29 de março de 2017

A queda de braço do sinal digital

Olá pessoas, como estão?

Vem aí mais uma polêmica… Desta vez, a briga é entre as operadoras de TV por assinatura (NET, Claro, Sky e Oi) e as emissoras de televisão SBT, RedeTV e Record. Aliás, juntas elas formaram a SIMBA… uma joint venture que pretende representar as emissoras na venda dos direitos de retransmissão para as operadoras de TV por assinatura.

O imbróglio é o seguinte: em 29/03 o sinal analógico será desligado daquela que provavelmente é a maior praça de transmissão para as emissoras… a região metropolitana de São Paulo. Com o desligamento, as emissoras transmitirão seu sinal apenas no “modo” digital.

Até o momento, as operadoras não pagavam pelo direito de retransmitir o sinal digital destas emissoras. A questão é que – agora – as emissoras querem cobrar por este sinal.

Ilegal não é… aliás, está previsto em lei. A Lei Federal 12.485/2011 prevê que as emissoras estão autorizadas a vender o seu sinal digital para operadoras de TV por assinatura, com a ressalva que o sinal analógico fosse mantido em gratuidade. Com o fim do sinal analógico – e consequente fim da oferta gratuita – as emissoras foram tratar de receber aquilo que elas alegam lhes ser devido.

E quem tem razão nesta briga?

Sinceramente, eu não sei… Emissoras de televisão são concessões públicas e está previsto que elas devem fornecer seu sinal gratuitamente de forma aberta. E com o fim do sinal analógico, só existe transmissão em sinal digital. E gratuitamente. Neste modelo, a única forma de lucrar será com anúncios de publicidade.

Ao vender seu sinal digital para as operadoras, as emissoras querem criar uma nova fonte de receita. E querem lucrar muito. Estimam receber em torno de de R$ 3,5 bilhões.

É muito dinheiro… três vezes o faturamento anual do SBT.

Então, de duas, uma… ou o faturamento das emissoras está fraco, ou a pedida está muito alta. E considerando que a Globo negocia todos os seus canais (Globo, Multishow, GNT, G1, SporTV, Globosat) por valores menores (e estamos falando da Globo…) acho que Silvio Santos, Bispo Macedo e o Marcelo de Carvalho estão um tanto equivocados (ou pretensiosos demais) em suas intenções.

Agora, independentemente de razão na história, eu tenho a impressão que esta é uma discussão obsoleta.Obsoleta porque estas emissoras estão brigando por um sistema de transmissão que no médio prazo será suplantado pelo modelo on-demand.

Vejam só… hoje temos Netflix, GloboPlay, Net Now, Claro On Demand, entre outros serviços que fornecem conteúdo sob demanda. Ou seja, você deixa de ficar preso à grade de programação da emissora. Você não precisa mais esperar o horário da novela. Basta acessar o aplicativo e assistir no horário de sua conveniência.

Várias emissoras já tem serviços similares para isso… Até a Gazeta (uma emissora regional) já oferece transmissão por streaming. Ao que tudo indica, tudo se encaminha para uma espécie de convergência. E nesta briga, parece que as emissoras estão se esquecendo disto. Elas estão brigando por um modelo antigo de transmissão.

O que eu acho?

No momento em que escrevo este texto, a ameaça das emissoras não teve o efeito esperado. Aliás, as operadoras já começaram a desativar o sinal destas emissoras. Parece que é o que elas querem, colocar o público contra as operadoras por estas terem cortados o sinal da tv. Mas já que eles querem tanto receber pelo sinal transmitido, por que não fazem uma proposta? Coloquem preço no seu sinal e vão negociar com as operadoras, oras…

Acho que quem perde são as emissoras. Afinal de contas, elas perderão público. E talvez receita de publicidade, pois sua audiência tenderá a ser menor sem a transmissão pela tv a cabo.

Não importa quem ganhará esta queda de braço… o foco da briga me parece equivocado. As emissoras deveriam repensar seu modelo de distribuição de conteúdo.

Esta discussão também foi tema do Podástico #9… Quer ouvir a opinião dos meus amigos Miguel Forlin e Carlos Aros? Clique neste link e ouçam o programa.

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