NOTA DO EDITOR: Este é um daqueles textos intimistas e reflexivos que escrevo quando não estou muito bem comigo mesmo. Se você não gosta do estilo… pule e aceite minhas desculpas.
Se você topa ler, então vamos ao texto… e obrigado pela atenção!
Há poucos dias eu conheci esta palavra diferente: Ikigai.
Eu confesso que não conhecia e tampouco sabia o seu significado. Para começar, Ikigai é de origem japonesa. É a derivação das palavras IKIRU, que significa “viver”, com KAI que significa “realização do que se espera”. E juntas… temos a definição de IKIGAI: a ideia de ter um propósito de vida.
Antes de falar do Ikigai propriamente dito, preciso compartilhar algumas frustrações e pensamentos com você.
Como você deve estar cansado de saber, 2017 não foi um ano fácil para mim. Na verdade, toda confusão se iniciou lá pela metade de 2016. Era um tempo em que eu não tinha todos os meus sonhos e desejos realizados. Mas estava – digamos – remediado.
Saí de um escola relativamente tranquila para tentar uma escola menor e mais tranquila. Deu errado. Fui parar em uma escola bem maior e com muitos problemas… desde a gestão, quanto à estrutura, quanto às pessoas. Uma escola ruim.
Cansado de tudo aquilo, tomei a decisão de sair. Acreditei que estaria em uma escola com menos problemas e por ter menos responsabilidades eu imaginei que estaria em um lugar mais tranquilo.
E de novo eu me enganei… havia um grande ressentimento por eu simplesmente ter largado a escola para ser gerente em outra. Havia uma grande medo de – pelo fato de eu ter sido gerente – quisesse impor meu modo de trabalho ou ainda tomar o lugar das pessoas. Havia ainda um sentimento de não pertencimento. Como deixaram claro mais de uma vez, eu não fazia parte daquele lugar.
Aí, pirei… fiquei mal. Fiquei desorientado. A insônia, ansiedade e angústia eram presenças constantes. Percebi que precisava de ajuda. Fui afastado do trabalho pois precisava respirar. Precisava entrar nos eixos…
Fui para uma nova escola. E curiosamente, ali tomei o cuidado de perguntar, questionar. Ter certeza de que ali eu não seria um peso. Aparentemente não era…
Então eu fui…
Mas de novo, eu me enganei. Desta vez, era um clima mais ameno. Não havia ressentimento, mas ninguém estava disposto a aceitar as ideias de alguém de fora. De novo fui relegado à tarefas de pouca expressão ou importância. Fui colocado em tarefas que já eram feitas por outras pessoas, apenas para ocupar meu tempo.
De novo… eu era um peso morto.
Eu já perguntei para um médico psiquiatra de modo direto: eu estou com depressão? A resposta foi “não”. Mas aquilo que restou em mim do estudante de medicina insiste em não concordar… eu vejo em mim os sinais de uma depressão.
Meu sono está desregulado… eu não durmo… eu tenho pequenos cochilos. E normalmente acordo assustado com algo.
Minha alimentação está maluca… não é correto alguém se alimentar de pão e queijo o tempo todo. Só pão e queijo…
Baixa auto-estima… sim… eu ando me sentindo um bosta.
Pessimismo exagerado
Total falta de concentração
Ansiedade… ou sirucuticos… como preferir
Compulsivo… tomar uma coca cola 2L sozinho por dia não é normal.
Sentimento de incapacidade para fazer as coisas
Eu já deveria ter voltado a trabalhar… ainda não o fiz. E não tenho uma boa razão para isso. Eu deveria ter organizado a casa e também não o fiz. Eu estava com planos para gravar meus vídeos, fazer minhas coisas… nada fiz. Apenas prostrei-me e fiquei passivo a tudo que está passando ao meu redor.
Para ajudar, estou em casa sozinho. Apenas eu, os gatos e o cachorro. Minha esposa foi viajar com a minha filha. Então o dia em geral é silencioso. Quando muito… converso com os filhotes.
Sinceramente? Eu acho que estou sim com uma tremenda depressão.
Não sou médico… então não posso afirmar isso.
O pior desta doença é o fator social… quem não tem, acha que quem tem está simplesmente com frescura. O que não é verdade… eu não gostaria de ninguém no meu lugar neste momento. Ninguém. Nem meu maior desafeto (usei “desafeto”, porque acho que não tenho inimigos…).
Bom… e o que o meu pretenso estado depressivo aqui tem a ver com o Ikigai?
Andei lendo sobre o tema. Descobri que o Ikigai não é somente uma palavra com significado, mas sim a síntese de uma filosofia. E já que Ikigai em síntese significa encontrar uma razão para viver, isso é o que estou procurando no momento… as razões para viver que me tirem deste buraco que me sinto.
Além disso, as coisas são um pouco mais complexas… porque não basta apenas conhecer as razões para viver, mas colocar em prática as coisas que levam a termo estas razões.
E é aí que a coisa tá pegando…
Em seu início, a ideia do Ikigai lhe propõe 4 perguntas:
O que você ama?
No que você é bom?
O que o mundo precisa de você?
Pelo que você pode ser pago?
Confesso que a última pergunta me soa estranha… mas de certo modo é coerente. Você precisa de meios para viver. E viver implica em se situar no mundo em que vivemos. Um mundo em que temos contas a pagar. Em que precisamos pagar por produtos, serviços, comida… Eu não pretendo morar em uma floresta praticar o modo de produção coletivista. Então, é natural que pensemos em ter uma remuneração para poder arcar com as despesas…
Afinal de contas, faz sentido pensar naquilo que pode gerar recursos financeiros para você.
A partir das respostas é que você pode pensar em como balancear suas paixões, com sua missão, com sua profissão e com sua vocação.
No meu caso, tenho certeza que a coisa está num grande desequilíbrio…
Graficamente, o Ikigai funciona mais ou menos assim:
Se você observar o gráfico, verá que algumas regiões mostram as sensações não boas: inutilismo, pobreza (não estou falando da pobreza material), incertezas e vazio.
Estas áreas estão associadas com outras sensações: conforto, excitação, satisfação e plenitude.
Eu fiquei olhando para este treco um bom tempo… tentava entender o conceito, responder as perguntas iniciais, para quem sabe encontrar um eventual caminho.
“Paixão”, “Missão”, “Profissão”, “Vocação” eram conceitos claros para mim há muitos anos atrás… hoje são complexos, confusos, incomodam.
Eu não sei que ponto do meu caminho eu estou. Mas sei que estou muito confuso.
Mesmo aquelas quatro perguntas iniciais que deveriam ser óbvias em suas respostas, não estão tão óbvias assim. Claro que amo minha família. Mas só o amor por eles não vai me tirar deste ponto. Eu achava que era bom em muitas coisas. Com o tempo, percebi que existe uma grande diferença entre ser bom e ser esforçado. Eu não tenho a menor ideia do que o mundo precisa de mim (hoje acho que nem a leitura diária do Diário Oficial)…
Eu sei que tenho que encontrar as respostas para aquelas perguntas. Eu preciso encontrar um ponto de equilíbrio e pensar em seguir com a vida.
Mas também sei que algo não está bem. Algo está muito errado.
E eu não estou conseguindo me concentrar na solução… apenas no problema.
Bom… era isso. Obrigado se você chegou até aqui.