28 de novembro de 2014

Black Friday ou novamente uma Black Fraude?

O povo brasileiro tem uma mania persistente de incorporar valores e tradições culturais de outras paragens. O Black Friday é mais uma destas incorporações. A origem do evento tem a ver com o dia de Ação de Graças, celebrado principalmente nos EUA e Canadá.

O Brasil não tem em sua tradição cultural a Ação de Graças… nem Halloween… mas gostamos de incorporar estas coisinhas.

Fato é que desde 2010 o Black Friday está no calendário informal do comércio brasileiro. E fato é que o brasileiro deu seu famoso jeitinho para que a Black Friday não fosse tão black assim…

A ideia do evento é vender produtos com descontos realmente consistentes. Coisa grande: 40%, 50%… enfim. O evento é tão esperado nos EUA que algumas lojas precisam controlar o fluxo de clientes para a coisa não virar tumulto.

Aqui criou-se uma política de descontos maquiados. A tática consiste em anunciar um produto com um valor nominal maior e em cima deste valor, aplica-se um desconto grande.

Como funciona isso? Imagine um produto qualquer que custe normalmente R$ 100,00. Aí a loja anuncia o produto com um valor maior que o normalmente praticado… digamos R$ 160,00. Aí, a loja em cima deste preço inchado, aplica um descontão… 40%. Com o mega desconto, o produto passa a custar R$ 96,00. O consumidor que não tem o hábito de observar a oscilação do preço durante um período, acaba achando isto uma promoção sensacional. E efetua a compra. Na verdade, o desconto foi bem menor… apenas 4%.

Fraude? Tecnicamente não… um lojista tem o direito de aplicar o preço que quiser sobre seus produtos. Vale o mesmo para os descontos, desde que não caracterize dumping que é a prática de colocar produtos abaixo do preço de custo com o intuito de eliminar a concorrência. Obviamente, muita gente percebeu a jogada dos lojistas e passou a chamar o evento de “Black Fraude”. Alguns criaram até um slogan: Tudo pela metade do dobro do preço.

Não é uma fraude… mas é um abuso…

A impressão é que ninguém fiscaliza. Órgãos de proteção ao consumidor como o PROCON ou então o ReclameAqui tentam fazer uma espécie de fiscalização. Alguns lojistas por sua vez, usam produtos como chamarizes. Eles aplicam descontos reais em poucos produtos e maquiam os descontos em produtos mais desejados. Fica difícil fiscalizar deste jeito…

E provavelmente vai acontecer de novo… Provavelmente… o Procon-SP já divulgou uma lista de sites pouco confiáveis. Os grandes sites estão de fora… mas parece que a inflação forçada dos preços já começou.

Eu confesso que não me programei para comprar nada por ocasião da Black Friday. Mas quero relatar meu pequeno exemplo. Como escrevi anteriormente, eu acabei comprando um tablet… Por se tratar de uma experiência optei por um dos mais baratos do mercado que tenha alguma qualidade. Comprei um TecToy Veloce.

Depois de muito pesquisar, encontrei o produto no site do Shoptime pelo melhor preço: R$ 236,81. Comprei o produto… que inclusive já chegou (em breve escreverei uma resenha sobre o mesmo).

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E aí estou acompanhando a evolução do preço para ver se o desconto será potencialmente maquiado… Bom, o mesmíssimo tablet na mesma loja está custando hoje R$ 379,00.

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Agora, imagine no dia da Black Friday um desconto bom… 40%. O preço do tablet será de… R$ 227,00.

Curioso, não é?

Enfim… eu me dei o trabalho de acompanhar o preço do tablet… e ele ganhou desconto de Black Friday. Bem menor do que eu imaginava:

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Olhei também preços de outros tablets que pesquisei e eles também estão mais caros do que na semana passada.

Considerando a história do evento no Brasil… pelo visto teremos mais do mesmo…

Ou – como alguns preferem – tudo pela metade do dobro do preço…

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