Buenas.
Tô de volta depois de um longo e tenebroso inverno pra falar sobre as novidades (algumas nem tão novas assim) no campo musical "rocknrollístico". A ideia desse espaço é resenhar, comentar e por que não, destrinchar alguns dos álbuns que andam fazendo a minha cabeça, uma pérola por semana.
Pra começar, vamos de rock brasileiro da melhor qualidade…
Scalene - Magnetite (2017)
Ansiedade definiu a espera por esse mais novo trabalho dos brasilienses. Quase dois anos o separam de seu antecessor, o ótimo "Éter", ou seja, pressão total em cima dos caras pra conseguir manter o mesmo nível de excelência, principalmente após terem ganho o Grammy de melhor álbum de rock brasileiro em 2016.
Essa pressão foi superada com louvor, "meodeos", que discaço! Magnetite é tipicamente Scalene, mas com cara nova, um Scalene 2.0, acrescido de novos recursos e experiência de quem tem certeza onde quis chegar, musicalmente falando.
O disco já abre pesado, denso e sem vergonha alguma de meter o dedo nas feridas da sociedade (mais um aspecto positivo dessa nova obra, a contestação ao "status quo" da nossa sociedade. Temas como servidão, preconceito e religião são questionados de maneira bem direta, o que dá ao álbum um caráter ainda mais crítico). Vê-los tocando algumas dessas faixas, como "Distopia" e "Heteronomia" no Rock in Rio, pra milhares de pessoas ao vivo e pra milhões que acompanharam via TV, internet e afins, mostra a maturidade de uma banda que dá sua cara a tapa ao fazer suas críticas de maneira contundente.
Como já citado anteriormente, as letras se destacam nesse novo disco. Ácidas, sensíveis, contestadoras e de um bom gosto ímpar, fazem desse novo disco um clássico imediato e um retrato do Brasil atual.
O instrumental vem muito mais elaborado, mesmo na bateria bruta do Makako, a intenção de ir além é claramente perceptível. Há a preocupação com o novo, com a evolução, e a banda não se faz de rogada. O carro chefe ainda são as guitarras dos irmãos Bertoni, mas agora há muito mais espaço pro baixo do Lukão aparecer cada vez mais grave e sinuoso. Os teclados são uma novidade pra lá de pertinentes e casam absurdamente bem com a sonoridade (ao vivo há um outro músico de apoio que reveza entre o teclado e uma terceira guitarra, dando ainda mais peso ao som), fazendo a cama e enchendo o som de novas nuances e climas.
A voz do Gustavo nunca foi tão bem explorada como foi aqui. Sem medo de sair da zona de conforto, vai do falsete ao rasgado com uma fluidez que só grandes vocalistas conseguem, coisa de gente grande.
Produzido com esmero por Diego Marx, deixa muita banda gringa corando de vergonha, traz uma sonoridade moderna e ao mesmo tempo com um pé e meio na sonoridade de Seattle dos anos 90, repaginando e modernizando sua sonoridade com elementos novos, há espaço pras brasilidades sem perder o peso dos riffs de uma baita banda de rock.
O Scalene deu seu próximo passo em Magnetite e crava seu lugar entre as grandes bandas brasileiras e entre as grandes bandas da década. Representaria o Brasil em qualquer festival gringo (e já o fez) com extrema competência e certamente arregimentará uma grande horda de fãs por onde passem.
Fizeram o maior candidato a disco nacional do ano, e ouso dizer que Magnetite é com certeza um dos grandes lançamentos no mundo do rock’n’roll de 2017, sem sombra de dúvidas.
Ouça ontem. Discoteca obrigatória.
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Logo menos tem mais.
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