua conversa.

Ela ouvia atenta. Eu prossegui…

- Sei que as vezes não é fácil… sei que as vezes a vida não sai como a gente planeja. Eu sei isso por experiência própria. Sabe, eu tenho uma filha pequena que também se chama Mariana. E por um momento eu imaginei o que – como pai – poderia dizer a ela caso ela estivesse passando por um momento difícil como o seu.

Talvez eu estivesse indo longe demais… mas já havia começado, não poderia parar agora.

- Eu diria a ela… o bom de dias ruins é que eles também chegam ao fim. E amanhã – um outro dia – podemos recomeçar e tentar fazer tudo certo novamente. Temos dias bons… mas os dias ruins também vêm junto no pacote. Sei que talvez isso não tenha importância nenhuma. Mas eu queria desejar do fundo do meu coração para a senhora um Feliz Natal. Este pode não ter sido o melhor. Mas torço muito para que os próximos sejam mais alegres e felizes.  Confie nisso.

- Tudo vai ficar bem… acredite.

Ela chorava copiosamente. Naquele momento não haveria nada que eu pudesse fazer a não ser torcer para que eu não tivesse piorado as coisas.

Finalmente chegamos ao destino. Desembarquei e a ajudei com as malas. Estendi minha mão e desejei a ela um Feliz Natal.

E então, a moça me abraçou…

- Obrigada! O senhor não imagina o quanto isso significou para mim.

Eu me despedi dela e embarquei para seguir o meu destino. Mas no instante seguinte ela deu um tapinha no vidro do passageiro…

- O nome do senhor é Ricardo, não é?

- Isso mesmo.

- Achei que o senhor deveria saber… o nome do meu pai também é Ricardo. Obrigada por permitir ser parte de sua família pelo menos por alguns minutinhos. Tenha um Feliz Natal o senhor também!

E finalmente, ainda que num rosto coberto por lágrimas, um leve sorriso surgiu ali.

Eu acenei com a cabeça e agradeci… saí lentamente enquanto ela seguia seu caminho. Afinal, agora era minha vez de chorar… e naquela noite de Natal, senti-me novamente de certa forma abençoado por trazer alguma alegria para aquela Mariana.

E mais uma vez, um chamado… uma nova viagem começaria naquela noite de Natal…


O presente de Natal

Tecnicamente já era dia 25, pois se aproximavam as cinco horas da madrugada. Mas o clima era de 24 ainda, já que nem todos - nem eu - haviam conseguido comer a ceia coletiva da qual todos participaram. E pelo andar do plantão ia ficar para o Natal do ano que vem.

20181224_spasmo

Eu terminava uma internação quando a Enfermeira acorre à porta do consultório:

- Abri um protocolo de dor torácica, não teve jeito. Paciente de 67 anos com dor típica. Vou correr o eletro. Mas será que o senhor já quer ir falando com ele?

O tom da pergunta era quase de desculpas, pois ela sabia que não paramos. Foi o que quis lembrá-la:

- Pode, claro, mas olha... fique em paz, a gente veio para isso. Tá pesado para você também.

Ela abriu um sorriso franco e logo depois trouxe pelo braço um senhor. Nós já sabíamos a idade dele.

- Seu Lúcio ?

Era o que dizia a ficha… Lúcio Alves. Então, comentei…

- Nome de cantor… Lúcio Alves!

- Este 'Alves' é por causa do cantor mesmo. Meu pai era seresteiro e grande fã dele.

- O meu também! E eu sei até umas músicas!

- Eu sei por ouvir quando pequeno e por trabalhar com isso. Eu canto na noite.

- Puxa vida, então eu tenho um artista em minha frente!

- Um artista que está tendo um troço! -  E fez uma careta comprimindo com o punho fechado a região do meio do peito.

- A enfermeira está nos esperando para o eletro, vamos lá?

  Levantamos rapidamente e ela já aprontava a maca. Fez com que ele desabotoasse a camisa, se deitasse e foi colando os adesivos no peito. Então perguntei:

- Quem veio com o senhor?

- Ninguém não. Esperei todo mundo dormir e vim. A ceia foi diferente esse ano…

Achei por bem interromper ali pois podia interferir no resultado do exame. Pousei a mão no ombro dele como que anunciando que ficaríamos em silêncio. Fui vendo o traçado… nada preocupante.

Ela terminou o exame e me deu a folha, e fui para a sala enquanto ele se recompunha. O eletrocardiograma estava absolutamente normal. Logo depois ele adentrou à sala. Pedi para auscultar seu coração. Tudo bem. Sentei-me e finalmente disse:

- Seu Lúcio, não tem nada no coração! Nós vamos ter que entender o que é essa dor. Mas por enquanto eu o convidaria a ficar um pouco mais tranquilo. Sua pressão também está normal.

Ele me olhou intrigado, por vários segundos antes de dizer:

- Mas dói. Dói muito… queima, sabe?

Perguntei se tinha gastrite, se fumava, se bebia - bebia nunca, nem quando cantava de noite - se tomava remédio, "um para a pressão, que faz fazer xixi". Aí a pergunta-chave:

- Passou nervoso na ceia? O senhor disse que foi diferente.

- Eu tenho uma filha de 15 anos. Fui pai tarde, é minha filha única. E ela comunicou na ceia que estava grávida.

E abaixou a cabeça numa expressão de dor.

Na mesma hora lembrei do verso de uma canção que dizia "tanto engorda quanto mata, feito desgosto de filha". Em minha frente eu tinha alguém que havia acabado de receber um petardo no peito no sentido figurado, mas que doía como se fosse real. Há que se ter cuidado para dizer que não se trata de algo letal e não parecer que se está desfazendo daquela dor.

Por alguma razão ele havia sido pai depois dos 50, e aí várias ilações me pululavam na mente. Mas para domá-las e principalmente para seguir com a consulta, continuei:

- Ela namora faz tempo?

- Anunciou tudo junto… Que está namorando e que engravidou.

- O pai da criança tem que idade?

- Moleque também, da idade dela. São colegas do curso de Crisma.

Ouvindo isso, fiz uma careta da qual teria me arrependido se ele não tivesse sorrido de olhos fechados e fazendo um sinal de concordância com a cabeça… O que estaria se passando pelos pensamentos daquele senhor? Um pai bissexto, que certamente colocara seu maior tesouro numa redoma - ou pelo menos tentara, inclusive com uma educação religiosa formal e bem dirigida pelo que dera para notar. Tentei contornar, meio sem saber como…

- Bom... o senhor ainda trabalha.

Ele olhava o chão e já respirava melhor.

- É, eu ainda trabalho. Eu tenho um estudiozinho, alugo para gravações, produzo outras. Cantar na noite mesmo é uma vez, duas por mês. Só para não perder o costume, eu gosto.

Ele foi se ajeitando na cadeira, assumindo uma postura mais ereta. No afã de atenuar a situação, acabei por fazer uma pergunta, que mais soou como uma afirmação desastrada:

- O senhor demorou a ter essa filha!

Ele me olhou sério… cheguei a gelar por dentro.

- Eu viajava muito. Cantava em dupla com minha esposa na época, não dava para pensar em filho. Aí tivemos um acidente de carro e ela faleceu. Fiquei um tempo batendo cabeça até que resolvi ficar mais quieto e montei o estúdio. Depois conheci minha atual esposa e a gente quis ter filho e aí veio minha menininha. Ela tem o nome da minha parceira que faleceu.

Soltei um suspiro e ficamos ambos cabisbaixos. Ele perdera a primeira esposa com quem inclusive dividia a arte e agora perdera a sua menininha, tornada mulher por força das circunstâncias.

Ele então ergueu os olhos para mim:

- Então o senhor me garante que não há nada no coração?

Achei por bem ser enfático…

- Garanto!

Ele manteve o olhar fixo em mim e marejou os olhos.

- Que bom!

Sorri também e ele continuou…

- Eu fui pai com 52. Por opção mesmo… Daí nunca tive pensamento de ser avô. As pessoas estão tendo filhos depois dos trinta, sei lá. Achei que ela fosse ser mãe daqui a uns vinte anos. Aí eu ia estar gagá ou morto mesmo.

Rimos juntos...

- Depois da ceia, que foi horrível, claro que foi, eu já fiquei com essa dorzinha. Vi todo mundo dormir, e o negócio não passava. Aí bateu o medo, o senhor sabe como é, né?

- Sei sim, deve ser horrível, é como ver a morte chegar.

  Ele me fitou meio surpreso e boquiaberto por uns segundos, e arrematou:

- É que não era só morrer não Doutor. Pensei que eu não veria meu neto. Uma coisa que eu nem contava, e de repente aparece e eu que ainda tô inteiro disparei a pensar no que eu podia fazer com ele e foi quando eu vi o violão que foi do meu pai, que tá pendurado na parede.

- O senhor não toca o violão do seu pai?

- Nunca toquei, por respeito. Minha filha não toca nem campainha, ela não gosta disso. Aí eu pensei… quem sabe eu não tiro esse violão daí e dou pro bezerrinho que tá vindo aí para ele aprender a tocar?

Eu lhe sorri.

- Quem sabe vocês não façam uma dupla? Ou pelo menos cantem juntos!

- Cantaremos, Doutor! Cantaremos! Eu posso ir?

- Mas já passou a dor? Talvez eu precise fazer uns exames, mais por conta do protocolo.

Ele ficou me olhando um tempinho, como a me explicar com os olhos que nunca fora homem de seguir protocolos. Eu entendi. Estendi o eletro e o ofereci:

- Olha, seu Lucio, não é nosso costume, mas o senhor aceita esse eletro de presente? Para provar que o senhor  tem um coração bom!

Ele riu e falou se levantando…

- Não precisa, Doutor, eu te agradeço muito... Meu presente, Deus já me deu hoje!

19 de dezembro de 2018

Luiza Lian – “Azul Moderno" (Disco da Semana #49)

Buenas,

Depois de um fim de semana de descanso merecido salgando os pés no mar, vamos falar de um disco que fala bastante desse elemento, mas de maneira muito mais "litúrgica".

20181219_discodasemana

Cada vez que me jogo de cabeça na "nova música brasileira" sou surpreendido por artistas cada vez mais inspirados e em busca de sair da zona de conforto. Cada disco ouvido é um sorriso diferente, e esse me colocou um sorriso do tamanho do mundo no rosto.

No caso da Luiza Lian, mesmo levando em conta sua base quase que exclusivamente eletrônica, suas influências são pra lá de brasileiras, vai de bossa nova a Jorge Ben em um pulo, e não se faz de rogada em assumir sua brasilidade.

Essa brasilidade também é um tópico à parte, a paulistana usa e abusa de sua religiosidade afro-brasileira, nas suas letras e na sua musicalidade. Tambores, batidas e temáticas fazem do disco algo brasileiríssimo, mesmo que eletronicamente, raiz até o tutano. Além da religiosidade e de todas as suas cantigas usadas no disco, usa as lendas oriundas dos nossos ancestrais africanos, como a Iara, a Pomba Gira, entre outros.

20181219_discodasemana01

Dona de uma voz doce, Luiza se junta ao produtor Charles Tixier (que tocou bateria, MPC, baixo synth e teclados) e de vários convidados de renome como Tim Bernardes (que tocou violão, baixo e fez arranjo de vozes e sopros), para gravar esse seu terceiro disco, junto a um time de músicos pra lá de tarimbados Gabriel Basile, Filipe Nader, Guilherme D’Almeida, Gabriel Milliet e Tomás de Souza.

Ainda em 2017, esse timaço se isola no sítio do produtor Gui Jesus de Toledo para começar a gravação desse disco. Depois de praticamente pronto (e ainda inédito), Luiza e os produtores, desconstroem toda a gravação remixando-a. Esse remix é o "Azul Moderno" que viu a luz do dia e do qual estamos falando.

20181219_discodasemana02

Um disco que mistura o sagrado e o mundano na mesma proporção para criar algo único e divinamente belo (trocadilho à parte), um dos discos mais contemporaneamente brasileiros que ouvi nos últimos tempos.

Já virou discoteca básica...

Essencial para entender a nova música brasileira. Pode se jogar de cabeça porque a viagem é pra lá de garantida. Basta clicar aqui e retirar seu ticket pra viajar bonito.

Logo menos tem mais

18 de dezembro de 2018

Bastion – Bonito, Lindo, Meigo… e que Música!

Olá amiguinhos do UBQ, “beleuza”?

Hoje, estamos aqui reunidos para falar de um game que joguei no PC (e paguei baratinho… umas 6 pilas no steam) mas tem para uma porrada de plataforma só procurar que você acha. Estou falando de BASTION.

20181218_borajogar

Antes de mais nada, deixa eu adiantar que o jogo é bonito, é lindo, é meigo, é uma graça e isso só falando da parte gráfica do game eu nem cheguei nas músicas ainda.

Pronto… Dito isto vamos para a história do game.

[ Sobre o jogo ]

Bastion mostra um garoto (sim ele é apenas chamado de “Kid” pelo narrador”) que tem uma baita responsabilidade nas mãos, salvar os humanos. Só isso…

20181218_borajogar01

Basicamente houve uma grande calamidade no planeta (e o narrador que vai contando a história chama apenas de calamidade mesmo) e isso fez com que os seres humanos virassem estátuas e o mundo virasse um monte de cacos.

Aí, o “Kid” aparece no meio de uma espécie de fortaleza, chamada Bastion, e sai em busca de sobreviventes, pedaços do mundo, pedaços da fortaleza e tudo mais para “remontar” o planeta e salvar a todos.

20181218_borajogar02

Com o passar do game a fortaleza vai recebendo novas funcionalidades como loja de itens, loja de armas, etc, tudo para auxiliar o garoto em sua missão. O rapazinho também vai encontrando sobreviventes ao longo do game que vai trazendo para a fortaleza.

Bastion é a ultima esperança deste povo e “Kid” precisa completar suas funcionalidades, ativá-la e salvar todos. Para isso precisa encontrar os núcleos que estão espalhados pelas diversas fases do game…ou pedaços das fases já que tá tudo um caco só.

20181218_borajogar03

Musicalmente falando o game também é simplesmente du%#%$@!, eu achei a trilha sonora no Spotify e pirei em ouvir as músicas que não reparei 100% enquanto jogava…destaco aqui “Zia’s Song” é linda e eu escuto o tempo todo.

20181218_borajogar04
(NOTA DO EDITOR: você pode curtir a trilha sonora no Spotify clicando aqui!)

[ A jogabilidade ]

O jogo é bem linear, seguindo a história dando opções secundárias apenas para “fases” de aprimorar armas e tudo mais. A jogabilidade do game é tranquila para quem joga em um joystick porém pode ficar complicada quando usado o teclado e mouse.

O game mostra uma câmera tipo “Diablo” sabe, onde você vê o personagem por cima em uma diagonal que te permite enxergar o que está rolando (também conhecido como perspectiva isométrica).

20181218_borajogar05

Kid carrega duas armas por vez (só 11 no total e você as pegas ao longo do game) além de poder esquivar, usar escudo, usar poder especial e ter – é claro – que correr e se posicionar para enfrentar alguns inimigos (ou hordas).

Isso requer bastante sincronia de botões e por isso eu acho mais fácil jogar no joystick…mas ai é opinião minha mesmo. Sua experiência pode ser um pouco diferente.

[ Veredito ]

Vale muito a pena jogar! De tempos em tempos, o jogo está em promoção e custa bem baratinho mesmo! Sério… eu paguei somente R$6,00 nele. Além disso, você encontra em diversas plataformas de consoles a PC’s (não precisa de muito vídeo pra rodar \o/).

Baita joguinho legal, com som maneiro e gráficos lindos de ver (todo desenhadinho… bem fofo…).

Mais do que recomendado como uma opção de game que entrega boa história, bom game play e não demora uma eternidade para ser terminado.

20181218_borajogar06

Como curiosidade eu trago algo que funciona mais como um spoiler do que como uma curiosidade propriamente dita… o jogo tem duas possibilidades de final, então fique atento e veja os dois porque vale a pena.

Recomendadíssimo pra jogar e para curtir a trilha sonora… E deu até vontade de jogar de novo…

Bom é isso, vou ficando por aqui, até mais e um abraço!

17 de dezembro de 2018

Então é Natal (Crônicas Amarelinhas Especial de Natal)

Escrever para as crônicas Amarelinhas é algo que me dá prazer e estresse ao mesmo tempo. Prazer por conseguir colocar no papel (computador) angústias e aspirações minhas, que me causam reflexões. Estresse é por achar algo relevante para ser escrito, tendo um bom fundamento e deixando uma boa mensagem.

20181217_amarelinhas1

Por livre e espontânea pressão quero falar do Natal (NOTA DO EDITOR: bom… talvez só um pouquinho de pressão).

Mais que uma festa cristã, o natal envolve muitas pessoas e muitos significados. Seja comercial, seja espiritual, seja social ou filosófico. As pessoas transformam suas vidas, se tornam mais caridosas, carinhosas e sensíveis. São tempos de paz, de amor e de gastar dinheiro com presentes.

20181217_amarelinhas01

Por mim tudo aceitável.

Quando adolescente eu tinha uma missão de Natal. Acordava bem cedo, não para ganhar presentes, mas sim para distribuir balas para as crianças do meu bairro. Isso mesmo, usávamos toucas natalinas enquanto um dos membros do grupo de amigos do meu pai, se vestia de Papai Noel.

O objetivo era entregar balas e doces para as crianças da comunidade. Íamos em caminhões ou camionetes, onde riamos, contávamos piadas (eu escutava na maioria delas), passávamos calor (principalmente o Papai Noel) e distribuímos os pacotes com balas compradas por nós mesmos. Existia uma regra, nunca jogue as balas, entregue nas mãos das crianças.

20181217_amarelinhas02

O tempo foi passando, as coisas foram ficando mais difíceis e o projeto foi encerrado. Até hoje não sei o por que. Será que as pessoas perderam o espírito natalino? Será que precisamos do Natal para se ter o espírito natalino?

Confesso que não sou fã do Natal, principalmente pelo fato de que as pessoas se tornam melhores apenas nessa data. Todos estão em uma mesma sintonia, fazer o bem…

Mas por que só no Natal?

Depositar dinheiro em caixinhas, para frentistas, para porteiros, para faxineiros, para entregadores, isso é Natal? Porque só no Natal?

20181217_amarelinhas03

Isso já não é aceitável…

Então é Natal, e o que você fez? O ano termina e começa outra vez... em que o espírito natalino só surge em dezembro, no mesmo mês que eu prometo que serei mais organizado no ano seguinte.

Isso mesmo… tudo se repete… igual ao CD da Simone nas lojas em época de Natal.

(NOTA DO EDITOR: eu pretendia incluir o clipe da música ao final do texto… mas em consideração ao Luiz, vou poupá-lo disto)

10 de dezembro de 2018

Qual será a idade ideal? (Crônicas Amarelinhas #6)

Em tempos de classificação indicativa para as crianças, limitando o que elas podem ou não ver, presenciei uma cena, que me chamou muito a atenção e me deixou bem reflexivo.

20181210_amarelinhas

Indo para o trabalho, observei uma mãe levando suas filhas para escola (mais tarde descobri que era uma filha e uma sobrinha da mulher), tudo normal, até então…

As meninas tinham por volta de 5 ou 6 anos. O que tinha de diferente era o batom das meninas, bem chamativo por sinal. Duas meninas, de idade pré-escolar, com maquiagem, de manhã cedo?

Peço desculpa, pelo meu espanto, mas fiquei bem impressionado. Uma criança pode usar maquiagem? A partir de quantos anos uma criança pode usar? Por que uma criança usa maquiagem para ir à escola? Maquiagem, como é sabido por todos, é algo cultural, usado pela humanidade em várias culturas para demonstrar aos demais algum sentimento, característica ou vontade.

20181210_amarelinhas02

Na sociedade em que vivemos, maquiagem é usada para ocasiões de festas e eventos para ressaltar a beleza das pessoas. Geralmente tal prática é feita por adultos, pois ressaltar e valorizar a beleza é uma atitude de “gente grande”. Dessa forma, qual o motivo para que uma criança use maquiagem? Ressaltar a beleza, também?

Será que estamos deixando nossas crianças adultas muito cedo? Como educador, sempre tive ressalvas com relação as creches e escolas de educação infantil. Não por não confiar no trabalho dos professores, mas por colocarmos independência e maturidade muito cedo a uma criança. Ao mesmo tempo que estamos preparando ela para o futuro, podemos estar preparando ela para o futuro cedo demais.

20181210_amarelinhas02

No passado – e não muito distante – a criança sempre foi vista como uma adulto em miniatura. Apesar de tal conceito ter mudado, talvez a ideia antiga pode estar presente ainda. Seja no jeito de se vestir, de falar, de se maquiar ou se relacionar. Isso é por nossa causa, os ditos “adultos”.

Ser criança é tão bom. Uma fase maravilhosa de descobertas, experiências e vivencias novas, seja no mundo real, seja no mundo imaginário. Para que pulamos isso?

7da0846d1f8e1997941dc3357836b9a0

Depois de adultos, nos comportamos, agimos e pensamos como crianças. Nossa nostalgia está em todos os lugares. Por isso penso em outra questão, qual seria a idade ideal, para ser simplesmente uma criança?

5 de dezembro de 2018

Baco Exu do Blues - "Bluesman" (Disco da Semana #48)

Buenas,

Semana de provas finais e fechamento de notas no colégio, correria total e irrestrita, é a hora daquele: "Prô, arredonda meu 4,2 pra 6,0?". Pois é… isso não é lenda, acontece, e muito... e nessa semana de encheção de saco "alunística", alguns deles nos trazem a luz alguns músicos e canções pra lá de bacanas. E é sobre um desses "presentes" que falo nessa semana.

20181205_discodasemana

Ultimamente as maiores surpresas na música nacional não estão aparecendo via, rock ou pop, ou reggae (o que seria o comum há alguns anos atrás), algumas das coisas mais legais que aconteceram no cenário brasileiro vem do rap, mais precisamente da Bahia.

Pra vocês verem como essa cena é rica e tá botando um monte de coisa bacana na praça, será a segunda vez em menos de um mês que me cai às mãos (ou aos ouvidos, como queiram), mais uma pérola do rap baiano, o segundo trabalho de Diogo Ferreira Moncorvo, mais conhecido pela alcunha de "Baco Exu do Blues".

20181205_discodasemana01
“Mas Junior, o disco não é de rap? Por que o blues no nome?”
Pois é, também me fiz a mesma pergunta, e só consegui obter a resposta ao escutar o álbum. Faz parte total do conceito do disco, que fala rigorosamente do empoderamento do povo negro.

Pra descarregar a sua metralhadora verborrágica, usa bases e samples  de extremo bom gosto, ponto pro DJ Bebezão que seleciona beats de funk dos anos 70, de blues (olha a ironia aí), de latinidades, regionalismos e de rock, a faixa "Flamingos" acaba com um belíssimo solo de guitarra. Seu caldeirão de referências e suas letras, diretas como um soco no nariz, já começaram a chamar a atenção fora da bolha do rap nacional (seu disco de estreia já ganhou crítica de "disco do ano" em um prêmio bem conhecido em 2017), chegando até a ganhar curtida da própria Beyoncè (a quem homenageia na faixa "Me desculpe Jay-Z").

Mas não é só sobre empoderamento o álbum, ele também fala de sexo, poder, religião, sociedade e amor, mas de uma maneira não ortodoxa (mas fala do amor do jeito normal também, não se preocupem), usa o sentimento como metáfora para algumas situações de depressão.

20181205_discodasemana02

Escreve de uma maneira pra lá de esperta para mostrar o seu ponto de vista acerca do mundo e das relações humanas, além de meter o dedo na ferida do preconceito racial que abunda por nossas terras mesmo após 130 anos do "fim da escravidão", como na faixa que dá nome ao álbum:
"Eu sou o primeiro ritmo a formar pretos ricos
O primeiro ritmo que tornou pretos livres
Anel no dedo em cada um dos cinco
Vento na minha cara eu me sinto vivo
A partir de agora considero tudo blues
O samba é blues, o rock é blues, o jazz é blues
O funk é blues, o soul é blues
Eu sou Exu do Blues
Tudo que quando era preto era do demônio
E depois virou branco e foi aceito eu vou chamar de Blues
É isso, entenda
Jesus é blues
Falei mermo".
Quer entender como é possível fazer rap de maneira brasileira, com a nossa malemolência, sem perder a crueza, falando de amor, sem perder a virulência nas críticas, clica aqui e ouça já esse discaço. Obrigatório!!! Daqueles que mudam a sua visão sobre um ritmo, candidatíssimo a melhor disco do ano.

Que o orixá escolhido no seu nome artístico, o ajude a abrir os seus caminhos. Vida longa a mais um grande cronista da vida brasileira que surge por aqui.

Logo menos tem mais.

4 de dezembro de 2018

Mega Man X – É a ferro e Fogo….

Fala rapaziada do UBQ… Tudo “belesma”? Bora seguindo com mais uma semaninha de jogos aqui na coluna. Desta vez trago para vocês o robozinho mais “tchuco” que eu conheço e que abriu a franquia no mundo dos 16 bits. Estou falando do reploid mais querido da galera… o Mega Man.

20181204_borajogar

Sim, amiguinhos!!! Hoje é dia de falar dele mas não do que conhecemos, mas sim da sua versão futura… o Mega Man X ou como muitos chamam apenas “X”.

[ Sobre o jogo ]

Este game chegou no Super Nintendo em 1994 e trouxe uma nova franquia para nosso amiguinho. O game se passa em 21XX (porque ninguém sabe exatamente o ano já que a porra está uma bagunça) e mostra novos personagens.

20181204_borajogar002

Vamos lá… Aqui não temos mais o nosso querido e carismático Dr. Light (pai do Mega Man e do Mega Man X) mas sim Dr. Cain, paleontólogo responsável pela escavação que encontra o antigo laboratório do Dr. Light e consequentemente a capsula em que estava “X”.

A partir daí, Dr Cain estuda toda a construção por parte do “primeiro” novo reploid e começa a desenvolver máquinas semelhantes ao X, capazes de agir com livre arbítrio. Tudo ia bem até que algumas começaram a ficar doidonas e se rebelaram contra os humanos, formando um grupo chamado Mavericks e causando um baita de um estrago na sociedade.

Para enfrentar esse grupo foi criada uma equipe chamada de “Maverick Hunters” (Caçadores de Mavericks, em tradução livre) liderado por um reploid bem poderoso e famoso de nome “Sigma” para auxiliar a raça humana na luta contra os “robôs do mal”. Sobre seu comando, os caçadores estavam conseguindo trazer vantagem para as pessoas trazendo esperança sobre o fim da guerra reploid.

Porém, como nem tudo são flores, Sigma rebela-se e se volta contra os humanos.

20181204_borajogar003

Sim, um vírus criado pelo Dr. Willy, vilão da série Mega Man e maior inimigo do Dr. Light, é o responsável por deixar os robôs doidões e por isso a bagaça toda está acontecendo.

Para liderar os caçadores aparece Zero, outro Reploid bonzinho na pegada do Mega Man X (mas que na minha opinião é de longe o melhor personagem de toda série) e, junto com X pretende acabar com toda a treta que Sigma vem causando.

20181204_borajogar004

[ A jogabilidade ]

Rapaziada o jogo é animal! De toda Franquia X é um dos que mais gosto junto com o X4. Assumo que depois do X5 eu parei de jogar porque virou palhaçada…

Não existe nada de muito novo aqui. O X continua sendo um jogo de plataforma, você atira com seu Mega Buster, pode acumular poder e soltar um tiro mais forte, continua “copiando” o poder dos mestres que destrói porém, diferente da série clássica, em Mega Man X você começa a encontrar novas armaduras deixadas pelo Dr. Light.

20181204_borajogar005

O querido doutor deixou espalhadas pelo mundo diversas cápsulas contendo um upgrade da armadura (conhecida como armadura Branca) que permite no primeiro game a dar um dash (diferente do “carrinho” que o Mega Man dava), acumular mais níveis de tiro, entre outras coisas.

Vale muito a pena jogar porque Mega Man é difícil de enjoar. Prova disso é o fato dele ter atravessado gerações de games, começando lá no 8 bits chegando nas atuais plataformas PC/XBOne/PS4.

Uma curiosidade legal do game é que ele foi reformulado para uma versão “3D” lançado para o PSP com o nome de “Mega Man Maverick Hunters”. Mesmo jogo, mesma história e mesmos personagens. O que muda são os gráficos e as localizações das cápsulas de armadura. Vale a pena jogar também (Tenho o do Super Nintendo e do PSP, pronto falei).

20181204_borajogar006

Outra coisa é que “X” solta Haduken... O QUE?????

Isso mesmo! Se você pega todas as partes da armadura branca e faz uma sequência bem precisa de ações na fase do ‘Armored Armadillo’, você consegue encontrar a ultima cápsula de armadura do jogo que apenas te dá o poder de soltar uma espécie de “Haduken” (Raduqui, Rabugueti, Humburguer, Aduquem, ou sei lá você chama na sua casa).

Para isso basta, após pegar a cápsula, fazer a mesma mecânica do golpe do Ryu em ‘Street Fighter II’: Baixo, frente e soco (que aqui é o botão de tiro) e Voilá! Você solta o Haduken com as mãozinhas aberta e tudo.

20181204_borajogar007

O golpe só pode ser disparado se o “X” estiver com a barra de vida em 100%, mas se você acertar qualquer inimigo – eu disse qualquer inimigo mesmo incluindo o Sigma e os demais chefes – você os derrota com apenas um hit. Legal não, é?

[ Veredito ]

Enfim rapaziada, joguinho bom, maroto e para quem quiser, mas não tiver o Super Nintendo ou o PSP, basta procurar nas lojas de game ou na rede do seu console preferido pois recentemente foi lançado o ‘MegaMan X collection’ que traz na primeira parte os jogos de 1 ao 4 e na segunda de 5 a 8.

Vale um selinho? Vale!

20181204_borajogar008

Vou ficando por aqui, obrigado pela atenção e tchauzinho.

29 de novembro de 2018

Os Sonhadores - Uma Homenagem a Bernardo Bertolucci

Olá meus queridos!

Bem vindos de volta a esse nosso papo sensacional sobre cinema aqui no UBQ. Essa semana, infelizmente, perdemos mais um dos grandes mestres do cinema, o, por vezes polêmico, por vezes engraçado, mas sempre inteligente e muito talentoso, Bernardo Bertolucci.

20181129_luzcameratextao1

Bertolucci era uma grande parte da história do cinema mundial, dono de uma carreira além de invejável, com uma série de prêmios e dois prêmios da academia em seu nome, ele foi diretor assistente de ninguém mais, ninguém menos que outro grande mestre faixa coral do cinema… Pier Paolo Pasolini.

Bertolucci dirigiu, escreveu, produziu, uma quantidade realmente impressionante de obras, sempre com um estilo muito peculiar e uma forma muito única de contar suas histórias.

Pra ilustrar um pouco dessa carreira, escolhi um de seus filmes, um dos mais recentes dirigidos por ele, considerando que ele encerrou sua carreira de diretor em 2013. Vamos falar um pouco sobre Os Sonhadores, de 2003.

[ A história ]

Esse filme, dirigido pelo Bernardo Bertolucci, estrela o Michael Pitt, Louis Garrel e a hoje conhecida e tão subestimada Eva Green.

20181129_luzcameratextao02

Os Sonhadores conta a história de Matthew, um estudante americano em um intercâmbio pela França no final dos anos 60, enquanto uma revolução estudantil acontecia em Paris. Matthew é um apaixonado por cinema e, nos seus passeios e idas ao cinema, ele acaba conhecendo um casal de irmãos gêmeos, Isabelle e Theo, que também frequentam o cinema regularmente.

20181129_luzcameratextao04

Uma amizade nasce entre os três e acabam convidando Matthew pra jantar na casa da família dos gêmeos. O jantar ocorre normalmente com os pais dos gêmeos e Matthew acaba dormindo na casa. Os pais dos gêmeos, no dia seguinte saem em viagem, deixando Matthew e os gêmeos sozinhos.

A partir desse momento sozinhos, Matthew percebe que aqueles irmãos tem um relacionamento, digamos, mais próximo que o comum e acabam trazendo Matthew pra esse relacionando e os jogos sexuais e mentais que esses irmãos adoram fazer, sempre envolvendo o cinema como tema desses jogos.

20181129_luzcameratextao03

Encerro por aqui essa sinopse desse filme tão provocativo e tão inteligente e já aviso que não é um filme pra assistir com a família na sala, pois apesar de ser um filme inteligente, Bertolucci sempre utilizou a nudez e o sexo nos filmes dele como ferramentas narrativas muito poderosas, coisa que ‘Os Sonhadores’ faz muito bem.

[ Análise ]

Acredito que esse filme seja um dos mais incisivos e apaixonados do Bertolucci, pois nessa obra ele usa a relação dos gêmeos e a inocência do Matthew pra falar muito sobre a perda da inocência, até onde vão nossos controles aos desejos e o que acontece quando toda a "decência" é abandonada e alguém se entrega totalmente àquilo que deseja. Tudo isso regado a uma grande declaração de amor ao cinema, que também é uma marca muito forte de Bertolucci em praticamente todos os filmes que fez.

20181129_luzcameratextao05

E segura esse trailer!

Mas, fica aqui um aviso: lá no começo eu falei que às vezes o Bertolucci foi um cara bem polêmico, como por exemplo o quase estupro de Maria Schneider durante as filmagens do "Último Tango em Paris", tudo em nome do "realismo".

Bom… em ‘Os Sonhadores’, apesar de não ter esse histórico de violência, ainda assim pode ser visto como tendo vários problemas, o excesso de nudez e as situações e jogos sexuais podem acabar sendo vistos como quase pornográficos pelo espectador, a experiência cinematográfica é algo bem subjetivo, então… né… assista sob própria conta e risco.

20181129_luzcameratextao06

O filme tem coisas muito interessantes a dizer, mas ele também exibe imagens e temas fortes, por isso, saiba onde está entrando e não diga que eu não avisei antes!

Enfim, apesar das polêmicas, Bernardo Bertolucci foi, inegavelmente, grande parte da história do cinema, um excelente diretor e alguém cujas obras merecem ser aproveitadas.

Descanse em paz e com a sensação de dever cumprido!

20181129_luzcameratextao01a

Fico por aqui, então a gente se vê na próxima coluna, pra falar de outro filme, com menos homenagens, tristezas e polêmicas (eu espero!). Até a próxima e bom filme!

[ Serviço ]

  • “Os Sonhadores” (The Dreamers), 2003 – Drama/Romance, 115 minutos
  • Sinopse: Matthew  é um jovem que, em 1968, vai estudar em Paris. Lá ele conhece os irmãos gêmeos Isabelle e Theo. Os três logo se tornam amigos, dividindo experiências e relacionamentos enquanto Paris vive a efervescência da revolução estudantil (Fonte: Adoro Cinema).
  • Direção: Bernardo Bertolucci
  • Produção: Jeremy Thomas
  • Elenco: Michael Pitt, Eva Green, Louis Garrel.
  • Lançamento: 10/10/2003 (Itália)
  • Disponibilidade na data da publicação desta resenha: indisponível nas plataformas de streaming Netflix, Amazon Prime e Google Play.

28 de novembro de 2018

Scatolove - "Lei de Muffin" (Disco da Semana #47)

Buenas,

Semana complicadinha… entrega do TCC, fechamento de estágio além de algumas  burocracias universitárias. Me acompanhando no meio desse caos de documentos, textos e pdf’s, a estreia do Scatolove. E que ajuda providencial, um oásis de sanidade e bom gosto no meio de toda essa confusão universitária.

20181128_discodasemana

Leo Ramos é um cara pra lá de criativo. É produtor de mão cheia, um baita músico (toca TUDO!!!) e escreve algumas das melhores letras dos últimos anos com sua banda principal, a Supercombo.

Nesse disco, foge um pouco da sonoridade de sua banda de origem, se dá o direito de soar mais pop, mais plural e de mudar seu instrumento, assumindo as baquetas, os teclados e parte das vozes (o cara é um polvo!).

Mas não faz isso sozinho, conta com a ajuda pra lá de especial de Edu Filgueiras (do ‘Far From Alaska’ no baixo/guitarra) e de sua inseparável Isa Salles (esposa e cantora com uma voz incrível) para criar um dos discos mais divertidos e criativos de 2018.

20181128_discodasemana_001

Fofo, mas sem perder a acidez e sem abrir mão de temas densos (mesmo que sejam ditos com leveza), falam sobre cotidiano e relações humanas de maneira tão autoral que parece que cada uma das canções são passagens reais da vida de ambos, sem abrir mão de criticar a sociedade contemporânea (e todas as suas doenças: do corpo, alma e cabeça).  Pra refletir sem abrir mão da diversão (fator preponderante a este discaço).

Com uma produção absurda (feita praticamente em casa), sonoridades e timbres que mesclam o orgânico e o eletrônico, além de um instrumental pra lá de bem executado, servem como plano de fundo pra alguns dos vocais mais marcantes da já longeva carreira do casal. Hora voando solo, hora em dueto, não se furtam imprimir sua marca e impor seu estilo, e o fazem de maneira tão natural, que é possível perceber o quanto eles se divertiram ao gravar e ao criar essas canções.

20181128_discodasemana_002

Um disco pra cantar junto, em alto e bom som (em casa ou ao vivo num show da banda) que mostra que o Scatolove veio pra ficar, e não ser apenas o projeto paralelo de dois músicos profícuos em busca de diversão.

O negócio aqui é coisa de gente grande, um discaço. Candidato sério a melhor disco de 2018, esse é daqueles discos que a gente se orgulha de apresentar pros amigos.

Quer uma análise sincera e divertida do mundo sem soar careta, clique aqui e divirta-se.
Logo menos tem mais 

27 de novembro de 2018

Assassin’s Creed 2 – Nada é verdade, tudo é permitido.

Olá amiguinhos do Um blog qualquer, tudo na paz? Hoje estamos aqui para falar de um jogo que meus queridos, me fez curtir demais esta franquia. A trilogia do Ezio começa aqui.

20181127_borajogar

Galera eu comecei a jogar esta franquia por este game, depois eu fui jogar o primeiro com Altair… aí não teve jeito… virou xodó.

[ Sobre o jogo ]

Desta vez o jogo se passa na Itália e mostra a família Auditore, rica, influente e com um grande segredo: sua ligação com os Assassinos.

Bom, logo no começo do game nós já descobrimos que Ezio irá enfrentar uma baita rede de Templários que está embrenhada na Itália. E o que esses caras fazem pra facilitar a vida? Eles acusam a família Auditore de um crime e executam alguns de seus integrantes sendo que Ezio e sua mãe são um dos poucos que escapam.

Ezio descobre um baú nas coisas da família e lá encontra a famosa roupitcha dos assassinos e sua mais icônica arma, a hidden blade.

20181127_borajogar_001

Dai em diante você joga com um cara que nunca recebeu treinamento algum para fazer o que estava prestes a fazer porém que vai evoluindo durante o game mostrando que seu DNA guarda todas as lembranças, técnicas, conhecimentos que ele precisa para se desenvolver como um grande assassino.

O mote não muda muito de qualquer outro joga da franquia, os templários querem ampliar o poder se embrenhando em posições fortes na região e os assassinos na surdina tentando impedir o progresso do inimigo.

20181127_borajogar_002

O que destaco aqui é a beleza das cidades italianas que são apresentadas no game e o profundo estudo histórico do time da Ubisoft.

[ A jogabilidade ]

Galera, é um jogo que vale a pena ser jogado pois além de trazer uma ambientação animal, a história é envolvente o personagem é carismático e tudo joga a favor…

Tão a favor que mais duas continuações da história de Ezio foram lançadas, uma chamada Assassin’s Creed Brotherhood que continua exatamente de onde o Assassin’s 2 parou (sério tipo o filme do final acaba no 2 e é dai que começa no brotherhood) e Assassin’s Creed Revelation que mostra um Ezio mais velho, com mais recursos bélicos, uma hidden blade em forma de gancho que só tem neste game e uma localidade animal… o reino da Constantinopla.

Mas esses outros dois eu falo depois…

A jogabilidade aqui não muda muito do que vemos no primeiro game ou em outros, tem corrida, escalada, esquiva, aparar com arma, esquivar e atacar, armadura, armas corpo a corpo e à distância.

20181127_borajogar_003

O que temos aqui são novos elementos que dinamizam mais o personagem como a visão aquilina sem em terceira pessoal e não em primeira como no Assassin’s Creed original, dando a Ezio a passibilidade de utilizar este recurso em movimento, hidden blade dupla presente do amigo de Ezio, Leonardo Da Vinci (lembra que falei do cunho histórico? É animal!!!) que te possibilita eliminar 2 alvos ao mesmo tempo e nadar agora também é possível.

Além de dinamismo por parte do personagem há também um sistema econômico que você vai desbloqueando ao longo do jogo através de estabelecimentos que você compra e aprimora em uma vila que você passa durante a história…(não posso falar mais que isso para não dar spoiler, ok?).

[ Veredito ]

Cara… vale muito a pena, eu tenho este como meu preferido (essa trilogia, no caso) e recomendo demais. Tenho até um action figure do Ezio.

Uma curiosidade que envolve o game é a quantidade de easter eggs que você encontra pelo fato do game trazer bastante realidade. Então várias figuras importantes da história aparecem como o supra citado Leonardo da Vinci, Rodrigo Borja, entre outros.

Outro fato que vale a pena prestar a atenção é no momento que Ezio chega a uma vila(Monteriggioni) e encontra seu tio Mario… atenção no momento do encontro... eu ri com esse easter egg.

20181127_borajogar_004

Por fim uma curiosidade pessoal….

Meu avô é filho de italianos e durante o gameplay houve uma manhã que ele passou por mim enquanto eu jogava e viu na tela um edifício histórico italiano que eu – vergonhosamente – não me lembro agora  qual é...

Ele me perguntou se era mesmo o prédio. Acessei o banco de dados do game e vi que eu já tinha desbloqueado a historia do local então eu li o nome e os fatos históricos de lá, comprovando que meu avô tinha razão.

Ele adorou saber que o jogo de vídeo game trazia esse tipo de conteúdo e ao perceber isso, eu sai andando pela cidade para mostrar outras localidades pra ele. Ponto para Ubisoft que fez um ótimo trabalho histórico e chamou a atenção do meu avô.

20181127_borajogar_005

É isso amiguinho, quem puder pode jogar esse e os demais games do Ezio porque tem para geração atual de consoles. Se não jogou, está esperando o que? Sério joga esse pelo menos, os demais eu deixo não jogar (O “Black Flag” é animal também então joga esses dois, certo?).

Selinho de aprovado.

20181127_borajogar_006

Um abraço pessoal e até o próximo game.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...