28 de janeiro de 2014

O cansaço de um niilista

O grande vilão desta semana para mim foi justamente este: o cansaço. Correndo o risco de parecer arrogante: trabalhei pra caramba nesta duas últimas semanas.

Algumas coisas se acumularam para o início do ano em meu trabalho: remoção de professores, históricos escolares de alunos concluintes, matrículas de novos alunos, matrículas dos alunos que já pertence aos quadros da escola, atribuição de aulas, expedientes administrativos (designação de novos coordenadores, vice-diretor).

Ufa…

A sensação que tenho são de pedras caindo sobre mim…

cansado

Meu grande problema é que quando estou cansado demais, tenho sono de menos. Isto é, minha insônia piora. E muito. Aliás, foi esta sensação de cansaço sem sono que motivou este post. De certa forma, isto é bom, pois confesso que estava sem uma ideia concreta sobre o que escrever nesta semana.

Alguns chamam o cansaço de fadiga. Um nome bonito para o mesmo problema: o esgotamento físico e mental por conta da realização de uma ou mais tarefas.

Cansaço, fadiga… seja como for, preciso respirar um pouco. Apesar de cansado, estou inquieto… e isto me incomoda.

Angelo_Trezzini_-_A_Tired_Seamstress

Dizem ainda que não pensamos muito bem quando cansados. Deve ser verdade, pois estou enrolando ao escrever este texto. Parágrafos curtos e nada muito reflexivo.

Estou exercitando tudo aquilo que aprendi ao assistir os episódios de Seinfeld: falar sobre o nada… o exercício do niilismo. Nada próximo ao que Nietzsche pregava com seu niilismo passivo e niilismo ativo.

Apenas estou falando sobre o nada, sem um propósito vagamente definido… apenas palavras desconexas de um homem cansado.

Hum… nada muito produtivo. Quem sabe no próximo texto…

20 de janeiro de 2014

Do “pancadão” ao “rolezinho”, ninguém entendeu nada ainda

Dar um rolê: dar um passeio, dar uma volta, passear
(Dicionário inFormal)

Brasileiro tem mania de por apelido em tudo o que vê… o escândalo de pagamentos mensais para políticos corruptos ganhou a alcunha de “mensalão”. O grande blecaute por sobrecarga do sistema elétrico no início dos anos 2000 foi chamado de “apagão”. O resultado pífio do Produto Interno Bruto do Brasil ganhou o carinhoso “pibinho”…

E entre “ãos” e “inhos” eis que surge mais um: o rolezinho.

O tal rolezinho virou notícia quando no Shopping Itaquera um encontro marcado através de redes sociais causou um princípio de tumulto no local. Segundo a revista Época:

Foi assim: 6 mil jovens, a maioria deles com idade entre 14 e 17 anos, responderam pelo Facebook a um convite para se reunir e ouvir funk ostentação – variante do ritmo que exalta o consumo e as roupas de grife – no estacionamento do Shopping Metrô Itaquera, em 7 de dezembro (…). Quando a reunião no estacionamento começou, a segurança do shopping tentou dispersar a garotada. Mas eles, em lugar de ir embora, rumaram para o interior do prédio. Quem lá estava pensou tratar-se de um arrastão, e a confusão se instalou. E os brasileiros ouviram falar pela primeira vez do rolezinho, um fenômeno cultural que ocorre rotineiramente na periferia de São Paulo. (…)
in “A origem do rolezinho”, revista Época
(link aqui).

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Durante a semana, surgiram os ditos “especialistas”. Cada um explicava o novo fenômeno cultural do Brasil à sua moda. Até mesmo o Netinho (o cantor… aquele que foi processado por ter agredido sua esposa) que hoje é secretário da igualdade racial na prefeitura de São Paulo deu seu palpite. Aliás, o cidadão foi escolhido para ser o interlocutor da prefeitura com as lideranças do movimento.

Lideranças?

Movimento?

Um fato concreto é que o destaque dado à ocorrência gerou a repetição do tal rolezinho em outras paragens. Em outros shoppings… outras cidades. O tal do rolezinho ganhou status de manifestação cultural. Ganhou status de protesto. O povo clamando por igualdade social.

Protesto?

E alguns partidos políticos, claro, já tentaram obter alguma vantagem política para si. Algo parecido com o que aconteceu com as manifestações de rua do ano passado, onde virou lugar comum dizer que o partido X ouvia o clamor das manifestações.

Ah sim… como se tornou protesto, em alguns momentos, alguns acharam que surgiria então a violência. E a polícia foi chamada.

rolezinho-expulsão

Veio então, o pessoal dos direitos humanos… e a briga ganhou contornos sociais: segundo alguns outros especialistas, estas manifestações são o reflexo da voz da sociedade.

Sério mesmo?

Ninguém está entendendo nada. Ninguém tem a menor ideia do que está acontecendo.

O tal do rolezinho, já existia e vai continuar existindo… a diferença é que o meio de divulgação mudou. Antes, o boca a boca das escolas. Hoje, as redes sociais. E como tudo o que vai parar na rede, acaba ganhando proporções maiores.

Junte a isso o fato dos “pancadões” terem sido ´proibidos. O pancadão era literalmente isso: uma aglomeração de jovens para ouvir música (de gosto discutível e em um volume absurdo), paquerar, beber, se enturmar… eu não chamo isto de diversão, mas para muitos deles, esta era a única forma de lazer. Acabaram com o pancadão, restou a ida ao shopping.

Numa cidade selvagem e violenta, onde poucos têm acesso a boas opções de lazer e cultura (e muitas vezes, a falta de acesso se dá pela falta de conhecimento e não pela falta de lugares), o rolezinho é visto por muitos como um programão de final de semana.

Criamos uma juventude desinteressada pelo conhecimento e pela cultura. Criamos uma sociedade que é movida pelo consumo. O tal do rolezinho é só uma pequena demonstração do óbvio… não existe opção para a sociedade que temos hoje: jovens de origem humilde que preferem investir seus ganhos em roupas, gadgets, consumo. Jovens que não estão pensando a longo prazo… jovens que querem viver o agora, o momento. Sem se preocupar com o que farão da vida a partir do dia seguinte.

Se não acredita, pergunte para alguns destes participantes destes rolezinhos se eles se interessariam a uma visita ao Centro Cultural São Paulo? Ou então a uma sessão da OSESP na sala São Paulo de concertos? Ou ainda, um passeio aos parques de São Paulo… opções existem, mas nenhuma delas vai de encontro aos interesses desta juventude.

Enquanto existir uma sociedade vazia como esta… o rolezinho ainda será a opção para diversão.

Até que surja outro “inho” ou “ão” qualquer por aí…

Ah sim… apesar de eu não concordar na íntegra, sugiro a leitura do texto escrito por Ruth de Aquino para a revista Época. Este outro artigo – assinado por Ana Krepp – tenta explicar a mecânica de um rolezinho. Vale a leitura de ambos…

12 de janeiro de 2014

Porta dos Fundos e a religião

“Ridendo castigat mores”
(O riso castiga os costumes)

Cícero in “Da República” – 51 A.C.

Lá se vão alguns anos que a sociedade discute aquilo que é humor e tenta diferenciar o humor daquilo que é ofensa. Muitos humoristas em maior ou menor intensidade foram submetidos ao julgamento público sobre aquilo que eles acreditam ser humor.

Talvez o episódio de maior repercussão tenha sido o comentário do humorista Rafael (Rafinha) Bastos que durante exibição ao vivo do programa CQC de 19/09/2011. Curioso que todo na bancada riram, a plateia riu… visivelmente foi uma piada. Mas foi uma piada onde uma pessoa alegou ter sido ofendida. Desta forma, a parte ofendida procurou na justiça a reparação. O humorista foi afastado do programa, perdeu contatos publicitários e só agora – depois de de mais de 2 anos – começa a reaparecer com seu trabalho.

Caso seja de seu interesse, veja o vídeo neste link.

A bola da vez parece ser o humorístico Porta dos Fundos. Um fenômeno de audiência na internet. Em seus vídeos, são mostradas esquetes que satirizam algumas situações inusitadas, como por exemplo a brincadeira com o nome na lata de refrigerante ou então a briga entre estátuas vivas.

Entre outros temas, abordam o comportamento, a política, o futebol, o adultério, a homossexualidade, a corrupção, a relação pais e filhos, o telemarketing (aliás, genial) e também a religião. Em alguns vídeos eles fazem escárnio deles mesmos.

E por conta da religião, começa agora uma espécie de caça às bruxas. O vídeo que gerou toda a polêmica foi o do especial de Natal. Um vídeo que satirizou diversas passagens bíblicas.

Copyright 2013–Porta dos Fundos

O vídeo teve mais de 4 milhões de acessos até o momento e recebeu em torno de 111 mil avaliações positivas e 25 mil avaliações negativas. Isto significa que da audiência total, cerca de 0,6%. Numericamente falando, irrisório.

Apesar disto, há que se respeitar a opinião desta parcela mínima. Mas respeitar esta minoria não significa deixar de fazer este humor ácido. Acho que o melhor a fazer é: se não gostou, não assista. Foi uma piada… uma piada. Algo para rir, para entreter.

Em algum momento, existe sim a crítica aos costumes. Mas o escárnio é isto: a graça está em tornar absurdo o lugar comum. E daí vem o riso.

Acho que neste caso, a máxima atribuída a Cícero cabe perfeitamente. Criticamos os valores, respeitamos a diversidade, mas criticamos. É o direito de criticar e ser criticado. Se a crítica lhe ofende, ignore-a. Ou então vá atrás de uma reparação.

Minha opinião: criou-se aqui um cavalo de batalha inútil. Sobre o tema, recomendo a leitura da ótima crítica da Prof.ª Debora Diniz que comentou com mais propriedade sobre o tema.

Não importa qual seja sua crença, religião, ou valores morais… Não sejamos bobos… é uma piada. Deve ser visto apenas como uma piada.

8 de janeiro de 2014

Fibonacci, DD's e Deus

padrão: [Do lat. patronu, ‘protetor’.]
3.P. ext. Qualquer objeto que serve de modelo à feitura de outro. 



Na natureza observa-se diversos tipos de padrões. Repetições em formatos de folhas, formas de ninhos de pássaros, formatos de teia de aranha, razões exatas para partes do corpo humano, etc. Diversas formas que se parecem e é possível compará-las.
Em 1202, Fibonacci apresentou ao mundo sua descoberta. Um padrão. Uma sequência de números dos quais os dois primeiros termos são 1 e os próximos números da sequência são a soma dos números anteriores. F = 1,1,2,3,5,8,13,21,34,55... Está sequência está presente em inúmeras formas da natureza, corpo humano; conchas; crescimentos caulinar de plantas, fumaça; água corrente por redemoinho, zilhões de formas que seguem a sequência. Temos então um padrão.



Se temos padrões na natureza, Fibonacci mostrou que somos capazes de entendê-los, um método para se prever a natureza, caso o que estamos procurando siga esse padrão. Talvez exista um padrão principal, não necessariamente uma sequência de números, mas um padrão que nos explique como a natureza, a vida, tudo funcione. Um dinâmica universal, uma dinâmica que combine e faça com que outros possíveis padrões naturais existam em harmonia. Uma dinâmica que predomine sobre todas as outras, uma Dinâmica Dominante (DD's), algo simples, puro e incompreendido. O termo Dinâmica Dominante me veio do filme Uma Mente Brilhante do qual conta a história de John Nash e seus trabalhos. Na história há uma indagação: E se tudo tiver um porquê, a andar dos pombos quando jogamos comida para eles, direção e organização de grandes cardumes, direção e forma de pássaros voando. E se tudo fazer parte de um grande padrão, como mostrado por Fibonacci, pois o mesmo descobriu uma sequência que pode ser interpretada como um sistema natural, uma forma de acontecer. A conexão de tudo e de todos por padrões, formas, sequências, estilos. Talvez algumas pessoas chamem isso de Deus.


Seria possível então, a famigerada junção da Ciência e da Religião? A matemática como linguagem universal, com a natureza sendo traduzida e compreendida pelos números e um padrão geral, uma Dinâmica Dominante que organiza todo o universo, mas incompreendida pela mente humana levando-nos para a esfera espiritual. Seria possível?
É possível resumir todo o raciocínio em um parágrafo simples: Se a Sequência de Fibonacci se encaixa na natureza e podemos vê-la e prová-la, temos um padrão. Se existe um padrão, possivelmente haverá outros mais abrangentes ou menos abrangentes a tudo que nos cerca e nos preenche, uma Dinâmica Geral ou Dominante. Se tal Dinâmica Dominante existe e é impossível compreendê-la, alguns a chamarão de Deus, Força Maior, Espírito de Luz ou qualquer que seja. Se temos uma dinâmica matemática que rege o universo mas incompreendida pelo homem, temos a junção da Ciência e Religião?

6 de janeiro de 2014

Pirataria vs 8ª Geração

Andando pela rua do meu bairro em SP, a cada minuto um camelô te chama para comprar jogos, controles, tudo o que você pode precisar para um videogame por um preço extremamente baixo. (Um jogo de Xbox 360 está R$13,00, claramente pirateado). A facilidade de se conseguir é imensa e é mais atrativa desde o início do Playstation. Mas as novas características da 8ª geração mostram uma estratégia para barrar esse sistema impróprio.



Primeiramente a mídia da nova geração será Blu-Ray que possui uma qualidade maior mas um preço mais alto que as mídias comuns mais usadas. Talvez um jogo pirata, apesar de ser mais barato que o original, ainda será uma compra salgada. Lembrando que um gravador de Blu-Ray também é mais caro. Com certeza a época de comprar 3 por R$10,00 irá acabar.

Agora temos que observar a característica que fez os Gamers que gostam de baixar e jogar estremecerem. Tanto a Sony quanto a Microsoft lançarão consoles que necessitarão de verificação diária, ou seja, ele deverá ficar conectado à internet impossibilitando que coloquemos um jogo pirata no console sem que saibam. Além de aumentar o leque de opções que uma pessoa pode fazer em um videogame por exemplo, jogar com amigos, irá dificultar (e muito) a pirataria.

A troca de jogos usará um sistema um tanto quanto fechado, MAS OCORRERÁ. Havia boatos que não seria possível. Poderá trocar jogos com amigos que estão a mais de 30 dias em sua lista de amigos (apenas 1 vez). Se a transferência for de pessoas desconhecidas, o serviço é cobrado. Se a pessoa for jogar na casa de amigos, os seus jogos podem ser acessados da casa dele (outra possibilidade aberta pela internet).



Mas será que todas essas medidas vão barrar o monstro que se tornou a pirataria? Em uma recente discussão com um colega surgiu a frase: "Se o preço e a facilidade de adquirir jogos ainda for pior que o mercado pirata, talvez essas medidas não tenham o efeito desejado."
Cada geração dificulta o caminho para a pirataria mas sempre acaba-se descobrindo um jeito de se desbloquear um console ou até jogar sem que a informação seja vazada. Talvez nessa geração, apesar da maior dificuldade, aconteça isso.


Outro ponto importante é que as companhias de jogos sabem do tamanho da pirataria, sabem que se uma pessoa puder pagar R$20,00 em vez de R$200,00 em um jogo, ela vai pagar. Apesar de todo o suporte técnico perdido e o resto das regalias que o jogo oficial nos dá, tenho certeza que muitas pessoas ainda comprarão o mais barato. Hoje em dia, jovens que ganham um salário mínimo possuem Xbox 360 com diversos jogos pirateados. Será que ele conseguirá jogar do mesmo jeito com jogos com alto preço? Será que as estatísticas de "Console mais vendido", "Jogo mais jogado", consideram APENAS jogadores com jogos originais? Será que a pesquisa não entra na atmosfera pirata? Se entrar, barrar a pirataria não significaria "esfriar" um mercado que cresce muito mais que o cinema?

A questão principal não é: Piratear é certo ou errado? Está mais do que claro que é errado, existe o prejuízo das companhias que produziram o jogo. O assunto é: A viabilidade e efeitos da pirataria não só sofrido pelas companhias, mas também pelo mercado consumidor.
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