29 de maio de 2018

John Mayall & the Bluesbreakers with Eric Clapton (Disco da Semana #27)

Ah… se todo disco de blues fosse assim... bruto, virtuoso (sem ser chato), dinâmico e com os dois pés no rocknroll, eu ouviria muito mais blues do que ouço geralmente.

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John Mayall e seu "dream team" do blues fizeram um disco de gente grande, de quem sabe o que está fazendo e o faz com gosto.

Banda competentíssima, baixo pesado, guitarra rítmica regendo o negócio todo, o piano de Mayall pontuando e dando corpo pro som, a batera absurda (com um solo típico de jazz sem soar chato), além das gaitas e metais que fazem um lance diferenciado do blues comum. A voz rouca de quem tomou whisky demais de Mayall é um caso a parte. Interpreta as músicas com um feeling absurdo, sofrido até, mas com uma veracidade de causar inveja a muitos "cantores" que se acham demais.

Tudo aqui é coeso e é feito em cima de "jams sessions", onde os músicos gravam o que estão tocando ao vivo, isso é pra bem poucos. Tem que tocar demais pra gravar um disco nessa pegada. Formato típico dos anos 60, que é quando essa obra atemporal foi gravada.

Simplesmente a minha redescoberta, ou até a descoberta do blues. Não poderia querer começar melhor.

Só pra constar, a guitarra mágica que eleva o disco à condição de clássico é de ninguém menos que Eric Clapton, e sobre esse cidadão, não precisamos tecer comentários. "Clapton is God".

Para ouvir, clique aqui.

Logo menos tem mais.

24 de maio de 2018

Autoramas - "Nada pode parar os Autoramas” (Disco da Semana #26)

Manolo, que cacetada esse segundo disco dos cariocas do Autoramas. Sensacional!!!

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Deveria ser considerada até como coletânea de hits, dada a quantidade de clássicos presentes nessa bolachinha. Abre esporrento e romântico com "Você Sabe" e termina instrumental e insano com "HxCxIx", mas com um miolo de qualidade absurda, "Nada a Ver", "Rei da Implicância", "Resta 1" e "O Inferno são os Outros", essas duas últimas na voz da ex-baixista, Simone Dash.

Disquinho gravado com a formação original, além de Simone, Bacalhau na batera e Gabriel Thomaz na voz/guitarra.

Um puta disco de rock. Uma caldeirão de boas influências: garage, punk rock, jovem guarda e new wave, ou seja, os Autoramas fazem o que prometem, rock pra dançar.

Produzido e gravado como nos anos 60/70, em analógico e com instrumental quase todo gravado ao vivo, numa paulada só. Sem medo de errar a mão na sonoridade vintage.

Esse disco cheira a distorção valvulada. Que timbres! Guitarras cheias de efeitos de "echo", "tremolos" e "vibratos", além daquele drive orgânico que só um belo par de válvulas EC84 são capazes de dar. O baixo, com uma distorção do capeta. Pesado. A batera minimalista e seca, sem efeitos de gravação. Só cacetada e ritmo. Se não é o melhor trabalho dos caras, tá bem perto disso. Um baita disco.

Clássico. Ouça ontem.

Para ouvir, clique aqui.

Logo menos, tem mais!

19 de maio de 2018

Sonhos de uma noite em que não tive insônia

Quem me conhece sabe que eu sofro de um problema crônico…Insônia.

E eu já nem me lembro quando isto começou. Não foi culpa da internet ou da televisão. Eu simplesmente sofro de insônia… uma insônia persistente que atrapalha muito minhas noites…

Mas, em raras ocasiões, ocorre de eu dormir e dormir bem. E até sonhar… pois é…

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Alguns especialistas dizem que sonhamos todas as noites, mas a questão é que nem sempre nos lembramos aquilo que sonhamos.

Bom… hoje eu dormi… e dormi bem… das 20:30 até as 05:00… São mais de 9 horas de sono… tempo suficiente para descansar… e sonhar.

E o mais engraçado, é que eu me lembro do que sonhei hoje. Nada muito complexo ou escabroso. Foram sonhos aparentemente desconexos… E em razão de algo tão inusitado ter acontecido (eu dormir… dormir bem, sonhar e ainda por cima lembrar do sonho), resolvi colocar no papel aquilo que sonhei, antes que os detalhes me escapem pela memória.

E lembre-se… são apenas sonhos…

[ Sonho 1 – Exercício ilegal de profissão ]

Eu estava em um conjunto de escritórios… algumas salas que estavam sendo esvaziadas por algumas pessoas em um daqueles conjuntos típicos de sobreloja. Eu andava de uma sala para outra enquanto observava o movimento das pessoas. Depois de um tempo, percebi que estavam desmontando o que seria uma escola de informática… levavam computadores,, mesas e cadeiras, equipamentos de aulas. Inevitável não me lembrar das minhas experiências anteriores (afinal de contas, eu trabalhei por 8 anos como instrutor de informática) em escolas assim. De certa forma, eu estava satisfeito em ver mais uma daquelas escolas de bairro que só serviam para pegar dinheiro em troca de uma formação fraca fechando as portas…

Em algum momento, descubro que a tal escola está saindo dali por uma razão específica: eu era o novo locatário do espaço.

Por que diabos eu alugaria um conjunto de salas, eu não faço a menor ideia… mas o fato é que após uma passagem de tempo (que em sonhos nunca são precisas), eu vi aquele espaço convertido em pequenos consultórios de atendimento médico.

Com o detalhe importante: eu tinha consciência que não era médico formado. Mas estava ali, com direito a um jaleco e a um estetoscópio. Eu lembro de olhar para as paredes das salas buscando desesperadamente por um diploma em medicina que justificasse tudo aquilo.

E aí para o meu terror, entra em minha sala (oras… meu consultório) um novo cliente… digo… paciente.

E o que fazer? Acomodei o paciente, sentei em minha cadeira e atendi o cidadão… ele relatou sintomas e em seguida eu o examinei… e enquanto conduzia a consulta, eu tentava lembrar de detalhes das minhas aulas de semiologia médica nos tempos da faculdade.

Enquanto a consulta progredia eu examinava detalhes da sala… uma sala simples daquelas criadas com divisórias de fórmica bege claro, mesa, cadeiras, uma maca, um pequeno armário com alguns remédios. Nem mesmo uma plantinha ou quadro para decoração.

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Terminei a consulta e dispensei o paciente… não lembro de prescrever nada, nem preencher ficha médica, ou então algum receituário… mas lembro do paciente sair satisfeito…

Ao sair da sala, percebi que havia mais de um consultório  e que havia até mesmo uma pequena recepção…

Eu estava em pânico (no sonho)… como eu poderia estar ali?

Em seguida, peguei meu celular e mandei uma mensagem para o meu amigo Michel (médico de verdade). Eu não poderia manter aquilo tudo sem um médico de verdade… e me lembro de que queria mandar uma mensagem mais ou menos assim:

“Quer clinicar aqui na região da zona lesta? Consultório disponível. Despesas por minha conta"

E assim, o sonho acabou…

[ Sonho 2 – Passeio de carro ]

Este é curto… eu estava dirigindo um carro e minha esposa Ana Paula me fazia companhia. Acho que fazíamos um trajeto pela região da Marginal Tietê. Conversávamos banalidades.

E é engraçado como em alguns sonhos temos consciência de algumas coisas… eu lembro que ficava pensando quem estava com a nossa filha Mariana enquanto nós estávamos no carro.

Em determinado momento, tive a impressão de que algumas pontes da marginal estavam sendo desativadas e desmontadas… pouco tempo depois, entramos em um grande campo gramado e vários corretores de imóveis estava com suas tendas e quiosques ali.

Desembarcamos do carro e descobrimos que os corretores estavam ali vendendo apartamentos daquela que seria a futura vila olímpica de São Paulo… Toda aquela região se transformaria no parque olímpico paulistano que seria utilizado nos jogos olímpicos de São Paulo.

Aparentemente, eu estava em um futuro distópico, onde a cidade seria sede de uma nova edição dos jogos…

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E assim, o sonho acabou…

[ Sonho 3 – A fita VHS alugada ]

Eu fazia algum tipo de limpeza em minhas coisas. E então descobri que tinha uma fita VHS alugada de algum filme do Jean Claude Van-Damme (sonho é sonho). Percebi que a fita já estava há muito tempo e que tinha que devolver o tal VHS.

Lá fui eu até o endereço da locadora que ainda (pasmem!) existia.

O rapaz do balcão me atendeu e percebeu que a entrega estava bem atrasada… dei um um sorriso amarelo.

Em seguida ele me informou que o valor total do aluguel, acrescido de taxa de atraso, somavam R$ 140,00.

Por um filme do Van Damme!!!

Eu argumentei com ele que provavelmente ele levaria meses para alugar novamente o filme e para minha surpresa, ele mostrou que na verdade, havia uma pequena espera para alugar o tal filme.

Depois de algum tempo, o rapaz resolveu me oferecer uma proposta… eu pagaria R$ 150 pelo aluguel e atraso, mas em troca poderia levar o filme que eu quisesse em DVD ou Blu-Ray como compensação.

Com um tino comercial como esse, fico me perguntando agora como a tal locadora ainda sobrevivia no mundo dos negócios.

Aceitei e assim percorremos a locadora em busca de um filme que chamasse a atenção. A locadora era na verdade um casarão com cômodos apertados, lembrando um grande labirinto.

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Lembro também que pelas janelas da locadora eu conseguia avistar uma piscina com algumas pessoas em volta. Parecia algum tipo de confraternização.

Voltando aos filmes, a situação mais divertida era que todos os filmes que eu sugeria simplesmente não existiam na locadora. Cheguei a sugerir aqueles boxes de séries de tv em DVD e o sonho acabou com eu avistando uma gôndola onde estavam algumas caixas do seriado Big Bang Theory e também do seriado ER (Plantão Médico).

[ Enfim, acordado ]

Após o sonho da locadora, eu acordei… olhei no relógio do celular que marcava 05:04. Eu estava totalmente desperto e descansado. Algo raro…

E lembrava bem dos sonhos…

Então vim aqui e escrevi… não são sonhos conexos e na verdade são cenários bem inverossímeis considerando a minha atual realidade.

Mas é divertido poder pensar que – em algum lugar – a realidade pode ser diferente, distópica e bagunçada. E ainda assim, crível.

17 de maio de 2018

The Black Keys - "Turn Blue" (Disco da Semana #25)

Buenas,

Desculpem o atraso, essa semana foi meio tensa, mas antes tarde do que nunca! Vamos aos bons sons.

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Como continuar sendo relevante e inventivo após lançar o disco mais elogiado da carreira? Qual o próximo passo? O que fazer?

Imagino que estas perguntas permearam a cabeça de Dan Auerbach, a mente criativa dos Black Keys durante o processo de composição de "Turn Blue", seu último disco. Embora calcado nos timbres “blueseiros” de sempre, eles fizeram um disco mais introspectivo.

Diametralmente oposto ao anterior "El Camino". Enquanto o anterior era pra cima, alegre, solar, este "Turn Blue" é soturno, solitário, por vezes triste até, mas isso não faz dele um disco menor, pelo contrário, mostra que os caras passeiam por todos os lados e conseguem fazer ótimas canções devido a isso.

Timbres e sonoridades vintage são a tônica desse disco. Mesmo na introspectiva faixa título, a timbragem antiga é uma clara referência. Conseguem ser plurais: há rockões típicos como em "Bullet in The Brain", baladas classudas como "Waiting on Words" e "In Our Prime", e canções mais pop para chacoalhar o esqueleto, como "Fever".

Apesar de mais introspectivo, ainda é um disco de rock. O ponto alto é "The Weight of Love" e sua introdução cheia de slide guitars e timbres insanos. Podiam repetir a fórmula do disco anterior e manter-se em evidência, mas fizeram melhor, conseguiram destaque por fazer um disco inesperado. E pra isso tem que ser sacudo de verdade, e os Black Keys foram. Mérito pra eles. Discão!!!

Pra ouvir, clique aqui.

Logo menos, tem mais.

15 de maio de 2018

Apelidos

NOTA DO EDITOR: como prometido anteriormente, teremos a nossa série “Uma Copa Qualquer” publicada aqui no UBQ. Para nós, a história começou com o sorteio das chaves e continua agora com a convocação. Sendo assim, está na hora de seguirmos em frente. E nada melhor para isso do que um texto do nosso Michel Matias Vieira. Divirta-se!

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Foi chocha.

Ninguém pode reclamar da convocação da seleção, ora, onde já se viu isso?

Foi coerente inclusive como política de RH - a FIFA autorizou convocarem mais de 23, para em só 04 de junho divulgarem a convocação definitiva após cortes. Tite optou por poupar nós e os jogadores desta tortura.

O melhor do futebol brasileiro está ali, em que pese o fato de Renato Augusto não ser o melhor nem aqui nem na China - literalmente, ou de Roberto Firmino não ser brasileiro - será nosso o primeiro jogador em Copa que nunca jogou futebol-de-salão. Há quem reclame da falta de Artur, do Grêmio, único dos dois times brasileiros a mandar atleta (Pedro Geromel) para a Seleção Brasileira, junto com o Corinthians (Cássio e Fagner). Dizem se tratar de atleta versátil, bom em várias posições. Não entendem nada. Faz tempo que os manuais corporativos dizem que essa coisa de ser bom em muita posição serve para esconder quem não é bom em nenhuma.

Outro destaque foi Tite ter convocado muitos atacantes. Por ele não convocaria nenhum. Mas é que Neymar está com uma lesão no quinto metatarso, vulgo "unha encravada" e pode ser que amarele, como sempre faz. Daí a presença de outros atacantes agudos, como Taison e Fred.

Tite considera um atacante que ataca como um atacante "agudo". Jairzinho devia ser agudo, assim como Romário e  Ronaldo, o gordo. Outra falta inesperada foi de Daniel Alves, por contusão. Isso fará com que sua figurinha no álbum da Copa não corresponda à realidade, assim como a de Giuliano, do Fenerbahce, que não está na lista final, e do qual a gente sente um pouco de pena.

Mas como o UBQ também é utilidade pública, devemos avisar que não constam do álbum as figurinhas de Cássio e Ederson (no álbum só vai o goleiro titular, no caso o bom Alisson, do Roma), assim como as de Fagner (chamado para a vaga do Daniel Alves), Danilo (que seria o reserva do Daniel Alves e agora continua como reserva do Fagner, e talvez por isso a editora do álbum achou que ele não merecesse uma figurinha), e a de Fred, chamado na última hora para o lugar do Giuliano, com quem já nos solidarizamos acima.

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Na falta de maior motivo para se lamentar ou ficar com medo, devemos ressaltar que será a primeira Seleção Brasileira onde todos os jogadores serão chamados por seus nomes. Uma seleção sem apelidos. Apelidos mesmo, daqueles de colégio. Corruptelas de nomes, como Fred, ou diminutivos carinhosos, como Paulinho, Marquinhos e Fernandinho também não valem. É a primeira seleção sem apelidos. O Taison se chama Taison mesmo.

Que Deus nos guarde…

Não que apelidos nos garantam nada em si. Em 2014 levamos um 7 x 1 com um Hulk (cujo nome era Givanildo) em campo. A mítica Seleção de 82 só tinha um apelido entre seus titulares, Zico, mas já bastava. O "Chulapa" de Serginho (já foi dito que diminutivo não entra segundo as regras do UBQ) não constava da súmula. Em 2010 fez falta um apelido, Ganso, além de Neymar, o que nos garantiria o vice campeonato diante da Espanha, que naquela Copa venceria até a Seleção Jedi.

Por outro lado sempre que fomos campeões tivemos apelidos em campo. Em 2002 a taça foi erguida por um Cafu, e aquele time tinha Lucio, cujo nome era Lucimar - a equipe do UBQ se dividiu se isso era um apelido ou um diminutivo de nome, assim como Kaká, que se chama Ricardo. De todo modo naquele time havia Dida, Vampeta e Junior (que se chamava Jenílson e não tinha Junior no nome).

Em 94 tivemos Branco, o capitão Dunga, Muller (que se chama Luís Antonio e não tem Muller no nome) e Viola. Cafu também estava no plantel. A redação do UBQ considerou Zinho, Mazinho e Zetti (que se chama Donizetti) como diminutivo de nomes.

Em 70 tivemos Pelé e Tostão, além do Caju. Em 62 tínhamos Pelé e Garrincha - tá bom né?  Didi, Vavá e Zito eram diminutivos de nome, assim como Pepe (nesse caso eu não acho, mas fui voto vencido). Em 58, além de Pelé e Garrincha, tivemos Oreco, Mazzola e Dida.

Ter um jogador com apelido no time pode ser fatal, principalmente se aliado a uma injustiça do técnico. Na Copa de 50, Bigode era o lateral esquerdo. No jogo final, ele foi facilmente envolvido por Ghiggia, que passou por ele sem solenidade e tocou para Schiafino marcar o primeiro gol do Uruguai. Foi tosco. Dava tempo de corrigir. Flávio Costa tinha no banco outro apelido, "Enciclopédia". Nilton Santos era chamado assim por sua versatilidade. Tanto que fora convocado como lateral direito.

Consta que os auxiliares de Flávio Costa sugeriram a substituição de Bigode por Nilton Santos, mas o técnico observou que colocar um jogador improvisado numa final de Copa, com o Maracanã lotado seria muita pressão no menino. Minutos depois, Ghiggia deixa Bigode catando mosca de novo e desta vez ele mesmo faz o gol, selando o Maracanazzo.

Em 58 o Brasil começou meio no rame-rame. Nilton Santos foi com Didi conversar com o técnico Vicente Feola sobre um jogador que tinha um apelido, e estava na reserva. Diziam que o menino ia arrebentar com a Copa.

Feola estava receoso…

O moleque era inexperiente, era até "de menor", não iria suportar a pressão. Nilton Santos ficou possesso ao ouvir a mesma historinha e garantiu que o garoto suportaria. Feola concordou, colocou o menino para jogar, e o que houve a partir daí bem como o apelido dele, a gente já sabe…

8 de maio de 2018

Noel Gallagher’s High Flying Birds - "Who Built the Moon?" (Disco da Semana #24)

Buenas povo,

O disco de hoje é o mais novo lançamento de um dos meus guitar heroes, a cabeça pensante por trás do Oasis, Noel Gallagher.

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Que choque! O último disco solo do Gallagher mais talentoso é simplesmente bizarro. Um arroubo psicodélico, tipicamente baseado nos anos 70 e diametralmente oposto aos seus trabalhos anteriores, solo ou com o Oasis.

A vibe Beatles ainda está por lá, para quem quiser ver, mas não da parte mais roqueira, mas baseada nas viagens mais lisérgicas. Imagino que "Tomorrow Never Knows" foi o norte desse álbum, a faixa mais psicodélica da banda de Liverpool foi base para as experimentações que originaram esse disco novo. Pelo visto, ouviram muito "Tame Impala" e os novos psicodélicos.

Noel Gallagher se perde nessa nova empreitada, tudo bem que há um crédito absurdo por toda a sua obra, mas que disco frouxo! Bem produzido, sonoramente bem feito, mas não funciona, não há coesão. Parece um catado de canções não acabadas que ele resolveu lançar como álbum. Talvez essa fórmula "psicodélica" funcione para outras bandas, como o "Primas Scream", por exemplo, mas para Noel Gallagher, passou longe.

Existem guitarras no álbum? Claro que sim, ele é um dos últimos guitarheroes. Existem músicas mais roqueiras? Certamente. Tem até aquela clássica faixa de voz/violão (que a gente adora e ele faz maravilhosamente bem), mas desculpem-me os que gostaram, achei o disco fraco, sem inspiração e que está longe de tudo o que ele já produzira.

É um disco solar, bem feito e bem executado, mas tá longe de ser Noel Gallagher.

Em uma única palavra: decepcionante.

Quer ouvir? Clique aqui.

Logo menos tem mais.

2 de maio de 2018

Valentin - "Em Frente" (Disco da Semana #23)

Buenas!
Ah! O folk. Voz, violões, melodias cantaroláveis, minimalistas e letras reflexivas. Como isso tem feito a minha cabeça ultimamente. Me afasta do mundo real depois de um dia extenuante. É sobre uma dessas pérolas que falaremos hoje.
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Eis aqui um legítimo representante dessa vertente sonora, mais um bardo gaúcho levando adiante a tradição de Neil Young, Dylan e afins.
Gravado majoritariamente com voz e violões (há mesmo a necessidade de mais que isso?), usando o silêncio como elemento sonoro (as pausas dramáticas vem e vão) e algumas guitarrinhas aqui, umas percussões e escaletas acolá, fez um disco iluminado que me ganha a cada audição.
Produzido de maneira cristalina, não há arestas, é simples e extremamente bem feito. Organicamente bem feito. Nunca a expressão "menos é mais" fez tanto sentido. E ainda tem mais valor por conseguir resgatar em música assobiável , uma letra linda do inaudível "Dance of Days" (fez de "Caulfield" uma bela balada).
Esse trabalho é o projeto paralelo de Érico Junqueira, guitarrista da "Doyoulike?", que se livra dos efeitos e dos pudores e dá a sua cara a tapa. Mostra a sua visão do mundo, de amores, desamores e arrependimentos de maneira mais sincera possível. Despido de pudores e escancarando a sua intimidade, faz a trilha sonora  da sua vida, mas poderia ser de qualquer um de nós, pois todos passamos pelos prós e contras da vida adulta.
O mais engraçado é que esta ode a vida adulta me foi apresentada por um dos meus alunos no auge de sua adolescência (Valeu, Yasser!).
Desde já , um novo membro em minha discoteca básica. Mais do que recomendado, obrigatório e essencial.
Conheça Valentin clicando aqui.
Para ouvir, clique aqui.
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