O e-commerce atualmente é uma realidade consolidada. Levante a mão aquele que nunca fez ou pensou em fazer uma compra on-line. São tantas opções de mercado e muitas vezes com preços bem atraentes que é inevitável não considerar uma compra on-line.
Muitas lojas no Brasil se tornaram gigantes nessa modalidade. A B2W (dona das marcas Americanas.com, Submarino e Shoptime) talvez seja uma grande referência neste mercado. Lojas tradicionais também têm seu braço virtual… é o caso do Walmart, Carrefour (que chegou a abandonar o e-commerce há alguns anos, mas retornou), Saraiva e o grupo CNova (responsável pelas marcas Ponto Frio, Extra e Casas Bahia). Enfim, são muitas as opções.
Outra área em ascensão é o das Marketplaces: portais de vendas que congregam vários lojistas que anunciam seus produtos sob uma única marca. O pioneiro aqui no Brasil é o Mercado Livre, mas mesmo as lojas tradicionais do comércio eletrônico também aderiram à moda. De certa forma, é uma maneira de criar alguma resistência a gigante que aos poucos está chegando no Brasil. A Amazon começou por aqui timidamente, vendendo apenas seus produtos digitais, mas nos últimos anos ampliou sua participação para outros setores, usando a estrutura do marketplace.
Mas a internet é um fenômeno que é capaz de sobrepor barreiras, inclusive as geográficas. E observando isso, temos por aqui outro fenômeno: as lojas chinesas.
Nomes como Gearbest, Bang Good, DX, Ali Express já são comuns quando falamos em compras virtuais. Inclusive surgiram vários canais no YouTube especializados em apresentar produtos destas lojas, funcionando como verdadeiras vitrines virtuais.
Aliás, recentemente, eu fiz um vídeo com meus comentários sobre estes canais. Em princípio, eles se apresentam como “canais de tecnologia”, mas na verdade usam sua exposição para anunciar produtos que recebem por meio de parcerias com estas lojas . BeTech, Android4All, RSSV, Brasil Geeks, Geek Antenado, Dudu Rocha e muitos outros vivem disso: recebem produtos das lojas, fazem a resenha e anunciam o link para compra. A partir daí eles são comissionados pelas vendas.
O que eu acho? Bom… é um modo de ganhar a vida… mas me incomoda esta roupagem de canal de tecnologia que a maioria deles assume. A verdade pura e simples é: são canais que funcionam como vitrines eletrônicas. E de novo… nada contra… existe demanda para isso e assim, todos ficam satisfeitos. Só acho que poderiam se assumir como vitrine. Seria mais ético.
Mas a pergunta que eu me fiz já tem algum tempo: será que vale a pena comprar na China? Quais as vantagens e desvantagens?
A resposta é simples: DEPENDE. A explicação para a resposta não é tão simples. Mas é o que vou tentar fazer neste texto.
A melhor maneira de verificar isto seria uma aplicação prática. Então, fui à compras… Fiz uma lista de produtos que eu tinha interesse (e que cabiam em meu orçamento) e fiz a compra pelos sites chineses.
[ Oferta de produtos ]
Este é um ponto positivo, pois conseguimos acesso a bons produtos que nem sempre estão no Brasil ou então, quando estão, são vendidos pelos camelôs virtuais do Mercado Livre a preços pouco competitivos.
É o caso da pulseira MiBand 2 da Xiaomi. Eu adquiri duas pelo site da Gearbest ao custo unitário de R$ 60. Por aqui, você não encontra estas pulseiras por menos de R$ 120.
Você encontra também produtos úteis que nem sempre são fáceis de encontrar por aqui… é o caso de um suporte para headphone que comprei por R$ 20. Os suportes que encontrei por aqui não saiam por menos de R$ 50. Como era um produto que eu não tinha urgência, compensou a compra.
Para alguns produtos, existem barreiras alfandegárias. Por exemplo, você não consegue adquirir um Powerbank da Xiaomi, pois o envio é restrito…
Mas nesse caso específico, acho que não compensa, pois temos variedade deste produto por aqui a um preço bem semelhante…
[ Qualidade e preço dos produtos ]
Aqui o ponto é sensível… porque eu recebi produtos muito bons, como é o caso das MiBand 2 e também do suporte para o headphone. Um outro produto bacana que recebi e de boa qualidade é a luminária LED da Xiaomi… boa, barata e funcional.
Mas outros produtos deixaram bastante a desejar. Obviamente o preço era um indicador de que eu não teria um produto que primasse pela sua qualidade, mas sinceramente, fiquei com aquela sensação de produto de camelô, que funciona só por 1 final de semana. Foi o caso dos relógios que adquiri por respectivamente R$ 11 e R$ 26. O primeiro simplesmente desmontou na minha mão ao retirar da embalagem (literalmente), sem contar que sua pulseira lembra um material semelhante à espuma que não inspira durabilidade. Já o segundo simplesmente não serve no meu pulso, e além disso ele tem falhas no acabamento da pulseira.
Ok… o que eu poderia esperar por um relógio que custou menos de R$ 30? A mensagem aqui é: não se iluda com os preços baixos.
[ Tempo de envio ]
Aqui, uma dose de paciência é necessária. Muito necessária. Para se ter uma ideia todas as compras (à exceção do suporte para headphone) foram feitas em outubro de 2017. Por se tratar de uma importação, as encomendas precisam ser desembaraçadas na alfândega em Curitiba (que é onde chegam as encomendas internacionais). E neste ponto pode ocorrer a taxação.
Funciona assim, o auditor fiscal recebe o produto e avalia se ele ultrapassa os limites estabelecidos pela receita federal e em caso positivo ocorre a taxação do produto em até 60% do valor estimado. Veja bem, eu disse “valor estimado” e não valor real.
Isso acontece porque muita gente tem a prática de solicitar a alteração da declaração de venda (o invoice coming). Os espertinhos compram um produto por, digamos, US$ 200, mas pedem que no invoice venham informado apenas US$ 20.
As vezes funciona, as vezes não…
O auditor fiscal tem a prerrogativa de fiscalizar o produto, podendo até abrir a embalagem para conferir se o descritivo do invoice coming bate com o produto. Caso o auditor perceba alguma maracutaia, além da taxação ocorre a autuação, com a cobrança de multa fiscal para desembaraço da mercadoria.
E se a mercadoria for ilegal, pior pra quem comprou, porque neste caso o produto é apreendido e você perde tudo o que pagou, além de responder civil e criminalmente, conforme o caso.
Fato é que eu nunca fui taxado… mas também considere que eu fiz compras sempre com valores baixos (o maior valor foi o Selfie Stick que custou R$ 66). Mas a espera foi de matar…
Eu comecei a receber os produtos somente no começo de janeiro/2018. Ok… teve uma greve da alfândega, mas tem produto que até hoje eu não recebi… no caso, um relógio com bluetooth e um selfie stick da Xiaomi… até o momento em que escrevo este texto (26/03/2018), nenhum sinal deles.
O sistema de rastreamento é muito confuso. Mas achei uma solução bacana que é o aplicativo Muambator (é um jabá, porque ninguém está me pagando para mencionar isso). Com o aplicativo é possível rastrear as encomendas de modo mais intuitivo. E segundo eles, o relógio já está no Brasil e foi liberado sem taxação, mas nada dele ser encaminhado.
Já o selfie stick eu não sei… simplesmente porque o código de rastreamento não funcionou. Só funciona em um site chinês que informa que o produto também já está no Brasil. Mas sinceramente, eu acho que neste caso, o produto foi extraviado na cadeia logística dos correios.
A única exceção a tudo isto foi o suporte para headphone. Eu o comprei em 04/02/2018 e chegou em minhas mãos bem rápido: em 11/03/2018.
Sim… mais de um mês… é o preço que pagamos por querer pagar barato, combinando isso com uma estrutura logística confusa no Brasil.
[ Vale a pena ? ]
Após algumas compras, a sensação que eu tive é que estes sites chineses ora se comportam como uma loja virtual de grande qualidade e ora se comportam como um grande camelô virtual com produtos de qualidade bem duvidosa.
Indiscutivelmente existem produtos bons oferecidos por ali. Eu não saberia opinar quando aos eletrônicos (como celulares, câmeras, drones e outros produtos) porque honestamente me falta verba para as aquisições e também não acho uma boa ideia comprar um produto sem nenhum tipo de garantia aqui no Brasil. Mas isto é uma opinião pessoal.
Acho que vale a pena quando você pretende comprar um produto de difícil acesso aqui no Brasil. Temos boas ofertas de eletrônicos por aqui que não justificam a compra em um site chinês. O tempo para entrega também é um fator considerável que pode tornar sua experiência ruim. E uma eventual taxação pode fazer com que o barato saia caro.
Para miudezas em geral e produtos que você só encontra no camelódromo do Mercado Livre, talvez seja uma boa opção, mas para outros produtos, acredito que confiar no mercado nacional regularmente (e legalmente) estabelecido por aqui talvez seja mais interessante.
Você tem uma opinião diferente? Quer contribuir com suas experiências? Tem algum questionamento? Coloque aí nos comentários o que você acha desta história toda.
A gente se vê no próximo texto!
Nenhum comentário:
Postar um comentário