31 de outubro de 2018

Projeto Rivera - "Eu Vejo Você" (Disco da Semana #43)

Buenas,

Depois desse tsunami de fakenews e overdose eleitoral, vamos dar uma acalmada no coração e acalentar a alma com boa música?

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Ouvi falar da banda Projeto Rivera pela primeira vez acompanhando os "stories" no instagram de outra banda que eu sou apaixonado que é a Supercombo (logo mais tem resenha deles), e lá, o vocalista deles falava que estava empolgado com uma banda que ele estava produzindo. Era a Rivera…

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Depois de um tempo, vi o anúncio de um festival onde várias das bandas que eu gosto tocariam e lá estava o nome dos cearenses. Resolvi ouvir o disco dos caras, e mano... Que grata surpresa!

Produzido por Leo Ramos, da Supercombo por meio de financiamento coletivo, todas as 11 faixas foram disponibilizadas no YouTube e em todos os serviços de streaming, democratizando o acesso a um número ainda maior de pessoas.

Surpreendentemente brasileiro! É assim que consigo definir o segundo álbum da banda. Faz uso de referencias regionais mas ainda assim soa absurdamente cosmopolita e moderno. O álbum traz influências de MPB, de baião e do rock alternativo cheio de guitarras (de Bruno Silveira e Flávio Nascimento se alternam entre peso, distorção e climas pra lá de etéreos) e com uma cozinha pra lá de pesada fazendo uso de baixo, bateria de baterista Matheus Brasil e percussão (o que dá ainda mais impacto no som dos caras).

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Essa sonoridade moderna faz a cama para voz e para a performance do vocalista  Victor Caliope. De uma teatralidade grandiosa faz do seu cantar uma encenação pr'aquilo que traz nas letras da banda: Empatia, Amor e Respeito.

As letras são extremamente bem feitas e são de uma sinceridade absurda, a banda não tem pudores em se posicionar no mundo e expor seu ponto de vista includente, coisa corajosa nos intolerantes tempos de hoje, mais um ponto pra Rivera que me ganha a cada audição, me faz cantar junto cada música (cada uma é uma situação diferente do cotidiano) e não sai do meu repeat há uns 15 dias ininterruptos (essa resenha já era pra ter saído, mas não consegui largar o disco).

Caso queira um pouco de amor e luz na sua vida, pode cair de cabeça nesse discaço do Projeto Rivera. Nos dias de hoje, mais do que importante, essencial.

Para escutar, acesse aqui (via Spotify).

Logo menos tem mais.

30 de outubro de 2018

Resident Evil: Um incidente bizarro em Raccon City (#BoraJogar)

Fala galerinha do “Um Blog Qualquer” tudo na paz?

É amiguinhos… cá estou eu novamente para escrever sobre outra franquia que eu gosto “bagarai”. Desta vez vamos falar do primeiro game da franquia que, na minha humilde opinião é o mais legal de todos eles. Estou falando de “RESIDENT EEEEVIL” (tentem achar a abertura do primeiro de PS no youtube e verão que ele fala com o EEEEVIL carregado)

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É galera… este jogo foi lançando lá na década de 90 por volta de 1996 e foi uma das primeiras coisas que me cativaram no console da Sony. O game trás um enredo bem clássico na humanidade quando se fala em arte… zumbis… fala sério… Quem não curte um filminho com zumbis ou um joguinho ou uma musiquinha ou até mesmo um clipe musical (salve MJ)?

Bom, no começo do jogo você acha que são só uns zumbizinhos lentos e depois vai vendo que a parada é mais séria. Bom vamos lá para a história do game.

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[ O plot do jogo ]

A coisa toda acontecem em Raccon City, uma cidade que fica sei lá onde os Estados Unidos e tem como principal renda uma empresa farmacêutica chamada Umbrella Corp.
Dai um belo dia, alguns sumiços começam a acontecer somado a assassinatos bem estranhos o que faz com que a pacata cidade fique agitada. Com essa agitação é claro que a ´polícia iria fazer alguma coisa.

Eis que entra em cena o grupo STARS (Special Tactics And Rescue Service ou Serviço Especial Tático de Resgate em tradução livre feita por eu mesmo). Em Raccon City existiam dois grupos de STARS: o time Alpha e o time Bravo sendo este último, designado para verificar o que estava acontecendo.

E lá se vão os agentes para a floresta que rodeia a cidade para investigar o que está rolando, já que foi lá onde as paradas sinistras aconteceram. Todo mundo sobe num helicóptero e ruma ao destino da missão.

Peraí… uma pausa dramática…

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Ok… fim da pausa dramática…

Eles não voltam de lá… É ai que entra em cena o time Alpha composto pelos personagens jogáveis do game Jill Valantine e Chris Redfield.

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Bora lá, time Alpha! Vamos entender o que aconteceu, bora pra missão, vamos chegar na floresta, vamos procurar o time Bravo, vamos ajudar os amiguinhos, vamos olhar tudo a noite claro porque isso é um jogo de terror, vamos nos separar….

Eita porra que isso uma mão decepada? Eita que latido é esse? E esse cão todo com a cara derretida? Caralho Josef foi atacado? Corre rapaziada que a porra ta séria... “Run to the hills, run for your life”

Tá… ninguém corre para as colinas, mas na correria eles chegam em uma Mansão (que descobri depois ser a Mansão Spencer) e é ai meu amigo que o jogo todo acontece.

Aqui você já escolheu entre jogar com Jill ou Chris e isso vai fazer seu game play ser um pouco diferente já que eles possuem características de jogo diferente além de cada um carregar um item especial diferente (Jill usa um lock pick e o Chris um isqueiro). A escolha de personagens também faz o final ser diferente um do outro.

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Bom… falando do game esta mansão está cheia de quebra-cabeças, armadilhas, zumbis, alguns cachorros zumbis além de uns outros bichos que que não vou mencionar para não estragar a surpresa de quem ainda vai jogar. Além de esconder segredos da corporação Umbrella (que se você não sabe foram os responsáveis por toda essa zona que está acontecendo devido à pesquisas com armas biológicas).

O game passa boa parte na mansão e seus arredores antes de lhe levar para a parte final que acontece em um laboratório secreto da Umbrella. Durante todo esse tempo você precisa cruzar corredores cheios de monstros, rezar para achar munição e muitas vezes assumir que não adianta lutar e correr com o rabinho entre as pernas (ai é sobrevivência, valeu? Não á vergonha nenhuma em correr…).

[ Jogando o joguinho ]

Residente Evil (pelo menos até o 3 e se não me engano, o Code Veronica também) tem uma jogabilidade bem diferente. Cada vez que você anda a câmera fica fixa em uma posição o que faz com que o tempo todo você precise ajustar os controles quando segue em uma direção.

Você anda pra frente utilizando uma determinada direção no controle e quando a câmera muda de posição (sempre do nada…) você precisa mudar também a posição do direcional para poder seguir no mesmo caminho.

No começo, isso da um bug no cérebro mas com o tempo você acostuma e acaba ficando até mais fácil de jogar, mas lutar contra alguns bichos em espaços mais fechados é um verdadeiro desafio já que aqui a esquiva é na raça.

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Seu personagem não faz muita coisa, anda e corre, da tiro e só. Nada de pulo, esquiva e ataques corpo-a-corpo só com uma faquinha que na moral não ajuda muito não. A faca mais te ferra do que te salva.

O jogo é muito bom, tanto que originou uma porrada de sequencias e spinoff’s como o supra citado Code Verônica. Saiu em uma porrada de consoles, e depois de alguns anos até para PC saiu.

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A história foi crescendo jogo após jogo e se tornou um verdadeiro universo com tudo amarrado desde o início mostrando também o crescimento de cada personagem, suas batalhas, crenças e cruzes a carregar.

[ Opinião ]

Não tem como não jogar isso rapaziada, é um baita jogo e mesmo eu não gostando de alguns da franquia e nem de alguns rumos tomados, reconheço que é – e ainda será por um tempo – uma das maiores e melhores franquias dos games. Tanto é que as curiosidades que trago aqui são os materiais que saíram da franquia.

Resident Evil virou uma sequencia enorme de filmes (todos um pior que o outro na minha modesta opinião, aliás, taí um bom tema para o Thiago Lepre na sua coluna “Luz, Câmera, Textão!!!) que fizeram uma bilheteria considerável e ficaram anos no cinema.

Além disso, a escritora S.D. Perry trouxe os jogos para os livros e em suas “Novels” ela conta a história dos 3 primeiros jogos da franquia Resident, Code Verônica e Zero Hora; dando-se o direito de escrever outros dois livros utilizando o universo e personagens e que preenche lacunas entre um jogo e outro.

Resident já virou quadrinho e “action figure” (me arrependo piamente de não ter comprado um “action figure” da Jill Valantine do primeiro jogo).

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Falando em especial do Resident Evil 1, ele saiu para PS1 e depois teve um remake chamado Resident Evil Remake (uia) para Game Cube, que foi depois disponibilizado no Nintendo Wii, No PC, teve um Remake do remake para PS3 e um Remake do Remake do Remake para PS4.

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Bom o remake do Game Cube é baseado no primeiro jogo, mesma história, mesmos personagens porém com algumas mudanças no mapa da mansão e talvez uns ajustes na história só para não ser mais do mesmo. Já os remakes de Wii, PC, PS3 e PS4 são o mesmo jogo do Game Cube só que adaptados para as plataformas em questão.

Galera, é isso… se quiser jogar um bom jogo de terror com clássicos agentes do medo joga isso daqui sem pensar muito é diversão garantida além de ser o inicio de tudo o que da um gostinho especial no game.

Bom vou ficando por aqui, valeu pra quem leu e até a próxima.

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Um abraço.

O Brasil está pronto para lidar com Bolsonaro?

Ok… acordei na manhã de segunda-feira (após mais uma das minhas terríveis noite de insônia) e aparentemente o mundo não acabou. Após um processo eleitoral acalorado e dicotômico, as eleições 2018 trouxeram mudanças importantes. E estas mudanças são agressivas e extremas. Mas em meio a tudo isso, uma questão fulcral…

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Os resultados são definitivos… mas são relativos. Bolsonaro venceu a eleição com 57.797.847 votos. Haddad teve 47.040.906 votos. Ainda tivemos uma abstenção de 31.371.704 eleitores, 2.486.593 votos brancos e 8.608.105 votos nulos.

Considerando então somente os ELEITORES HABILITADOS, Bolsonaro teve 39,2% dos votos… O que significa que 60,8% dos eleitores não votaram no Bolsonaro. Em uma conta prática… nenhum presidente se elege com a maioria do povo.

Mas apesar disso, ele precisa governar para todos. E aí está uma tarefa bem difícil.

Eu usei este mesmo argumento por conta da eleição de Dilma Roussef em 2010. Governar não é tarefa fácil. Mesmo porque ninguém governa sozinho. Há um senado, uma câmara de deputados, governadores… é uma federação de estados, com vários partidos políticos… E conseguir fazer este povo todo conversar de modo consensual… como eu disse, não é tarefa fácil.

Observando a posição da ideologia derrotada, que não teve sequer a dignidade de cumprimentar seu adversário por ocasião de sua vitória (e só o fez no dia seguinte por pressão da mídia), percebo que a tarefa será dura. A chamada “oposição” promete ser dura e muitas vezes intransigente.

A verdade é que não sabemos como será o governo Bolsonaro. Existem muitas especulações. Muita gente cagando regra e definindo que tudo sairá errado. Isto é temerário. E o pior é que o PT e seus aliados sinalizam uma oposição obstrutiva e até mesmo destrutiva.

Espero do fundo do coração que o PT e aliados não voltem a fazer aquela oposição merda querendo barrar tudo, não importando se é algo bom ou ruim. Pior do que uma administração ruim é uma oposição burra.

Eu de fato não sei se o Brasil está pronto para o Bolsonaro… mas vejo que a oposição precisa se preparar para ele. Para questionar quando necessário, para objetar se for este o recurso.

E o Brasil? Onde entra nesta história?

Bom… deveriam pensar que estão num avião em pleno vôo. E que neste momento, o piloto do avião atende pelo nome de Jair Bolsonaro. E isto deve funcionar como estímulo para que o governo dê certo. Porque durante o vôo, duvido que algum passageiro torça pelo fracasso do piloto.


29 de outubro de 2018

Qual o Limite? (Crônicas Amarelinhas #2)

Tenho o privilégio e/ou desprazer de morar em frente a uma praça. Digo privilégio, por poder ter acesso a uma área com brinquedos infantis, mesinhas, quiosques, quadras esportivas, algo muito raro nas cidades do nosso país.

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Já o desprazer é por que tenho que conviver com outras pessoas em um ambiente de consumo de drogas lícitas e ilícitas, violência e alguns elementos, como esse exemplo:

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À primeira vista é bem engraçado. Mas eu, como sempre, comecei a descascar essa cebola de dezenas de camadas (citei o filme do Shrek mesmo). Surge em meu pensamento, uma coisa que nos dias de hoje estamos discutindo a todo momento, qual o limite das coisas?

Eu explico. Primeiramente, qual o limite da arte? Pichação é arte? Resposta difícil. Não por ser feio, não por ser transgressor, não por ser um crime. A arte segundo os manuais da vida é a expressão de um indivíduo ou de um grupo. Nesse caso, expressão através da tinta sobre algo (como uma placa de inauguração) que representa a urbanidade, chamada de pichação. Então, isso é arte?

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Estabeleci em minha vida um critério para isso. Só é arte, se você não passa por cima da arte dos outros. Explico com exemplos. Um Busto de uma personalidade histórica, por mais que seja alguém não muito popular, é arte. Se eu expressar minha arte (pichando), sobre a arte de outro, estou desvalorizando a arte original e a minha arte. Estou sendo antiético e menosprezando a arte em si. Um prédio, uma casa, um monumento são elementos artísticos sim, representam a expressão e o sentido de um arquiteto, de um projetista ou de um simples e humilde pedreiro. Me expressar sobre a arte de um colega é antiético sim e não é arte.

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Em segundo lugar, levanto outra questão, qual o limite do humor? Falar de religião é humor? A piada descrita na pichação que ilustra o início deste texto mostra que o humor pode bater de frente com elementos considerados incontestáveis da nossa sociedade (como política, religião e o futebol).

O humor ataca e defende tudo que o envolve, é uma crítica aberta a sociedade em que vivemos. Se você não aceita o humor, ficará bem frustrado e poderá ser a chacota de outras pessoas.

Nesse também estabeleci um critério, acho que o humor não tem limites. Diferente da pichação, o humor tem o objetivo de divertir e descontrair. Fazer piadas, não deveriam ofender ninguém. O nobre leitor, poderá me condenar por isso, mas eu explico. O humor tem que transitar por todos os elementos da sociedade. Pois ele é uma ferramenta de transformação dos status quo. Talvez sem o humor, coisas cotidianos não teriam nenhum sentido de serem feitas.

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As pessoas dizem que as verdades são faladas nas brincadeiras, mas, essa máxima não é verdade, o humor não é isso. Como eu disse, a piada serve apenas para divertir, essa é sua função social. Dizer que Jesus me ama por que não me conhece não vai fazer eu ser mais ou menos cristão. Rir de si mesmo, rir da vida, rir dos seus problemas, é uma solução para enfrentar a vida.

Histórias difíceis, problemas pessoais, problemas de relacionamento eu sempre enfrentei-os de forma bem humorada. Contar histórias da minha vida, dos meus problemas, em forma de humor, sempre me fizeram bem. Talvez, querido leitor, encarar a vida dessa forma, faz com que as coisas aconteçam de uma forma melhor e mais prazerosa.

28 de outubro de 2018

Não importa quem terá a maior votação… o medo e a intolerância venceram

[NOTA IMPORTANTE] Este textos se trata de um editorial. Não reflete necessariamente a opinião particular dos colunistas do UBQ. Como sempre, o UBQ defende a liberdade de opinião e o diálogo. Sendo assim, fica aberto o espaço para o debate, desde que com respeito e urbanidade.

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Foi a eleição mais polarizada que vi desde que comecei a me preocupar com questões políticas. E isso já tem quase 30 anos. E resolvi escrever este texto, não pelo receio da derrota ou pelo júbilo da vitória, mas pela constatação de que pouco importa se você votou em Lul… ops… Haddad ou Bolsonaro. O medo, a desinformação e a intolerância são os grandes vencedores desta eleição.

Antes que partidários de um ou outro viés me ataquem ou me critiquem, vamos esclarecer o que eu acho importante. O meu voto… Votei em Jair Bolsonaro. E não… ele definitivamente não é o meu candidato ideológico. Mas o meu candidato foi derrotado em primeiro turno (aliás, votei em João Amoedo).

E quero deixar claro outras coisas importantes também:

  • Não sou racista
  • Não sou homofóbico
  • Não acredito que o poder deve ser tomado e mantido pela força
  • Não acredito que em governos populistas com propostas demagógicas
  • Não acredito em almoço grátis
  • Não acho que o Corinthians será rebaixado em 2018

Pode parecer um conceito complicado aos adeptos do lulopetismo, mas Jair Bolsonaro é apenas uma consequência das próprias posições tomadas pelo senhor Luiz Inácio e seu séquito de propagandistas.

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É fato inegável que viemos de uma onda de corrupção que assolou o país em todas as esferas e também em todos os poderes… pois é… nem o Judiciário escapa. Considerando um STF mais preocupado em legislar observando princípios partidários, ignorando muitas vezes em suas decisões, os princípios legalistas e constitucionais que deveriam nortear todas as suas decisões, fica difícil não pensar em problemas ali no poder judiciário.

São denúncias, esquemas, propinas, dinheiro em malas, apartamentos, indiciações partidárias para proteger correligionários (ou as pessoas se esqueceram que o Lula foi nomeado pela Dilma como ministro da Casa Civil em uma cerimônia comparável a posse de um presidente, apenas para que ele fugisse da jurisdição de Sérgio Moro?)

As pessoas se esqueceram das escutas telefônicas que mostraram conversas no mínimo suspeitas entre dona Dilma e o senhor Luiz Inácio. Se esqueceram que Michel Temer foi o vice de Dilma e o seu MDB um grande apoiador do governo petista? Se esqueceram da forma como Dirceu, Palocci, Gleisi e outros tripudiavam das graves denúncias que pesavam contra Lula, Dilma e o partido?

Se esqueceram da forma como o lulopetismo queria criar mecanismos de controle de imprensa para impedir que críticas e denúncias fossem adiante?

Não creio que o povo brasileiro seja tão burro a este ponto… muita gente não se esqueceu disso não.

E por conta disso, foi natural o surgimento do viés contrário… do viés crítico… da voz da insurgência. Do discurso contra tudo que está de errado por aí.

O PT disse que combateria o desemprego, melhoraria a educação, promoveria o crescimento da economia, traria grandes avanços nas políticas de saúde no Brasil, melhoraria o bem estar social, conduziria o Brasil ao pleno desenvolvimento político, econômico, social e educacional.

Seja honesto… o Brasil está um lugar melhor do que estava há 15 anos atrás? O lulopetismo não fez nada para que o Brasil crescesse. NADA!

Ah… mas agora o pobre pode andar de avião… o pobre pode ter casa própria… pode ter carro… pode ir para a faculdade.

É isso que faz do Brasil um lugar melhor? Promoveu-se o aquecimento da economia por meio do endividamento com o aumento das linhas de financiamento. Criou-se uma máquina pública inchada e ineficaz (mas que atende aos interesses partidários).

Pobre pode andar de avião… mas continua indo trabalhar em transporte público ineficiente, lotado e caro.

Pobre pode ter casa própria, mas ninguém divulga as estatísticas das famílias que simplesmente não conseguiram arcar com os custos do financiamentos. Vale o mesmo para os carros. Olhe o SPC e o SERASA… veja quantas pessoas estão lá por conta do endividamento para compra de bens de consumo.

Pobre pode ir para a faculdade… mas em geral, surgiram as grandes corporações educacionais que são em essência emissoras de diplomas. Houve uma queda no nível dos estudantes… pois com os novos alunos, chegaram também todas as deficiências da educação básica. Não é incomum termos na faculdade alunos que não sabem matemática elementar (regra de três simples, por exemplo) ou que são capazes de fazer a interpretação adequada de um texto acadêmico.

E no caso anterior, estou falando por que vi exatamente isso em minhas passagens pela USP e UNIVESP…  alunos chegavam a universidade  sem saber coisas básicas: regra de três, juros simples, interpretação de texto, leitura crítica… nada disso. Apenas estavam ali porque foi sendo empurrado para lá… por meio de cotas, por meio de ENEM’s mal elaborados, por meio de concessões inaceitáveis para uma prática universitária de qualidade.

E para piorar, estabeleceu-se a pseudo-verdade que só o lulopetismo estaria correto. Que não existia outro caminho ou outra alternativa. Que qualquer pensamento diferente era algo “das elites” ou então “puro golpismo” ou ainda apenas “a visão de alguém desinformado”. Na prática… se você não era lulopetista, então você era um burro incapaz de entender as maravilhas que estava sendo criadas no Brasil.

Aliás, acreditar que só o seu lado tem razão não é uma características de governos totalitários e antidemocráticos?

[ O outro lado ]

Por todo este cenário, Jair Bolsonaro foi esperto… Não vejo ele como alguém inteligente. Mas esperto… pois ele foi capaz de reunir toda a insatisfação com esse modelo assistencialista e demagógico em torno de sua candidatura. E isto aconteceu por uma razão muito simples… não tínhamos outra opção. Entre a “esquerda” e a “direita”. Não tinha ninguém pela direita.

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Ou melhor, até tínhamos, mas que não tinha a visibilidade necessária para se impor como opção.

Sim… Bolsonaro foi antes de tudo um oportunista. E uso a palavra no sentido de que ele enxergou uma oportunidade… a de reunir ao redor de seu nome toda a insatisfação do povo brasileiro com anos e anos de um governo demagogo que governou a base de subvenções e medidas demagógicas…

Bolsonaro e Lula são duas faces de uma mesma moeda. Ambos falam sem rodeios, falam sem palavras incompreensíveis  para o brasileiro comum. Falam coisas (certas ou erradas, isso agora não importa) de forma que o brasileiro comum consegue entender. E por isso o Bolsonaro conseguiu a projeção que está tendo nesta eleição.

Sejamos francos… quem foi Jair Bolsonaro nos últimos anos? Basicamente o deputado que falava mal de tudo e de todos e que aparecia no CQC vítima de piadinhas da trupe do programa.

Defende ideias polêmicas, não respeita minorias e causas específicas. Adota um viés perigosamente autoritário (o que é diferente de totalitário) e se mostra inapto para o debate político consistente. Ele até se cercou de bons técnicos para atuarem em áreas que não domina e é uma incógnita.

Nas condições normais, eu simplesmente veria o Bolsonaro como um tolo… como um pícaro. Alguém folclórico que surge por conta do imaginário popular que prefere votar em um personagem do que em alguém com ideias (basta ver que temos o Tiririca indo para seu terceiro mandato parlamentar).

Mas a questão é que a alegoria Bolsonaro falou exatamente o que muita gente gostaria de ouvir. E ele falou muito contra o lulopetismo. Esse foi o seu principal trunfo.

[ Qual a verdadeira representatividade de quem vence ? ]

É importante lembrar que quando venceu em 2002, Lula teve 39.443.765 votos de um total de 115.254.113 de eleitores. Isso dá 34% do total. Isto no primeiro turno. No segundo E aí vem com aquela história dos votos válidos… a conta correta a ser feita é… 66% dos brasileiros não escolheram Lula no primeiro turno. Nem no segundo… quando ele conseguiu 45% dos votos… 55% dos brasileiros preferiram outra opção. Lula não representou a maioria dos brasileiros. O mesmo aconteceu nas eleições seguintes (os dados são do TSE):

  • 2006: Lula teve 46% do eleitorado total
  • 2010: Dilma teve 41% do eleitorado total
  • 2014: Dilma teve 38% do eleitorado total
  • 2018: Bolsonaro teve 33% do eleitorado total (apenas 1º turno)

Nenhum candidato é a maioria nacional… e é isso que deve ser observado. E o candidato eleito deve observar isto. Que tem governar para todos… para sua minoria que (paradoxalmente) o elegeu e para a maioria que (paradoxalmente) não o elegeu também.

Agora, se você prestou um mínimo de atenção na campanha dos candidatos, o que se viu foi uma saraivada de ataques… DOS DOIS LADOS! Bolsonaro atacou Haddad na mesma medida em que Haddad atacou Bolsonaro.

Não há ali, nenhum inocente.

E o pior, é que foram ataques de manipulação, de descrédito, de ofensa. De imposição ao medo. Um lado dizendo que o fascismo dominaria o Brasil, o outro lado dizendo que nos tornaríamos uma ditadura bolivariana.

Os dois lados criando mentiras sobre o outro sempre com a intenção de confundir e não de informar.

Tanto Haddad como Bolsonaro criaram medo… criaram intolerância, criaram as facções do “estou certo e você está errado” sem se preocupar muito em explicar por que estava certo e o outro errado.

E o voto do brasileiro médio será assim, baseado em medo e desinformação. E eu não sei – no momento em que escrevo este texto – quem vencerá. As pesquisas até então indicavam Bolsonaro… mas tudo pode acontecer.

[ A minha humilde opinião ]

Neste cenário de mentiras e de amedrontamento eu fiz uma escolha. Escolhi um dos lados porque, além das mentiras e ameaças (que eu repito… foram feitas pelos dois lados), um deles já esteve no poder. E demonstrou que não governa para o Brasil, mas sim para seus apoiadores e tão somente eles.

Então, optei pelo possível… entre o sabidamente ruim e o possivelmente ruim, fiz a escolha daquele que ainda não se provou ruim na prática. Um voto no escuro… com medo sim…

Independentemente do que ocorrer na votação… amanhã teremos um presidente eleito. Ao vencedor, caberia o papel de governar e lembrar que o governo deve ser feito pensando em todo o Brasil. Ao vencido, o papel de observar, comentar, criticar, sugerir, fiscalizar.

Mas infelizmente, considerando a forma como foi conduzida a campanha… o que teremos provavelmente será uma troca de acusações e insultos. O que eu espero de tudo isso é que em 2022 possamos fazer escolhas melhores. Para 2018, o que tivemos foi uma escolha entre o “ruim” e o “provavelmente ruim”.

26 de outubro de 2018

Eles, os oftalmologistas

Sim, os invejo! Os únicos colegas de outra especialidade que contam com minha mais recôndita, inconfessável e devastadora inveja. Já explico…

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Antes, me deixem declinar as outras categorias dos invejados - e são meio que muitos, confesso. Não tenho vergonha de sentir inveja, até porque a prática deste Pecado Capital não é das minhas preferidas. A Gula e a Preguiça ganham de lavada.

Mas voltemos. Tenho inveja dos jogadores de futebol. Mais precisamente daqueles que sabem fazer embaixadinha - que na minha terra se chamava "balãozinho" (não é um nome fofo?).

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Não precisa ser rico, jogar Copa do Mundo, pode ser zagueiro do lanterna da quarta divisão, mas se souber fazer embaixadinhas, pode ter certeza que contará com minha inveja… ainda mais se fizer com aquela cara meio blasé, nem aí, como se estivesse coçando a cabeça.

E que não experimente fazer na minha frente, porque vou torcer para a bola cair. Não invejo os malabaristas, aqueles que entram no intervalo para se exibirem com o controle da bola. Pode ser que eu inveje mesmo quem sabe jogar com a bola, sendo a embaixadinha a cereja do bolo que faria transbordar meu ressentimento.

Invejo quem sabe logaritmo. Muito, de morte. Se eu soubesse fazer vudu eu faria em quem consegue entender aquilo. Não adianta me explicar. Eu não sei, não quero saber e tenho inveja de quem sabe. Disse isso para um amigo uns tempos atrás. Ele me confortou: "é difícil mesmo... mas os de base dez você sabe né?"

Aí a conversa azedou…

- Os de de base o quê, cáspita?

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Há invejas que guardo na alma com alguma tranquilidade de que de lá nunca sairão. Por exemplo, eu tenho inveja de quem leu "Os Lusíadas" inteiro. Só não sei se existe gente assim.

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De outra face, não sinto invejas óbvias, por exemplo, inveja dos Magros. Os magros comem por obrigação. Assim, como quem escova os dentes. Alguém que come por obrigação, e até por isso às vezes se esquece de almoçar, é alguém chamuscado pelo dedo da Divina Providência. Pra quê invejar alguém assim? "Ah, mas tem aqueles que são magros de ruins!". Tem. Aqueles que comem um boi em cada uma das refeições do dia, portanto três bois por dia, e se mantém esbeltos. Eu não os invejo porque antes de serem magros, eles são ruins, e gente ruim vai – eu sei que vai – queimar no colo do capeta, bem queimadinho.

Na faculdade eu decidi por seguir a Psiquiatria por não me imaginar fazendo medicin... perdão, por não me imaginar fazendo outra especialidade. Não há aqui nenhum rancor com meus colegas Oftalmologistas. Pelo contrário, conheci muitos deles brilhantes, seja na minha turma, sejam calouros com quem tomei convivência, sejam colegas de Centro Acadêmico. Só há inveja mesmo. Vamos lá.

É vezeiro um parente de alguém que será pela primeira vez atendido entrar antes na sala e rogar suplicante: "Doutor, meu pai não sabe que veio passar no psiquiatra... como vamos fazer?"

Um consultório de um oftalmo não se parece com mais nada além de um consultório de um oftalmo, com aquela maquinaria toda. Outra coisa são os remédios. Quantas vezes familiares desesperados pedem um remédio que possa ser diluído no suco, a gente até entende. Mas vai diluir uma lente de contato que seja no suco... Isso quando não aparece gente que nos procura para curar a dependência química e pergunta de bate-pronto após eu aviar a receita: "Mas esse remédio vicia?"

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Ou então quando eu digo que o comprimido deve ser tomado pela manhã e a pergunta é "mas não vai me deixar dopado? Eu vou ficar que nem um zumbi?" Ninguém pergunta, "esses óculos vão me deixar cego?"

E quando nos tomam como rematados estultos? Perdi a conta de quantas vezes ouvi de familiares me advertindo quanto ao parente psicótico "cuidado com o que fala, ele é muito inteligente!" Já imaginaram um oftalmologista ouvir isso: "Olha Doutor, ele vai te convencer que esse embaçamento na vista é a entrada de um portal intergalático".

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Sem contar com aquele tipo que leva umas duas horas para ser convencido da necessidade da medicação e que volta um mês depois dizendo que não comprou e perdeu a receita. Algo como "Doutor, eu já estou trombando em tudo que se mexe, acho que vou ficar mais um mês fora de esquadro, depois ponho os óculos beleza?"

Só reforçando, eu nunca quis ser Oftalmologista… nunca nem tentei ser. E só me ocorreu contar tudo isso hoje porque vou ter que me submeter a lentes. Fui ver uns óculos hoje. Levei a receita do Oftalmologista e a vendedora se empolgou como se me vendesse um item de moda fashion e não um mecanismo para um tratamento das vistas. Mas é que é as duas coisas - e é bom que seja.

Enfim, pedi algo que não me pressionasse as têmporas o tempo todo fazendo com que estivesse numa resaca eterna, além de rogar por uma armação que não me deixasse com cara de emoji.

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Há uma bela canção de Zé Rodrix eternizada por Elis Regina chamada "Casa no campo", onde alguns dos desejos cantados são "Eu quero a esperança de óculos, e meu filho de cuca legal". Talvez a intenção foi desejar uma Esperança de binóculos, vislumbrando um futuro ideal cada vez mais perto. Mas se ficar apenas "de óculos", a Esperança vai ver um futuro mais definido, realista, sendo um sonho realizável.

O que não há dúvida é quanto ao "Filho de cuca legal". Tudo bem que até a Esperança seja passível de correção por uns óculos convenientemente receitado por um bom oftalmologista.

Mas Deus nos livre de nosso filho precisar algum dia de um psiquiatra. Quer saber? Tá certo o poeta…

25 de outubro de 2018

Sala Verde - O Camarim Punk Dos Infernos (Luz… Câmera… Textão! #2)

Olá meus queridos! Vamos nós pra mais um Luz, Câmera, Textão!

Nosso filme de hoje aqui no UBQ é outro filme que passou meio desapercebido, se não me engano sequer chegou a passar nos cinemas no Brasil, mas é um filme muito bom, divertido, interessante, violento e sanguinário, o que são sempre ótimos sinais! Vamos falar um pouco sobre… Sala Verde!

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Sim, o nome é horrível, mas isto porquê é uma tradução terrível do nome original, que apesar de ser literalmente "Green Room", deveria ter sido traduzido como "O Camarim", ou algo assim, que é onde a maior parte do filme se passa, a cor da sala não importa, mas fazer o quê, não dá pra se ganhar todas com as traduções de títulos de filme, os vários filmes chamados "Dupla Implacável" que os digam.

Sala Verde tem como parte do elenco o falecido e querido Anton Yelchin, que fez o oficial Pavel Chekov  nos filmes mais recentes da franquia Star Trek, e o Patrick Stewart, o querido capitão Picard, também do Star Trek (desta vez da série The Next Generation). Nada como conexões aleatórias em filmes! O filme é escrito e dirigido pelo Jeremy Saulnier, que dirigiu também um filme chamado Blue Ruin (Ruína Azul), que é tão maluco e com um senso de humor tão perturbado que vale ser uma indicação própria.

Voltando ao filme, ele conta a história de uma banda punk, que está tentando ganhar a vida, gravar seu disco e ter algum sucesso enquanto vivem a vida como punks, sem nada fixo, nem moradia, nem comida, nem nada e fazendo seus shows por aí. A banda tem seus próprios conflitos, dos integrantes que querem coisas diferentes e tem personalidades quase opostas, mas funcionam bem juntos, afinal, o que é uma banda punk sem algumas e boas brigas? A história se desenvolve quando eles são contratados pra um show em um bar de beira de estrada em algum lugar no interior dos Estados Unidos.

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Acontece que, chegando lá, eles descobrem que foram contratados pra tocar em um festival neonazista, coisa que eles abominam. Como bons punks eles decidem se rebelar e tocam, durante o show, a música sensacional do Dead Kennedys "Nazi Punks Fuck Off". A plateia se revolta e eles são obrigados a recuar pro camarim e ali tudo se desenrola, entre resolver problemas com a banda e os próprios neonazistas… muita coisa acontece.

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Vou parar por aqui com a sinopse, pra não entregar as viradas e problemas e o conteúdo todo do filme, mas acreditem em mim, vale a pena cada segundo!

Esse filme aborda alguns temas muito interessantes que dificilmente são tocados no cinema mais mainstream, como neonazismo e a presença que essa subcultura tem na sociedade, especialmente na sociedade americana, como essa subcultura se infiltrou na cultura punk e o conflito entre essas ideologias.

Outro tema que eu acho fascinante neste filme e que também aparece no filme Ruína Azul do diretor Jeremy Saulnier é a visão de um herói de ação completamente inepto, ou seja, alguém que tem uma ideia de ser violento e atingir objetivos pela violência, mas que é um completo idiota que nunca bateu em ninguém na vida toda. Imagina alguém que nunca entrou numa briga do nada sendo jogado numa situação em que a única resposta é espancar alguém com um bastão… Será que essa pessoa agiria como o Rambo ou como um merdão que sequer sabe nem segurar uma arma?

Boa parte do senso de humor do filme vem dessas situações, porque a violência é muito exagerada, o sangue jorra a desgraça começa a se desenrolar e o nosso protagonista idiota simplesmente não sabe o que fazer.

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Isso é muito do que vemos aqui, personagens reais jogados em situações de extrema violência e como esses personagens, ou até como pessoas reais reagiriam a tais situações.

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Enfim, Sala Verde é algo que é bem difícil de descrever sem parecer estúpido, um filme sobre punks e neonazistas que se passa na maioria em um camarim minúsculo em um bar de beira de estrada, mas que tem mais ação e sangue do que muitos filmes de ação! Parece uma maluquice, mas funciona. Fica aqui mais essa recomendação e o melhor, enquanto esse artigo é escrito e publicado, esse filme está na Netflix, pra quem tiver uma assinatura, mais fácil ainda de ver essa belezura!

Espero que gostem, ou tenham gostado se já assistiram, comentem aqui o que acharam do texto, do filme, de mim, da vida, do universo, o que você almoçou, se a vida tá boa, uma ferramenta e uma cor, acompanhem as hashtags #umfilmequalquer e #luzcameratextao pra ver tudo que vai sair por aqui nessas colunas, até a próxima e bom filme!

[ Serviço ]

  • “Sala Verde” (Green Room) - 2015, Suspense/Thriller, 95 min
  • Sinopse: No fim de uma turnê fracassada, uma banda de punk rock topa fazer um show num clube rural isolado, mas descobre que seus anfitriões são neonazistas.
  • Direção: Jeremy Saulnier
  • Produção: Neil Kopp, Victor Moyers, Victor Savjani
  • Elenco: Anton Yelchin, Imogen Poots, Alia Shawkat, Callum Turner, Patrick Stewart
  • Lançamento: 17/05/2015 (Cannes, FRA); 15/04/2016 (EUA)
  • Disponibilidade na data da publicação desta resenha: Netflix, Google Play (apenas compra),

24 de outubro de 2018

Esteban - "¡Adiós, Esteban!" - (Disco da Semana #42)

Buenas!

Sei que serei achincalhado pelos meus amigos mais das antigas, mas esse disco não poderia deixar de ser resenhado. Preconceitos à parte, bora lá, o disco é bom pacas.

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Confesso que se tivesse que escrever essa resenha há alguns anos atrás, não a teria feito. Sempre tive um ranço (besta, diga-se de passagem) sobre a Fresno, banda na qual Tavares (o Esteban) tocava anteriormente. Até que "Porto Alegre", uma composição do próprio pra sua ex banda, fez eu mudar toda a visão que tinha sobre a banda.

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A partir daí, fui atrás desse primeiro trabalho solo, e já na primeira audição, aquele baque: Caraca!!! Que disco é esse? O álbum todo gira em torno de um relacionamento que não rolou, e a fossa aqui é uma mola propulsora pra uma coleção de belas canções.

Extremamente bem executado/produzido (no estúdio, o próprio Tavares toca a todos os instrumentos e assina a produção), soa melancólico sem ser piegas. Nota-se uma carga emocional absurda em cada acorde. De sonoridade bem simples, mostra um grande músico usando recursos inesperados.

Cozinha segura e econômica faz a cama pra que o piano e a voz sobressaiam. Ainda há espaço pra um violão e uma guitarra que aparece de maneira esparsa e pros metais que aparecem eventualmente. O destaque instrumental, o grande solista desse disco é o acordeon, sim, o acordeon que aparece em todas as faixas sem soar regionalista, mas trazendo a tona a tradição gaúcha que flerta com o tango.

Junto a essa riqueza instrumental, as letras de forte cunho pessoal, são simples, sem serem pueris e mostram a dor de um cara que não tem o amor correspondido. O grande destaque, é a sinceridade das letras. O que poderia soar como fraqueza, mostra a força que o álbum tem e nos faz chegar a conclusão de que nada é melhor que uma boa dor de cotovelo pra se compor um disco inesquecível.

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Tavares mostra descaradamente nessas doze músicas o seu amadurecimento como músico que exorciza seus demônios e faz disso um grande álbum, saindo definitivamente da sombra de sua ex-banda. Tente ouvir "Canal 12" e "Sophia" sem repetí-las uma única vez, impossível.

Surpreendente e essencial. Ouça… Muito!

Pra ouvir, clique aqui!

Logo menos tem mais.

23 de outubro de 2018

The Legend of Zelda: Breath of the Wild… É perigoso ir sozinho!

Fala rapaziada do “Um Blog Qualquer” aqui estamos para falar do primeiro game da coluna… que rufem os tambores!

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É, hoje vamos falar de uma das franquias que eu mais gosto na face da Terra e que inclusive teve uma das músicas mais icônicas tocadas no meu casamento durante minha entrada… sou NERD demais…

Sim amiguinhos que já sacaram a parada pelo título, estou falando de ZELDA aquele carinha de gorro verde que parece o Peter Pan…

Bom, vamos lá! Eu joguei e salvei quatro Zeldas nesta vida que foram: A Link to the Past, Ocarina of Time, Between Worlds e o jogo que será falado aqui Breath of the Wild.

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E por que começarei pelo ultimo que joguei e salvei? Por que? Por que? Por que?

Bom escolhi este por ser o mais recente lançamento da franquia,  por ter sido o último jogo que salvei (tem 10 dias no caso) e porque o barato é simplesmente A-N-I-M-A-L.

[ O plot do jogo ]

A história não foge muito do padrão da franquia: Link é o responsável por salvar o mundo and a princesa Zelda, então onde está o pulo do gato? Bom, na verdade Link é o guarda-costas da princesa Zelda que é quem é a responsável por salvar o mundo contra o mal puro conhecido como “Calamity Ganon”.

Mas ela não está sozinha nesta empreitada, Zelda seleciona 4 guerreiros, um de cada povo (Goron, Rito, Zoras e Gerudo), para serem seus Campeões e pilotarem as “Divine Beasts”, robôs gigantes que servirão para enfrentar o big boss do mal Ganondorf.

Perai PH, não é o Link que salva o mundo?

Sim amiguinhos é, mas desta vez o começo da bagaça toda mostra o Link apenas como o guarda-costas da Zeldinha linda que tem por obrigação desenvolver os poderes que em tese herdou de sua mãe. Com isso ela seria responsável por enfrentar o mal e resolver a treta toda com o suporte dos robozões.

Ao longo do jogo a história é contada sobre como esta questão se repete ao longo das eras e o que de fato aconteceu com Link e Zelda quando Ganondorf ou “Calamity Ganon” como é chamado no game, se desprende de seu claustro e retorna pra dominar a porra toda.

Pra resumir, Ganon controla uma porrada de robôs (guardiões) que a Zelda estava tentando descobrir como fazer funcionar, e acaba tomando Hyrule de assalto.

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Para salvar Zelda,  Link – seu lindo – sai na porrada com uma par de Guardiões mas acaba gravemente ferido. Com isso é levado para uma câmara onde ficará em animação suspensa até se recuperar totalmente.

Bom galerinha isso leva uns 100 anos.

Como assim… 100 anos?

É, ele acorda depois de 100 anos e é ai onde começa a jornada toda deste game maravilhoso. Bom não vou ficar detalhando tudo para não dar muitos spoilers (além daqueles que eu já dei) mas basicamente ele acorda sem memória e vai, ao longo do jogo, recuperando as informações perdidas, reencontrando pessoas importantes de sua vida e do reino além de ser guiado ao caminho que ele nasceu para trilhar.

Neste momento ele descobre que, a 100 anos atrás, para evitar que Ganon acabasse com o mundo, Zelda se “funde” ao bicho para não deixar o poder do mal crescer e zoar a bagaça.

Isto minimiza a destruição no mundo mas Ganon ainda consegue zonear o reino todo. É ai que Link entra em cena. Nosso intrépido herói finalmente entra na história para salvar a princesa e por consequência, o mundo.

Pronto, este é o karma se repetindo jogo após jogo (com exceção do Hyrule Warriors onde todo mundo chuta a bunda dos inimigos. Todo mundo mesmo,  até a princesa Zelda).

[ Jogando o joguinho ]

O negócio é seguir o jogo achando tudo quanto for “Shrine” possível, passando pelos desafios e coletando as “spirit orbs” para, a cada 4, trocar por corações ou um pedaço da barra de “stamina” em uma das estátuas da deusa Hylia que ficam espalhadas pelo mundo.

Nesse meio tempo coletar armas (que quebram depois de um certo uso), escudos (que também quebram), armaduras (que devem ser aprimoradas) e itens diversos que servem para aprimorar armaduras ou para criar receitas culinárias que vão te curar, ajudar com stamina, ataque, velocidade, temperatura, e algumas outras coisinhas.

Para isso você precisa explorar um baita de um mapa que vai sendo aberto aos poucos no maior estilo “Assassin’s Creed”. Tu acha uma torrezona, escala ela, bota a “Sheikah Slate” e chanananãããããã, ela revela o pedaço do mapa.

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Aliás a “Sheikah Slate” é sua melhor amiga neste game; com ela você é capaz de utilizar runas que vão te ajudar durante o game já que cada uma tem uma função como paralisar um monstro ou item, congelar um trecho da água, tirar fotos, etc.

E o que mais você pode usar para te ajudar nesta batalhe épica?

Tem diversos tipos de armas, tanto de luta corpo-a-corpo quanto arcos para ataques à distancia,  que você acha em baús ou com monstros.

Sobre as armas temos espadas, clavas, lanças, tridentes arcos com flechas normais, de fogo, bomba e gelo. A variedade é grande e cada um tem suas características especiais: elementais, mais duráveis, mais dano, etc.

Outras ferramentas são: a inteligência do jogador já que não existe uma única forma de resolver os puzzles e missões (vai na minha, tem várias maneiras criativas de se fazer as coisas) e as habilidades que você ganha após “derrotar” as 4 “Divine Beast” que estão espalhadas pelo mapa.

Elas são todas controladas por Ganon e você precisa adentrar seu interior, resolver os quebra-cabeças do labirinto e então enfrentar o espírito que está dominando ela para então, liberá-la, retomar o contato com seus amigos e ganha rum poder que lhe ajuda ao longo do game.

Note que as “Divine Beasts” irão te ajudar bem mais, não só com poderzinhos.

Hmmm… Pausa… senão fica muito spoiler….

Uma ressalva que faço aqui é o fato de sim, o jogo também tem a icônica “Master Sword” e sim Link o único que pode carregar a espada que tem o poder de selar o mal. Ela já fazia parte do kit guarda-costas mas foi separada dele quando ele cai em batalha e precisa ficar na câmara de recuperação. É  uma questão de ir atrás e descobrir onde ela está.

Falando da jogabilidade do game, o Nintendo switch é uma delícia de jogar tanto na versão mobile quanto na versão conectada a uma TV. O controle, encaixa na mão, tudo é ótimo e não cansa.

Durante o jogo você tem acesso fácil às armas, escudos, a movimentação do link é fluida, usar o “paraglide” ou o recurso de “surf” de escudo é simples, atacar e esquivar também, tudo deixando o jogo bem de boas de jogar (apesar da grande quantidade de itens à disposição).

Bom falei bastante do jogo e mesmo assim não falei muito já que a história é enorme e cheia de detalhes. Inclusive o mapa do reino é muito grande tanto que cada torre ou “Shrine” descoberto, permite você teleportar pra lá no maior estilo “fast travel” ajudando o jogador a chegar rapidamente em uma determinada localização.

Falando em localização, uma das curiosidades deste jogo é exatamente sobre as localizações. Aqui você vai encontrar diversos locais já conhecidos de outros jogos como a “Kakariko Village”, “Temple of Time” e “Lost Wood” além de diversos outros que não estão com seus nomes explicitamente no mapa mas que você consegue reconhecer ao visitá-los. Além disso há locais com nomes famosos da franquia como por exemplo o Lago Darunia Chefe dos Gorons em “Ocarina of Time”.

[ Opinião ]

Bicho… o jogo é um prato cheio para quem gosta da franquia porque tem coisa pra caramba de diversos jogos do passado, então além de jogar um baita jogo ainda rola um saudosismo.

Outra curiosidade é que você pode enfrentar o Calamity Ganon (desde que consiga chegar nele) em qualquer momento do jogo, mesmo se começou agora. Isso porque ele fica lá no Castelo de Hyrule só esperando você chegar. Aliás não precisa nem ter a “Master Sword” se não quiser ficar caçando ela pelo game (mas que ela ajuda, ajuda).

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Hmmm… Calamity Ganon. Não seria legal encontrar este cidadão por aí.

É isso, o jogo é nota 254 de 10, pra quem é fã da franquia é “must play”, pra quem não é fã também é “must play” para quem nunca jogou Zelda, deve jogar este, para quem não tem Switch da um jeito de pegar emprestado pelo menos pra jogar porque este game é mais do que recomendado, é obrigatório.

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A propósito, para você que é fã da franquia Zelda de longa data, deve ter sacado, senão, aí vai uma última curiosidade… O subtítulo deste texto (É perigoso ir sozinho) faz referência a conquista de itens para o Link no jogo original, “The Legend of Zelda”. A citação completa é "It’s too dangerous to go alone! Take this!”.

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Valeu galera vou ficando por aqui e até o próximo “review”. Um abraço.

19 de outubro de 2018

Para que serve o Nobel de Literatura? (SPASMO! #1)

NOTA DO EDITOR: Apesar do nosso Michel Vieira ser colaborador antigo aqui no UBQ, hoje ele estreia uma coluna de personalidade. Algo que remonta nossa história acadêmica nos tempos da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Sejam bem-vindos à nossa releitura do nosso querido suplemento cultural do jornal “O Patológico”. E sempre com o mesmo espiríto: “O livre pensar… é só pensar!” Fiquem então com o nosso SPASMO! revisitado aqui no UBQ.

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Curto e seco, respondendo à pergunta do texto… para a gente ficar feliz. Todo prêmio é assim. Esse também, como qualquer Nobel. É massa gostar e almejar este Prêmio. Jeca é não tê-lo. Batemos na trave em todas as outras categorias - até na Economia. Na Literatura não.

Há uma lenda que Jorge Amado teria sido considerado até na última hora em 1967, perdendo nos acréscimos para Miguel Angel Astúrias, da Guatemala. É, da Guatemala. E bem melhor que Jorge Amado. Jorge Amado é um saco, caso dos únicos em que as novelas baseadas nos seus livros são melhores que os livros.

Se houve mesmo esta contenda, foi justa em favor do guatemalteco - autor de “Homens de Milho”, livro que não tem nenhuma edição no Brasil. Dá para baixar um pdf com uma edição portuguesa.

homens de milho

O livro nos atropela pela história e estilo, além de ser uma das sementes do Realismo Mágico, florescida com muita força em outro vencedor do Prêmio, Gabriel Garcia Marquez, da Colômbia. "Cem anos de solidão", "O amor nos tempos do cólera" os livros de contos são obrigatórios para tomarmos contato não só com uma escrita surpreendente mas para nos reconhecer, para ver ali desnudada nossa alma sulamericana. Assim também acontece com Astúrias. Tanto um como outro foram universais cantando suas gentes.

Contar sobre sua gente, eis a chave. A Academia Sueca gosta de quem traduz para o mundo o lugarejo onde vive, fazendo reluzir o caquinho que aquilo representa no mosaico da humanidade. Nenhuma arte faz isso como a Literatura. Mas será que neste rincão não houve quem cantasse as desmaravilhas deste rincão? Guimarães Rosa não fez isso? João Cabral de Melo Neto? Lima Barreto? Graciliano? O próprio Jorge Amado? Sim, fizeram, todos estes aí. Como fez Jorge de Lima – mas este requer um parágrafo só para ele.

Sim, ele manteve contato com um membro da Academia Sueca que chegou a colocá-lo "na fila" para o prêmio, estando mais ou menos tudo previsto para a premiação ser entregue lá pelo final dos 50. Tudo ia bem até o começo dos 50, mais precisamente em 52, quando nosso postulante morreu.

jorge de lima

Jorge de Lima era um poeta diletante, seus ganhos vinham do consultório - era médico. Pode ser que essa história seja um exagero anedótico, visto que ele nem na Academia Brasileira de Letras conseguiu entrar. Mas "A invenção de Orfeu" é nossa maturidade cultural. Devia ser lida como se ouve um hino. Estaria o Prêmio em boas mãos.

O que nós nunca conseguimos fazer na plenitude foi transformar em ficção os grandes temas, as grandes épocas ou mesmo as mais comezinhas de nossa história. Érico Veríssimo tentou em "O tempo e o vento", mas foi um soluço. Euclides da Cunha fez um relato jornalístico soberbo em "Os Sertões", depois recontado numa cadência de romance em "A guerra do fim do mundo", projeto ousado de Mario Vargas Llosa que redundou num belíssimo livro, a encher de orgulho nós os brasileiros, e... eles, os peruanos, conterrâneos de Llosa, também congratulado com o Nobel.

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Nossa Literatura é mais dada ao panfleto, aos conflitos pueris - soa ingênua muitas vezes. Não ousa, não rompe, sequer tenta. Não tendo a coragem de contar nossa história na forma ficcional, deixa uma lacuna e com isso se apequena.

Bem se diga a favor de certo engajamento ideológico, que impulsionou Jorge Amado, certamente este pesou na premiação dos dois chilenos ganhadores do Nobel – Gabriela Mistral e Pablo Neruda. Sim, aquela tripinha de país, com todo respeito, tem um "bicampeonato", com ganhadores que, também com todo respeito… deixa pra lá (vai parecer inveja).

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Sobre o mexicano Octavio Paz, que fecha a lista dos latino-americanos a receber o Prêmio, tenho a dizer pouco, nunca o li – queiram me desculpar.

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Mas houve Jorge Luís Borges. O argentino não recebeu o Prêmio, e consta que ficou triste por isso. Coisa de argentino, mas injustiça também. Nem isso temos. Não há um clamor mundial como houve com Borges para um brasileiro deter a láurea. Nossa literatura ainda não fez por merecer o raio do Prêmio e pronto.

Prêmio que aliás, esse ano, foi para... ninguém. Houve uma denúncia de pedofilia, ou outro escândalo sexual qualquer, sei lá, atingindo um dos membros da comissão que escolheria o escriba vencedor. O negócio pegou em cheio a rapaziada e, diante do climão, 2018 passará para a história como um ano sem Nobel de Literatura.

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Envoltos que estamos nessa verborragia pré-eleitoral nem demos pela falta da premiação. Uma pena que não houve, seja lá por qual motivo. Mas a gente nem ligou por aqui.

Talvez porque não ganharíamos mesmo...

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