18 de março de 2018

Nirvana - "In Utero" (Disco da Semana #17)

Buenas,

Hoje é dia de comentar uma das pedras fundamentais do rock alternativo, se segura na cadeira e boa viagem.

20180320_nirvana

Enfim me reencontro com a última obra lançada em vida pelo gênio Kurt Cobain. Já fazia tanto tempo que a havia deixado de lado, acho que quase uns 20 anos. Nem eu sei o poque, mas sei que essa semana, tomado por uma fagulha, me peguei cantando um dos hinos desse álbum maravilhoso e resolvi mergulhar de abeça no meu passado "rocknrollístico" e trazer à tona esse disco que sempre fora o meu predileto da finada banda de Seattle.

Mas e o "Nevermind"? É ótimo também e influenciou diretamente o meu gosto musical e meu jeito de tocar, mas esse, é tão intenso, tão pessoal, que sintetiza o quão complexamente simples o Nirvana soava.

Qualquer coisa lançada pós o tsunami "Nevermind" já seria visto com desconfiança e seria comparado e criticado, sendo bom ou ruim. Só havia uma possibilidade à Cobain, Novoselic e Grohl: fazer um álbum ainda melhor. Curioso saber que o álbum começou a ser gravado em terras brasileiras quando o Nirvana fizera a sua única estada no país para o finado festival "Hollywood Rock" em 1993.

Após essa pré-produção brasileira, eles se isolaram em "Cannon Falls", uma cidadezinha pacata no interior do Minnesota junto ao produtor Steve Albini (uma volta à crueza do início de carreira) e em apenas 12 dias gravam o sucessor de seu disco platinado. Ao final das sessões com Albini, a gravadora achou que o álbum soava invendável e "pediu" que as faixas fossem remixadas, dadas a crueza que o produtor impôs às canções. O escolhido para "limpar" as faixas foi o grande Scott Litt (produtor do R.E.M.).

As músicas são um diário, um recorte da intensidade e da vida de Cobain e mostram o quanto a fama repentina e o excesso de atenção e drogas afetaram a sua sanidade. É mais complexo de se digerir mesmo sendo instrumentalmente mais simples. Não é pop e nem cairia nas graças de quem apenas os conhecia pelo lançamento anterior ou esperava um "Nevermind vol. 2". Esse era pesado, intenso e cada vez mais personalista em suas letras.

Seu instrumental dá uma ênfase maior a parte rítmica, baixo e bateria são tão pesados que garantem uma pressão absurda a sonoridade, mesmo nas canções mais "pop" como "Rape Me" e "Pennyroyal Tea", tem uma distorção absurda e baterias espancadas. Temos aqui o Nirvana em seu auge criativo e sem se vender ou perder a sua essência, isso sim, o maior legado deixado por "In Utero". A adição de outra guitarra (Pat Smear, ex-Germs) foi a solução tomada para reproduzir no palco o que fora feito em estúdio, e se mostrou um baita acerto, pois Cobain podia focar no vocal e dividir as partes mais complexas de guitarra. Essa formação deixava o agora quarteto ainda mais poderoso.

Hoje, esse álbum me soa ainda melhor do que em seu lançamento e digo com toda a certeza que quase 22 anos depois, é um dos álbuns que mudou a minha vida e que seria um dos que levaria para uma ilha deserta (de preferência em vinil, que tem uma arte linda).

"In Utero" é um disco pra lá de essencial, é obrigatório, discoteca básica. Já ouviu? Ouça de novo (bem alto!). Não ouviu ainda? Sério? Ouça aqui e tente passar imune.

Por esse e pelos outros álbuns, Cobain, onde você estiver, obrigado.

Logo menos tem mais.

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