Buenas povo,
Como se manter no auge quando a sua principal mente criativa abandona o barco para correr atrás de seus projetos paralelos? Deve ter sido este o pensamento de Anthony Kiedis, Flea e Chad Smith, quando o "guitarhero" John Frusciante resolveu abandonar os Chili Peppers pela segunda vez.
Como continuar? Da primeira vez já fora complexa a saída, mas agora, eles tinham novamente atingido o topo, eram a maior de todas as bandas e não queriam perder a relevância. A saída, por mais bizarra que seja, foi pedir ao próprio Frusciante que os ajudasse a encontrar alguém que ocupasse a sua lacuna, e este, em um ato de camaradagem (mostra de que saiu numa boa), indica o esquisitão Josh Klinghoffer seu parceiro em alguns dos seus projetos paralelos para ocupar o posto.
Com a benção de Frusça, Josh Klinghoffer marca seu espaço em "I'm with you" de 2011, mas é do disco posterior, "The Getaway" de 2016 que quero falar hoje.
Aqui temos o RHCP no auge da forma, Klinghoffer já se estabelecera, criara laços e estilisticamente, está muito próximo de John Frusciante embora seu som soasse como um Red Hot Chili Peppers que você nunca ouvira antes. E é isso o que marca o álbum: é Red Hot, mesmo soando diferente. Méritos da banda e de Danger Mouse (o produtor). Vejo muito sua mão no álbum.
Percebo ecos de todas as fases da banda, mas sem parecer revisionismo ou cópia, do esporro da fase Slovak em "This Ticonderoga", da deprê da fase Navarro em "The Hunter", e das grandes canções "assobiáveis" da fase Frusciante em "Dark Necessities", mas a mão de seu novo compositor teria que aparecer também. E é aí que a esquisitice cheia de timbres e efeitos bizarros de Josh Klinghoffer mostra a sua cara…
Tirar os caras da zona de conforto e re-aprender a compor como banda mostra uma maturidade gritante. Klinghoffer mesmo quando destoa do que teríamos como Chili Peppers clássico o faz de uma maneira única, incorporando novos elementos e texturas como em "Go Robot", tudo soa maravilhosamente coeso, e por mais plural que seja, ainda é a cara de seu criador, que conseguiu condensar em si uma aura tão cheia de espectros para marcar o seu papel na banda. O guitarrista atira para todos os lados e acerta em cheio em todos.
Toda a banda está tocando como nunca, a cozinha sai do óbvio funkeado que se espera dos Peppers, Flea e Chad Smith abusam de todo o seu leque de técnicas, das mais simples às mais inesperadas, coisa de mestres. Mas o que mais chama a atenção nesse disco, é a qualidade vocal de Anthony Kiedis. Já acompanho a banda há mais de 20 anos e posso dizer com todas as letras: Ele nunca cantou tão bem como nesse álbum (impostação vocal, timbres, tons, dicção, sentimento, verdade), tudo é grandioso e a evolução pra lá de perceptível. Trocando em miúdos: um disco pra lavar a alma e mostrar à todos que eles estão cada vez melhores.
Vejo esse "The Getaway" como uma vontade grande de se reinventar, sem perder a personalidade marcante da banda, o que mostra coragem. Tenho certeza que em um futuro próximo, esse álbum fatalmente será lembrado como um dos grandes discos dos Chili Peppers.
Para ouvir o álbum, acesse aqui.
Logo menos tem mais
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