Buenas,
Nessa semana, as guitarras dão a vez pro hip-hop. É sobre os beats e as rimas de um baiano pra lá de porreta que a gente fala essa semana.
Sair da zona de conforto, se reinventar, sentir-se desafiado. Provavelmente seja isso que tenha passado pela cabeça de uma das mentes por trás de uma das melhores bandas da nova safra do rock brasileiro, a Vivendo do Ócio.
Seu batera, Dieguito Reis, larga mão da distorções das guitarras e junto a um coletivo de amigos e colaboradores, lança um disco pra lá de bacanudo e inusitado (e no caso, veja ‘inusitado’ como um grande elogio), pra dar voz às suas experiências de maneira diferenciada da VDO.
Trabalho de formiga, feito beat por beat, colagem por colagem, mostra um músico antenado com o que de mais atual acontece na música contemporânea brasileira. Há espaço pra misturas: o regional se encontra com o urbano para criar o novo, e tirar o hip-hop do lugar comum. Com produção esmerada e um capricho de quem faz o que gosta, conta com um timaço de convidados: Jajá Cardoso da VDO, Galf AC, Beatriz Oxe, Del Jay, Lau e Eu e Peu del Rey). Para ele, se reinventar parece ser uma tarefa muito mais prazerosa. E aqui, as ideias fluem, e muito.
As letras retratam sua infância e adolescência na periferia de Salvador e mostra as mazelas de onde o governo não chega. Mostra a transição de um migrante que sai de sua terra natal e vem pra São Paulo pra tentar a sorte e viver da sua arte, sem abrir mão de suas raízes. Sua história de jovem brasileiro e periférico são as bases das letras pra esse primeiro trabalho solo de Dieguito.
Não se espante se a criatura se tornar maior que o criador, esse trabalho, "Patcharas" tem tudo pra fazer bonito e pode brigar com muito orgulho por seu espaço no cenário nacional.
Pra quem esperava um disco de rock’n’roll, quebrou a cara… assim como esse escriba. Mas a surpresa e o estranhamento foram pra lá de positivos. Dieguito se mostra plural e um músico pra lá de surpreendente.
Ah, sim… O significado de ‘Patcharas’ é o grande chefe da tribo, o cara que comanda, que manda, que dita as regras. Um bom nome pra essa nova fase que coloca Dieguito a frente de seu processo criativo.
Um disco pra lá de bacana pra fazer bonito como trilha sonora em um belo dia de calor.
Pra ouvir, clique aqui.
Logo menos tem mais.
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