Antes de começarmos, quero deixar claro algo que deveria ser óbvio: este texto reflete a opinião política de uma pessoa. No caso, eu, Ricardo Marques. O fato de eu expressar aqui minhas opiniões não quer dizer que ela esteja acima de qualquer outra.
Além disso, o espaço é para o diálogo… a troca de ideias. Você em nenhum momento é obrigado a aceitar minha opinião. Mas é claro, deverá respeitá-la. Assim, como eu respeitarei a sua, mesmo divergente da minha.
Se você concorda com estes termos, então vamos prosseguir.
Pois é… o outro extremo da corda. Se de um lado temos o projeto de poder baseado em favorecimento dos companheiros de partido e corrupção desmedida, aqui temos a irresponsabilidade do radicalismo extremista.
A candidatura de Jair Bolsonaro preocupa por vários motivos… em primeiro lugar, temos aqui o culto a pessoa. O salvador da pátria… aquele que está acima do bem e do mal. Que tem a resposta para todas as questões e trará a prosperidade necessária ao Brasil.
Já vimos este filme antes… vimos com Fernando Collor em 1989, vimos com Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. E em ambos os casos, sabemos muito bem o quão desastroso foi eleger um Messias (com o perdão do trocadilho).
Além disso, Jair Bolsonaro não é conhecido no cenário político por sua capacidade administrativa e qualidades políticas. Pelo contrário… temos um cidadão que é parlamentar há quase 30 anos e que teve poucas realizações nas legislaturas que atuou.
Também não tem uma ideologia política claramente definida… já pertenceu aos quadros do PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL (partido atual). Se você observar a trajetória de algumas destas legendas, verá que suas ideias e objetivos são em alguns pontos conflitantes. Fica a impressão que o tal Jair apenas pula de legenda em legenda de modo a adequar suas aspirações políticas. Inclusive havia a expectativa de uma nova troca de legenda… ele entrou em conversações com o Patriotas, mas as tratativas não foram adiante.
No entanto, Jair é conhecido pelas suas polêmicas e posições extremistas. Suas relações para com as minorias ou grupos ideológicos diferentes são agressivas e por vezes desrespeitosas. Teve problemas com simpatizantes LGBT, grupos feministas, ruralistas, entre outros grupos. Por diversas vezes já expressou opiniões misóginas, sexistas e homofóbicas.
Considerando o conjunto da obra - um político que não respeita minorias e o diálogo, um político de pouca articulação apesar de tantos anos na vida legislativa, um político que não tem uma ideologia política definida e pauta seus discursos com ideias extremistas e que muitas vezes são consideradas simpáticas a ditadura militar – temos uma bomba relógio. Algo demasiadamente imprevisível.
Fica difícil não se preocupar com tudo isso.
Bolsonaro ganhou notoriedade por seu discurso populista, incitando de modo até mesmo irracional a revolta ao estado atual de coisas. Ok… concordo… o país tá uma merda. Nossa política está uma bosta. A classe política está desgastada em meio a tantas denúncias de corrupção e descaminho. Bolsonaro aproveitou todo este cenário, juntamente com o desencanto da população para se apresentar como a nova via.
De novo, um messias (com o perdão do trocadilho) que se apresenta acima do bem e do mal, com a solução para tudo que está aí de errado.
Não existe isso. E ao que parece, o brasileiro não aprendeu com sua própria história… Vargas, Jânio, Collor, Lula… Bolsonaro… todos se apresentando como a solução de todos os males, acima do bem e do mal.
Um verdadeiro perigo.
Em tempo… enquanto eu preparava este texto, tive acesso a uma reflexão proposta por Luciano Pires (escritor, palestrante motivacional e podcaster, além de ser responsável pelo site Café Brasil). Em um textão do Facebook ele fez um panorama geral da votação. Em sua argumentação, ele explica a razão de ter mudado seu voto (antes ele declarou votar em João Amoedo do Partido Novo) para Jair Bolsonaro.
Eu recomendo muito a leitura do texto. Mesmo…
Ainda que eu não concorde com as ideias do Luciano Pires sobre o Bolsonaro, devo admitir que seus argumentos são lúcidos. Acho uma reflexão muito válida e pode ajudar você a definir seu voto. Mais uma vez, recomendo a leitura.
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