Buenas povo, desculpem-me pelo atraso. Sem mais delongas, vamos de música.
Confesso que vi essa nova empreitada do Marcelo Camelo com certa descrença. Nunca duvidei da sua capacidade musical (sou pirado em Los Hermanos), mas esse lance de montar banda com a primeira dama é um lance que me deixa meio com o pé atrás. A própria história nos mostra isso: Lennon & Yoko, Ritchie Blackmore & Candice Night, só pra citar dois exemplos. Seus trabalhos solos ou com suas bandas de origem sempre me pareceram mais inspirados. Mas como em briga de marido e mulher não se deve meter a colher, vamos respeitar.
Camelo e Mallu já vinham participando dos discos solos um do outro de uma maneira bacana, agora, nessa nova empreitada, simplesmente juntaram forças e recrutaram o batera português Fred Ferreira pra fazer um projeto único, a Banda do Mar (que baita nome mequetrefe), que lançou um disco de estreia pra lá de bacanudo.
Embora tenha gostado um bocado do disco, não senti muita coesão. Parece se estar ouvindo hora um disco do Camelo, hora um disco da Mallu, não encontrei "a identidade" da banda, o elemento que os une. Mas isso não faz do disco, um disco ruim, longe disso. É um baita disco.
Confesso que vi mais proximidade de Los Hermanos nessa estreia do que nos discos solos do Camelo, e isso Manolo, é um baita elogio. Ao mesmo tempo, vejo Mallu se afastando cada vez mais da sua veia folk, que era a sua marca registrada e o que a trouxe a grande mídia. A vejo muito mais influenciada pela sonoridade do marido do que o contrário. Relacionamentos à parte, percebo algumas influências bacanas nesse novo trabalho, escuto ecos de tropicália em "Mia", as claras referências "mpbísticas" em "Dia Clarear", ainda há espaço para uma sonoridade mais praieira, na linha do "Little Joy" em "Seja Como For".
A cozinha faz o básico com competência. A batera é econômica, mas dita o ritmo das canções. O baixo aqui é complemento, acompanhamento. As vozes, como de se esperar, fazem um belíssimo contraponto. Gosto mais de quando eles dividem o vocal, fica mais próximo de uma identidade, mas quando o fazem por conta própria, ainda assim é muito bom. Camelo é um baita guitarrista e o mostra por aqui sem muita firula ou solos mirabolantes. Preenche os espaços necessários. Há uma preocupação muito maior com os timbres, com a sonoridade do que com habilidades técnicas. E isso é feito com maestria.
O disco soa todo vintage, timbres clássicos, efeitos, mesmo que poucos, muito bem escolhidos. Produção de primeiro mundo. Um disco, alegre, solar, típica trilha sonora de um verão bacana. Um belo disco.
Logo menos tem mais.
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