Ontem foi meu aniversário… Completei 42 anos de idade.
Minha esposa me perguntou porque eu não colocava a informação no Facebook. Respondi o aquilo que pra mim parece óbvio: não preciso de uma agenda para lembrar do aniversário das pessoas que realmente importam na minha vida. É muito fácil olhar uma notificação da rede social e mandar os parabéns. Mas será que se a tal rede social não existisse, você se lembraria da pessoa?
Sendo um tanto realista (com algum pessimismo, é claro) estou numa idade complicada. Chegar aos quarenta e poucos anos significa alcançar os objetivos mais comuns: realização profissional, estabilidade financeira, consolidação da família, a criação de um legado.
E o que posso dizer sobre a realização profissional? Claro que não era meu sonho ser Secretário de Escola (que depois virou Gerente por força da lei). Meu trabalho é mal remunerado e ingrato. Todos os dias tenho que lidar com críticas, com pessoas que muitas vezes não se importam se você está enforcado de serviço ou não. Só querem a resolução de SEU problema. A qualquer custo. Não é incomum eu ter que lidar com crises e discussões. Descobri que a educação está ruim, não é só por problemas de orçamento ou má gestão. Os profissionais da educação são, em geral, bem ruins… É uma triste constatação.
Eu não queria ser gerente… queria ser médico.
Eu penso na faculdade de medicina todos os dias… penso no quanto me faz falta uma formação acadêmica neste momento. Eu poderia pleitear melhores salários, poderia considerar outras carreiras no serviço público. Mas a verdade é que – mesmo depois de tantos anos (21 desde que entrei na faculdade e 15 desde que saí) – eu não consigo me desligar da ideia de ser médico.
A estabilidade financeira não é um reflexo só da má remuneração… durante anos fiz planejamentos errados. Problemas que necessitavam de soluções imediatas fizeram com que eu tomasse decisões erradas (ou ao menos impróprias). Não consegui poupar, não consegui replanejar… Não estou no cheque especial…. mas não posso me aventurar a trocar de carro, por exemplo.
Economizar é importante… saber gastar também… Não consegui fazer nenhuma destas duas coisas adequadamente.
Quanto a família, bom… Eu formei uma família. Tenho uma esposa, uma filha, três gatos e um cachorro. É uma bela família. Não posso me queixar. Como toda família tem lá seus percalços. Mas coisas que fazem parte da vida.
E quanto ao legado?
Bom… o legado é aquilo que deixamos para a posteridade. Aquilo que pensamos, que realizamos, que acreditamos. Se aquilo puder ser levado adiante, ou ao menos rememorado, temos então um legado.
Obviamente não sou tão importante ou fundamental para o mundo a ponto de criar um legado que seja rememorado por todos. Mas eu gostaria de que ao final da minha vida, eu pudesse olhar para trás e pensar
Mas e então? O que vou dizer?
Como comentei com um amigo meu recentemente, estou em uma fase de desencanto. Não sou mais um jovem pensando no plano das ideias… mas um homem a caminho da velhice preocupado apenas com o plano dos fatos.
Quando completei 40 anos eu também escrevi um texto… naquela época eu estava prestes a me tornar pai. Estava feliz e otimista. Em meu texto, comentei o seguinte:
Hoje, completo quarenta anos. Definitivamente, não sou aquilo que sonhei ser. Mas felizmente, não sou mais aquele moleque que pensou que tudo estaria pronto e desenhado e que para atingir meu sonho bastaria esperar.
Meu caminho? Bom… eu ainda penso na faculdade de medicina. Não parece uma ideia tão absurda assim (…)
O meu caminho é uma estrada… nem sempre reta… nem sempre boa… mas sempre aprendendo a ser algo melhor.
Dois anos depois, isto ainda permanece verdadeiro.
Ah sim… eu não respondi aquela pergunta que fiz no início do texto: apenas três pessoas se lembraram espontaneamente que ontem foi meu aniversário.
Uma última lembrança: não gosto de escrever quando estou pessimista… meus textos nunca são bons quando estou assim. Espero que o do aniversário de 43 seja melhor. Temos mais um ano inteiro até lá.
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