Chegamos à grande final… 32 times começaram a disputa, sobraram apenas 2. E a vitória só poderia ser dada a apenas 1 única seleção. Venceu a França!
Uma copa em que estrelas e favoritos foram caindo ao longo da competição… a Alemanha talvez seja o caso mais agudo dessa tendência. Craques como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Andres Iniesta, Thomas Muller, Robert Lewandovski, além de James Rodriguez disseram adeus muito cedo na competição. Nenhum deles chegou às quartas-de-final.
Outros nomes, até então menos famosos despontaram nesta copa: Kane, Mbappé, Hazard e Lukaku mostraram que existe um processo de renovação à caminho. Claro que alguns famosos chegaram até o final… Modric, Mandzukic, Griezmann…
Mas não se engane… o futebol está se renovando.
E esta renovação acontece não só nos nomes que surgem, mas também no modo de jogar. Talvez não exista mais espaço para um futebol arte em sua plenitude…. em seu lugar, surge um futebol mais cerebral, baseado na disciplina tática a na força da marcação. Sempre buscando o resultado. E se sobrar algum espaço para a arte, ela pode aparecer sim…
Foi exatamente isso o que vimos neste jogo final. A França chegou à final sempre apresentando uma forte obediência tática aos esquema de Didier Deschamps. Não deixaram espaços para seus adversários e trabalhavam seu ataque em cima dos erros do adversário. Em alguns momentos, o futebol arte apareceu nos pés do menino Mbappé e de Antoine Griezmann, além de Paul Pogba. Mas em nenhum momento em que jogou, a França se perdeu em campo. E isto foi fundamental para chegar até aqui.
Do outro lado, a Croácia… um time que sabia de suas limitações. E por isso mesmo sempre buscava o jogo. Mas não o jogo ofensivo. Buscava controlar a bola, marcando a saída do adversário e atacando com todas as forças, quando surgia uma oportunidade.
E foi um time que sofreu muito… Foram três prorrogações e duas decisões por pênaltis para chegar até a final. Praticamente jogou um jogo inteiro a mais que qualquer outro adversário.
E em muitos momentos, jogou com a emoção. Aquela sensação de por o coração no bico da chuteira e partir para o jogo. E isso funcionou muito bem. A Croácia, saiu derrotada neste confronto tático. O jogo deixou claro a superioridade francesa. Mas mesmo assim, eles buscavam não ceder espaço aos franceses. E subiram ao ataque… marcaram gols também.
Foi um jogo em que vimos bom futebol. Não é mais aquele futebol das brilhantes jogadas e passes desconcertantes ou de toques geniais. Mas um futebol de aplicação que resultou em boas jogadas de ataque que levaram aos gols.
E tivemos seis deles nesta final… a última vez que tivemos tantos gols assim em um jogo final foi na copa de 1966, quando a Inglaterra venceu a Alemanha Ocidental pelo placar de 4-2. Com a diferença que este placar foi construído na prorrogação. O jogo de hoje teve seis gols no tempo normal.
A França veio e venceu… e com isso registra na história sua segunda conquista em mundiais. Venceu em casa na copa que organizou em 1998 e agora venceu na Rússia, mostrando ao mundo porque faz parte do seleto grupo de campeões mundiais. E agora… são bicampeões mundiais.
E quanto à Croácia… não os veja como meros coadjuvantes desta final de copa. Eles foram tão protagonistas quanto à França. Lutaram até o final. Caíram em pé… São vice-campeões mundiais de futebol.
E devem se orgulhar muito disso…
[ O caminho para a final – FRANÇA ]
A França veio para esta copa do mundo como uma das favoritas ao título. Bem é verdade que sua estreia contra a Austrália deixou este favoritismo em dúvida. Uma vitória com um gol de pênalti e outro que quase não aconteceu (mas o VAR deu o gol à equipe) garantiram a vitória na estreia, mas não mostrava o real potencial da equipe.
O jogo seguinte foi contra o Peru. Um time que depositou boa parte de sua esperança em Paolo Guerrero, que travou uma luta para chegar até a copa. Comparando as equipes, no papel a França tinha um time mais forte. Mas novamente esta superioridade não se refletiu em gols. Com uma vitória de apenas 1-0, o resultado eliminava o Peru da Copa e assegurava a classificação antecipada dos franceses.
Curiosamente, o campeão mundial protagonizou aquele que provavelmente foi o pior jogo da copa. Com ambas as equipes classificadas, optaram por um jogo insosso, sem grandes riscos e apenas para cumprir tabela. O único 0-0 desta copa teve a França como um de seus protagonistas.
Nas Oitavas-de-Final, a França ficou do lado considerado complicado da chave. Teria pela frente a Argentina, eventualmente o Uruguai ou Portugal. E caso sobrevivesse a isso, poderia encarar Brasil ou Bélgica, o até mesmo o México. Que até aquele momento da competição, se mostrava um grande adversário.
Mas em seu confronto com a Argentina, coube a França o papel de carrasco de Lionel Messi. Com um time mais organizado e consistente, a França saiu em vantagem, levou a virada, mas soube buscar o empate e nova virada sobre os hermanos.
Nas Quartas-de-Final, a França enfrentou um Uruguai apagado pela ausência de seu ídolo Edinson Cavani. A verdade é que a França controlou o jogo… o Uruguai se mostrou incapaz de criar boas jogadas e com isso, a França construiu a vitória sólida por 2-0.
Muitos torciam por um confronto Brasil vs França. Mas o time de Lukaku, Hazard e Mertens mostrou muito mais capacidade em campo e deixou o Brasil pelo caminho. A Bélgica foi o primeiro adversário que realmente deu algum trabalho para a França. Usando das mesmas armas, poderíamos até pensar que esta seria uma final antecipada da copa (a Croácia provou para o mundo e para mim, que não).
Para a sorte francesa, a Bélgica caiu de produção em comparação aos seus jogos anteriores. E o gol que levou a França à final veio de bola parada. Mais um entre tantos nesta copa.
[ O caminho para a final – CROÁCIA ]
Devo admitir: achei que a Croácia até passaria para a segunda fase. Mas que faria figuração na copa. Mesmo com a boa vitória por 2-0 sobre a Nigéria na estreia não mudou minha opinião a este respeito. Isto porque foi um jogo chato… tecnicamente ruim. Venceu com gols de bola parada (um escanteio e um pênalti)
Devo admitir também que não esperava a grande vitória obtida sobre a Argentina. Na ocasião, eu atribui o resultado mais aos problemas da Argentina do que aos méritos da Croácia.
E ok… eu estava errado. A Croácia jogou melhor porque era melhor do que aquela seleção argentina.
A Croácia vinha melhorando de produção e eu ainda insistia na ideia de que ela não iria longe… eu queria a todo custo dar o manto do cavalo paraguaio para eles, os croatas. E mesmo com um time retrancado como a Islândia, conseguiram uma vitória por 2-1.
A Croácia não se destacava nesta copa por seu grande e vistoso futebol. Mas sim pelo seu futebol aplicado. E mesmo quando não jogava bem, ao menos conseguia garantir o resultado. Foi isso o que aconteceu contra a Dinamarca. Jogo feio, sem emoção (com exceção dos cinco minutos iniciais onde saíram os gols) e que se arrastou até os pênaltis. Os goleiros então brilharam.
Mas antes, devemos lembrar… Modric poderia ter resolvido tudo na prorrogação. Se não tivesse perdido um pênalti (não que ele tenha perdido… Schmeichel fez defesa espetacular). No duelo dos pênaltis, Subasic brilhou.
O jogo contra os russos talvez tenha sido o mais traumático. Contra os donos da casa, a Croácia se superou e foi atrás do resultado no jogo normal. Virou para 2-1 na prorrogação, mas a Rússia também jogava com pelo triunfo. E jogava em casa. Conseguiram então o empate. E mais uma vez foi nos pênaltis que a Croácia venceu.
O que pensar de um time que não tem o melhor futebol (pelo menos não é o mais bonito), mas que chegou até aqui? Que poderia ir mais longe. E foi… a vitória de virada sobre a Inglaterra foi uma lição para os fleumáticos ingleses e uma lição de perseverança para os croatas… Nada acaba até que acabe… E após sua terceira prorrogação consecutiva, a Croácia carimbou seu passaporte para a final.
[ Antes do Jogo ]
As equipes entraram com a seguinte formação:
[ Lances do jogo ]
A França abriu o placar aos 18’ de jogo. Na cobrança de falta pela direita. Griezmann fez a cobrança e a bola desviou na cabeça de Manzukic e bateu o goleiro. Gol contra. França 1-0 Croácia.
A reação croata veio aos 28’. Modric cobrou falta pela intermediária e lançou a bola para Vrsaljko que subiu ao ataque pela direita. Ele escora de cabeça para Mandzukic cabecear novamente. Lovren dá novo cabeceio e a bola sobra na entrada da área para Perisic. Ele ajeita para a perna esquerda e chuta a gol, marcando um pelo tento. França 1-1 Croácia.
Aos 34’ ocorre uma cobrança de escanteio a favor da França pela direita do seu ataque. A zaga corta para linha de fundo em uma jogada aparentemente normal.
Os franceses então reclamam muito sobre um toque de mão que ocorreu na jogada. O árbitro então aciona o VAR. E a consulta não deixa dúvidas… ao cortar a bola, Perisic o faz com a mão. Pênalti para a França.
Griezmann faz a cobrança e converte. Gol da França que agora vence por 2-1.
Os times vão para intervalo com a França em vantagem no placar. Aos 59’, Griezmann domina a bola na área e ajeita a bola para Pogba que dispara um chutão com a direita que explode na zaga. Ele mesmo pega o rebote e bate de chapa, desta vez com o pé esquerdo. Desta vez a bola segue ao gol e entra. França 3-1 Croácia.
Pelo volume de jogo da França, para mim estava claro quem sairia vitorioso do confronto. Mas do outro lado tem a Croácia… e ela já me mostrou outras vezes que nada acaba enquanto não acaba.
Mas pesava também contra a Croácia o desgaste físico de três prorrogações. O time estava lento e contava mais com jogadas isoladas do que com um padrão de jogo sólido. E a França ampliou o placar novamente aos 65’. Um chute de fora da área de Mbappé que pegou Subasic no contrapé. França 4-1 Croácia.
Neste ponto, a Croácia esmoreceu. Talvez pelo cansaço, talvez conformada com o resultado negativo. Não dava mais…
A França também sentia que o jogo estava ganho… então tratou de correr a bola para o tempo passar. E aos 69’ a defesa cometeu uma bobagem que custou um gol. Umtiti recua a bola para o goleiro Lloris que se atrapalha no domínio e é surpreendido por Mandzukic na saída do gol. Não foi uma reação da Croácia… mas sim um grande falha do Lloris. Que aquela altura, não iria fazer diferença…
O restante do jogo correu com domínio da França sem que a Croácia levasse perigo. E foi assim até o final… Placar final: França 4-2 Croácia.
E com o resultado, a França sagrou-se bicampeã do mundo… Depois da primeira conquista há 20 anos. Eis que o futebol francês é de novo o melhor do mundo.
Para a Croácia, a alegria de ver Luka Modric ser escolhido como o melhor jogador da copa.
(Lembre-se, para ver o vídeo, você será redirecionado para o canal da FIFA no YouTube)
[ Os números do jogo ] – [ FRA – CRO]
- Gols marcados: [ 4 – 2 ]
- Finalizações: [ 8 – 15 ]
- No gol: [ 6 – 3 ]
- Fora do gol: [ 1 – 8 ]
- Defesas: [ 1 – 4 ]
- Escanteios: [ 2 – 6 ]
- Posse de bola: [ 39% – 61% ]
- Passes: [ 269 – 548 ]
- Eficiência dos passes: [ 74% – 83% ]
- Desarmes: [ 45 – 45 ]
- Disciplina:
- Faltas cometidas: [ 14 – 13 ]
- Cartões Amarelos: [ 2 – 1 ]
E com isso, chegamos ao final dos jogos da copa do mundo 2018. Apesar deste ser o último texto sobre os jogos, ainda teremos uma resenha final sobre a copa e a publicação de um vídeo sobre os jogos finais. E também teremos um podcast muito especial.
Então é isso… estamos no finalzinho da nossa cobertura de uma copa qualquer… falta só um bocadinho, combinado?
Até mais!
Allez FRANCE!
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