17 de novembro de 2016

O fim do Windows Phone?

Vou começar pela frase proferida por ninguém menos do que Satya Nadella, CEO da Microsoft, na conferência de abertura WSJD Live, promovida pelo jornal Wall Street Journal:

"We clearly missed mobile, there's no question… Our goal now is to make sure we grow new categories."

Canal do Wall Street Journal

Em uma tradução livre, temos o seguinte:

“Nós claramente perdemos o móvel (celular), não há dúvidas… Nossa meta agora é garantir que vamos crescer em novas categorias.”

Bom… existe uma outra tradução prevista pelos defensores do apocalipse:

“O Windows Phone acabou.”

E foi esta versão a que prevaleceu. Muitos sites alarmistas decretaram (mais uma vez) que o Windows Phone acabou. Reforçam esta versão, o fato que a Microsoft descontinuou a produção do Lumia e não tem previsão para novos Lumias. O Lumia 950 provavelmente foi o último de sua espécie.

Imagem relacionada

Não é segredo para ninguém que sou entusiasta da plataforma. Não é segredo que já tem quatro anos que meu celular é um Lumia. Tive um 710, fui para um 720 e atualmente estou com um 640.

E sou obrigado a reconhecer… possivelmente será meu último Windows Phone. Explicarei mais adiante.

Independentemente do que o site X ou Y acha, é um erro afirmar que a plataforma acabou. Por um motivo simples: a Microsoft já tem algum tempo resolveu que investiria num projeto muito maior. O chamado projeto “One Core”.

Resultado de imagem

Neste conceito, o Windows é um ecossistema que pode rodar em um console, em um tablet, em um notebook, em um dispositivo vestível e até mesmo em um celular.

Assim, o que aconteceu foi que a Microsoft deixou de fabricar dispositivos rodando o Windows 10. Mas o sistema continua ativo e em constante desenvolvimento. E surgem até novos lançamentos para ele: finalmente o HP X3 deu o ar da sua graça e a Alcatel lançou o Idol 4S (que tem uma versão com Android).

A questão é… o Mercado comprou a ideia do Windows em dispositivos mobile?

A resposta parece óbvia… NÃO.

O “Não” é porque (e aí, a frase do Nadella começa a fazer sentido) o sistema surgiu depois que a Apple inovou com o seu iPhone. Surgiu depois que o Android se consolidou como um padrão de mercado (da mesma forma como a MS fez na década de 90 com os computadores).

Os desenvolvedores, os fabricantes, todas as empresas querem lucrar. Então, não tem sentido investir num aparelho que não tem nem 2% de participação de mercado. Pensando assim, a estratégia da MS foi correta ao criar um ecossistema. O desenvolvedor cortas custos de criação e abrange outros segmentos. Ele cria um app para o desktop que pode funcionar no console, no celular, no tablet e assim por diante.

O conceito é lindo. Sua implantação foi horrorosa.

A Microsoft desenvolve produtos que atendam ao mercado. E o mercado está no Android e no iPhone. E é por isso que temos apps dos principais produtos da MS nestes celulares. Temos o Office Mobile, temos o One Drive…

Resumindo, aquilo que os sites não observaram é que a MS é uma empresa com uma gama de produtos que vão muito além do Lumia. O Lumia foi um subproduto da aquisição da Nokia. E assim como o Zune, a Band e outros que agora não me lembro, o Lumia deixa o mercado.

Foi um grande celular. Mas ele surgiu em uma época em que ele não fazia mais a diferença.

Outra questão… considerando os últimos lançamentos, parece que a MS enxerga no mobile a vocação profissional. Seus celulares teriam como foco o mercado corporativo. Pensando em produtividade. Seria a ideia de que as pessoas se divertem com o Android e com o iPhone, mas para o trabalho, produzem com o Windows.

Acho isto um tanto equivocado. A BlackBerry pensou assim e desapareceu (o que não acontecerá com a Microsoft, já que ela atua em outros segmentos). Não dá para pensar que um cidadão irá ter um celular para o trabalho e outro para uso pessoal.

E considerando como o mercado brasileiro é avesso à inovações tecnológicas, é provável que não tenhamos um novo Windows Phone por aqui, seja qual for o fabricante.

O que me leva ao outro ponto… meu último Lumia.

Eu preciso dizer que o 640 não me encantou. O 720 foi o mais completo e se não fosse o problema do áudio eu estaria com ele até agora, mesmo usando o Windows Phone 8.1.

A câmera era um dos destaques, mas o modo HDR é um fracasso. Vive travando e já perdi boas fotos com ele. O cartão de memória vez o outra apresenta problemas de leitura e o sinal do celular as vezes desaparece.

Não sei se o problema é o Windows 10 ou se o problema é o telefone.

Ele funciona bem para o dia-a-dia. Mas não dá para confiar 100% nele quando penso em um uso mais “heavy user”.

Some a isso a falta de algumas aplicações para interagir com outros dispositivos. Um exemplo… o YouTube. Eu tenho um bom aplicativo para assistir vídeos (o Tubecast). mas como o blog agora produz vídeos, preciso usar o Analytics (ferramenta do Google) que não existe na plataforma.

Outro exemplo… não existe aplicativo de controle da Canon. E para quem está pensando em comprar uma câmera da marca, isto faria uma falta danada.

Não gosto de Android, mas na plataforma eu teria os serviços que a MS me oferece e teria também os serviços que me faltam.

Assim, ainda que a contragosto, eu provavelmente migrarei para a plataforma assim que o 640 der seus primeiros sinais de cansaço.

Ah sim… a princípio este será meu último texto sobre o assunto. Só voltarei a falar do WP, caso um eventual Surface Phone surja e venha a fazer alguma diferença.

E vamos lá. Vida que segue…

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