Foi em uma manhã de domingo… Acordei com uma frase de efeito:
“Acho que fiz xixi na cama…”
Não era xixi, mas sim o primeiro sinal de rompimento da bolsa. Não havia dor, nem cólicas ou contrações. Ainda não era a hora. Mas eu já sabia que a partir daquele dia muita coisa mudaria.
Em um primeiro momento, tranquilizei minha esposa. “Esta tudo bem… descanse mais um pouco”. E ela precisaria mesmo descansar porque mais tarde, se realmente a bolsa rompesse, teria muitos motivos para estar descansada.
Voltamos a dormir e somente tomamos café da manhã por volta de 10h30. Naquele 5 de Outubro de 2014 ocorria no Brasil eleições gerais e – sentados à mesa do café – planejavámos como faríamos durante o dia.
Combinamos como faríamos para votar e em seguida iríamos ao hospital. Como não havia nenhum outro sinal clínico, seria mais para um desencargo de consciência. Eis que então, ao levantar-se da cadeira, novo fluxo. Desta vez bem mais volumoso.
Agora não restava dúvidas… a bolsa rompera. Mariana estava a caminho.
Os planos então mudaram. A escolha do próximo presidente da república, governador, deputados e senador ficaria à cargo dos outros eleitores. Nós tínhamos a partir daquele momento outras escolhas mais urgentes.
Fizemos todos os preparativos. Bolsa, documentos, carro, avisar alguns familiares… Enfim… Coisas que você só descobre como fazer no momento em que precisa realmente fazer.
No caminho para o hospital, uma parada estratégica na casa da minha mãe. Acalmá-la foi uma das coisas que tive que fazer. Depois fomos diretamente para o hospital. Após os primeiros exames, a constatação de que minha esposa entrou em trabalho de parto e que a partir daquele momento seria uma questão de tempo.
Fizemos contato com a obstetra. Em suas contas provavelmente o parto seria somente no final da noite. Havia tempo.
Fui tratar da internação e da parte burocrática… a parte chata da história. Já era por volta de 14h30. Quando voltei ao Centro Obstétrico encontrei Ana Paula já com algumas dores. Finalmente ela descobriu na prática o que é uma contração.
Engraçado que eu me lembro de cada momento daquele dia. Foram contrações, banhos mornos… Ana Paula naturalmente feliz, mas também com dores. Muitas dores.
O tempo foi passando e a dilatação aumentando. Quando próximo de 18h00 a dilatação já estava total e os médicos de plantão decidiram por realizar o parto. A obstetra calculou mal o tempo – ou então Mariana resolveu chegar logo – e lá fomos para a sala de parto.
Nos tempos da faculdade de medicina eu tive oportunidade de assistir alguns partos. Partos normais, cesarianas e tudo parecia tão linear, tão processual… é bem diferente quando é com a esposa e com o filho (no caso, filha) da gente.
E então, o primeiro sinal da minha baixinha. Um cabelinho rebelde apareceu e depois a cabeça, um braço, o outro, o corpo, as pernas e por fim, o cordão… Alguns instantes para avaliação e pude então ouvir minha filha chorar.
O relógio da sala marcava 18h02…
E isso foi há 365 dias atrás… 1 ano. Hoje, minha filha Mariana completa seu primeiro ano de vida. Como todo pai de primeira viagem, tive que aprender algumas coisas na marra. Fraldas, banhos, papinhas, mamadeiras…
Neste um ano pude ver minha filha em vários momentos… E aprendi muito com ela.
Devo ter trocado a fralda dela uma centena de vezes (Ana Paula com certeza trocou muito mais…). Pude dar banho nela. Eu a coloquei para dormir. Pude ver seu sorriso ao acordar, pude dar conforto e segurança quando ela chorou.
Pude acompanhar a primeira papinha. Fiquei preocupado com a primeira febre. Fui ao desespero com o primeiro dodói. Pedi a Deus que causasse em mim – e não nela – a dor da primeira injeção. Escovei seus cabelos. Segurei suas mãos.
Ouvi sua primeira “palavra”… Não era bem uma palavra. Afinal, nunca vi “Agú” em nenhum dicionário. Hoje ela já sabe o que significa beijoca. E quando digo: “Filha, manda uma beijoca pro pai?” recebo um beijão estalado…
Eu a vi sentar, engatinhar, levantar com algum apoio. Eu a vi no andador… Dancei com ela. Aprendi a amar uma música que nunca significou nada para mim (e que hoje pra mim é a música mais linda do mundo).
Vi seus primeiros dentinhos também… e antes dos dentinhos eu amei seu sorrisão sem dentinhos, naquela que pra mim é a foto mais linda do mundo.
Aprendi as músicas da galinha pintadinha. Todas elas… Aprendi que ela não gosta de Simpsons e descobri que ela adora ver abertura de novelas. E foi com uma abertura de novela que uma música se tornou especial…
Ela também me ensinou o que é amar incondicionalmente…
Este primeiro ano foi sobretudo um ano de aprendizado… um ano de descobertas… de muitas perguntas… o primeiro ano da vida de minha filha.
E valeu muito a pena…
Feliz aniversário, Mariana.
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