30 de novembro de 2016

A tragédia da Chapecoense e o jornalismo oportunista

Quero começar pela tragédia…

É desnecessário dar maiores explicações. A mídia fez uma ampla cobertura sobre o acidente com o avião que transportava a delegação da Chapecoense que viajava para disputar sua primeira final internacional. No mesmo avião, além de jogadores e equipe técnica, diversos jornalistas e convidados. Ao todo, foram 71 mortos e 6 feridos.

E uma sensação de que as vezes não dá para entender certos fatos.

Eu tenho um time de coração… trata-se do Sport Club Corinthians Paulista. Torcedor do Corinthians desde pequeno. Mas também tenho aquilo que o pessoal gosta de chamar de “segundo-time”. No meu caso, agora são três: o Juventus (pois nasci e cresci no bairro da Mooca), a Ponte Preta (que me permitiu ver bons jogos de futebol quando estudei em Campinas) e agora, a Chapecoense.

Achei fenomenal a maneira como os outros times demonstraram sua solidariedade. O Atlético Nacional de Medelín solicitou à Conmebol que declare a Chape (apelido carinhoso do time) campeã da Copa Sul-Americana. Diversos times incorporaram o verde às suas cores. Até mesmo o Corinthians, em um grande gesto, tingiu seu site com o verde que também faz alusão ao seu maior rival no futebol.

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Vários times como Flamengo, Palmeiras, Vasco e outros grandes ofereceram emprestar jogadores para o elenco principal do time. Sem custo…

Propuseram também uma anistia por três anos para que o clube esteja imune ao rebaixamento e propuseram ainda que todos os times na última rodada do Campeonato Brasileiro joguem com o uniforme da Chapecoense.

No plano internacional, diversas homenagens: a Torre Eiffel ficou verde. Assim como a Allianz Arena na Alemanha e o Estádio de Wembley na Inglaterra. Sem contar os apoios individuais de jogadores pelo mundo.

Bonito de se ver…

No canal do YouTube eu pretendia colocar um vídeo sobre outro assunto. Abalado pela notícia, não consegui gravar o que tinha planejado. Acabei por fazer um vídeo sobre a tragédia e também comentando como somos (enquanto sociedade) mais suscetíveis as tragédias coletivas em detrimento das tragédias individuais.

Fica aqui minha solidariedade. Meu respeito. Minha torcida para que eu possa assistir a um jogo da Chapecoense e que eu tenha a oportunidade de torcer genuinamente pela vitória deste time. Mesmo que seja contra meu Corinthians.

Agora… vamos a outra parte.

Obviamente, um tema que gerou tanta repercussão, em algum momento teria alguma controvérsia. E ela veio por meio da desastrosa cobertura “jornalística” (entre aspas mesmo) por um portal de notícias chamado “Catraca Livre”.

O tal site, idealizado pelo jornalista Gilberto Dimenstein (que arrogantemente, declarou-se um premiado escritor e jornalista) publicou uma série de notícias polêmicas. Uma delas falava sobre as últimas selfies de pessoas que morreram. O detalhe: a reportagem foi amplamente ilustrada pelas imagens que os jogadores da Chapecoense publicaram no início da viagem que posteriormente tiraria suas vidas.

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Nojo…

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Em um primeiro momento, a posição do site foi defender sua linha editorial. E seu comentário editorial beirou a arrogância e prepotência…

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Só depois de maciças críticas é que o portal voltou atrás e assumiu o erro. E ao que parece, somente depois que sua audiência começou a diminuir nos diversos canais da internet.

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E ainda para ajudar, o site tentou fazer um mea-culpa e tratou de mudar o viés das suas publicações, mas depois incorreu no plágio… usando material de outros sites…

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Eu nunca fui um grande fã do site e também sempre fiquei incomodado com as opiniões do jornalista Gilberto Dimenstein. Ele até teve um gesto válido ao assumir publicamente a responsabilidade pelo erro. Mas ele só assumiu isto após o estrago causado a imagem do site. E ficou aquela impressão terrível de que ele só o fez, para não perder audiência. Numa postura típica do marido traído que foi pego no flagra e tenta a todo custo se justificar.

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Eu entendo que a função do jornalismo é informar. Mas entendo que num momento como esse, é necessário antes se colocar no lugar de quem está em sofrimento por sua perda. Demonstrar empatia… demonstrar solidariedade, acima de tudo. Depois, com os ânimos serenados, buscar respostas a perguntas inquietantes. Esclarecer o que é necessário e informar imparcialmente.

E o Catraca Livre não fez nada disso…

Ao que parece, o premiado escritor e jornalista (para usar mais uma vez suas credenciais arrogantes) não se lembra muito bem dos valores éticos necessários ao exercício de sua profissão…

Meus respeitos ao pessoal do Chapecoense e todas as famílias que sofreram com esta perda.

Meu repúdio ao site Catraca Livre. Meu repúdio ao “jornalista” Gilberto Dimenstein.

Em tempo… usei imagens da internet extraída de alguns sites de notícias. Caso necessário, entrem em contato para o registro dos devidos créditos.

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