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Devo confessar que relutei até onde foi possível em escrever sobre as eleições de 2014. Com o nascimento da minha filha Mariana, eu realmente pretendia ficar alheio às discussões políticas. Mas não foi possível… Em razão disto, aqui vai minhas considerações sobre a questão.
No momento em que escrevo este texto, algumas coisas importantes já aconteceram no cenário político brasileiro:
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A morte de Eduardo Campos do candidato do PSB;
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A ascensão meteórica de Marina Silva como substituta a Campos em razão da sensibilização nacional pelo acidente;
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A artilharia pesada de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) à candidatura de Marina Silva;
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A derrocada da candidatura de Marina, que ficou em terceiro lugar no 1º turno;
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A subida consistente de Aécio Neves nas urnas e agora nas pesquisas para o 2° turno;
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Os apoios de praticamente todos os outros postulantes ao cargo no primeiro turno (salvo engano, só Luciana Genro desaconselhou o voto em Aécio, mas também não apoiou Dilma);
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No tocante ao cenário estadual (em São Paulo), temos a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) para mais um mandato. Paulo Skaf (PMDB) não conseguiu alavancar sua campanha e a de Alexandre Padilha (PT) praticamente inexistiu. É a prova de que os paulistas observaram algumas das barbaridades desde cidadão enquanto Ministro da Saúde.
Novamente, temos uma disputa entre PT e PSDB, onde muitos acabam por chegar próximo ao delírio e criam uma verdadeira guerra entre o bem e o mal. Para eles, não existe opinião política. Existe um lado certo e um lado absurdamente errado.
É curioso observar que muitos querem impor sua opinião por meio da crítica rasgada, do comentário venenoso, da observação irônica e pela distorção dos fatos. É mais curioso observar que a maior parte destas opiniões são favoráveis ao governo de dona Dilma e seus companheiros do partidão...
Recentemente, deparei-me com um desabafo PÚBLICO de um cidadão em uma rede social, que de forma taxativa, exortou os funcionários de escolas defensores do atual governante que o excluíssem de sua rede de amizades. E em reforço a isto, colocou ainda tratar-se de praticamente uma obrigação.
Preciso dizer que eu era um destes “amigos”… Afinal, eu fazia parte desta rede, e anunciei em algum momento minha intenção de voto em Geraldo Alckmin.
De certa forma, esta postura bastante radical me incomodou. Até então, eu tinha um profundo respeito pelas opiniões políticas e também pelas críticas deste colega. Sempre acreditei que o direito de opinar é incontestável e deve ser respeitado, mesmo que seja uma opinião contrária a minha.
Resolvi então escrever me posicionando contra sua opinião. E talvez isto tenha sido um erro, pois considerando toda a confusão gerada…
Tenho a esclarecer que o comentário me incomodou por um motivo natural. Eu teria votado sim em Geraldo Alckmin. Não votei no 1º turno porque minha filha Mariana nasceu no mesmo dia. E para que não exista nenhum tipo de dúvida quanto minha opinião, quero declarar aqui qual teria sido meu voto naquele dia:
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Presidente: Aécio Neves (PSDB)
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Senador: José Serra (PSDB)
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Deputado Federal: Roberto Freire (PPS)
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Governador: Geraldo Alckmin (PSDB)
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Deputado Estadual: Carlos Gianazzi (PSOL)
Em minha réplica, expliquei os motivos pelos quais escolhi estes candidatos e ao final, escrevi o seguinte:
“Agora, se depois disso, você ainda acha que minha amizade não é suficiente e que minhas convicções políticas são idiotas e me impedem de ser seu amigo, então peço que você registre aqui e agora que gostaria de me excluir. Eu não vou excluir você do meu grupo de amigos porque divergimos na política.”
Nota do editor: esta citação é literalmente minha, portanto posso usá-la onde bem entender…
O resultado, foi uma resposta ao meu texto pedindo a mim (entre outras afirmações) coerência para ensinar minha filha a ser gente, para fazê-la forte, justa e firme. Após isso, fui sumariamente excluído daquela rede de relacionamentos e também de outras mídias.
Confesso que a tréplica não me incomodou em nada. Como disse anteriormente, acredito no direito pleno à opinião. Mas o radicalismo me incomodou. O extremismo de me expulsar de uma rede de relacionamentos somente por divergir de uma opinião me incomodou. Quando percebi se tratar de causa perdida, fiz uso do princípio da reciprocidade utilizado em diplomacia.
Durante minha vida aprendi que se quero convencer alguém sobre a correção de minha opinião, tenho que fazer isto através do diálogo, com argumentos pertinentes e sempre respeitando a posição da outra parte. Não é com agressões, ofensas, difamações ou com argumentos rasos que conseguirei conquistar o respeito de uma pessoa.
Mas além deste episódio, o que estou vendo nesta campanha do segundo turno é uma campanha de desmerecimento, de mentiras, de exageros de opiniões tendenciosas em AMBOS OS LADOS DA DISPUTA.
Não quero aqui criar mais munição para um ou outro lado, mas quero que as pessoas reflitam antes de fazer novas agressões ou ironias ou o que quer que seja.
Muitos lembram dos problemas de São Paulo e esquecem que neste momento estamos pensando em um universo um pouco maior... chamado Brasil. Sim, a educação básica em São Paulo está complicada... mas não comentam que isto não é uma exclusividade do Estado de São Paulo, tampouco uma exclusividade de administrações do PSDB.
Se alguém se der ao trabalho de pesquisar, verá que estados como Bahia, Rio Grande do Sul e Acre (administrados pelo PT) também padece de baixos índices de qualidade e de carências em sua infra-estrutura.
Preciso esclarecer algo que pode ser novidade para alguns: o problema da educação não se restringe a uma legenda partidária. A estrutura educacional no Brasil padece de má gestão em todos os seus níveis e esferas administrativas. A falta de um diálogo sobre o que realmente interessa… educar.
Só para ficarmos na área da educação (até aqui o post já está enorme, imagina se resolvo escrever sobre as outras áreas), devemos lembrar que a frase de Monteiro Lobato de que “Um país se faz com homens e livros” está obsoleta. É necessário um pouco mais para se criar uma educação de qualidade.
O problema não é o partido… o problema começa na pequena gestão, em nível escolar, onde temos muitos professores desmotivados e alguns – infelizmente – despreparados. Temos ainda outros preocupados tão somente com seus direitos funcionais. Em alguns casos temos equipes de gestão despreparadas, com diretores que ocupam o cargo mas não sabem o que fazer pelo pedagógico, com coordenadores que polemizam com sua equipe e acabam suprimindo o mais importante… o diálogo. Em cinco anos de funcionalismo, já passei por seis diretores (isso mesmo, seis) e destes, só vi motivação em alguns deles…
O problema não é o partido… o problema é na expectativa dos funcionários que querem direitos e se esquecem dos deveres. Já conheço algumas histórias de outras escolas e tenho algumas da minha própria escola. São poucos os funcionários interessados em aprender o serviço, em fazer o serviço com excelência e qualidade. Muitos querem fazer apenas o básico… o essencial… o mínimo para justificar sua presença na escola. Mas ao cobrar seus direitos, aí eles os querem em sua totalidade.
O problema não é o partido… o problema continua na falta de formação do docente e da legislação precária, que permite que um “professor” entre em sala de aula ainda cursando o primeiro ano da faculdade. Da legislação precária que permite absurdos como um professor de uma disciplina possa atuar como professor de outras disciplinas. Da legislação precária que permite que o aluno avance o nível escolar sem estar preparado para o próximo nível. E a culpa é da legislação federal, não da estadual. Se o problema fosse o partido, o PT como está há 12 anos no governo poderia ter resolvido isto, não é mesmo?
O problema não é o partido… o problema é na proteção exagerada e em alguns casos descabida dada pela lei. O estatuto da criança e do adolescente é muito bonito e nobre em seus propósitos, mas não consegue enxergar a realidade e cria mais distorções quando coloca em condições de igualdade o menor fragilizado socialmente com o menor deliquente.
O problema não é o partido… o problema está em muitas famílias que delegam às escolas a tarefa de educar no sentindo mais amplo da palavra. Atendendo ao público em geral na escola em que trabalho vejo muitos pais preocupados e atentos com a formação ética e moral de seus filhos. Mas vejo uma imensa maioria acreditando que isto é função única e exclusiva da escola. Há muito tempo eu não ouço um pai explicando quais são os motivos pelos quais uma criança deve frequentar a escola. Não se explica a razão da escola. Não se entende a razão de existência da escola.
Sim, a educação em São Paulo está ruim… mas está consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. E em 12 anos de governo federal, o que sr. Lula ou dona Dilma fizeram pela educação básica? Ah… isso é competência dos estados e municípios? Então por que o Ministério da Educação não cria uma agência reguladora para garantir que os estados e munícipios façam as coisas corretamente?
Por que o governo federal não melhora a formação universitária dos professores melhorando a qualidade dos cursos já existentes e não incentivando o surgimento de faculdades comércio (como tantas Unipone’s – Universidade de Porra Nenhuma) que existem por aí? Aliás, o governo federal deveria parar de sucatear o já tão combalido setor público de ensino superior. Triplicar o número de ingressantes criando universidades sem nenhuma estrutura é pedir para formar um profissional sem qualidade.
Por que o governo federal não cria uma política nacional de valorização do professor que seja EFETIVA? Mas do professor que queira de verdade a carreira docente e não daqueles aventureiros que resolvem ser professor porque não passou em nenhum concurso público melhor do Poder Judiciário (já ouvi esta frase de muito professor, acreditem…).
A verdade é que muitos só enxergam o que está ali bem na sua frente. E deixa de pensar no todo. Deixa de pensar que pode ser melhor para uma nação porque ele enquanto pessoa conseguiu uma pequena adição em sua qualidade de vida.
As pessoas se alienaram achando que agora podem financiar um carro em 60 vezes (e acabam pagando o custo de três carros), porque agora podem entrar na faculdade pública porque estudou em escola pública ou é de etnia diferente ou porque agora podem entrar em uma faculdade-comércio que tem que gastar dois semestres apenas para ensinar o que deixou de ser aprendido no Ensino Médio e é necessário para avançar em um curso superior (e de novo… gerando um profissional de má qualidade). Se alienaram porque criaram a ilusão de que agora todo mundo é classe média.
É muito fácil ser alienado e apenas atacar, atacar, atacar. A ofensa é o argumento de quem perdeu a razão. O deboche e a ironia são ferramentas de quem, na falta de um argumento consistente, prefere causar impacto com uma ou duas frases de efeito, mas sem nenhum conteúdo.
Não sou um alienado…
Tenho minha opinião política e estou disposto a debatê-la, defendê-la ou até mesmo refutá-la se alguém apresentar bons argumentos. Mas estou cansado deste diz-que-me-diz que alguns gostam tanto de celebrar por aí dizendo quem é o bom e quem é o mau. Não existem bom e mau. Existem opiniões políticas. Eu tenho a minha e pretendo respeitar e entender as outras…
Meu voto no segundo turno é sim para Aécio Neves. E me orgulho disso. Acho que dona Dilma é apenas um fantoche criado pelo senhor Lula e que não tem condição nem competência para prosseguir na Presidência da República. Seu projeto de poder (de manutenção do poder) com a alienação da população utilizando-se de medidas populistas e demagógicas, em minha opinião não trarão nenhum avanço ao Brasil.
É a minha opinião.
P.S.: fica assegurado o direito de resposta a qualquer um que tenha se sentido ofendido por qualquer colocação minha aqui. No entanto, não aceitarei ofensas tampouco agressões de qualquer espécie.
P.S.2: fiquei restrito apenas ao tema educação e mesmo assim o post ficou enorme… peço desculpas e agradeço a todos que chegaram até o fim do texto.
P.S.3: ao reler o post antes de publicá-lo, fiquei com a terrível impressão de que poderia ter ficado somente com os dois últimos parágrafos…
P.S.4: não há uma única citação a nenhuma pessoa em especial nem mesmo o uso de nenhum excerto de texto que viole a propriedade intelectual de terceiros.
P.S.5: continuo com a sensação de que poderia ter ficado somente com os dois últimos parágrafos.