15 de outubro de 2018

O que se ganha sendo um idiota? (Crônicas Amarelinhas #1)

NOTA DO EDITOR: Com você, nosso novo colunista do UBQ, o Luiz Filipe Mattos. Ele é de Cricíuma/SC, historiador e advogado. A partir de agora, contaremos com o talento dele aqui para a coluna “Crônicas Amarelinhas”. E por que, “Crônicas Amarelinhas”? Bom… isso você terá que aguardar a sonora do Luiz em nosso próximo Um Papo Qualquer para entender o mistério, combinado? Bora lá?

20181015_luiz_amarelinhas2

Estava almoçando após mais um dia normal de trabalho, sentado na parte externa de um restaurante. Quando observei uma cena digna de filmes dos anos 80, em que o jovem/adolescente mais velho, comete atos de bullying com o garoto mais novo. Nos filmes tal atitude se dá pelo fato de ele ser maior e mais forte e com a ideia de impressionar as garotas. Mas contrariando tal enredo, o nosso protagonista (que nesse caso é o praticante do ato) não era maior, nem mais forte e nem haviam garotas para serem impressionadas.

Vamos aos fatos. Uma criança de idade por volta de 10 a 11 anos, jogava futebol em sua casa, quando a bola caiu para o lado de fora da casa, indo parar no canto da rua. Nesse mesmo tempo passavam dois adolescentes, com idades entre 15 e 16 anos, provavelmente voltando para casa após a aula.

Um dos adolescentes, o protagonista (ou antagonista, se o leitor for adepto do maniqueísmo), foi em direção a bola e pegou-a na mão. Neste mesmo instante, o dono da bola, já estava debruçado no muro, provavelmente pedindo para o adolescente que entregasse a bola pra ele (não consegui ouvir os dizeres de ambos, em virtude da distância que estavam de mim).

O nosso protagonista então em posse da bola, não titubeou e ao invés de devolver a bola na mão do legítimo proprietário, deu um chute na bola para cima com a intenção de jogar a bola mais longe ainda do que ela já estava. Sendo que a distancia dos dois no primeiro momento era de apenas 3 ou 2 metros.

meninonarua

A bola fez uma parábola (parábola com bola, não foi intencional, ou foi) no ar, batendo no muro e caindo novamente para o lado de fora da casa. Como a sacanagem já não fosse suficiente, o rapaz que jogou a bola, se aproximou dela, que estava mais longe do que incialmente, dando a entender que iria pegar a bola e devolver de forma civilizada. Mas ele então desistiu e foi embora. Só restou ao dono da bola, pular o muro, busca-lá e voltar para sua casa. Percebi que o rapaz mais jovem, não esboçou nenhum tipo de protesto ou reclamação. A sensação que tive é que ele já estava acostumado com isso.

Voltei a comer, depois do espanto inicial e comecei a refletir. O que um jovem ganha com essa atitude? Qual a sua recompensa? Qual o seu objetivo ao não devolver a bola? Será que todos os adolescentes tomariam a mesma atitude? Era simples, pegar a bola na mão, andar 3 passos e devolver, mas não. Outras perguntas surgem, quem é culpado disso? A escola? A família? O adolescente?

Não sei responder nenhuma dessas perguntas e isso é frustrante. Enquanto pensamos no futuro de nosso país, com medidas que irão atingir a coletividade, talvez esquecemos de tomar providências com o foco no indivíduo, principalmente para aqueles que irão aproveitar mais esse país no futuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...