Buenas!
Passou-se o natal e a vida me prega uma peça de presente, um pé engessado. Que maravilha, não?! Ao invés de comemorar junto ao personagem gorducho de vermelho, eu comemorei ao melhor estilo do nosso personagem de vermelho, o Saci.
Infortúnios à parte, 2018 foi um ano pra lá de bacanudo quando o assunto é música (em outros aspectos, foi a segunda temporada de 2017, e piorada). Tanta coisa bacana foi resenhada por essa coluna nesse ano, e como não poderia deixar de ser, esse escriba que voz fala (ou escreve, como queiram), também preparou a sua surpresinha para o fim de ano: uma belíssima lista de melhores do ano, ao melhor estilo Troféu Imprensa.
Só que como aqui não é a casa da mãe Joana, há de estabelecermos critérios para entrar nessa lista, e este será o ano de lançamento (obrigatoriamente 2018). O outro critério é muito mais subjetivo, e se trata da minha opinião pessoal.
Concordam? Discordam? Sem problemas, ainda vivemos em uma democracia. Se quiserem contestar e mandarem as vossas listas de melhores do ano via comentário ou redes sociais, ficaremos pra lá de felizes. Sim!!! Queremos fomentar o diálogo e o intercâmbio de música boa, e é pra isso que essa lista serve, pra disseminar o que ouvi de melhor no ano que finda.
E sem mais delongas, vamos a lista…
[ 5º Lugar – Scatolove – “Lei de Muffin” ]
Fofo, mas sem perder a acidez e sem abrir mão de temas densos (mesmo que sejam ditos com leveza), falam sobre cotidiano e relações humanas de maneira tão autoral que parece que cada uma das canções são passagens reais da vida da banda, sem abrir mão de criticar a sociedade contemporânea (e todas as suas doenças: do corpo, alma e cabeça). Pra refletir sem abrir mão da diversão.
Um disco pra cantar junto, em alto e bom som (em casa ou ao vivo num show da banda) que mostra que o Scatolove veio pra ficar, e não ser apenas o projeto paralelo de dois músicos profícuos em busca de diversão.
Uma das melhores e mais sinceras análises do mundo atual, feito com ironia, acidez, guitarras e um senso pop pra ninguém botar defeito.
[ 4º Lugar: Baco Exu do Blues - "Bluesman" ]
Seu caldeirão de referências e suas letras, diretas como um soco no nariz, já começaram a chamar a atenção fora da bolha do rap nacional (seu disco de estreia já ganhou crítica de "disco do ano" em um prêmio bem conhecido em 2017), chegando até a ganhar curtida da própria Beyoncè (a quem homenageia na faixa "Me desculpe Jay-Z").
Mas não é só sobre empoderamento o álbum, ele também fala de sexo, poder, religião, sociedade e amor, mas de uma maneira não ortodoxa (mas fala do amor do jeito normal também, não se preocupem), usa o sentimento como metáfora para algumas situações de depressão.
Um dos caras que faz rap de maneira mais cheia de brasilidade da atual cena e que fala de amor e crítica social com a mesma intensidade. Coisa fina.
[ 3º Lugar: Superchunk - "What a time to be alive" ]
O Superchunk tem em sua sonoridade a sua principal marca registrada. Eles são aqueles raros tipos de bandas que podem gravar o mesmo disco por anos e anos a fio, e que sempre soarão parecidos e diferentes ao mesmo tempo. Estilo baby, estilo.
Conseguem sempre manter aquele espírito "síndrome de Peter Pan" nos seus ouvintes, pois seu som nunca envelhece nem soa datado, mesmo sendo a cara do que melhor se fez nos anos 90. A cada lançamento nos dá uma aula de como uma banda deve soar, de estilo, de produção, de distribuição (eles tem seu próprio selo, há anos), e da manutenção do mais crucial espírito "punkrock": o "Faça Você Mesmo".
[ Vice-Campeão: Projeto Rivera - "Eu Vejo Você" ]
Surpreendentemente brasileiro! É assim que consigo definir o segundo álbum da banda. Faz uso de referencias regionais mas ainda assim soa absurdamente cosmopolita e moderno. O álbum traz influências de MPB, de baião e do rock alternativo cheio de guitarras e com uma cozinha pra lá de pesada fazendo uso de baixo, bateria e percussão.
As letras são extremamente bem feitas e são de uma sinceridade absurda, a banda não tem pudores em se posicionar no mundo e expor seu ponto de vista includente, coisa corajosa nos intolerantes tempos de hoje.
Caso queira um pouco de amor e luz na sua vida, pode cair de cabeça nesse discaço do Projeto Rivera. Nos dias de hoje, mais do que importante, essencial.
[ O Grande Campeão: Carne Doce - "Tônus" ]
Que álbum! O povo da Carne Doce deu um passo rumo ao desconhecido nesse novo disco, e acertaram em cheio. Um disco diferente de todos os outros lançamentos anteriores da banda. Sem espaço para os regionalismos do primeiro álbum, aqui a banda se reinventa, troca sua pele, coisa de quem já tá pronto pra seguir adiante, mas sem esquecer os êxitos de outrora.
Fazendo um som muito mais intimista e introspectivo, porém muito mais denso e profundo, com letras cirúrgicas. Falam sobre sua visão de mundo, amores, desamores, desilusões e sexo (sim, ele mesmo, por que não?) de uma maneira pra lá de direta.
Soa simples e complexo, discreto e explícito, um álbum pra se apreciar com calma e inúmeras vezes. A cada audição um novo detalhe, uma nova nuance, uma nova compreensão. Trocando em miúdos (e desculpem-me pela linguagem chula): UM DISCÃO DA PORRA!!! Pra lá de obrigatório, essencial!!! Explicitamente inesquecível, o melhor álbum do ano, fácil.
Feliz virada de ano pra vocês!
Que em 2019 possamos ter álbuns tão bacanas quanto esses melhores de 2018 (e se não tivermos, revisitamos grandes discos de outros anos, sem problemas).
Esse colunista vai se dar ao luxo de uns dias de férias e retorna aos trabalhos na segunda metade de janeiro/2019. Até lá.
Logo menos tem mais.
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