Vou começar pela frase proferida por ninguém menos do que Satya Nadella, CEO da Microsoft, na conferência de abertura WSJD Live, promovida pelo jornal Wall Street Journal:
"We clearly missed mobile, there's no question… Our goal now is to make sure we grow new categories."
Em uma tradução livre, temos o seguinte:
“Nós claramente perdemos o móvel (celular), não há dúvidas… Nossa meta agora é garantir que vamos crescer em novas categorias.”
Bom… existe uma outra tradução prevista pelos defensores do apocalipse:
“O Windows Phone acabou.”
E foi esta versão a que prevaleceu. Muitos sites alarmistas decretaram (mais uma vez) que o Windows Phone acabou. Reforçam esta versão, o fato que a Microsoft descontinuou a produção do Lumia e não tem previsão para novos Lumias. O Lumia 950 provavelmente foi o último de sua espécie.
Não é segredo para ninguém que sou entusiasta da plataforma. Não é segredo que já tem quatro anos que meu celular é um Lumia. Tive um 710, fui para um 720 e atualmente estou com um 640.
E sou obrigado a reconhecer… possivelmente será meu último Windows Phone. Explicarei mais adiante.
Independentemente do que o site X ou Y acha, é um erro afirmar que a plataforma acabou. Por um motivo simples: a Microsoft já tem algum tempo resolveu que investiria num projeto muito maior. O chamado projeto “One Core”.
Neste conceito, o Windows é um ecossistema que pode rodar em um console, em um tablet, em um notebook, em um dispositivo vestível e até mesmo em um celular.
Assim, o que aconteceu foi que a Microsoft deixou de fabricar dispositivos rodando o Windows 10. Mas o sistema continua ativo e em constante desenvolvimento. E surgem até novos lançamentos para ele: finalmente o HP X3 deu o ar da sua graça e a Alcatel lançou o Idol 4S (que tem uma versão com Android).
A questão é… o Mercado comprou a ideia do Windows em dispositivos mobile?
A resposta parece óbvia… NÃO.
O “Não” é porque (e aí, a frase do Nadella começa a fazer sentido) o sistema surgiu depois que a Apple inovou com o seu iPhone. Surgiu depois que o Android se consolidou como um padrão de mercado (da mesma forma como a MS fez na década de 90 com os computadores).
Os desenvolvedores, os fabricantes, todas as empresas querem lucrar. Então, não tem sentido investir num aparelho que não tem nem 2% de participação de mercado. Pensando assim, a estratégia da MS foi correta ao criar um ecossistema. O desenvolvedor cortas custos de criação e abrange outros segmentos. Ele cria um app para o desktop que pode funcionar no console, no celular, no tablet e assim por diante.
O conceito é lindo. Sua implantação foi horrorosa.
A Microsoft desenvolve produtos que atendam ao mercado. E o mercado está no Android e no iPhone. E é por isso que temos apps dos principais produtos da MS nestes celulares. Temos o Office Mobile, temos o One Drive…
Resumindo, aquilo que os sites não observaram é que a MS é uma empresa com uma gama de produtos que vão muito além do Lumia. O Lumia foi um subproduto da aquisição da Nokia. E assim como o Zune, a Band e outros que agora não me lembro, o Lumia deixa o mercado.
Foi um grande celular. Mas ele surgiu em uma época em que ele não fazia mais a diferença.
Outra questão… considerando os últimos lançamentos, parece que a MS enxerga no mobile a vocação profissional. Seus celulares teriam como foco o mercado corporativo. Pensando em produtividade. Seria a ideia de que as pessoas se divertem com o Android e com o iPhone, mas para o trabalho, produzem com o Windows.
Acho isto um tanto equivocado. A BlackBerry pensou assim e desapareceu (o que não acontecerá com a Microsoft, já que ela atua em outros segmentos). Não dá para pensar que um cidadão irá ter um celular para o trabalho e outro para uso pessoal.
E considerando como o mercado brasileiro é avesso à inovações tecnológicas, é provável que não tenhamos um novo Windows Phone por aqui, seja qual for o fabricante.
O que me leva ao outro ponto… meu último Lumia.
Eu preciso dizer que o 640 não me encantou. O 720 foi o mais completo e se não fosse o problema do áudio eu estaria com ele até agora, mesmo usando o Windows Phone 8.1.
A câmera era um dos destaques, mas o modo HDR é um fracasso. Vive travando e já perdi boas fotos com ele. O cartão de memória vez o outra apresenta problemas de leitura e o sinal do celular as vezes desaparece.
Não sei se o problema é o Windows 10 ou se o problema é o telefone.
Ele funciona bem para o dia-a-dia. Mas não dá para confiar 100% nele quando penso em um uso mais “heavy user”.
Some a isso a falta de algumas aplicações para interagir com outros dispositivos. Um exemplo… o YouTube. Eu tenho um bom aplicativo para assistir vídeos (o Tubecast). mas como o blog agora produz vídeos, preciso usar o Analytics (ferramenta do Google) que não existe na plataforma.
Outro exemplo… não existe aplicativo de controle da Canon. E para quem está pensando em comprar uma câmera da marca, isto faria uma falta danada.
Não gosto de Android, mas na plataforma eu teria os serviços que a MS me oferece e teria também os serviços que me faltam.
Assim, ainda que a contragosto, eu provavelmente migrarei para a plataforma assim que o 640 der seus primeiros sinais de cansaço.
Ah sim… a princípio este será meu último texto sobre o assunto. Só voltarei a falar do WP, caso um eventual Surface Phone surja e venha a fazer alguma diferença.
E vamos lá. Vida que segue…
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