13 de fevereiro de 2016

Incômodos

Passei esta noite acordado… Mais uma entre tantas noite de insônia.

Resolvi então que já era hora de quebrar meu silêncio no blog. Não escrevo desde o ano passado. Meu último texto é de 25 de outubro. São quase quatro meses sem uma única reflexão, sem uma opinião, sem um pensamento ou até mesmo um desabafo.

Graças ao Michel, que publicou ótimos textos no final do ano, o blog não ficou inteiramente parado.

Mas, eu mesmo… não quis escrever.

Eu poderia vir com alguma desculpa esfarrapada do tipo “estava sem criatividade” ou então “não tinha novas ideias”. Mas a verdade é uma só… eu não estava animado a escrever, pois tinha certeza de que meus textos seriam simples reclamações da minha vida.

E ninguém vem aqui para ler textos de um chato reclamando da sua vida, não é mesmo?

De qualquer forma, acabei por quebrar com meu silêncio… reclamando.

Talvez eu esteja comentendo uma tremenda injustiça em reclamar. Afinal, tem muita coisa boa pra contar. Minha filha cresce e se desenvolve a cada dia. Tenho uma esposa exemplar. Meus gatos são filhotes peludos e companheiros nas horas de solidão. E o cachorro… até mesmo ele pode ficar horas no meu colo me fazendo companhia.

Com meus pais nem sempre é tão fácil… meu velho é teimoso demais e turrão demais (assim como eu sou também). E gostaria de poder ajudá-los um pouco mais. Talvez isto seja um pouco frustrante também…

Acho que meu mau humor vem do meu desencanto com meu trabalho… deve ser isso. Trabalho em escolas públicas há alguns anos e sempre vejo as mesmas fragilidades: poucos professores comprometidos, muitos professores amadores, gestores cansados e conformados com a mediocridade, pensando apenas em fazer apenas o estritamente necessário e buscando apenas “cumprir etapas”. Sem nenhuma preocupação com  o “fazer bem feito”.

Para alguns, basta que apenas seja feito. De onde vim, me ensinaram que – se tenho algo para fazer – tenho por obrigação de fazê-lo bem feito. Se possível, com algum grau de excelência.

Ultimamente muita coisa me incomoda… e me incomoda mais ainda esta sensação que eu tenho de estar sendo usado. Usado por conveniência, por necessidade, por falta de outro trouxa para fazer as coisas…

Mas me incomoda também pensar todos os dias nas grandes oportunidades que joguei no lixo quando tinha meus vinte e poucos anos. Foram muitas bobagens cujas lembranças ficam martelando em minha cabeça quase 20 anos depois.

Acho que se eu pudesse fazer uma viagem no tempo, eu voltaria àquele tempo em que eu estava na UNICAMP, cursando medicina, achando que a vida era só a porra  do meu Toddynho gelado (só para fazer uma referência ao vídeo do Porta dos Fundos) e daria uns belos pontapés no meu traseiro.

Quanta merda eu fiz… perdi oportunidades… perdi grandes e valiosos amigos… Eu poderia fazer mais pelos meus pais… mais pela minha filha… pela minha esposa…

E agora toda vez que observo minha filha, fico me policiando… não gostaria que ela cometesse os mesmos erros…

Mas como ensinar isso a ela?

Hoje preciso pensar em pagar as contas… cuidar da família… Entender e aprender como vou transmitir valores essências para Mariana.

Tenho que observar muita coisa que me incomoda, aceitar que não posso mudar a maioria delas e seguir em frente.

Pois é… no final das contas, meu texto não passa de uma grande reclamação da minha própria burrice. Uma situação que eu mesmo criei para mim.

Mas não posso ser tão ingrato com a vida… A vida me deu meus pais, a Ana Paula, a Mariana e os peludos… e quem sabe não venham outros filhos? Quem sabe eu não consiga executar aquele meu plano maluco de voltar à medicina.

Acho que finalmente estou entendendo o verdadeiro significado de ter uma família… e o quanto isso é importante para termos algum equilíbrio em nossa vida.

Bom… vida segue. O dia já nasceu. Hoje é sábado e posso ficar em casa com minha família.

Em paz…

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