21 de novembro de 2017

As bananas, seus machucados e a empatia…

É uma história sobre frutas, conduta e empatia… quero contá-la a você.

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Eu gosto de bananas… é uma fruta versátil. Vai bem pura, em uma vitamina, combinada com outras frutas, com sorvete… Banana é legal…

Desde pequeno eu me lembro do tempo em que minha mãe picava a banana em pequenas rodelas, misturando com aveia ou Neston para que eu comesse. Ou então em uma bela vitamina com maçã, mamão e leite.

Banana é saudável… E é uma das frutas mais consumidas no mundo, pois além de ser gostosa ela é muito econômica e saudável. Muitas pessoas acabaram por eliminar esta fruta de sua alimentação acreditando na falsa lenda de que comê-la engorda. Mas nada em exagero engorda… nem a banana.

A banana tem vitaminas, ajuda na circulação e no controle (moderado) do colesterol. Eu tenho boas razões para comer banana.

In natura, a fruta para mim pode ser um problema. Pois desde pequeno eu tenho uma frescura… os machucados da banana.

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Esta é uma das frescuras alimentares que eu tenho desde criança. E naquela época, a coisa era bem pior: se a banana estivesse com algum machucado, eu simplesmente não a comia. Para mim, a banana estava estragada.

E eu não a comia de jeito nenhum.

Lembro das vezes que minha mãe descascava duas ou três bananas até encontrar uma sem machucados.

Com o tempo, eu passei a ser mais tolerante (mas ainda assim, um idiota). Eu cortava a metade da banana com o machucado e comia o restante. Hoje em dia, eu faço uma escultura na banana se necessário… mas eu como a banana que pego na fruteira, sem grandes ressalvas.

Quem me conhece, sabe que não sou a melhor pessoa para falar em alimentação saudável: sou um cocacólatra inveterado, não observo muito bem a tal da pirâmide alimentar e entre lanche e refeição… vou de lanche.

Pelo menos não tenho compulsão para doces… só a coca-cola.

Não é a toa que sou obeso…

A vida passou e hoje sou pai. Mariana já está com três anos e felizmente é saudável e se alimenta bem. Meu maior orgulho é que – apesar do meu vício em coca-cola – Mariana até hoje não colocou uma única gota de qualquer refrigerante na boca.

Sério… para mim isso é importante. Minha filha não consome refrigerantes. Apesar das idiotices do pai, ela não consome refrigerantes.

Ela se amarra num bom prato de “arrozcaldinho” (arroz com feijão) e um frango grelhado. Não é fã dos legumes e verduras, mas eu e a Ana Paula usamos de bastante criatividade para incorporar estas coisas em sua alimentação.

Nem sempre temos sucesso… Bastante geniosa, ela recusa alguns pratos. Sejam eles saudáveis ou nem tanto (ela não gosta de pudim… vai entender a cabeça dela).

Claro que – se eu estou contando esta história das bananas e sobre os hábitos alimentares da minha filha – é porque eu tenho alguma outra história para contar que remetem à estas que eu já contei.

Bom… eu tenho mesmo.

Hoje Mariana me pediu uma banana… eu fui até a fruteira e peguei uma que me pareceu bem inteira. Descasquei e vi… um pequeno machucado… pequeno mesmo. Daqueles que numa vitamina, não faria a menor diferença.

Mas eu sou um incorrigível… com uma pequena faca, eu cirurgicamente removi o machucado e deixei a banana perfeita novamente.

Pelo menos, para os meus critérios de qualidade.

Orgulhoso de minha banana cirurgicamente desbastada, entreguei a fruta para minha filha.

Ela pegou de minha mão, olhou de um lado… olhou do outro e reparou no pequeno pedaço que faltava na banana.

- Não quero – Disse ela secamente.

Minha primeira reação foi de incredulidade. Como assim, “não quer”? Eu mesmo preparei a banana como se estivesse preparando a fruta para mim. Eu… que sou fresco… sou chato… e detesto banana com machucados…

- Não quero… a banana tá feia – Ela repetiu.

Aquilo foi um golpe e tanto… De repente eu me vi com 4 ou 5 anos de idade em frente a minha mãe, negando a banana que ela tão pacientemente selecionou para mim.

De repente eu vi o quanto era um idiota com a minha mãe quando recusava as bananas quase perfeitas que ela selecionava para mim.

- Não quero essa banana… – Ela insistiu.

Admito que minhas mãos tremiam. Eu estava me sentindo incapaz e impotente. Eu acho que eu senti cada pingo de frustração que minha mãe deve ter sentido quando eu negava as bananas…

Remorso… talvez seja esta a palavra. Um pouco exagerado para um episódio que envolve frutas e o lanche da tarde de uma criança de três anos de idade.

Foi um bom tempo de convencimento… acho que levei quase 10 minutos para convencer a Mariana que aquela banana era tão boa quanto qualquer outra da fruteira.

Finalmente, ela pegou a banana e comeu.

Admito que um episódio banal como esse não deveria ter mexido comigo desta forma. Mas mexeu… senti remorso, senti frustração.

Mariana ainda tomou um copo de iogurte nesta tarde. Banana com iogurte, pode ser calórico, mas pelo menos foi um lanche saudável.

Resultado de imagem para banana e iogurte de morango

O que fiz a seguir foi ligar para minha mãe…

- Mãe? Tudo bem?

- Tudo filho… e você? Aconteceu alguma coisa?

- Não mãe, está tudo bem… Mari, fala oi pra vovó.

- Oi vovó! Tô com saudade de você!

Eu sei que é um diálogo bem banal… sei que é uma história comum, com uma pessoa comum, em um lugar comum. E que também prova que eu ligo para a casa da minha mãe com uma frequência bem menor que a esperada…

Mas ocorre que eu precisava dizer algo para minha mãe:

- Mãe… queria te pedir desculpas.

- Desculpas pelo que, filho?

- Por todas as vezes que a senhora me ofereceu algum alimento quando eu era criança e eu recusei.

Isso foi o que eu disse à ela… na verdade, o que eu realmente gostaria de ter dito seria: “Por todas as vezes que a senhora pacientemente fez tudo por mim, e eu simplesmente ignorei.”

Então, desliguei o telefone… e chorei como criança.

Eu acho que entendi finalmente o significado de empatia… e eu não estou falando da definição direta que existe no dicionário.

empatia

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