6 de março de 2014

A nossa terrível depedência por tecnologia

Escrever um blog é para mim uma atividade sensacional. Eu me divirto com isso. É sério… Vez ou outra eu me pego pensando em um tema qualquer e já vou rabiscando algumas coisas para meus futuros textos. Normalmente eu faço minhas anotações no aplicativo OneNote do meu smartphone…

Ah… maldita tecnologia…

Lembro que há alguns anos atrás escrevi em um texto que não via sentido nenhum em gastar um bom dinheiro na compra de um smartphone. Um celular com algumas funções básicas para mim seria suficiente.

Minhas exatas palavras na época:

“Aliás, acho que eu não teria coragem de pagar mais do que R$ 400 em um celular… não consigo imaginar qual a necessidade de ter um celular que sabe até fazer cafezinho…”

Ricardo Marques in Celulares” – maio/2011

Bom… queimei a língua…

Para quem não sabe (e eu duvido muito que alguém aqui não saiba de tanto que encho o saco das pessoas sobre o assunto), sou usuário de um Windows Phone. Meu primeiro WP foi um Lumia 710 e hoje sou um feliz usuário de um Lumia 720. Tinha planos de um dia pegar o sucessor do Lumia 925, mas honestamente não pretendo trocar de celular por muito muito tempo… Os motivos da desistência? Simples… na verdade, é um só… e atenderá pelo nome de Fernando ou Mariana dentro de alguns meses…

É… ter um filho muda muita coisa… a gente se desapega de algumas bobagens e começa a pensar no que é importante.

Enfim, já falei sobre minhas preferências sobre o Windows Phone e sobre meu celular… quem tiver paciência pode ler os textos aqui, aqui, e aqui.

Até aí, apesar de adorar meu Lumia, apesar de tê-lo transformado no meu “tudo-em-um”. Nunca me considerei dependente do aparelho.

E aí… acontece o inesperado… esqueci o Lumia em uma das salas da Diretoria de Ensino. Ao perceber a ausência do danado, fui procurá-lo. Para minha sorte, acharam o celular e o guardaram. Só que a pessoa que o guardou trancou a sala e só poderia reaver meu celular na quarta-feira…

Eu descobri então que teria de passar todo o feriado de carnaval sem o meu… digamos… brinquedinho.

E só então é que eu descobri o quanto estou dependente desta birosca…

smartphone

O que se segue é o breve relato do que aconteceu na ausência do Lumia em um feriado prolongado…

Sexta-feira

17h25 – Descobri que o Lumia está trancado em uma sala da diretoria. Ninguém tem a chave. Apelei… disse que minha esposa estava grávida e precisava do celular para poder falar com ela… ninguém se comoveu. Saí irritado da diretoria.

17h50 – Pensei em ligar para minha esposa para saber como estão as coisas… levei alguns minutos para me dar conta que, sem o celular, eu não conseguiria fazer a tal ligação.

18h20 – Um trânsito danado no caminho para casa. Pensei em ver se tinha algum e-mail importante. Ao invés disso, liguei o rádio… rádio CBN…

19h00 – Chego em casa. Feliz por ver meus gatos e meu cachorro. Mike e Meg estão fazendo gracinhas um com o outro. “Uma foto!”, pensei… de novo frustração… ao invés da foto, como uma banana. Depois fui cuidar dos bichos.

21h20 – Minha esposa chega em casa. Consigo contar a ela que estou sem o celular. “Por que não me ligou de casa?”, ela perguntou… Acho que esqueci que temos linha fixa em casa. Tão acostumado a ligar pelo celular.

21h50 – Vendo novela… normalmente nessa hora estou com o celular na mão lendo algumas notícias do Bing Notícias ou do App da Revista Época. Desta vez tenho que ver as desventuras de Helena e Laerte…

22h30 – Minha esposa resolve dormir. Eu vou para o computador. Antes vou procurar o celular para colocá-lo no carregador. Isto está ficando ridículo…

00h40 – Está faltando alguma coisa. Entro no site do Windows Phone para tentar localizar o celular pelo GPS. Tenho sucesso. Mas é uma tremenda idiotice… o que vou fazer agora? Tirar um print da tela e postar no Twitter?

02h00 – Insônia… não é incomum. Deitado na cama, tento alcançar o celular para ver as horas. Como eu sei a hora? Simples… levantei e fui até a cozinha olhar no relógio… devo ter levado mais uma meia hora para conseguir dormir.

Sábado

??h?? – Acabo de acordar… a hora? Sei lá… normalmente a esta hora eu dou um toque duplo na tela do Lumia e vejo a hora nele… Como o Lumia não está em casa…

11h15 – Depois do café da manhã, ajudo minha esposa com a bagagem… vai ficar no chalé neste final de semana. Na despedida, o ato falho: “Boa viagem… vá com cuidado… me manda uma mensagem quando chegar lá”

14h00 – Entediado… arrumei algumas coisas em casa… dei atenção aos peludos e agora eles dormem… daria uma boa foto. Daria… se eu tivesse a câmera disponível.

15h50 – Com preguiça de ir até o computador para olhar e-mail e noticiário fico sapecando o controle da tv a cabo… assisto a dois filmes na sequência. Depois uma maratona de episódios dos Simpsons. Durante os filmes, minha esposa me liga para avisar que chegou. Provando que é muito mais inteligente do que eu, ela se lembrou que eu estou sem celular…

21h40 – Comer… não me falem em Facebook. Nem e-mails…

22h30 – De novo na TV… resolvo a assistir os episódios que baixei do The big bang theory, Two and a half men, The crazy ones, Anger management e Grey’s Anatomy… a brincadeira foi até as quatro da manhã. Ao final, não pude atualizar o status do app TvShow, que agenda os episódios para mim…

Domingo

??h?? – Não perguntem… só descobri muito tempo depois.

15h15 – Estou orgulhoso: em pleno carnaval, consegui fugir de todas as transmissões carnavalescas… não vi (nem quis ver) nenhum desfile. Na TV, National Geographic… Não vejo nenhum noticiário há 2 dias. Espero que o papa esteja bem, que nenhum avião tenha batido em um prédio de grande porte e que mais nenhum culpado pelo mensalão tenha fugido…

20h10 – Venci a preguiça e fui para o computador. Vi o Facebook, os e-mails… vídeos… notícias… joguei Battlestar Galactica. Fui dormir tarde pra xuxu.

Segunda-feira

??h?? – …

10h30 – Resolvo escrever para o blog… não para este aqui, mas para o www.ricardomarques.pro.br falando sobre downgrade de software. O texto foi ficar pronto somente na terça-feira. Normalmente, faço as leituras para os textos no celular. Sem celular e com muita preguiça de ler no computador.

14h00 – Para minha salvação, descubro que hoje é o dia mundial do tênis. Vários jogos de exibição com lendas do esporte (como Ivan Lendl, John McEnroe, Andre Agassi, Pete Sampras). Isso realmente salvou meu dia

20h40 – Me nego a assistir o Jornal Nacional. Não quero saber quem ganhou o carnaval de São Paulo se não posso ler as notícias no meu celular.

22h00 – Assisto na sequência aos filmes “Captains Phillips” e “Gravidade”. Muito bons… a noitada de filmes vai até a alta madrugada. Resolvo “jantar” depois das 03h00 da manhã.

04h00 – Fui dormir… e esqueci o computador ligado desde a parte da manhã… normalmente eu desligo o bicho através de um app no celular que sincroniza a tela, o teclado e o mouse com a tela do celular…

Terça-feira

??h?? – Deve ser algo entre 11h30 e 15h30… não tenho muita certeza

19h40 – Publico meu texto no blog… quem estiver curioso, pode ler o texto através deste link. Normalmente libero a publicação pelo celular… de novo sentado à frente do computador.

23h15 – Insônia… também pudera: dormindo errado todo o final de semana, só poderia dar nisto mesmo. Resolvo ligar o laptop na cama para assistir alguma coisa pelo Netflix… Droga… o celular tem netflix… mas tenho que carregar o trambolhão do notebook para a cama…

Quarta-feira

08h30 – Desta vez fui esperto… liguei o rádio-relógio. Poderia ter feito isto há 4 dias atrás. Arrumar a casa… arrumar a casa.

11h30 – A caminho da diretoria… buscar meu Lumia.

12h27 – Fim do meu calvário. O que me irritou foi ainda eu ter que provar que o celular era meu. Mostrei a minha foto armazenada no celular… digitei a senha de desbloqueio também… quais as chances de um celular de um estranho ter a minha foto e eu saber a senha de desbloqueio do celular do estranho?

Ufa…

Enfim… sobrevivi ao feriado prolongado sem celular. Mas percebi que deixei de fazer algumas coisas que faço rotineiramente só porque não estava com o celular por perto. Não tirei fotos que gostaria (com o Nokia Camera)… não ouvi músicas (com o Xbox Music)… não li meus livros (com o Kindle app)… não li nenhuma notícia (com o Bing Notícias ou o app da Revista Época)… não interagi com o mundo.

E eu poderia ter feito tudo isso de modo tradicional… digamos… no mundo analógico.

Eu me rendo…

Essa desgraça (a tecnologia) vicia…

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