30 de junho de 2014

Carta aberta aos moleques* da seleção

Carta aberta à Seleção Brasileira de Futebol Masculino Adulto

Seguinte: pode ser que essa copa já tenha ido para o saco, mas ainda há tempo de cairmos de pé. Se for para perder que seja com Maracanazo - apesar de eu achar que será um "Mineirazo" contra a Alemanha. Humilhação e tristeza são diferentes de vergonha, e VERGONHA é o que vocês estão nos fazendo passar nessa Copa. Mas ainda dá tempo. Seguem algumas dicas para que vocês se tornem homens. Eu sei que tiveram palestras com gente famosa que deveriam ter tido a decência de acordá-los. Mas essa gente só quer ganhar dinheiro. Na falta dos conselhos comprados, leiam estes, de graça:

1) Promovam a Chulapização

Tá bom, Serginho Chulapa não venceu uma copa. E ainda mais caiu em 82 naquele time que ainda hoje nos parte os corações. Mas era o único que não se achava prima-dona. Sua alma tranqueira, sua categoria da várzea e sua malemolência souberam se encaixar naquele elenco de starlets. Não temos um Chulapa nesse time de 2014. Se tivéssemos, o Oscar já teria apanhado na cara umas 15 vezes só por ter aquela cara. A solução talvez seria arranjar logo esse contrato do Fred com um time do oriente médio (é só nisso que ele pensa) e despachá-lo para lá ainda essa semana. Depois, providenciar para que o Jô tenha dengue - dessas levinhas, só para ser cortado mesmo. Aí tem que chamar o Alan Kardec - que está naquela lista de "extras", mas basta pagar que ele pede para sair. Então finalmente chamaremos qualquer outro centroavante. Serve desde o Luís Fabiano até aquele gordo que era do Goiás e agora está no Fluminense. Precisamos de sangue nos óio. Aliás serve o Serginho Chulapa mesmo, que aceitaria vir de bom grado.


2) Sem esse chorinho no hino nacional

E antes disso: sem essa de entrar com mãozinha no ombro. Daqui a pouco vão estar trocando beijinhos. Teve uma copa que Juninho Paulista chorou que nem um bambi no hino e foi criticado. Cadê agora as madalenas para as críticas ? Nosso hino é bonito, mas é longo. Deixa que a torcida canta, eles estão lá para isso. Mas se esguelar e se defazer em lágrimas drena a energia e desconcentra. Na boa, a gente sabe do amor de vocês pelo Brasil. Tanto é que todos pensaram muuuuito antes de aceitar jogar fora daqui, não é mesmo? Na hora em que o hino for tocado, experimentem ficar calados com cara de mau quando as câmeras focarem seus rostinhos tratados com base. O outro time vai ficar pelo menos intrigado.


3) Assistam Rocky 3

Neste clássico do cinema erudito, Stallone nos mostra como um grande atleta perde a pegada ao se envolver demais com a mídia. O começo do filme é revelador, mostrando as recorrentes pausas no treinamento para fotos e autógrafos. Obviamente ele perde e só depois que rói o osso de novo é que consegue vencer. Uma moral que faz sentido. Lógico que não precisa subir aquela escadaria imensa do Museu da Filadélfia. Mas em volta da Granja Comari tem um monte de morros...


4) Esqueçam a imprensa

A turma da imprensa tem a copa como produto, então a gente tem que dar audiência, senão a conta não fecha. Por alguma avaliação afobada, imaginaram que a consciência crítica do brasileiro havia sido finalmente despertada nas manifestações do ano passado. Então agora é um tal de "Copa das Copas", de "a melhor organização do mundo", além do bom e velho "povo alegre e hospitaleiro". Pelo que essa paçoca custou - paga com o dinheiro do povo -  seria o mínimo a se esperar. E tudo será um mar de rosas, até porque senão a gente muda de canal e vai assistir ao Chaves. Mas não se iludam, os caras só estão com medo da gente quebrar o país, e por isso não estão pegando pesado com vocês.


5) Não, vocês não são mais garotos

Tem muito brasileiro arrimo de família que não ganha por mês o que vocês gastam num café da manhã, e que tem exatamente a mesma idade que vocês. Pressão aos 22 anos é normal por aqui. Tão normal que quase ninguém percebe, e por isso ganha-se bilhões a menos. Tô nem aí se tão ou não pegando a Bruna Marquezine - eu prefiro a Elza Soares como ela está hoje. Por um oitavo do que moleque tá ganhando na seleção, todos os brasileiros de fibra suportariam um zagueiro nigeriano fungando no cangote. Ao invés de ficar mostrando a cuequinha para arrecadar, vê se sua essa camisa.


6) Como sair da marcação de duas linhas de quatro?

Esse sistema foi consagrado pelo México quando nos tirou a medalha de ouro em Londres e hoje todo mundo copia, inclusive o México. Se me pagarem o que pagam ao Scolari, nem preciso de 894 assistentes para bolar um jeito de sair desse "caixote", que certamente será usado pela Colômbia. Mas uma boa forma de começar a resolver esse problema é lendo com atenção os 5 tópicos acima.

*talvez vocês só precisem se lembrar que um dia foram moleques, jogando bola na rua, na quadra do bairro, do colégio. Sonhavam em jogar na seleção, mas no fundo achavam como todo mundo que alguns sonhos grandiosos não se realizam. Vocês são vencedores, mas dignifiquem seus sonhos!

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