29 de outubro de 2018

Qual o Limite? (Crônicas Amarelinhas #2)

Tenho o privilégio e/ou desprazer de morar em frente a uma praça. Digo privilégio, por poder ter acesso a uma área com brinquedos infantis, mesinhas, quiosques, quadras esportivas, algo muito raro nas cidades do nosso país.

20181029_amarelinhas

Já o desprazer é por que tenho que conviver com outras pessoas em um ambiente de consumo de drogas lícitas e ilícitas, violência e alguns elementos, como esse exemplo:

20181029_amarelinhas1

À primeira vista é bem engraçado. Mas eu, como sempre, comecei a descascar essa cebola de dezenas de camadas (citei o filme do Shrek mesmo). Surge em meu pensamento, uma coisa que nos dias de hoje estamos discutindo a todo momento, qual o limite das coisas?

Eu explico. Primeiramente, qual o limite da arte? Pichação é arte? Resposta difícil. Não por ser feio, não por ser transgressor, não por ser um crime. A arte segundo os manuais da vida é a expressão de um indivíduo ou de um grupo. Nesse caso, expressão através da tinta sobre algo (como uma placa de inauguração) que representa a urbanidade, chamada de pichação. Então, isso é arte?

20181029_amarelinhas2

Estabeleci em minha vida um critério para isso. Só é arte, se você não passa por cima da arte dos outros. Explico com exemplos. Um Busto de uma personalidade histórica, por mais que seja alguém não muito popular, é arte. Se eu expressar minha arte (pichando), sobre a arte de outro, estou desvalorizando a arte original e a minha arte. Estou sendo antiético e menosprezando a arte em si. Um prédio, uma casa, um monumento são elementos artísticos sim, representam a expressão e o sentido de um arquiteto, de um projetista ou de um simples e humilde pedreiro. Me expressar sobre a arte de um colega é antiético sim e não é arte.

20181029_amarelinhas3

Em segundo lugar, levanto outra questão, qual o limite do humor? Falar de religião é humor? A piada descrita na pichação que ilustra o início deste texto mostra que o humor pode bater de frente com elementos considerados incontestáveis da nossa sociedade (como política, religião e o futebol).

O humor ataca e defende tudo que o envolve, é uma crítica aberta a sociedade em que vivemos. Se você não aceita o humor, ficará bem frustrado e poderá ser a chacota de outras pessoas.

Nesse também estabeleci um critério, acho que o humor não tem limites. Diferente da pichação, o humor tem o objetivo de divertir e descontrair. Fazer piadas, não deveriam ofender ninguém. O nobre leitor, poderá me condenar por isso, mas eu explico. O humor tem que transitar por todos os elementos da sociedade. Pois ele é uma ferramenta de transformação dos status quo. Talvez sem o humor, coisas cotidianos não teriam nenhum sentido de serem feitas.

20181029_amarelinhas6

As pessoas dizem que as verdades são faladas nas brincadeiras, mas, essa máxima não é verdade, o humor não é isso. Como eu disse, a piada serve apenas para divertir, essa é sua função social. Dizer que Jesus me ama por que não me conhece não vai fazer eu ser mais ou menos cristão. Rir de si mesmo, rir da vida, rir dos seus problemas, é uma solução para enfrentar a vida.

Histórias difíceis, problemas pessoais, problemas de relacionamento eu sempre enfrentei-os de forma bem humorada. Contar histórias da minha vida, dos meus problemas, em forma de humor, sempre me fizeram bem. Talvez, querido leitor, encarar a vida dessa forma, faz com que as coisas aconteçam de uma forma melhor e mais prazerosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...