8 de dezembro de 2016

Opinião… o Vlog do UBQ (Capítulo 5)

Olá amigos, tudo bom vocês?

Há dois dias eu publiquei um novo vídeo no YouTube. Preferi não postar aqui antes para não tirar o foco do último texto do Michel que foi publicado.

No vídeo, eu explico um pouco mais sobre as motivações do canal. Desta vez falei sobre meus vídeos sobre o card game Magic: The Gathering. Um dos meus hobbies.

Outra questão que ressaltei foi a respeito do feedback da audiência. Eu reparei que sempre que posto um novo vídeo surge um clique no “não gostei”. Como eu expliquei no vídeo, obviamente não tenho como agradar a todos e claro que as pessoas têm o direito de não gostar.

A única coisa que peço é… dê seu feedback. Contribua com sugestões, críticas, opiniões. Diga onde e em que posso melhorar. O simples fato de negativar o vídeo não me ajuda a fazer vídeos melhores. Então, para vocês que ainda não estão satisfeitos com os vídeos, peço que me ajudem a melhorar a qualidade dos mesmos.

Ah sim… também falei sobre os futuros vídeos de games. Na primeira edição falarei sobre o jogo “Os Goonies” para o MSX.

He he he… sim… somente jogos antigos por enquanto.

Vamos lá. Mais um vídeo para vocês. Assistam, opinem, compartilhem.

Divirtam-se!

Opinião #5… Os vídeos do UBQ

1 de dezembro de 2016

A força do Bem

A tragédia com a Chapecoense foi a mais violenta envolvendo times de futebol. Foram 76 mortes. Ato contínuo à tragédia foram as manifestações vindas de todas as partes do mundo. Desde o grupo de rock Guns´n Roses até Cristiano Ronaldo, que doou três milhões de Euros, passando pelo Benfica que ofereceu alguns de seus jogadores e chegando ao Libertad do Paraguai que ofereceu o elenco inteiro. Comoveu-nos a todos a atitude do Atlético Nacional, adversário da Chapecoense na decisão, que pediu à Conmebol que entregasse a taça de campeão da Sul-Americana aos catarinenses.

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Nem é a primeira tragédia envolvendo times em aviões, nem será a última, infelizmente. Talvez a primeira tenha sido a do Torino, time da Itália, que em 1949 voltava de um amistoso em Portugal quando o avião se chocou com a muralha de um mosteiro. E também gerou uma grande manifestação de bondade coletiva: a federação italiana não quis dar uma quarentena ao clube de Turim (cogitada pela CBF ao Chapecoense), e não restou alternativa a não ser atuar com o time juvenil. Como resposta, todos os outros times do campeonato italiano atuaram também com juvenis quando o jogo era com o Torino, que acabou ficando com o título.

Por aqui, as ações vicejam aos quatro cantos: o Palmeiras quer entrar em campo no próximo jogo com o uniforme da Chape. Um torcedor são-paulino sugeriu uma camisa que de tricolor iria a bicolor, trazendo a camisa branca com as duas listras horizontais, antes vermelha e preta, tornadas verdes. O Corinthians tingiu sua página da internet de verde, tolerando uma heresia imperdoável em nome da homenagem. São muitos e belos os exemplos, como a torcida do Atlético Nacional lotando o estádio em Medellín mesmo sabendo que a partida não se daria, para gritar o nome do adversário e não aceitar a própria vitória pelo trágico “WO”. E todos têm a mesma importância e dimensão das nossas manifestações pessoais, desde rezar até mudar a foto nas redes sociais, colocando o "Força, Chape".

Charge sobre a Chapecoense

Sim, teve coisa ruim, como o sensacionalismo do Catraca Livre, cuja emenda ficou pior que o soneto. Que o site caminhe para a merecida sarjeta, assim como a (até então brilhante, pois é…) carreira de seu editor Gilberto Dimenstein. Teve ainda a ganância e safadeza da empresa de aviação boliviana que disponibilizou para a equipe brasileira um avião com 17 anos de uso (cujo modelo saiu de linha porque gastava muito combustível), e autonomia de vôo de 3000 quilômetros, sendo que a distância que voaria seria de... 2900. Qualquer imprevisto poderia ser fatal e aconteceu de o vôo da Chape ter que esperar um Airbus que foi passado na frente na fila de aterrissagem exatamente porque alegou ter... pouco combustível. O piloto boliviano não foi enfático o suficiente com a torre de controle, bastava assumir a pane seca. Um acidente com esta dimensão trágica parece ter uma explicação muito simples e isto choca mais ainda.

Tragédias assim nos colocam pequenos. Vemos que nada é mais fino que a matéria viva. A perturbadora vulnerabilidade que nos toma de assalto precisa ter uma resposta à altura, para que não nos oprima tanto. Encontramos esta resposta no Bem. Na forma mais anti-Russeauniana possível. Como se fôssemos naturalmente maus e um choque civilizatório nos levasse em direção à bondade. Descobrimos que no Bem está a verdadeira força, o combustível da coragem para seguir adiante, sem perguntar a Deus o porquê de tudo isso acontecer, mas respondendo a Ele que seremos dignos e melhores do que éramos para merecer a dádiva da vida.

Assim, tomados pela dor, esperamos honrar aqueles que pereceram na Colômbia prestes a disputar o jogo mais importante de suas vidas. Que nossas sinas continuem de modo diferente, agora que vimos que de um impossível chão de maldades, vilanias e torpezas próprios da raça humana pôde brotar uma irresistível solidariedade, que se não nos absolve de nossos defeitos, pelo menos nos conforta e acima de tudo nos une.

30 de novembro de 2016

A tragédia da Chapecoense e o jornalismo oportunista

Quero começar pela tragédia…

É desnecessário dar maiores explicações. A mídia fez uma ampla cobertura sobre o acidente com o avião que transportava a delegação da Chapecoense que viajava para disputar sua primeira final internacional. No mesmo avião, além de jogadores e equipe técnica, diversos jornalistas e convidados. Ao todo, foram 71 mortos e 6 feridos.

E uma sensação de que as vezes não dá para entender certos fatos.

Eu tenho um time de coração… trata-se do Sport Club Corinthians Paulista. Torcedor do Corinthians desde pequeno. Mas também tenho aquilo que o pessoal gosta de chamar de “segundo-time”. No meu caso, agora são três: o Juventus (pois nasci e cresci no bairro da Mooca), a Ponte Preta (que me permitiu ver bons jogos de futebol quando estudei em Campinas) e agora, a Chapecoense.

Achei fenomenal a maneira como os outros times demonstraram sua solidariedade. O Atlético Nacional de Medelín solicitou à Conmebol que declare a Chape (apelido carinhoso do time) campeã da Copa Sul-Americana. Diversos times incorporaram o verde às suas cores. Até mesmo o Corinthians, em um grande gesto, tingiu seu site com o verde que também faz alusão ao seu maior rival no futebol.

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Vários times como Flamengo, Palmeiras, Vasco e outros grandes ofereceram emprestar jogadores para o elenco principal do time. Sem custo…

Propuseram também uma anistia por três anos para que o clube esteja imune ao rebaixamento e propuseram ainda que todos os times na última rodada do Campeonato Brasileiro joguem com o uniforme da Chapecoense.

No plano internacional, diversas homenagens: a Torre Eiffel ficou verde. Assim como a Allianz Arena na Alemanha e o Estádio de Wembley na Inglaterra. Sem contar os apoios individuais de jogadores pelo mundo.

Bonito de se ver…

No canal do YouTube eu pretendia colocar um vídeo sobre outro assunto. Abalado pela notícia, não consegui gravar o que tinha planejado. Acabei por fazer um vídeo sobre a tragédia e também comentando como somos (enquanto sociedade) mais suscetíveis as tragédias coletivas em detrimento das tragédias individuais.

Fica aqui minha solidariedade. Meu respeito. Minha torcida para que eu possa assistir a um jogo da Chapecoense e que eu tenha a oportunidade de torcer genuinamente pela vitória deste time. Mesmo que seja contra meu Corinthians.

Agora… vamos a outra parte.

Obviamente, um tema que gerou tanta repercussão, em algum momento teria alguma controvérsia. E ela veio por meio da desastrosa cobertura “jornalística” (entre aspas mesmo) por um portal de notícias chamado “Catraca Livre”.

O tal site, idealizado pelo jornalista Gilberto Dimenstein (que arrogantemente, declarou-se um premiado escritor e jornalista) publicou uma série de notícias polêmicas. Uma delas falava sobre as últimas selfies de pessoas que morreram. O detalhe: a reportagem foi amplamente ilustrada pelas imagens que os jogadores da Chapecoense publicaram no início da viagem que posteriormente tiraria suas vidas.

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Nojo…

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Em um primeiro momento, a posição do site foi defender sua linha editorial. E seu comentário editorial beirou a arrogância e prepotência…

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Só depois de maciças críticas é que o portal voltou atrás e assumiu o erro. E ao que parece, somente depois que sua audiência começou a diminuir nos diversos canais da internet.

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E ainda para ajudar, o site tentou fazer um mea-culpa e tratou de mudar o viés das suas publicações, mas depois incorreu no plágio… usando material de outros sites…

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Eu nunca fui um grande fã do site e também sempre fiquei incomodado com as opiniões do jornalista Gilberto Dimenstein. Ele até teve um gesto válido ao assumir publicamente a responsabilidade pelo erro. Mas ele só assumiu isto após o estrago causado a imagem do site. E ficou aquela impressão terrível de que ele só o fez, para não perder audiência. Numa postura típica do marido traído que foi pego no flagra e tenta a todo custo se justificar.

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Eu entendo que a função do jornalismo é informar. Mas entendo que num momento como esse, é necessário antes se colocar no lugar de quem está em sofrimento por sua perda. Demonstrar empatia… demonstrar solidariedade, acima de tudo. Depois, com os ânimos serenados, buscar respostas a perguntas inquietantes. Esclarecer o que é necessário e informar imparcialmente.

E o Catraca Livre não fez nada disso…

Ao que parece, o premiado escritor e jornalista (para usar mais uma vez suas credenciais arrogantes) não se lembra muito bem dos valores éticos necessários ao exercício de sua profissão…

Meus respeitos ao pessoal do Chapecoense e todas as famílias que sofreram com esta perda.

Meu repúdio ao site Catraca Livre. Meu repúdio ao “jornalista” Gilberto Dimenstein.

Em tempo… usei imagens da internet extraída de alguns sites de notícias. Caso necessário, entrem em contato para o registro dos devidos créditos.

24 de novembro de 2016

E vem aí mais uma Black F… no Brasil

A tradição não é nacional… mas a perspectiva de golpe é genuinamente tupiniquim. Chegou o momento de mais uma Black Friday.

Ou seria Black Fraude?

Black Friday (1)

A Black Friday é uma tradição que surgiu nos EUA ainda na década de 30. Lá, a ideia é comemorar o primeiro dia em que as empresas passam efetivamente a ter lucro no ano fiscal vigente. É o momento que as empresas saem do vermelho e passam a ficar no preto. Por isso… Black. O evento sempre no dia seguinte ao dia de ação de graças – que nos Estados Unidos é sempre na última quinta-feira de novembro. Por isso, Friday. Daí vem o termo Black Friday.

Genericamente, é a Black Friday que abre as vendas para o Natal. Nem sempre os descontos são fantásticos. Alguns produtos ganham realmente um belo desconto. Outros nem tanto. E alguns, não ganham nada mesmo.

A tradição circulou por vários países como Canadá, Reino Unido, França entre outros… E chegou ao Brasil em 2010.

Já escrevi sobre o assunto aqui no blog em duas oportunidades. No ano de 2012, por ocasião da Black Friday da época e novamente em 2014. E nas duas ocasiões o assunto foi o mesmo: os descontos artificiais.

Este ano, a tradição brasileira parece que vai prevalecer novamente. Oficialmente, o grande dia é amanhã. Na prática, os marqueteiros das lojas já estão usando o mote da campanha há algum tempo. Tem loja que afirma que lá, “todo dia é dia de Black Friday”.

A história se repete: um produto X custa – digamos – R$ 1000. E ao longo do ano com pequenas oscilações, o preço se mantém estável. Surgem até mesmo alguns bons descontos. Repentinamente, o preço do produto começa a subir com a aproximação do evento. E aí, no dia do evento o produto X chega a um valor bem maior do que o praticado durante o ano. Digamos… R$ 1.800.

Mas… estamos na Black Friday. Época de generosos descontos. Então, o produto ganha um desconto sensacional e será vendido por R$ 1.200. Um desconto bombástico.

Vou usar meu exemplo: estive procurando uma câmera digital para gravar os vídeos no canal do blog (se você ainda não conhece, vá até lá: www.youtube.com/1blogqualquer). Bom, no meu caso eu estava interessado na Canon SX60HS. Seu preço médio estava por volta de R$ 1550 quando comecei a pesquisar (em agosto/2016). Pensei em adquirir a câmera caso ela chegasse a um valor menor do que R$ 1500.

O que aconteceu foi o inverso: o preço começou a subir e não parou mais de subir. A mesma câmera hoje custa R$ 2000 (na oferta mais em conta). Para ficar mais claro, vamos considerar o preço em dólar. Numa conversão direta, a câmera custava US$ 451 na Black Friday de 2015. Hoje, a mesma câmera custa US$ 561. O detalhe: o dólar em 2015 estava cotado a R$ 3,889. E a cotação atual é menor do que em 2015.

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O que farão na Black Friday? Vender com desconto por “apenas” R$ 1700?

Outro exemplo… um laptop da HP (Pavillion X360) que estava custando cerca de R$ 1400 nos últimos meses atingiu hoje o preço de R$ 1800:

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Provavelmente o que veremos será novamente um descontão trazendo o aparelho por volta de R$ 1500.

Não duvido que em outros países o comércio também pratique descontos maquiados. Realmente não fiz uma pesquisa sobre isso para afirmar ou negar tal questão. Também não duvido que alguns produtos com menos saída servirão de “boi de piranha” para chamar a atenção do consumidor.

Mas aqui no Brasil parece que a tradição é criar a falsa ilusão de que estamos ganhando grandes descontos, quando na verdade, o que estão fazendo é dar um pequeno desconto sobre um grande aumento.

Bem vindo à mais uma #BlackFraude

17 de novembro de 2016

O fim do Windows Phone?

Vou começar pela frase proferida por ninguém menos do que Satya Nadella, CEO da Microsoft, na conferência de abertura WSJD Live, promovida pelo jornal Wall Street Journal:

"We clearly missed mobile, there's no question… Our goal now is to make sure we grow new categories."

Canal do Wall Street Journal

Em uma tradução livre, temos o seguinte:

“Nós claramente perdemos o móvel (celular), não há dúvidas… Nossa meta agora é garantir que vamos crescer em novas categorias.”

Bom… existe uma outra tradução prevista pelos defensores do apocalipse:

“O Windows Phone acabou.”

E foi esta versão a que prevaleceu. Muitos sites alarmistas decretaram (mais uma vez) que o Windows Phone acabou. Reforçam esta versão, o fato que a Microsoft descontinuou a produção do Lumia e não tem previsão para novos Lumias. O Lumia 950 provavelmente foi o último de sua espécie.

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Não é segredo para ninguém que sou entusiasta da plataforma. Não é segredo que já tem quatro anos que meu celular é um Lumia. Tive um 710, fui para um 720 e atualmente estou com um 640.

E sou obrigado a reconhecer… possivelmente será meu último Windows Phone. Explicarei mais adiante.

Independentemente do que o site X ou Y acha, é um erro afirmar que a plataforma acabou. Por um motivo simples: a Microsoft já tem algum tempo resolveu que investiria num projeto muito maior. O chamado projeto “One Core”.

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Neste conceito, o Windows é um ecossistema que pode rodar em um console, em um tablet, em um notebook, em um dispositivo vestível e até mesmo em um celular.

Assim, o que aconteceu foi que a Microsoft deixou de fabricar dispositivos rodando o Windows 10. Mas o sistema continua ativo e em constante desenvolvimento. E surgem até novos lançamentos para ele: finalmente o HP X3 deu o ar da sua graça e a Alcatel lançou o Idol 4S (que tem uma versão com Android).

A questão é… o Mercado comprou a ideia do Windows em dispositivos mobile?

A resposta parece óbvia… NÃO.

O “Não” é porque (e aí, a frase do Nadella começa a fazer sentido) o sistema surgiu depois que a Apple inovou com o seu iPhone. Surgiu depois que o Android se consolidou como um padrão de mercado (da mesma forma como a MS fez na década de 90 com os computadores).

Os desenvolvedores, os fabricantes, todas as empresas querem lucrar. Então, não tem sentido investir num aparelho que não tem nem 2% de participação de mercado. Pensando assim, a estratégia da MS foi correta ao criar um ecossistema. O desenvolvedor cortas custos de criação e abrange outros segmentos. Ele cria um app para o desktop que pode funcionar no console, no celular, no tablet e assim por diante.

O conceito é lindo. Sua implantação foi horrorosa.

A Microsoft desenvolve produtos que atendam ao mercado. E o mercado está no Android e no iPhone. E é por isso que temos apps dos principais produtos da MS nestes celulares. Temos o Office Mobile, temos o One Drive…

Resumindo, aquilo que os sites não observaram é que a MS é uma empresa com uma gama de produtos que vão muito além do Lumia. O Lumia foi um subproduto da aquisição da Nokia. E assim como o Zune, a Band e outros que agora não me lembro, o Lumia deixa o mercado.

Foi um grande celular. Mas ele surgiu em uma época em que ele não fazia mais a diferença.

Outra questão… considerando os últimos lançamentos, parece que a MS enxerga no mobile a vocação profissional. Seus celulares teriam como foco o mercado corporativo. Pensando em produtividade. Seria a ideia de que as pessoas se divertem com o Android e com o iPhone, mas para o trabalho, produzem com o Windows.

Acho isto um tanto equivocado. A BlackBerry pensou assim e desapareceu (o que não acontecerá com a Microsoft, já que ela atua em outros segmentos). Não dá para pensar que um cidadão irá ter um celular para o trabalho e outro para uso pessoal.

E considerando como o mercado brasileiro é avesso à inovações tecnológicas, é provável que não tenhamos um novo Windows Phone por aqui, seja qual for o fabricante.

O que me leva ao outro ponto… meu último Lumia.

Eu preciso dizer que o 640 não me encantou. O 720 foi o mais completo e se não fosse o problema do áudio eu estaria com ele até agora, mesmo usando o Windows Phone 8.1.

A câmera era um dos destaques, mas o modo HDR é um fracasso. Vive travando e já perdi boas fotos com ele. O cartão de memória vez o outra apresenta problemas de leitura e o sinal do celular as vezes desaparece.

Não sei se o problema é o Windows 10 ou se o problema é o telefone.

Ele funciona bem para o dia-a-dia. Mas não dá para confiar 100% nele quando penso em um uso mais “heavy user”.

Some a isso a falta de algumas aplicações para interagir com outros dispositivos. Um exemplo… o YouTube. Eu tenho um bom aplicativo para assistir vídeos (o Tubecast). mas como o blog agora produz vídeos, preciso usar o Analytics (ferramenta do Google) que não existe na plataforma.

Outro exemplo… não existe aplicativo de controle da Canon. E para quem está pensando em comprar uma câmera da marca, isto faria uma falta danada.

Não gosto de Android, mas na plataforma eu teria os serviços que a MS me oferece e teria também os serviços que me faltam.

Assim, ainda que a contragosto, eu provavelmente migrarei para a plataforma assim que o 640 der seus primeiros sinais de cansaço.

Ah sim… a princípio este será meu último texto sobre o assunto. Só voltarei a falar do WP, caso um eventual Surface Phone surja e venha a fazer alguma diferença.

E vamos lá. Vida que segue…

16 de novembro de 2016

Um Booster Qualquer #6 – Conspiracy: Take The Crown

No ar, mais um vídeo do tipo open booster. Desta vez, trago um booster de Conspiracy; Take The Crown.

No jogo Magic: The Gathering, existem diversos formatos para jogar: pode ser uma disputa entre dois jogadores, pode ser uma disputa entre vários jogadores (mesão), pode ser uma disputa por equipes. Os formatos ainda podem ser definidos pelo tipo de carta utilizado. Temos o padrão (T2), Commander, Modern e por aí vai.

O formato Conspiracy foi criado para jogar em um mesão (ou seja, vários jogadores) e no formato selado: os jogadores abrem os boosters antes de iniciar o jogo, escolhem cartas para seus decks, fazem escolhas baseadas nas habilidades das cartas (daí o conspiracy) e por fim, jogam. Você pode conhecer melhor o formato neste link ou então na página oficial da Wizards.

Nunca joguei o formato. Mas sei que algumas cartas podem ser utilizadas em outros formatos. Aves do Paraíso, por exemplo, é uma carta sensacional que joga em Modern e Commander tranquilamente. Isso sem contar as sensações desta coleção, como Berserk, Show and Tell, Sanctum Prelate e Recruiter of the Guard.

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Se observamos bem a coleção, muitas das cartas que estão nelas são reimpressões de cartas que já jogaram (ou ainda jogam) nos outros formatos . De certa forma, é uma maneira de controlar o preço de algumas cartas. Exemplos não faltam: Ghosthly Prison custava cerca de R$ 60. Com sua reimpressão, caiu para R$ 16. Berserk também era uma carta bem cara… cerca de R$ 200. Ainda é cara, mas caiu pela metade o seu valor.

Mas eu já ficaria contente com uma Birds…

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Seja como for, vamos lá… com vocês, mais um unboxing. Divirtam-se!

Um Booster Qualquer #6–Conspiracy

9 de novembro de 2016

Analistas não vencem eleição

E deu Trump…

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Preciso reconhecer algo importante antes de continuar… eu não dei muita bola para o processo eleitoral americano. Ontem (dia 08/11) fui dormir indiferente ao processo, mas se fosse necessário uma opinião, diria que a Hillary Clinton seria eleita a nova presidente dos Estados Unidos da América.

Claro que a vitória do Trump contrariou a maior parte do que os analistas políticos previam e esta vitória inesperada (do ponto de vista dos analistas) permitiu que surgissem os cientistas políticos de ocasião.

Talvez seja meu caso… só estou dando uma opinião. Mas não sou autoridade para comentar com propriedade esta vitória. Mas ainda assim, algumas coisas chamam a atenção.

Ah… claro… para quem não sabe, o sistema eleitoral americano elege seu presidente de forma indireta. Os eleitores votam em delegados. E são eles que elegem o presidente. Além disso, a eleição é do tipo “tudo-ou-nada”. Se um candidato tem a maioria de votos em um estado, ele leva todos os delegados daquele estado. Isto explica em parte o gráfico apresentado pelo jornal New York Times. Um observador desavisado pode concluir que a vitória do Trump foi esmagadora.

Em número de eleitores, a coisa foi meio que no “pau-a-pau”. Mas como um amigo me disse, o que interessa é o resultado final. E, neste cenário, não há como contestar: Donald Trump foi eleito. Sem toda a representatividade desejada (nós brasileiros sabemos bem disso ultimamente), mas foi eleito.

Então o mundo todo está errado? Talvez…

Vejamos as campanhas e o cenário atual. Obama pode ter sido um grande presidente para os EUA, mas é um fato que muitas de suas realizações desagradaram setores mais conservadores do país. Sua permissividade com a política de imigração, sua reaproximação com Cuba, a imposição de um sistema deficitário para a saúde pública (conhecido como Obamacare), entre outras medidas sociais que sempre desagradam setores conservadores de qualquer sistema político.

Ok… de acordo com pesquisas mais recentes, o Obamacare é aprovado por cerca de 51% dos americanos. Ainda assim, pouco mudou na opinião dos políticos. Democratas apoiam e Republicanos são contra. E o Trump promete revogar o Obamacare em seu primeiro dia de mandato.

Seja como for, Obama comprou muitas brigas e desagradou muita gente. Então é natural que qualquer proposta contrária ao partido Democrata teria boa aceitação.

Além disso, o mote da campanha do Trump – “Fazendo a América forte novamente” – é suficientemente ufanista para garantir que os mais americano dos americanos sinta-se em casa. Hillary até tentou com o seu “Nós somos fortes juntos”, mas seu mote já deixava escapar o óbvio… muitos americanos não queriam Hillary.

Junte a tudo isto os recentes escândalos dos e-mails… Nada como uma boa intriga para gerar desconfiança…

Deu no que deu…

O problema é que o Trump não é exatamente um Republicano de carteirinha. Aliás, muitos setores do partido não queriam sua indicação. Mas o partido se perdeu ao não saber trabalhar um bom nome de consenso. Trump tinha dinheiro, tinha recursos, tinha os eleitores. Levou a indicação.

Entre suas propostas, algumas fanfarronices típicas de um aventureiro de primeira viagem: um muro para dividir EUA e México, revisão de acordos comerciais desfavoráveis a indústria americana, retomada do protagonismo americano como o grande xerife do mundo, fim da zonas livres de armas, revisão das políticas de imigração e ainda quer retomar a indústria do carvão no setor de energia.

Propostas um tanto exóticas… mas reais.

Agora é esperar para saber se o Trump candidato era apenas uma persona para vencer uma eleição… ou se ele realmente pretende implantar tudo o que prometeu.

A grande verdade desta eleição americana é que o resultado provou que não adianta ficar analisando, observando, interpretando… não. Analistas não vencem eleição.

E enquanto isso… no Brasil…

7 de novembro de 2016

Um Booster Qualquer #5 – Juramento das Sentinelas

Antes de mais nada, um mea culpa. Este já é o quinto vídeo da série de abertura de booster do card game Magic: The Gathering. Eu já publiquei outros vídeos, mas não os divulguei no blog até que eu achasse o formato mais adequado.

Bom… acho que encontrei.

Neste vídeo, abro um booster da coleção Oath to the Gatewatch (Juramento das Sentinelas). É a segunda expansão do bloco de Zendikar (o anterior foi Battle for Zendikar).

Os destaques desta coleção vão para os cards: Kalitas, traidor de Ghet; Chandra, invocadora do fogo; Advogado Silvestre e Nissa, Voz de Zendikar.

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otg_advocate otg_nissa

Algumas outras cartas como Picos das Agulhas, Mago Refletor e Kozilek, a grande distorção são também outras cartas dignas de nota. Caso queira conhecer todas as cartas da coleção, sugiro a visita a este link.

Bom… vamos ao vídeo. Divirtam-se!

Um Booster Qualquer #5 – Juramento das Sentinelas

3 de novembro de 2016

Uma onda de saudosismo

Há um tempo atrás vi que a TecToy dava indícios de que relançaria o Mega Drive. Afinal de contas, eles diziam que estavam preparando um “Mega” lançamento. Pois é… Em 31/10 o UOL publicou uma matéria confirmando o relançamento do icônico console do início da década de 90.

O mais interessante é que ele está sendo relançando no seu formato original:

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Eu comprei um Mega Drive, salvo engano, em 1995 quando o console foi lançado em sua 3ª geração aqui no Brasil. O seu layout era um pouco diferente do console original:

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Tive poucos jogos. Acho que na época eu contava com o FIFA, Super Mônaco GP, Sonic 2 e só… Fiquei com o vídeo game até mais ou menos 2006. Pelo que me lembro, eu o doei para minha sobrinha.

Este relançamento me fez observar que estamos em um momento onde a sociedade vive um movimento saudosista. Aquela história da panela velha… ela é quem faz comida realmente boa.

Em uma outra notícia (publicada há bem mais tempo), vi que a marca Kodak foi licenciada para produção de smartphones com ênfase na fotografia. Tempos depois, a nova Kodak anunciou o relançamento da filmadora super-8. Um sucesso na década de 80.

Um pouco antes a Fuji e Polaroid relançaram o conceito de câmeras instantâneas. Tem câmera instantânea até da Hello Kitty:

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Até mesmo os automóveis sofreram um toque de nostalgia… O New Beetle há uns anos atrás foi rebatizado aqui no Brasil para o lendário nome “Fusca”. Claro que o novo carro não lembra em nada (em termos de tecnologia) o carrinho sedan que fez enorme sucesso (eu aprendi a dirigir em um deles):

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E se observamos, são muitos os segmentos que se valem desta onda: Coca cola com as garrafas antigas lançadas em uma coleção especial, sem contar as mini-garrafinhas (VOLTEM COM OS IOIÔS!!!!), Gradiente relançando o “Meu Primeiro Gradiente” (Aliás, a volta da marca Gradiente também é uma forma de saudosismo), o retorno do Guaraná Cruzeiro, o ressurgimento dos aparelhos de som do tipo 3-em-1 com o reaquecimento das vendas dos discos de vinil, entre outras coisinhas.

Hum… se bem que eu acho que a Gradiente faliu de novo. Enfim…

Somos nostálgicos? Talvez…

Eu não sou nenhuma autoridade para comentar o fenômeno. Mas como me dou o direito de dar pitacos, aqui vai o meu: acho que a sociedade acredita que o antigo é mais confiável. Acho que vivemos uma época onde não conseguimos confiar totalmente no novo. Apegar-se a alguma coisa do passado que foi testada e aprovada deve passar uma sensação de segurança e confiança.

Pelo visto, além de nostálgicos, somos inseguros também…

Ah, voltando ao Mega Drive… o preço de relançamento é em torno de 450,00 reais. Não sei se vale a pena… existem os emuladores para PC e até mesmo celular. E tem muitos jogos sendo relançados nas plataformas Xbox e PS4 que são bem fiéis aos originais (comprei Pac-Man e Galaga).

Fico pensando daqui a 50 anos quando esta nostalgia atingir o Xbox One ou o PS4… como será que isso vai funcionar?

Isso é assunto para um post que pretendo escrever daqui a 50 anos… até lá!

24 de outubro de 2016

O monstro de Lego e o DDI da Botswana

lego

O negócio consistia em uma armadura onde um bonequinho se encaixaria, mas era uma armadura que dava umas seis vezes a altura do bonequinho, que por sua vez era pouco menor que um dedo polegar. Deu para entender?

A armadura tinha a forma humanoide, um robozão com cabeça e tudo, e o bonequinho seria inserido na região esternal, no peito da armadura - se peito ela tivesse. Melhor explicando, ele se encaixaria ali onde pende a medalhinha - se medalhinha a armadura usasse.

O bonequinho já vinha praticamente pronto. Bastava encaixar a cabeça e os braços no tronco – pois as pernas já vinham encaixadas – e depois um capacete na cabeça. Já a armadura... bem, a armadura precisaria ser montada em 53 passos, onde pecinhas de milímetros, geralmente quadriláteros dos mais diversos tipos, com encaixes tipo "macho-fêmea" seriam minunciosamente dispostas.

Cada braço da armadura era na verdade uma arma letal. E das costas brotava algo como um resplendor de garras, que encimava a parte superior traseira da estrutura - imagine uma fantasia de carnaval destas pomposas, onde ao invés das penas de pavão que brotam das costas e fazem um halo exuberante atrás do corpo, temos garras dispostas mais ou menos como ferrões de escorpião. Tudo isso numa cor preta, nigérrima e, sinceramente, na foto da caixa dava medo.

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Eis que meu filho de cinco anos se interessou pelo artefato e quis ganhá-lo de presente. A mãe comprou e ele chegou radiante em casa, com a caixa na mão já desembrulhada. Ele me viu sentado à mesa da cozinha e escalou meu colo com a maior empolgação do mundo – ele sente a maior empolgação do mundo por vários assuntos, várias vezes no dia - colocando a caixa na mesa de maneira que nós dois pudéssemos contemplá-la e sem esperar reação de minha parte desferiu a pergunta que eu temia: "Papai, monta comigo?"

Obviamente ele não esperou a reposta e começou a abrir a caixa. Apareceram quatro saquinhos plásticos cheios de pecinhas dentro. Abrimos todos e despejamos as pecinhas no tampo da mesa. Meu terror diante daquilo tudo foi facilmente aplacado pela cara de fascínio do menino. O olhar dele estava dando uma festa. Facilmente ele divisou o folheto de instruções. Avançou sobre ele quase caindo do meu colo, mas depois me estendeu aquela folha de papel com ilustrações demonstrando os 53 passos para a montagem sem nenhum texto. Foi quando trocamos olhares. Vi que o olharzinho dele dizia "você sabe exatamente o que fazer, você é o cara".

E antes de continuarmos, preciso de uma digressão...

Fui um pai bissexto, aos 37 anos. E protelei até o quanto pude exatamente pelo medo de receber aquele olhar. Eu nunca fui de saber exatamente o que fazer, e na maioria das vezes em que achei que soubesse não fiz. Essa falta de prática nestes pormenores me travava o intento da paternidade. Não que me sentisse incapaz de prover. Não, para isso sempre se daria um jeito e na pior das hipóteses haveria a mãe. Mas eu imaginava que receberia em algum momento da incipiente vida do meu filho aquele olhar carregado de expectativa e de reconhecimento aos poderes do primeiro homem-grande que seria digno da admiração daquele homenzinho. E tinha a certeza que me apressaria em dizer algo como "olha, meu jovem, deixa eu te avisar que a coisa não é bem assim..."

Naquele momento, naqueles poucos milésimos que durou aquele olhar, isso tudo passou pelo meu pensamento. Mas sabe-se lá que força me deu que tomei o folheto de instruções na mão e devolvi ao meu menino um olhar que dizia "deixa aqui com o pai, vai dar tudo certo".

Bem, o tal folheto, como já sabemos não trazia texto. Mas eram ilustrações praticamente auto-explicáveis. Praticamente... cada passo da montagem trazia, encimado num quadrinho, as peças e a quantidade de cada uma necessária para a montagem. Logo abaixo vinha a parte do monstro montada. Entenderam? Eram dispostas na parte de cima as pecinhas e embaixo o resultado delas montadas. E entre um e outro, eu que me virasse. Comecei a suar frio já no segundo passo, e uma voz nada complacente me enervava soprando "calma, ainda faltam 51 passos". Para a montagem daquilo era exigido que o montador dispusesse de raciocínio espacial, lógico e tridimensional. Não, eu não disponho de nenhum desses...

Mas não me considero um rematado idiota. Pelo menos na maior parte do tempo. Tenho boa memória, uma excelente memória para dados inúteis. Quanto mais inútil, mais eu guardo na cachola. Certa feita estava conversando entre amigos, nem me recordo o assunto. Mas num dado momento alguém perguntou o DDI da Botswana, um país que fica no sul da África. Eram tempos sem smartphones nem Google (e... pasmem ... sobrevivíamos). Alguém achou uma agenda de papel (ainda existem?) e nela constava uma lista com países e seus DDI´s. Descobrimos que o da Botswana era 267. Isso tem mais de vinte anos, volta e meia nos reencontramos e eu os desafio a lembrar o famigerado DDI. Ninguém lembra. Só eu.

Percebam que esta é uma inteligência - se é que é uma "inteligência" muito específica. Millôr Fernandes dizia que o jogo de xadrez desenvolvia a inteligência para... jogar xadrez. De tal sorte que minha prodigiosa memória serviria para me fazer um bom jogador de "Stop". Mas no Stop (que na minha terra se chama "Adedonha"), a memória só é um dos atributos. Há que se ter rapidez de raciocínio. E o meu raciocínio, eu sinto dizer, é lento. Quando jogo Stop então, o pensamento pisa no freio. Porém, numa conversa solta é divertido saber tanta coisa inútil. Tenho a impressão de que já foi mais divertido, mas paciência.

Daí que na escola sempre tive a matemática e as ciências exatas como inimigas. Drummond dizia que as escolas enchem as crianças de matemática sem fazê-lo através da poesia da matemática. Não sei, diria ao Poeta. No meu caso cansei de ver professores e colegas de classe deslumbrados com aqueles números na lousa. Nessas horas, além de me sentir burro eu ficava com remorso de não partilhar daquela alegria toda.

O fato é que mesmo assim eu terminei a escola, a faculdade, a pós-graduação e até consegui ser pai. E é com muito orgulho que vos declaro que, voilà, terminei de montar o monstro de Lego, quase três horas depois da montagem iniciada, com meu filho já dormindo há tempos. Deixei-o de pé sobre a mesa, e fui dormir feliz. Antes dei uma olhadinha a mais no outrora amontoado de pecinhas que agora era alguma coisa em cima da mesa da cozinha. Disse baixinho "Parla!"

No outro dia, meu filho veio me acordar. Queria descer para ver o monstro. Descemos, e vi que ele já desfrutava de sua primeira maior empolgação do mundo daquele dia. Sentamos juntos, cada um numa cadeira. Eu peguei o monstro antes do menino. Olhei incrédulo. Eu tinha mesmo feito aquilo? Essa dúvida me consumiu muito tempo. Impaciente, meu filho puxou o negócio da minha mão e aconteceu o inevitável: o boneco escapou de nós e se espatifou no chão. Corremos a tentar juntar os pedaços que se espalhavam pelo chão, ao mesmo tempo em que dissuadíamos com altos berros nossa cachorrinha de tentar comer algumas pecinhas.

Colocamos o monstro esquartejado em cima da mesa. Já experimentei algumas derrotas e aquela certamente iria para a prateleira das maiores. Mas meu menino não se deteve. Em contraste com minha catatonia, prontamente foi remontando o brinquedo - detalhe - sem se guiar pelo folheto. Fiquei contemplando sua agilidade e ele me olhou sorrindo. E foi então que após o sentimento de derrota, fui tomado por uma vitória irresistível: a de ter o privilégio de poder olhar para o filho de cinco anos e dizer com os olhos, "você sabe exatamente o que fazer. Você é o cara!"

23 de outubro de 2016

Empreendedorismo

Algumas pessoas acreditam na falácia do “Dinheiro não traz felicidade”. Realmente, uma nota de R$ 100 por si só não cria nenhuma pessoa feliz. Ela depende de um contexto. Cem reais para pagar um multa de trânsito não é algo que podemos chamar de “feliz”.

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Bom… Quero falar das minhas tentativas de ganhar dinheiro com algumas ideias que tive.

Esta é a questão do empreendedorismo… ganhar dinheiro com seu trabalho assinado em carteira não é bem uma questão de empreender. Quando a partir de uma ideia sua você consegue gerar alguma renda… bom… aí temos o legítimo empreendedor.

Consultando alguns artigos sobre o tema, percebi que boa parte das pessoas que em algum momento empreenderam em sua vida, tiveram muitas vezes um insucesso. Mesmo os grandes empreendedores tiveram algum revés antes de acertar.

Eu ainda não acertei… E sendo muito honesto, parei de empreender. Mas tenho algumas tentativas que não deram em nada. Vou falar sobre algumas delas.

As aulas particulares

Dar aulas de reforço escolar foi minha primeira tentativa de ganhar algum dinheiro com uma ideia. E no caso, a ideia era bem simples: eu usaria meu conhecimento teórico para ensinar alunos do Ensino Médio e Fundamental, cobrando pelas aulas.

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A ideia, apesar de boa, esbarrou em um pequeno problema: eu estava apenas no 1º colegial (o que o povo chama hoje de 1ª série do Ensino Médio) e tinha pouco mais de 15 anos. Como eu poderia dar aulas de conteúdos que eu sequer vira na escola?

Ainda assim, eu consegui dois “clientes”. Minha mãe comentou com alguns vizinhos sobre minha empreitada e duas delas mandaram seus filhos para terem aulas comigo.

As falhas do meu projeto hoje estão bem claras: eu não tinha um produto, não sabia como estabelecer preço, não tinha método, nem conhecimento técnico.

Obviamente, o meu negócio de aulas particulares durou apenas umas três semanas.

A venda de cartões de descontos

Esta foi antes de tudo, uma grande burrada. Eu contava com 17 anos e estava no último ano do colegial (ensino médio é para os fracos e jovens…) e um amigo meu chamado Fábio sugeriu que arrumássemos um emprego com horário flexível para conciliarmos escola, vestibular e trabalho.

Assim, surgiu de algum lugar a proposta para participar de um treinamento para vendas diretas para lojistas. Fomos a uma palestra e o trabalho consistia em oferecer ao público um tipo de cartão de descontos.

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Funcionava assim, o cliente pagava uma anuidade pelo cartão (não lembro os valores exatos da época, mas algo como R$ 15 em valores atuais) e ele conseguiria obter descontos em lojistas selecionados. Acho que era um tipo de cartão fidelidade.

O problema é que para se tornar vendedor da tal promotoria de descontos você primeiro deveria provar ser capaz de fazer as vendas. Assim, você teria um lote de 50 cartões para revender até a próxima etapa do treinamento.

E claro que – por você neste momento estar em treinamento – não seria remunerado por nenhuma venda.

Eu e o Fábio pegamos os cartões e lá fomos vender para todo o tipo de cliente interessado. Comecei pelo lugar mais óbvio: meus pais.

Meu pai obviamente percebeu a armadilha, mas preferiu que eu tivesse uma aula prática sobre charlatanismo para que eu aprendesse alguma coisa sobre ganhar dinheiro. Ainda assim, ele comprou um cartão para ele e para minha mãe.

Durante alguns dias eu tentei vender o cartão. Fui ao mercado ao lado de casa, falei com os vizinhos, com alguns colegas da escola, mas sem grande sucesso. Em uma semana, vendi apenas dois cartões.

O Fábio também não estava com muita sorte. Tinha vendido apenas três. E já tinha desistido de vender os cartões. Eu estava mais resoluto. E então tive um plano: vou para um bairro mais afastado de casa. Talvez as pessoas não comprassem nada porque me conheciam.

Assim, fui para o bairro da Vila Maria bater de porta em porta.

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De novo, não tive muito sucesso. Escolhi uma rua bem comprida com muitas casas e comecei a tocar a campainha de porta em porta, perguntando se tinham interesse em comprar um cartão de descontos. Alguns potenciais clientes até me ouviram por 2 ou 3 minutos. Outros eram mais grosseiros. Andei por quase a rua toda até perceber o óbvio… Por que as pessoas pagariam por algo que elas poderiam pedir diretamente ao lojista?

Neste momento eu desisti da venda dos cartões e aguardei pela data de retorno para devolver o dinheiro e os cartões não vendidos.

Eis que um dia antes do prazo findar, pedi ajuda a meu pai oferecendo a ele que comprasse todos os cartões restantes e distribuísse aos clientes do posto de gasolina em que ele era proprietário na época como uma forma de promoção. Não sei se por pena, dó ou piedade ele aceitou a proposta. O fato é que com isso eu garantiria a venda de todos os 50 cartões.

No dia seguinte, fomos eu e o Fábio. Eu estava triunfante… e o Fábio, resignado.

Chegamos lá e o Fábio devolveu todos os cartões e saiu. Quando chegou minha vez, a moça que recebeu o dinheiro dos cartões me agradeceu e disse para preencher a ficha cadastral para a segunda fase do treinamento.

E aí, veio a surpresa… um outro rapaz pegou minha ficha para analisar e disse que eu não estava qualificado para o treinamento pois era menor de idade, mas que poderia fazer uma nova revenda de um lote de 500 cartões, pelo prazo de 30 dias. E eu receberia uma comissão de 3% das vendas… caso vendesse o lote todo. Senão, a comissão seria de apenas 2%.

Fez as contas? É… eu também. Em valores atuais, meu salário mensal seria de R$ 225, sem contar minhas despesas de transporte e alimentação.

Se isto fosse hoje, não conseguiria nem recarregar o bilhete único mensal.

E aí percebi novamente as falhas do meu empreendimento… na verdade, empreendedor era o cara que criou o sistema de vendas do cartão. Ainda que na picaretagem, ele conseguia vender sua ideia (o cartão) para pessoas que provavelmente nunca usariam o tal desconto. Um vendedor de fumaça.

O consultor de informática

Tentei então trabalhar com consultoria. Em minha imaginação bem fértil, acreditei que alguns anos trabalhando em escolas de informática me habilitavam a prestar consultoria na implantação de sistemas de informação em empresas pequenas.

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Criei um site (aliás, o site que deu origem ao blog) oferecendo montagem e manutenção de computadores, construção de sites, implantação de redes. Um verdadeiro “pau pra toda obra”.

A questão é que eu continuei com as aulas de informática e esqueci que se você presta serviços para empresas, você tem que estar disponível para atender a estas empresas. Aí, comecei a perder clientes com a mesma velocidade que os ganhei pelo simples fato de que eu quase sempre não tinha condições de retornar a empresa.

O site de cartas

Fiquei um bom tempo sem empreender. Mesmo porque depois dos cartões, fui para o cursinho e fui para a faculdade. Quando voltei de Campinas, fui trabalhar como instrutor de informática e não pensava em empreender, apenas em trabalhar e ganhar algum dinheiro para voltar à Campinas e completar a faculdade.

Depois fui engolido por aquilo que se chama vida. E fiquei um bom tempo absorto com o trabalho.

Apenas em 2015 – eu voltei a jogar Magic. E logo percebi que algumas cartas poderiam atingir valores altos.

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Como eu tinha muitas cartas antigas e boas, pensei que poderia vendê-las com algum lucro. Foi então que criei a Magic Tower. A ideia era ser uma loja compra e venda de cards usados.

Fiz a loja virtual e coloquei alguns cards a venda. Depois de 1 mês no ar, nenhuma venda.

Nesta época, eu já estava mais calejado e percebi um pouco mais rápido meu erro. Primeiro: já existia um local para compra e venda de cards. Um grande portal sobre Magic chamado Liga Magic já oferecia o serviço na forma de bazares criados pelos usuários cadastrados no site. E ali havia um sistema de avaliação dos vendedores, criando um sistema bem mais seguro. Além disso, eles também vendem uma solução de e-commerce para lojas virtuais. Os sites de vendas pertencem normalmente à lojas físicas já estabelecidas no mercado. Neste caso, meu erro foi não fazer uma simples pesquisa sobre o mercado de card games

O que aprendi com tudo isso?

Pois é… estas foram as minhas quatro tentativas de empreender. Não tive sucesso em nenhuma delas. Hoje é fácil perceber que em todos os casos faltou planejamento e pesquisa.

Mas a lição mais interessante que aprendi é que uma ideia pode ser boa. Mas nem sempre ela pode se tornar um negócio rentável. Principalmente se você for um curioso. Empreender não é para curiosos.

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