29 de novembro de 2018

Os Sonhadores - Uma Homenagem a Bernardo Bertolucci

Olá meus queridos!

Bem vindos de volta a esse nosso papo sensacional sobre cinema aqui no UBQ. Essa semana, infelizmente, perdemos mais um dos grandes mestres do cinema, o, por vezes polêmico, por vezes engraçado, mas sempre inteligente e muito talentoso, Bernardo Bertolucci.

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Bertolucci era uma grande parte da história do cinema mundial, dono de uma carreira além de invejável, com uma série de prêmios e dois prêmios da academia em seu nome, ele foi diretor assistente de ninguém mais, ninguém menos que outro grande mestre faixa coral do cinema… Pier Paolo Pasolini.

Bertolucci dirigiu, escreveu, produziu, uma quantidade realmente impressionante de obras, sempre com um estilo muito peculiar e uma forma muito única de contar suas histórias.

Pra ilustrar um pouco dessa carreira, escolhi um de seus filmes, um dos mais recentes dirigidos por ele, considerando que ele encerrou sua carreira de diretor em 2013. Vamos falar um pouco sobre Os Sonhadores, de 2003.

[ A história ]

Esse filme, dirigido pelo Bernardo Bertolucci, estrela o Michael Pitt, Louis Garrel e a hoje conhecida e tão subestimada Eva Green.

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Os Sonhadores conta a história de Matthew, um estudante americano em um intercâmbio pela França no final dos anos 60, enquanto uma revolução estudantil acontecia em Paris. Matthew é um apaixonado por cinema e, nos seus passeios e idas ao cinema, ele acaba conhecendo um casal de irmãos gêmeos, Isabelle e Theo, que também frequentam o cinema regularmente.

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Uma amizade nasce entre os três e acabam convidando Matthew pra jantar na casa da família dos gêmeos. O jantar ocorre normalmente com os pais dos gêmeos e Matthew acaba dormindo na casa. Os pais dos gêmeos, no dia seguinte saem em viagem, deixando Matthew e os gêmeos sozinhos.

A partir desse momento sozinhos, Matthew percebe que aqueles irmãos tem um relacionamento, digamos, mais próximo que o comum e acabam trazendo Matthew pra esse relacionando e os jogos sexuais e mentais que esses irmãos adoram fazer, sempre envolvendo o cinema como tema desses jogos.

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Encerro por aqui essa sinopse desse filme tão provocativo e tão inteligente e já aviso que não é um filme pra assistir com a família na sala, pois apesar de ser um filme inteligente, Bertolucci sempre utilizou a nudez e o sexo nos filmes dele como ferramentas narrativas muito poderosas, coisa que ‘Os Sonhadores’ faz muito bem.

[ Análise ]

Acredito que esse filme seja um dos mais incisivos e apaixonados do Bertolucci, pois nessa obra ele usa a relação dos gêmeos e a inocência do Matthew pra falar muito sobre a perda da inocência, até onde vão nossos controles aos desejos e o que acontece quando toda a "decência" é abandonada e alguém se entrega totalmente àquilo que deseja. Tudo isso regado a uma grande declaração de amor ao cinema, que também é uma marca muito forte de Bertolucci em praticamente todos os filmes que fez.

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E segura esse trailer!

Mas, fica aqui um aviso: lá no começo eu falei que às vezes o Bertolucci foi um cara bem polêmico, como por exemplo o quase estupro de Maria Schneider durante as filmagens do "Último Tango em Paris", tudo em nome do "realismo".

Bom… em ‘Os Sonhadores’, apesar de não ter esse histórico de violência, ainda assim pode ser visto como tendo vários problemas, o excesso de nudez e as situações e jogos sexuais podem acabar sendo vistos como quase pornográficos pelo espectador, a experiência cinematográfica é algo bem subjetivo, então… né… assista sob própria conta e risco.

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O filme tem coisas muito interessantes a dizer, mas ele também exibe imagens e temas fortes, por isso, saiba onde está entrando e não diga que eu não avisei antes!

Enfim, apesar das polêmicas, Bernardo Bertolucci foi, inegavelmente, grande parte da história do cinema, um excelente diretor e alguém cujas obras merecem ser aproveitadas.

Descanse em paz e com a sensação de dever cumprido!

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Fico por aqui, então a gente se vê na próxima coluna, pra falar de outro filme, com menos homenagens, tristezas e polêmicas (eu espero!). Até a próxima e bom filme!

[ Serviço ]

  • “Os Sonhadores” (The Dreamers), 2003 – Drama/Romance, 115 minutos
  • Sinopse: Matthew  é um jovem que, em 1968, vai estudar em Paris. Lá ele conhece os irmãos gêmeos Isabelle e Theo. Os três logo se tornam amigos, dividindo experiências e relacionamentos enquanto Paris vive a efervescência da revolução estudantil (Fonte: Adoro Cinema).
  • Direção: Bernardo Bertolucci
  • Produção: Jeremy Thomas
  • Elenco: Michael Pitt, Eva Green, Louis Garrel.
  • Lançamento: 10/10/2003 (Itália)
  • Disponibilidade na data da publicação desta resenha: indisponível nas plataformas de streaming Netflix, Amazon Prime e Google Play.

28 de novembro de 2018

Scatolove - "Lei de Muffin" (Disco da Semana #47)

Buenas,

Semana complicadinha… entrega do TCC, fechamento de estágio além de algumas  burocracias universitárias. Me acompanhando no meio desse caos de documentos, textos e pdf’s, a estreia do Scatolove. E que ajuda providencial, um oásis de sanidade e bom gosto no meio de toda essa confusão universitária.

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Leo Ramos é um cara pra lá de criativo. É produtor de mão cheia, um baita músico (toca TUDO!!!) e escreve algumas das melhores letras dos últimos anos com sua banda principal, a Supercombo.

Nesse disco, foge um pouco da sonoridade de sua banda de origem, se dá o direito de soar mais pop, mais plural e de mudar seu instrumento, assumindo as baquetas, os teclados e parte das vozes (o cara é um polvo!).

Mas não faz isso sozinho, conta com a ajuda pra lá de especial de Edu Filgueiras (do ‘Far From Alaska’ no baixo/guitarra) e de sua inseparável Isa Salles (esposa e cantora com uma voz incrível) para criar um dos discos mais divertidos e criativos de 2018.

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Fofo, mas sem perder a acidez e sem abrir mão de temas densos (mesmo que sejam ditos com leveza), falam sobre cotidiano e relações humanas de maneira tão autoral que parece que cada uma das canções são passagens reais da vida de ambos, sem abrir mão de criticar a sociedade contemporânea (e todas as suas doenças: do corpo, alma e cabeça).  Pra refletir sem abrir mão da diversão (fator preponderante a este discaço).

Com uma produção absurda (feita praticamente em casa), sonoridades e timbres que mesclam o orgânico e o eletrônico, além de um instrumental pra lá de bem executado, servem como plano de fundo pra alguns dos vocais mais marcantes da já longeva carreira do casal. Hora voando solo, hora em dueto, não se furtam imprimir sua marca e impor seu estilo, e o fazem de maneira tão natural, que é possível perceber o quanto eles se divertiram ao gravar e ao criar essas canções.

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Um disco pra cantar junto, em alto e bom som (em casa ou ao vivo num show da banda) que mostra que o Scatolove veio pra ficar, e não ser apenas o projeto paralelo de dois músicos profícuos em busca de diversão.

O negócio aqui é coisa de gente grande, um discaço. Candidato sério a melhor disco de 2018, esse é daqueles discos que a gente se orgulha de apresentar pros amigos.

Quer uma análise sincera e divertida do mundo sem soar careta, clique aqui e divirta-se.
Logo menos tem mais 

27 de novembro de 2018

Assassin’s Creed 2 – Nada é verdade, tudo é permitido.

Olá amiguinhos do Um blog qualquer, tudo na paz? Hoje estamos aqui para falar de um jogo que meus queridos, me fez curtir demais esta franquia. A trilogia do Ezio começa aqui.

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Galera eu comecei a jogar esta franquia por este game, depois eu fui jogar o primeiro com Altair… aí não teve jeito… virou xodó.

[ Sobre o jogo ]

Desta vez o jogo se passa na Itália e mostra a família Auditore, rica, influente e com um grande segredo: sua ligação com os Assassinos.

Bom, logo no começo do game nós já descobrimos que Ezio irá enfrentar uma baita rede de Templários que está embrenhada na Itália. E o que esses caras fazem pra facilitar a vida? Eles acusam a família Auditore de um crime e executam alguns de seus integrantes sendo que Ezio e sua mãe são um dos poucos que escapam.

Ezio descobre um baú nas coisas da família e lá encontra a famosa roupitcha dos assassinos e sua mais icônica arma, a hidden blade.

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Dai em diante você joga com um cara que nunca recebeu treinamento algum para fazer o que estava prestes a fazer porém que vai evoluindo durante o game mostrando que seu DNA guarda todas as lembranças, técnicas, conhecimentos que ele precisa para se desenvolver como um grande assassino.

O mote não muda muito de qualquer outro joga da franquia, os templários querem ampliar o poder se embrenhando em posições fortes na região e os assassinos na surdina tentando impedir o progresso do inimigo.

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O que destaco aqui é a beleza das cidades italianas que são apresentadas no game e o profundo estudo histórico do time da Ubisoft.

[ A jogabilidade ]

Galera, é um jogo que vale a pena ser jogado pois além de trazer uma ambientação animal, a história é envolvente o personagem é carismático e tudo joga a favor…

Tão a favor que mais duas continuações da história de Ezio foram lançadas, uma chamada Assassin’s Creed Brotherhood que continua exatamente de onde o Assassin’s 2 parou (sério tipo o filme do final acaba no 2 e é dai que começa no brotherhood) e Assassin’s Creed Revelation que mostra um Ezio mais velho, com mais recursos bélicos, uma hidden blade em forma de gancho que só tem neste game e uma localidade animal… o reino da Constantinopla.

Mas esses outros dois eu falo depois…

A jogabilidade aqui não muda muito do que vemos no primeiro game ou em outros, tem corrida, escalada, esquiva, aparar com arma, esquivar e atacar, armadura, armas corpo a corpo e à distância.

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O que temos aqui são novos elementos que dinamizam mais o personagem como a visão aquilina sem em terceira pessoal e não em primeira como no Assassin’s Creed original, dando a Ezio a passibilidade de utilizar este recurso em movimento, hidden blade dupla presente do amigo de Ezio, Leonardo Da Vinci (lembra que falei do cunho histórico? É animal!!!) que te possibilita eliminar 2 alvos ao mesmo tempo e nadar agora também é possível.

Além de dinamismo por parte do personagem há também um sistema econômico que você vai desbloqueando ao longo do jogo através de estabelecimentos que você compra e aprimora em uma vila que você passa durante a história…(não posso falar mais que isso para não dar spoiler, ok?).

[ Veredito ]

Cara… vale muito a pena, eu tenho este como meu preferido (essa trilogia, no caso) e recomendo demais. Tenho até um action figure do Ezio.

Uma curiosidade que envolve o game é a quantidade de easter eggs que você encontra pelo fato do game trazer bastante realidade. Então várias figuras importantes da história aparecem como o supra citado Leonardo da Vinci, Rodrigo Borja, entre outros.

Outro fato que vale a pena prestar a atenção é no momento que Ezio chega a uma vila(Monteriggioni) e encontra seu tio Mario… atenção no momento do encontro... eu ri com esse easter egg.

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Por fim uma curiosidade pessoal….

Meu avô é filho de italianos e durante o gameplay houve uma manhã que ele passou por mim enquanto eu jogava e viu na tela um edifício histórico italiano que eu – vergonhosamente – não me lembro agora  qual é...

Ele me perguntou se era mesmo o prédio. Acessei o banco de dados do game e vi que eu já tinha desbloqueado a historia do local então eu li o nome e os fatos históricos de lá, comprovando que meu avô tinha razão.

Ele adorou saber que o jogo de vídeo game trazia esse tipo de conteúdo e ao perceber isso, eu sai andando pela cidade para mostrar outras localidades pra ele. Ponto para Ubisoft que fez um ótimo trabalho histórico e chamou a atenção do meu avô.

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É isso amiguinho, quem puder pode jogar esse e os demais games do Ezio porque tem para geração atual de consoles. Se não jogou, está esperando o que? Sério joga esse pelo menos, os demais eu deixo não jogar (O “Black Flag” é animal também então joga esses dois, certo?).

Selinho de aprovado.

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Um abraço pessoal e até o próximo game.

26 de novembro de 2018

Eu poderia estar roubando… (Crônicas Amarelinha #5)

No último fim de semana, fui visitar uma bela cidade turística aqui nas proximidades e consegui pegar uns bons dias de sol, tendo a oportunidade de andar na beira mar desta cidade e apreciar a praia, a areia e as belezas naturais.

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Não quero falar, necessariamente, das belezas naturais, mas sim das pessoas. Ao andar por poucos metros, bem no coração da praia, vi muitas pessoas bem distintas. Em um primeiro momento vi vários idosos.

Realmente o pessoal da terceira idade se faz muito presente na praia. Principalmente nesse período que ainda não é considerado alta temporada. O pessoal que está aposentado, gosta de frequentar esses ambientes, para gastar e se divertir.

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Além dessas figuras, me destacou também, um grande número de pedintes, moradores de rua e pessoas “avulsas”. Os considerados excluídos da sociedade, estavam lá. Dormindo nos bancos, deitados na porta do shopping, manobrando veículos, circulando entre um ponto e outro, esperando uma oportunidade de ganhar um dinheiro (de forma lícita ou ilícita), para comprar comida, ou até drogas (lícitas ou ilícitas).

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Talvez o meu destaque seja algo rotineiro e comum nas grandes cidades. Mas não deveria ser. Não é possível que seja normal ter um exército de pessoas, em idade apropriada para o trabalho, que não estão trabalhando. Mas estão por aí, sem grandes objetivos. Esse é um sério problema social, o que falta para essas pessoas?

Será que lhes falta emprego? Será que lhes falta conhecimento para o mercado de trabalho? Será que lhes falta vontade de trabalhar? Será que lhes falta condições para sustentar seus vícios? Será que lhes falta acolhimento familiar?

Conversando com pessoas, que conhecem essa realidade, ouvi o relato de que o governo contrata um ônibus (ou algo similar), recolhe essas pessoas, consideradas “avulsas” e os leva para outro lugar. Ou seja, durante a alta temporada do verão, esse problema deixa de existir. Os turistas então não percebem o problema, só percebem as belezas e as atrações da cidade. Portanto, problemas social resolvido, não é mesmo?

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Resolvido, até surgirem outros pedintes, mendigos e desempregados, no próximo ano e o ciclo começar de novo. Novamente os invisíveis se tornam visíveis, até ficarem invisíveis de novo e te abordarem na rua, dizendo as seguintes palavras “Eu poderia ter sumido...”

21 de novembro de 2018

Gram - "Outro Seu" (Disco da Semana #46)

Buenas,

A resenha de hoje é de um disco não tão novo, mas de uma importância vital na minha bagagem musical e um dos maiores discos do rock brasileiro.

Eu tive o prazer de escutar esse disco ao vivo em um pocket show que eles fizeram no começo de dezembro/2014. Aliás, na ocasião, tive a oportunidade de resenhar aquele show aqui mesmo no UBQ… Você pode conferir a resenha neste link. E o que eu posso dizer? Bom… ele soa tão bem quanto em estúdio. Hoje falamos da volta… o retorno triunfal do Gram.

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Cara, que disco é esse?! SENSACIONAL!!! O Gram, após 7 anos de hiato, voltou em 2014 com os dois pés no peito, cobrando o seu posto de melhor banda do rock’n’roll brasileiro (com méritos e direitos) e lançando o disco do ano (entre os nacionais… fato consumado).

Após o fim abrupto e inesperado em 2007 com a saída do vocalista e principal compositor, Sérgio Filho, como continuar? Levou um bom tempo para que os remanescentes (Fernando Falvo na bateria, Marcello Pagotto no baixo e Marco Loschiavo com as guitarras) conseguissem equalizar o término e se reconstruírem como banda e unidade.

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Infindáveis pedidos públicos de volta, e várias conversas com o ex-vocalista aconteceram sem que se houvesse um consenso sobre o retorno. Ao final, optou-se pela continuidade, mas com um novo vocalista, Ferraz foi incorporado e deu o gás que eles provavelmente precisavam pra voltar a ativa, da mesma maneira inesperada com que foram.

O disco – um EP com 7 canções, e menos de 40 minutos – nos deixa sedentos por mais novidades. Abre guitarreiro com "Sem Saída", a escolhida pra ser o single de estreia. O disco é plural, muito diversificado.

Da balada cheia de slides e violões e letra genial em "Toda a dor do mundo" ("... e tão bela é a luz que ilumina sem perguntar por que, por ser tão breve de si...") a levadas hendrixianas em "Meu tom", mostram que não perderam a mão e que evoluíram nesse tempo longe.

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Ecos de rock inglês dos anos 90, cozinha extremamente bem formulada, guitarras cheias de personalidade e criatividade, além de violões que são um recurso muito utilizado nesse novo trabalho dos caras, são a base para a voz de Ferraz que se impõe a frente da banda e mostra que é uma grata e positiva surpresa, principalmente em "Sei" onde o vocal realmente toma a frente.

O mais bacana, foi contarem com o aval e apoio do antigo vocalista, que deu a sua benção pra que essa volta acontecesse, e se declarou fã dessa nova formação.

O Gram mais uma vez nos dá uma aula de rock’n’roll cosmopolita e contemporâneo.

Mais do que recomendado, essencial. Quer ouvir? Clica aqui.

Logo menos, tem mais.

20 de novembro de 2018

Metal Gear Solid 3 (Snake Eater) – Snake? Snake?? Snaaaaaaake!!!”

E aí, rapaziada do UBQ, beleza?

Estamos aqui reunidos para falar de mais um game da minha lista de “Top 10 games que mais gostei”… Sim amiguinhos!!! Da franquia Metal Gear direto para o conforto da tela do seja lá qual for o dispositivo que você usa para ler esta coluninha, Metal Gear 3: Snake Eater.

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Galera esse jogo é muito, mas muito fantástico… quase sem palavras para descreve-lo. Metal Gear é uma franquia bem antiga. A primeira versão do Metal Gear foi lançada para o MSX2 em 1987.

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A franquia ficou bastante famosa lançando um baita dum jogo para o PS1 (Metal Gear Solid) – e na minha opinião – o melhor da franquia e do gênero… Metal Gear 3: Snake Eater para o PS2.

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[ Sobre o jogo ] 

Aqui temos um clássico jogo de espionagem colocando você na pela de Naked Snake, o primeiro grande agente da organização que daria origem à Foxhound.

Você começa no meio de uma floresta Soviética com basicamente a roupa do corpo, uma arma tranquilizante, uma missão e o grande suporte da terra do tio Sam…

Pausa para descrição do suporte…

“Snake, você está em uma missão não-oficial portanto qualquer equipamento que precisar deverá conseguir ai pois não poderá deixar nenhum vestígio de sua passagem pelo país.”

“Ahhhh, se você for pego vamos negar que você é agente americano então está por sua conta e risco…ta não está 100% por sua conta, se precisar de “nóis” aqui é só bater um rádio que estamos aqui. Um abraço fui…”

Termina a mensagem do General.

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Pronto, tai um ótimo começo de jogo… Pera aí! Faltou outro detalhe: lembra do radar que tinha nos outros jogos da série Metal Gear? Bom aqui não tem essa parada não… estamos no meio da década de 60 tio… guerra fria… saporra não tem tecnologia de ponta não.

A partir daí queridão, é espionagem na raça, se escondendo, usando roupas camufladas, táticas para contornar ou engajar inimigos, não fazer barulho pra não chamar atenção, derrubar o cara com rádio para ele não passar a letra para central… E vamo que vamo… porque a floresta é uma das fases do jogo, tem coisa pra caçamba pela frente.

Eu disse coisas??? E os Inimigos PH?

Bom, tem o vilão do Jogo… Coronel Volgin que é o cara que tá zoneando a coisa toda e quer estourar uns mísseis nucleares por aí. E você tem também a principal personagem do jogo (que foi quem te treinou para ser o agente fodástico que você é)… The Boss.

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Sim amiguinhos, apesar do “chefão final”, The Boss (que eu achei que ficou parecida com a Madonna) é a principal personagem tanto pela representação na vida do Snake quanto para a história que está rolando.

Existem outros dois personagens bem marcantes também, Ocelot (já conhecido de quem jogou o Metal Gear do PS1 e que aqui em Snake Eater revela porque no futuro ele é chamado de Revolver Ocelot) e Eva… uma espiã, agente dupla, cretina, boazinha, paixão, sei lá mais o que, que bagunça a vida do Snake durante o jogo.

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“Mas PH a missão então é chutar a bunda deles?”

Não gafanhoto, sua missão é resgatar o cientista Sokolov das mãos de Volgin, que quer usá-lo para finalizar o projeto de uma arma de lançamento de mísseis que é capaz de atirar um projétil de um continente para outro (o avô do Metal Gear Rex).

[ A jogabilidade ]

Falando da jogabilidade, aqui é um terceira pessoa com a câmera mudando de posição de acordo com a parte da fase que você está. Você tem recursos bélicos e de suporte que vai adquirindo ao longo do jogo e precisa usar tudo o que encontrar para conseguir sobreviver.

O jogo é no estilo “stealth” mas dá pra você sair atirando como um louco ou – se quiser mais diversão – sair descendo a porrada com suas técnicas de CQC (Close Quarter Combat) e derrubar (ou arrebentar) os inimigos com as próprias mãos.

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Um recurso muito útil ao longo jogo é a camuflagem…procure pelas fases tudo que for mascara, pintura de rosto e roupa pois isso vai te ajudar demais a passar por tudo que for situação.

Outra coisa legal é que você pode revisitar partes do jogo por onde já passou e pegar coisas que deixou para trás. Muito útil isso…

Prestem atenção na abertura do jogo no maior estilo início de filme do 007. Além das cenas a música… rapaz… que música! Eu tenho ela na playlist do spotify inclusive de tão boa que é.

Curiosamente, existe um momento do jogo que eu chamo de “cena da escada” em que a música é tocada novamente. Já adianto… se começarem a subir uma escada já saibam que a música vai tocar e a escada só acaba quando a música acabar (não adianta parar de subir porque a música abaixa e para de tocar retomando do ponto que parou quando você continuar subindo).

Outra curiosidade engraçada é que toda vez que você precisar recuperar vida, será preciso entrar em uma tela de cuidados médicos e executar ações específicas para cada machucado: se você sofre uma queimadura precisa seguir um passo-a-passo que vai de passar água, pomada,enfaixar, etc. Ou se você levar um tiro, tem que primeiro tirar a bala, corte tem que suturar, e por aí vai (calma… tem uma frequência na rádio que te ensina tudo).

Nesta tela, se você acionar o modo “raio x” e ficar chacoalhando o Snake, ele passa mal e vomita… é… coloca os bofes pra fora. Mano, eu rachei o bico quando descobri isso e paguei um pau quando descobri que isso é útil caso você coma algum alimento estragado (você precisa caçar alimentos para recuperar sua stamina).

[ Veredito ]

Bicho o jogo é fantástico, mas eu acho que ja disse isso né? Precisa ser jogado, ele saiu na PSN remasterizado para PS3 então tem como jogar mesmo nos dias de hoje. Eu joguei duas vezes essa budega devorando cada pedaço do jogo. Na segunda vez eu usei apenas a arma tranquilizante (é treta mas é animal jogar assim).

Se eu pudesse dava dois selos de recomendo pra esse game porque ele é um dos melhores que eu joguei e de longe o melhor da franquia.

(NOTA DO EDITOR: Dois selos?? pois não!!!)

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É isso, vou ficando por aqui. Até a próxima.

19 de novembro de 2018

Você confia em seu trabalho? (Crônicas Amarelinhas #4)

Sou professor da rede pública de ensino. No último mês, ganhamos um presente do Governo Municipal, uma camisa branca com a escrita em vermelho da palavra “Professor” (apesar da simplicidade é bem útil como uniforme). Depois desse fato, ficou bem mais fácil identificar, quem também é professor das escolas municipais aqui da minha cidade.

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Alguns dias depois, ao atravessar a rua próxima a minha casa, me chama a atenção uma mulher, vestida com uma camisa igual a minha (portanto uma professora, eu presumi), que estava dirigindo um veículo popular de alguma multinacional asiática.

Ao seu lado, uma menina, que aparentava ter entre 10 e 12 anos (sua filha, eu também presumi), que estava vestida com o uniforme de uma escola particular aqui da cidade, conhecida pelo “qualidade de ensino e rigidez disciplinar” e consequentemente, pela mensalidade nenhum pouco barata.

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E isto me chamou a atenção…

Pela lógica, o professor da rede pública deveria manter seu filho em uma instituição de ensino pública, pois afinal, qual a melhor garantia de qualidade de ensino para um aluno, do que você mesmo como professor. Mas não é o que acontece.

A lógica na verdade é o professor se esforçar muito, para dar muitas aulas  e poder ter um bom rendimento, e conseguir  pagar uma instituição de ensino melhor para seu filho.

Seria isso então, a falta de confiança em seu trabalho?

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Casos similares podem ser vistos, quando falamos em políticos. Que às vezes ficam doentes e vão se tratar em hospitais particulares. Isso seria “normal”, se não fossem eles (os políticos), os principais defensores do Sistema Único de Saúde-SUS. Sem falar que aos olhos deles o sistema  funciona perfeitamente. E sabemos que não é bem assim, não é mesmo?

Atualmente não tenho filhos, mas quando eles vierem, provavelmente também me esforçarei para pagar um ensino particular “de qualidade” a eles. Não por uma questão de não confiar no meu trabalho, mas sim por não confiar no sistema de ensino.

O ensino público nos limita, nos condena, nos pune… todos os dias. Seja na estrutura física inadequada… seja na falta de formação para os profissionais… seja na falta de respeito entre alunos, pais e professores, etc.

Isso se aplica ao sistema público de saúde, que nos humilha e nos faz sentirmos mais pobres e ignorantes do que realmente somos.

Vou trazer isso para outros setores e serviços. Você deixaria seu filho comprar o que você produz? Você deixaria seu filho usar o serviço que você presta?

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Você realmente confia no seu trabalho?


17 de novembro de 2018

Três cubanos

Era o primeiro ano do "Mais Médicos"… Até então, o único cubano que conhecia pessoalmente era um bongô, ganho de um amigo que viera de lá, e que também trouxera um Tres Cubano. Trata-se de um instrumento, parecido com um violão e que usa três cordas duplas, dispostas como se vê num bandolim ou numa viola caipira, só que em três pares. Existe um com quatro pares, chamado como se supõe de "Cuatro".

O fato é que o tal instrumento só faz sentido se inserido num conjunto típico. Meu amigo se viu com aquele trambolho sem tanta utilidade. Era como se chegasse para tocar com um guitarrón mariachi num grupo de pagode. Ainda assim não quis passá-lo adiante, tendo ficado com ele.

Bem, agora que o trocadilho está explicado, vamos a minha história com três cidadãos cubanos.

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Eu circulava pelas Unidades Básicas de Saúde (as quais chamaremos de UBS) da Zona Sul. Minha função era prover os Médicos de Família de informações acerca dos pacientes psiquiátricos que eles atendiam, a fim de orientá-los quanto às condutas. Era um processo chamado de "Matriciamento" e visava ampliar a expertise dos médicos da saúde básica.

A demanda por atendimento psiquiátrico estava crescendo tanto, que melhor seria treinar os médicos "da ponta" para absorver a maioria dos casos do que abrir vagas com os especialistas na área, aos quais se reservavam os casos de maior complexidade.

Em uma UBS encontrei uma cubana de nome Sula. Uma senhora de quase 60 anos. Já havia estado na Colômbia, Venezuela, Panamá e Bolívia. Um dia me disse em meio a uma discussão de caso: "Os pobres do Brasil têm muita coisa. Você vai nas casas deles e tem muita coisa. Muitos que vocês acham pobres aqui, em Cuba seriam ricos, ou como ricos”.

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Ela disse isso e parou bruscamente de conversar. Arregalou os olhos para mim. Só estávamos os dois na sala onde ela atendia aos pacientes. Eu a fiquei fitando e ela folheava nervosamente o prontuário, até que achei por bem quebrar aquilo: "Doutora, vamos fazer o seguinte, a senhora me conta o que o paciente apresentou e eu lhe sugiro um remédio. Se a senhora não tiver dúvidas sobre caso nenhum, não precisa falar comigo. Pode ser assim?"

Ela se limitou a dizer "sí, sí, sí".

E assim ficamos pelo tempo em que eu passei por esta UBS. Um dia ela me procurou acerca de um caso que precisava de um laudo. Fiz o laudo e o entreguei. Ela, que evitava falar comigo, disse emocionada: "Hoje é o aniversário do Comandante".

"A senhora se refere a Fidel Castro?"

"¡Sí, Doctor! ¡El Comandante que deu su vida para todos os cubanos!"

Eu já tinha uma certa desconfiança mas ali percebi que não havia muito o que ser feito - se é que caberia a mim fazer alguma coisa. Ela estava realmente emocionada, era de verdade.

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Em outra UBS encontrei outra cubana, Eva. Uma negra bonita, por volta dos trinta. Ela usava uma tiara com uma flor vermelha presa a uma das hastes, de maneira que se tinha sempre a impressão que ela trazia a flor por detrás da orelha esquerda.

Ela gostava de estudar. Um dia me pediu bulas de psicotrópicos, queria aprender sobre eles. Tentei presenteá-la com um livro de farmacologia psiquiátrica. Tentei. Ela olhou o livro como se olhasse para uma bomba e arregalou os olhos, meneando a cabeça para os lados e me empurrou de volta, pedindo para que eu guardasse aquilo.

Fiquei petrificado ao imaginar que ela fosse tomar como assédio, mas me tranquilizou: "Obrigado, muito obrigado. Mas não posso aceitar livros. Por isso te pedi bulas. Bulas pode. Livro não pode."

Comecei a enchê-la de bulas, às quais entregava discretamente, sendo que ela recebia num gesto fortuito e guardava no jaleco me lançando um entrerriso.

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Com Elias, numa terceira UBS, o caso foi mais complicado. No primeiro dia me apresentei, ele bruscamente fez um gesto com as mãos como me expulsando da sala, e disse "Gracias, Doctor, não preciso."

Eu não saí da sala, achei que ele estava mal informado sobre meu papel ali. Tentei insistir "Eu não vim consultá-lo. Vim para ajudá-lo com seus pacientes psiquiátricos."

Ele sem tirar os olhos do que estava fazendo, ou fingindo que estava fazendo, repetiu "No, no, gracias, no preciso."

Eu realmente quis entender, pois sabia que sob os cuidados deles havia numerosos casos. E me mantive impassível. Ele ergueu-me os olhos, de um castanho muito claro, um olhar sem raiva mas gélido… dava para sentir o gelo.

Então, disse… "No preciso de ti, não me procures."

E novamente fez o gesto com as mãos. Por razões de ofício fui examinar os prontuários dele. Tinha uma grafia infantil, escrevia pouco e quase sempre num idioma entre o espanhol e talvez o português. Esquivava-se dos casos novos e se limitava a seguir o que já estava escrito. Muitos pacientes reclamavam, e eu também reclamaria se a gerente da UBS não me proibisse de me dirigir de novo a ele.

Com o tempo soube deles: Sula voltara para Cuba e lá ficara a cuidar do marido doente. Eva foi passar o feriado de carnaval numa cidade do interior e não voltou mais à UBS, nem ninguém teve notícias dela. Elias avisou um belo dia para a gerente da UBS que tinha que ir à Brasília, aliás estava partindo naquele momento, mas retornaria ainda naquela semana, porém não retornou nunca mais.

Soubemos que Cuba irá ordenar a volta dos Médicos do Programa ‘Mais Médicos’. Havana teria se irritado com a declaração do presidente eleito de que ofereceria salário integral, asilo e a vinda das famílias que forçosamente ficaram no Caribe.

Ditaduras são assim… não se tem o direito básico de ir e por conta disso está inerente a obrigação de vir quando o governo quiser. Mais sorte teve o Tres do meu amigo, que não será obrigado a voltar, mesmo não tendo se encaixado nas serestas.

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De seu lado, os colegas estavam tocando a vida, cada um de seu jeito, mas dentro do nosso ritmo.

Eu só queria que eles tivessem escolha…

De vez em quando penso em Sula, Eva e no olhar do Elias. Os nomes deles eu mudei. O resto é verdade… Mas em relação a Cuba tem gente que escolhe o que é verdade e o que não é.

E... sim, este texto foi sobre instrumentos.

Brasil, Tabatinga, AM. 28/08/2014. Dr. Gustavo Vargas integrante da equipe Mais Médicos do Governo Federal, que atende na comunidade indígena de Belém do Solimões. A comunidade possui um polo de atendimento médico e lá trabalha dois médicos cubanos que vieram pelo programa. - Crédito:HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Código imagem:182797


15 de novembro de 2018

Neve Negra – Ricardo Darín… Lembre-se desse nome!

Já parou pra pensar que 99% dos filmes e séries que assistimos (sem contar novelas, pra quem assiste novela) e que são famosas, são produções dos EUA ou da Europa? Por isso, nesse texto, pense em mim como um catequizador do cinema sul americano.

Só por hoje… he he he.

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Aqui estamos nós para mais um Luz, Câmera, Textão no UBQ… essa coisa xuxu e cheia de conteúdo legal! Nesse texto eu quero falar um pouco sobre cinema argentino, algo meio desconhecido pra nós brasileiros, o que é um pouco problemático, pensando que nossos hermanos estão logo aqui do lado e tem uma produção cultural muito legal!

O filme de hoje é do ano passado (2017), chama-se Neve Negra, uma produção argentina, dirigido por Martin Hodara, que estrela Leonardo Sbaraglia, Laia Costa e, o homem, o mito, o ator supremo sul americano: Ricardo Darín.

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Sério… lembre-se deste nome. Esse ator argentino fez diversos filmes, já foi indicado ao Oscar, ganhou vários prêmios. Tudo sempre relacionado ao cinema argentino. É um cara que se recusou abertamente a ir trabalhar em Hollywood, justamente pela forma como atores latinos são tratados e a forma como os latinos são exibidos no cinema americano; sempre como traficantes, vilões, bandidos, etc…

[ A história ]

Neve Negra conta a história de Marcos, um argentino, criado numa fazenda na Patagônia, que recebe uma notícia sobre a família dele, que decidiu vender a fazenda, e, por isso, leva sua esposa Laura, que está grávida, de volta para a tal fazenda.

O local é completamente afastado de tudo, isolado pela neve e o clima difícil. Nessa fazenda vive isolado um dos irmãos de Marcos. Salvador. Ele vive ali, na casa da família, em parte por opção, em parte por não ter escolha.

Salvador fez algo em seu passado que destruiu a família e a vida de Salvador. Os irmãos não se gostam, na verdade se odeiam, mas vão se ver obrigados a conviver nessa fazenda por algum  tempo, enquanto os temas legais da venda da fazenda da família são resolvidos.

Essa convivência traz a tona os problemas dos irmãos e o mistério sobre o que Salvador fez pra estar naquela situação.

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[ Análise ]

Sim, a sinopse vai terminar nesse mistério mesmo. O filme é um suspense muito bem executado, então não vou ficar aqui estragando a trama, quero que você, meu leitor querido, assista esse filme e tire suas conclusões e veja as viradas que essa trama dá e como são complicadas as relações de família, especialmente no meio da neve e num local isolado na Patagônia.

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Mas aqui vão alguns detalhes e minha impressão sobre esse filme e, mais importante, porquê esse filme pode ser um exemplo da qualidade do cinema argentino.

A abordagem que esse filme traz a temas muito complexos da condição humana é algo a se apreciar. A história de toda uma família, grande por sinal, vários irmãos e irmãs, e como essa relação além de complicada, pode ser muito frágil. Afinal, o que leva alguém a se afastar completamente da própria família? Esse tipo de rompimento tem conserto?

Uma família que passou a se odiar, pode voltar a se amar?

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Outro tema trazido pela filme é a solidão. Como cada pessoa lida com sua própria solidão, como seguir com a vida ao perceber que você é uma pessoa sozinha e não há nada que você possa fazer a respeito… a solidão de estar ao lado de uma pessoa que não se importa com você.

Acredite, isso tudo é tratado e MUITO bem tratado nesse filme sobre três pessoas em uma cabana no meio da neve.

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Percebeu que eu gosto desse filme né? Acho uma pena ele ser relativamente desconhecido no Brasil. Na minha opinião ele é um ótimo exemplo de cinema argentino, pois é um filme que não abre mão de seus temas complexos, mas é totalmente acessível, um suspense de roer as unhas e não conseguir conversar durante as cenas.

Some-se a isso também o fato de que, apesar do orçamento baixo (cerca de 4 milhões de dólares) não abre mão da qualidade técnica. Os cenários e fotografia do filme são lindos. As cenas, apesar de terem boa parte do cenário coberto de neve, nunca ficam chatos e sempre trazem a beleza da paisagem pra encher os olhos. Inclusive, a própria paisagem reflete muito sobre os próprios personagens, pensa nisso quando estiver assistindo, local isolado e frio, isso podem ser caraterísticas humanas também, não?

Enfim, fica aqui mais essa dica aqui de filme, que tem na Netflix ainda, pra quem tiver! E acredito que vale a pena darmos uma chance pros nossos hermanos aqui da América do Sul, pois no cinema eles mandam muito bem.

Os argentinos são um belo exemplo de produção cultural e cinematográfica de qualidade!

Segura esse trailer aqui:


Então a gente se vê por aqui no Luz, Câmera, Textão! Até a próxima e bom filme!

[ Serviço ]

  • “Neve Negra” (Nieve Negra), 2017 – Suspense/Drama, 87 minutos
  • Sinopse: Salvador (Ricardo Darín) vive isolado do mundo nas colinas geladas da Patagônia. Sozinho há décadas, ele recebe a inesperada visita do irmão Marcos (Leonardo Sbaraglia) e de sua namorada, Laura (Laia Costa). O objetivo dos dois é que Salvador aceite vender as terras que os irmãos receberam em herança, algo que ele não está nem um pouco disposto em fazer. (Fonte: Adoro Cinema)
  • Direção: Martín Hodara
  • Produção: Juan Pablo Buscarini, Axel Kuschevatzky e Pol Bossi
  • Elenco: Ricardo Darín, Leonardo Sbaraglia e Laia Costa
  • Lançamento: Junho/2017 (Brasil)
  • Disponibilidade na data da publicação desta resenha: Netflix

Cuba deixará o ‘Mais Médicos’… Existe culpa nisso?

Você lembra do programa “Mais Médicos”, criado em 2013 durante o governo de Dilma Rousseff? A ideia consistia em contratar médicos para atuarem em regiões de atendimento médico precário, com a ideia de reduzir a demanda por médicos em regiões carentes.

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Pois bem, o programa já foi assunto aqui no UBQ na ocasião de seu lançamento. Eu publiquei um texto sobre o projeto e também sobre a proposta de criar uma espécie de estágio obrigatório para o recém-formados em medicina (tem um texto bacana do Michel também sobre o assunto). No caso do estágio, este não foi à frente.

Já o ‘Mais Médicos’ seguiu em frente e foi ampliado…

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Só para relembrarmos, é importante sabermos os principais pontos do programa:

  1. O programa contrataria em caráter emergencial médicos para atuarem em municípios do interior e periferias das grandes cidades de modo a suprir a carência de profissionais
  2. Haveria o pagamento de uma bolsa de cerca de R$ 10 mil, além da cobertura de despesas com habitação e alimentação
  3. A contratação seria de forma provisória e haveria uma prioridade na contratação para:
    1. Médicos formados no Brasil
    2. Médicos brasileiros formados no estrangeiro com diploma revalidado no Brasil.
    3. Médicos brasileiros formados no estrangeiro sem diploma revalidado (neste caso haveria dispensa da validação num primeiro momento)
    4. Médicos estrangeiros com diploma revalidado no Brasil
    5. Médicos estrangeiros sem diploma revalidado no Brasil (novamente neste caso, haveria dispensa da validação num primeiro momento)
  4. Apesar de haver uma dispensa inicial da validação do diploma aqui no Brasil, mas os inscritos aprovados nesta situação teriam um registro provisório e posteriormente deveriam providenciar a validação do documento.
  5. Ainda no caso dos médicos estrangeiros, só poderiam ser contratados estrangeiros de países com proporção de médicos por mil habitantes inferior à média brasileira (na ocasião, a proporção era de 1,8)
  6. Haveria um regime diferenciado de contratação para os médicos cubanos:
    1. A contratação seria feita com intermediação da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
    2. O pagamento dos profissionais seriam feitos a OPAS que repassaria integralmente os valores para o governo cubano. Este reteria 75% dos valores pagos e repassaria o restante aos profissionais.

Bom, em linhas gerais esse é o programa… em 14/11/2018, o ministério da saúde cubano informou que está se retirando do programa por considerar as declarações ‘ameaçadoras e depreciativas’ feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. A informação consta no site do Estadão e também em outros veículos de imprensa.

Mas será que as declarações do Bolsonaro foram tão ameaçadoras assim?

Vejamos…

Então, colocando de modo claro, temos que:

  1. Aplicação de teste de capacidade… entendo tratar-se do processo de revalidação, que é algo já previsto no programa.
  2. Pagamento integral do salário aos médicos cubanos… afinal de contas, são eles que estão exercendo a função de médicos e não o governo cubano.
  3. Permitir a vinda de familiares dos médicos ao Brasil… bom, Cuba não é ali na esquina. Em uma democracia, qual seria o problema disso?

Agora, eu pergunto: qual é o crime nesta propositura?

Mais uma vez, quero deixar claro que não sou militante do PSL ou do Bolsonaro… mas eu estou apenas me restringindo as condições estipuladas. Qual o crime nisso? Qual a violação à democracia?

Em minha visão, da forma como foi concebido, o programa não passa de um paliativo que não resolveu o problema da saúde no Brasil. E existem vários indicadores disso:

Reportagem de “O Estado de São Paulo” de 06/08/2015:
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Reportagem de “O Estado de São Paulo” de 19/09/2015:
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Reportagem de “O Estado de São Paulo” de 19/09/2015:
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Também não podemos nos esquecer que dentro deste plano chamado ‘Mais Médicos’ previu-se a criação de mais vagas em cursos de medicina

Reportagem de “O Estado de São Paulo” de 10/07/2015:
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E é claro, que isso foi feito no melhor estilo ‘nas coxas’:

Reportagem de “O Estado de São Paulo” de 20/07/2015:
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Pois bem… volto a dizer que o Bolsonaro não cometeu nenhuma monstruosidade ao solicitar garantias quanto à formação dos profissionais médicos, ao solicitar o pagamento integral aos profissionais e ao solicitar que os familiares possam vir ao Brasil.

Mas também acho que é importante criar garantias que pode suprir o buraco que será deixado. Infelizmente, o lulopetismo criou uma relação de financiamento institucional ao governo cubano, alugando mão-de-obra da ilha de Fidel. O que Bolsonaro propôs foi simplesmente acabar com a farra.

Acho que a saída de Cuba do programa – na forma como está – é positiva. Estamos eliminando uma via de financiamento velado. Entretanto, o futuro governo deve pensar em um plano de contingência para suprir a demanda. Melhorar as condições de atendimento médico na saúde pública passa pela melhor remuneração dos médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e profissionais correlatos. Melhorar a formação destes profissionais, melhorar a infra-estrutura existente. Enfim… não é somente contratar mão-de-obra. É necessário reestruturar a saúde.

Em tempo… observando a repercussão da notícia, deparei-me com a seguinte colocação em uma rede social:

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Em primeiro lugar, é importante deixar claro que a saída do governo cubano não implica no fim do programa ‘Mais Médicos’. De acordo com os dados do próprio programa, são 18.240 vagas. São cerca de 8.300 médicos cubanos. Admito que é um grande contingente… mas não é o todo.

Segundo… está havendo uma inversão de valores.  Cabe ao povo observar, fiscalizar e cobrar o governo por soluções para as demandas do povo. Isto é óbvio.

Mas o governo não pode ser conivente com um ‘acordão’ ideológico partidário. O povo continuará comprando seu pão… cabe ao governo encontrar os fornecedores corretos para os ingredientes e principalmente fiscalizar o fabricante do pão.

No final das contas, parafraseando com adaptações opinião publicada no jornal “O Estado de São Paulo” em 02/04/2015, bom mesmo, era para Cuba.

[ Links interessantes para saber mais ]

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