15 de maio de 2018

Apelidos

NOTA DO EDITOR: como prometido anteriormente, teremos a nossa série “Uma Copa Qualquer” publicada aqui no UBQ. Para nós, a história começou com o sorteio das chaves e continua agora com a convocação. Sendo assim, está na hora de seguirmos em frente. E nada melhor para isso do que um texto do nosso Michel Matias Vieira. Divirta-se!

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Foi chocha.

Ninguém pode reclamar da convocação da seleção, ora, onde já se viu isso?

Foi coerente inclusive como política de RH - a FIFA autorizou convocarem mais de 23, para em só 04 de junho divulgarem a convocação definitiva após cortes. Tite optou por poupar nós e os jogadores desta tortura.

O melhor do futebol brasileiro está ali, em que pese o fato de Renato Augusto não ser o melhor nem aqui nem na China - literalmente, ou de Roberto Firmino não ser brasileiro - será nosso o primeiro jogador em Copa que nunca jogou futebol-de-salão. Há quem reclame da falta de Artur, do Grêmio, único dos dois times brasileiros a mandar atleta (Pedro Geromel) para a Seleção Brasileira, junto com o Corinthians (Cássio e Fagner). Dizem se tratar de atleta versátil, bom em várias posições. Não entendem nada. Faz tempo que os manuais corporativos dizem que essa coisa de ser bom em muita posição serve para esconder quem não é bom em nenhuma.

Outro destaque foi Tite ter convocado muitos atacantes. Por ele não convocaria nenhum. Mas é que Neymar está com uma lesão no quinto metatarso, vulgo "unha encravada" e pode ser que amarele, como sempre faz. Daí a presença de outros atacantes agudos, como Taison e Fred.

Tite considera um atacante que ataca como um atacante "agudo". Jairzinho devia ser agudo, assim como Romário e  Ronaldo, o gordo. Outra falta inesperada foi de Daniel Alves, por contusão. Isso fará com que sua figurinha no álbum da Copa não corresponda à realidade, assim como a de Giuliano, do Fenerbahce, que não está na lista final, e do qual a gente sente um pouco de pena.

Mas como o UBQ também é utilidade pública, devemos avisar que não constam do álbum as figurinhas de Cássio e Ederson (no álbum só vai o goleiro titular, no caso o bom Alisson, do Roma), assim como as de Fagner (chamado para a vaga do Daniel Alves), Danilo (que seria o reserva do Daniel Alves e agora continua como reserva do Fagner, e talvez por isso a editora do álbum achou que ele não merecesse uma figurinha), e a de Fred, chamado na última hora para o lugar do Giuliano, com quem já nos solidarizamos acima.

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Na falta de maior motivo para se lamentar ou ficar com medo, devemos ressaltar que será a primeira Seleção Brasileira onde todos os jogadores serão chamados por seus nomes. Uma seleção sem apelidos. Apelidos mesmo, daqueles de colégio. Corruptelas de nomes, como Fred, ou diminutivos carinhosos, como Paulinho, Marquinhos e Fernandinho também não valem. É a primeira seleção sem apelidos. O Taison se chama Taison mesmo.

Que Deus nos guarde…

Não que apelidos nos garantam nada em si. Em 2014 levamos um 7 x 1 com um Hulk (cujo nome era Givanildo) em campo. A mítica Seleção de 82 só tinha um apelido entre seus titulares, Zico, mas já bastava. O "Chulapa" de Serginho (já foi dito que diminutivo não entra segundo as regras do UBQ) não constava da súmula. Em 2010 fez falta um apelido, Ganso, além de Neymar, o que nos garantiria o vice campeonato diante da Espanha, que naquela Copa venceria até a Seleção Jedi.

Por outro lado sempre que fomos campeões tivemos apelidos em campo. Em 2002 a taça foi erguida por um Cafu, e aquele time tinha Lucio, cujo nome era Lucimar - a equipe do UBQ se dividiu se isso era um apelido ou um diminutivo de nome, assim como Kaká, que se chama Ricardo. De todo modo naquele time havia Dida, Vampeta e Junior (que se chamava Jenílson e não tinha Junior no nome).

Em 94 tivemos Branco, o capitão Dunga, Muller (que se chama Luís Antonio e não tem Muller no nome) e Viola. Cafu também estava no plantel. A redação do UBQ considerou Zinho, Mazinho e Zetti (que se chama Donizetti) como diminutivo de nomes.

Em 70 tivemos Pelé e Tostão, além do Caju. Em 62 tínhamos Pelé e Garrincha - tá bom né?  Didi, Vavá e Zito eram diminutivos de nome, assim como Pepe (nesse caso eu não acho, mas fui voto vencido). Em 58, além de Pelé e Garrincha, tivemos Oreco, Mazzola e Dida.

Ter um jogador com apelido no time pode ser fatal, principalmente se aliado a uma injustiça do técnico. Na Copa de 50, Bigode era o lateral esquerdo. No jogo final, ele foi facilmente envolvido por Ghiggia, que passou por ele sem solenidade e tocou para Schiafino marcar o primeiro gol do Uruguai. Foi tosco. Dava tempo de corrigir. Flávio Costa tinha no banco outro apelido, "Enciclopédia". Nilton Santos era chamado assim por sua versatilidade. Tanto que fora convocado como lateral direito.

Consta que os auxiliares de Flávio Costa sugeriram a substituição de Bigode por Nilton Santos, mas o técnico observou que colocar um jogador improvisado numa final de Copa, com o Maracanã lotado seria muita pressão no menino. Minutos depois, Ghiggia deixa Bigode catando mosca de novo e desta vez ele mesmo faz o gol, selando o Maracanazzo.

Em 58 o Brasil começou meio no rame-rame. Nilton Santos foi com Didi conversar com o técnico Vicente Feola sobre um jogador que tinha um apelido, e estava na reserva. Diziam que o menino ia arrebentar com a Copa.

Feola estava receoso…

O moleque era inexperiente, era até "de menor", não iria suportar a pressão. Nilton Santos ficou possesso ao ouvir a mesma historinha e garantiu que o garoto suportaria. Feola concordou, colocou o menino para jogar, e o que houve a partir daí bem como o apelido dele, a gente já sabe…

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