9 de novembro de 2016

Analistas não vencem eleição

E deu Trump…

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Preciso reconhecer algo importante antes de continuar… eu não dei muita bola para o processo eleitoral americano. Ontem (dia 08/11) fui dormir indiferente ao processo, mas se fosse necessário uma opinião, diria que a Hillary Clinton seria eleita a nova presidente dos Estados Unidos da América.

Claro que a vitória do Trump contrariou a maior parte do que os analistas políticos previam e esta vitória inesperada (do ponto de vista dos analistas) permitiu que surgissem os cientistas políticos de ocasião.

Talvez seja meu caso… só estou dando uma opinião. Mas não sou autoridade para comentar com propriedade esta vitória. Mas ainda assim, algumas coisas chamam a atenção.

Ah… claro… para quem não sabe, o sistema eleitoral americano elege seu presidente de forma indireta. Os eleitores votam em delegados. E são eles que elegem o presidente. Além disso, a eleição é do tipo “tudo-ou-nada”. Se um candidato tem a maioria de votos em um estado, ele leva todos os delegados daquele estado. Isto explica em parte o gráfico apresentado pelo jornal New York Times. Um observador desavisado pode concluir que a vitória do Trump foi esmagadora.

Em número de eleitores, a coisa foi meio que no “pau-a-pau”. Mas como um amigo me disse, o que interessa é o resultado final. E, neste cenário, não há como contestar: Donald Trump foi eleito. Sem toda a representatividade desejada (nós brasileiros sabemos bem disso ultimamente), mas foi eleito.

Então o mundo todo está errado? Talvez…

Vejamos as campanhas e o cenário atual. Obama pode ter sido um grande presidente para os EUA, mas é um fato que muitas de suas realizações desagradaram setores mais conservadores do país. Sua permissividade com a política de imigração, sua reaproximação com Cuba, a imposição de um sistema deficitário para a saúde pública (conhecido como Obamacare), entre outras medidas sociais que sempre desagradam setores conservadores de qualquer sistema político.

Ok… de acordo com pesquisas mais recentes, o Obamacare é aprovado por cerca de 51% dos americanos. Ainda assim, pouco mudou na opinião dos políticos. Democratas apoiam e Republicanos são contra. E o Trump promete revogar o Obamacare em seu primeiro dia de mandato.

Seja como for, Obama comprou muitas brigas e desagradou muita gente. Então é natural que qualquer proposta contrária ao partido Democrata teria boa aceitação.

Além disso, o mote da campanha do Trump – “Fazendo a América forte novamente” – é suficientemente ufanista para garantir que os mais americano dos americanos sinta-se em casa. Hillary até tentou com o seu “Nós somos fortes juntos”, mas seu mote já deixava escapar o óbvio… muitos americanos não queriam Hillary.

Junte a tudo isto os recentes escândalos dos e-mails… Nada como uma boa intriga para gerar desconfiança…

Deu no que deu…

O problema é que o Trump não é exatamente um Republicano de carteirinha. Aliás, muitos setores do partido não queriam sua indicação. Mas o partido se perdeu ao não saber trabalhar um bom nome de consenso. Trump tinha dinheiro, tinha recursos, tinha os eleitores. Levou a indicação.

Entre suas propostas, algumas fanfarronices típicas de um aventureiro de primeira viagem: um muro para dividir EUA e México, revisão de acordos comerciais desfavoráveis a indústria americana, retomada do protagonismo americano como o grande xerife do mundo, fim da zonas livres de armas, revisão das políticas de imigração e ainda quer retomar a indústria do carvão no setor de energia.

Propostas um tanto exóticas… mas reais.

Agora é esperar para saber se o Trump candidato era apenas uma persona para vencer uma eleição… ou se ele realmente pretende implantar tudo o que prometeu.

A grande verdade desta eleição americana é que o resultado provou que não adianta ficar analisando, observando, interpretando… não. Analistas não vencem eleição.

E enquanto isso… no Brasil…

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