29 de novembro de 2014

A UNIVESP e seus alunos cobaias (parte I)

Pergunta rápida: quantas universidades públicas estaduais existem em São Paulo?

Hmmm… USP, Unicamp e Unesp? Errou…

Pois é… são quatro. Temos também a UNIVESP. Mas o que diabos é a UNIVESP? Eu já falei sobre ela no meu blog onde posto o meu portfólio de aprendizado. Sim… atualmente eu sou um aluno da UNIVESP. Curso de Licenciatura em Ciências Naturais.

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Já falei (e falo) bastante sobre a estrutura da UNIVESP por lá. Quem tiver interesse faça uma visita. Desde já, agradeço seu interesse.

Mas hoje quero falar sobre as dificuldades do curso… especialmente sobre as dificuldades do corpo discente. Isto é, os alunos.

Recentemente, surgiu uma torrente de e-mails criticando a atual estrutura do curso. Em linhas gerais, muitos estão criticando a excessiva carga de trabalho com infindáveis atividades (portfólio, projeto integrador, etc…). Alguns estão criticando também o foco do curso, salientando que não estão conseguindo aprender. Outros ainda estão criticando a falta de organização da instituição.

Temos ainda os defensores do sistema. Alguns até estão sendo ríspidos em suas colocações, colocando a culpa na falta de organização dos alunos.

Como em toda grande aglomeração, todos querem ter razão sobre seus pontos. Mas eu creio que neste momento – antes da crítica maciça – acho importante entender o ponto de vista de quem está sufocado pela carga excessiva de trabalho.

A estrutura atual e seus problemas

O aluno da UNIVESP atualmente tem que cumprir um cronograma de atividades em cada uma das disciplinas que está cursando. Temos acesso a um sistema (ambiente) virtual de aprendizagem que dá acesso ao cronograma, aos vídeos das aulas e aos materiais didáticos aplicáveis. Temos também algumas atividades que devem ser trabalhadas e enviadas para correção. Além disso, temos que elaborar um portfólio (uma espécie de resumo) das atividades que desenvolvemos para cada aula.

Como toda atividade planejada, é claro que existe um prazo para a produção deste material de aprendizado. E aí reside o primeiro problema: no 1° bimestre  o prazo estipulado vencia no final do bimestre. Para este 2° bimestre o prazo é semanal. A cada semana um rol de atividades deve ser desenvolvido.

Tipicamente, cada semana corresponde de uma a quatro aulas, dependendo da disciplina. Para cada aula temos de 1 a 4 vídeos com duração média de 18 minutos. Para eu resumir a história, em uma semana típica temos uns 12 vídeos para assistir, totalizando 216 minutos (praticamente 3,5 horas). E além dos vídeos, temos a leitura dos materiais didáticos que pode variar de um documento de 3 páginas feito no Word até um (ou mais) artigos científicos com várias páginas de leitura.

Além da visualização das aulas e da leitura dos textos, ainda temos que produzir o material do portfólio, a resolução das atividades e o fechamento, com a reflexão do aprendizado.

Eu já passei por isto em outras graduações (sim… alguns usaram o argumento de autoridade de que eram graduados ou pós-graduados para justificarem suas opiniões) e sei que desenvolver um assunto para aquisição de conhecimento demanda tempo, demanda reflexão e análise.

Não sou pedagogo e também não sou autoridade da área da educação. Mas tenho uma opinião… Do ponto de vista de aprendizado, o esquema proposto é ótimo. Ele permite que você tenha contato com a visão inicial do conteúdo (a aula do professor) e apresenta material complementar para você ampliar sua visão, refletir sobre o que está sendo apresentado, para enfim, gerar o seu conhecimento.

É um esquema que funciona. Eu vi isto quando cursei medicina na UNICAMP. Eu vi isto quando cursei biologia na USP.

O "problema" é que este esquema pressupõe um pré-requisito básico: disponibilidade de tempo.

Li mensagens de uma "colega" que chegou ao absurdo de sacramentar que tinha tantas horas para o trabalho, tantas horas para alimentação, tantas horas para descanso e tantas horas para estudo. Que a culpa estava em quem não conseguia se organizar e que deveriam parar de ficar chorando.

Um recado a esta "colega"… pode ser que você até consiga fazer tudo dentro do prazo, mas dúvido que você tenha aprendido qualquer coisa. Uma coisa eu tenho certeza de que não aprendeu… a ter empatia… não aprendeu a se colocar no lugar dos outros para entender suas dificuldades.

Eu tenho alguma experiência com cursos de graduação (afinal foram três e todas em universidades públicas) então creio que tenho algum domínio sobre o assunto. Existem duas maneiras de se fazer qualquer atividade: a bem feita e a mal feita. Podemos nos enganar, e acreditar que algo está sendo feito. Ou podemos nos indignar e demonstrar que algo está errado.

Eu prefiro fazer a coisa do jeito bem feito… então vou me indignar e demonstrar o que creio estar errado.

Não tenho vergonha de dizer: não estou dando conta porque não consigo ter tempo hábil para desenvolver de forma plena todos os conteúdos apresentados. Eu trabalho, tenho família, tenho meus afazeres domésticos, tenho meus momentos de diversão e tenho a faculdade. O tempo é exíguo e muitas vezes o conteúdo para ser compreendido precisa ser visto e revisto.

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E não é falta de organização ou planejamento. Para fazer bem feito, preciso de tempo. Para fazer de qualquer jeito, preciso apenas de três horas na frente do computador.

Portanto, não me venham com esta conversa de que basta de organizar… a impressão que tenho é que os responsáveis pela criação do curso fizeram um belo trabalho de criação. E agora estão usando esta primeira turma para aparar as arestas e adequar o curso. Equilibrar a questão entre expectativa e realidade.

É um curso semi-presencial e deve ser visto como tal. É um curso que conta muito com o trabalho individual, mas cabe também a instituição dosar o conteúdo ao perfil dos alunos e encontrar o meio termo.

Bom… escrevi demais hoje. Esse artigo continuará. Ainda quero falar sobre o projeto integrador, o conteúdo de algumas disciplinas e sobre a construção do portfólio. Mas isto ficará para outro texto.

P.S.: sim… eu poderia usar o tempo gasto para a construção deste texto me dedicando às atividades do curso. Mas é que… sabe como é… tenho este defeito terrível de querer melhorar as coisas… Fui membro de Centro Acadêmico por quatro anos… então certos hábitos a gente têm dificuldade em perder.

5 comentários:

  1. Parabéns, ótimo texto, concordo em todos aspectos.

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  2. estava procurando alguem que tivesse uma opiniao desvinculada sobre pros e contras, que nao fosse uma materia de reportagem, alguem q falasse das entrelinhas do EAD no dia a dia, q estivesse vivendo isso com eu estou.Ter achado voce(s) foi otimo, obrigada pela "luz" nesse tunel escuro rs

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  3. que bom achar 1 "cobaia"- c/todo respeito- pois esse ano fiquei na lista espera da Univesp, mas almejo ser 1 cobaia deles too

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  4. Gostei e concordo.... me falta tempo também... Em especial porque faço dois cursos... Não é fácil, mas continuo até o fim!

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