A tradição não é nacional… mas a perspectiva de golpe é genuinamente tupiniquim. Chegou o momento de mais uma Black Friday.
Ou seria Black Fraude?
A Black Friday é uma tradição que surgiu nos EUA ainda na década de 30. Lá, a ideia é comemorar o primeiro dia em que as empresas passam efetivamente a ter lucro no ano fiscal vigente. É o momento que as empresas saem do vermelho e passam a ficar no preto. Por isso… Black. O evento sempre no dia seguinte ao dia de ação de graças – que nos Estados Unidos é sempre na última quinta-feira de novembro. Por isso, Friday. Daí vem o termo Black Friday.
Genericamente, é a Black Friday que abre as vendas para o Natal. Nem sempre os descontos são fantásticos. Alguns produtos ganham realmente um belo desconto. Outros nem tanto. E alguns, não ganham nada mesmo.
A tradição circulou por vários países como Canadá, Reino Unido, França entre outros… E chegou ao Brasil em 2010.
Já escrevi sobre o assunto aqui no blog em duas oportunidades. No ano de 2012, por ocasião da Black Friday da época e novamente em 2014. E nas duas ocasiões o assunto foi o mesmo: os descontos artificiais.
Este ano, a tradição brasileira parece que vai prevalecer novamente. Oficialmente, o grande dia é amanhã. Na prática, os marqueteiros das lojas já estão usando o mote da campanha há algum tempo. Tem loja que afirma que lá, “todo dia é dia de Black Friday”.
A história se repete: um produto X custa – digamos – R$ 1000. E ao longo do ano com pequenas oscilações, o preço se mantém estável. Surgem até mesmo alguns bons descontos. Repentinamente, o preço do produto começa a subir com a aproximação do evento. E aí, no dia do evento o produto X chega a um valor bem maior do que o praticado durante o ano. Digamos… R$ 1.800.
Mas… estamos na Black Friday. Época de generosos descontos. Então, o produto ganha um desconto sensacional e será vendido por R$ 1.200. Um desconto bombástico.
Vou usar meu exemplo: estive procurando uma câmera digital para gravar os vídeos no canal do blog (se você ainda não conhece, vá até lá: www.youtube.com/1blogqualquer). Bom, no meu caso eu estava interessado na Canon SX60HS. Seu preço médio estava por volta de R$ 1550 quando comecei a pesquisar (em agosto/2016). Pensei em adquirir a câmera caso ela chegasse a um valor menor do que R$ 1500.
O que aconteceu foi o inverso: o preço começou a subir e não parou mais de subir. A mesma câmera hoje custa R$ 2000 (na oferta mais em conta). Para ficar mais claro, vamos considerar o preço em dólar. Numa conversão direta, a câmera custava US$ 451 na Black Friday de 2015. Hoje, a mesma câmera custa US$ 561. O detalhe: o dólar em 2015 estava cotado a R$ 3,889. E a cotação atual é menor do que em 2015.
O que farão na Black Friday? Vender com desconto por “apenas” R$ 1700?
Outro exemplo… um laptop da HP (Pavillion X360) que estava custando cerca de R$ 1400 nos últimos meses atingiu hoje o preço de R$ 1800:
Provavelmente o que veremos será novamente um descontão trazendo o aparelho por volta de R$ 1500.
Não duvido que em outros países o comércio também pratique descontos maquiados. Realmente não fiz uma pesquisa sobre isso para afirmar ou negar tal questão. Também não duvido que alguns produtos com menos saída servirão de “boi de piranha” para chamar a atenção do consumidor.
Mas aqui no Brasil parece que a tradição é criar a falsa ilusão de que estamos ganhando grandes descontos, quando na verdade, o que estão fazendo é dar um pequeno desconto sobre um grande aumento.
Bem vindo à mais uma #BlackFraude
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